Supremacia



Minhas palavras ficaram soltas no ar, entrando nos ouvidos de todos e deixando em aberto suas compreensões.


-Fraco. – Disse Greyback, cuspindo em meu rosto e batendo minha cabeça uma única vez contra o chão. Minha visão embaçou e eu quase não conseguia mais enxergá-lo, quando uma comoção me fezeu tentar levantar – dolorosamente – minha cabeça.


E assim de repente nossa atenção foi levada até alguém que aparecera no topo da colina à nossa frente.


Fleur derrapou dois metros colina abaixo, e me fitou. Sua cabeça fez um sinal de afirmação, e eu soube que aquela era a hora.


-Skoll, traga Victoire até mim! – Gritei, em tom de súplica. Olhei para o lobo alvo, e ele se mostrou confuso, mas assentiu, correndo em um ritmo muito devagar até a última tenda do acampamento.


-O que? Você não... – Interrompi a frase de Greyback com uma facada no coração. Com toda a minha força, cortei de seu peito até seu pescoço, desencadeando um banho de sangue.


Foi como se aquele momento decorresse em câmera lenta. Pingos de sangue brilhavam como rubis líquidos quando em contato com a luz da lua. Sua boca escancarada em um rugido feroz, o som mais atemorizante que eu ouviria por toda minha vida. Seus olhos aterradores embaçando em um olhar sem foco, sem vida. Um baque suava de um corpo tombado, e o fim da vida do Lobisomem mais temido entre os bruxos.


Consegui me apoiar sobre meus cotovelos, enquanto eles me olhavam assustados. Aquele silêncio tenso perdurou apenas alguns segundos, mas parecera uma eternidade.


Aquilo só acabou quando um dos lobos jogou em mim as roupas que antigamente Greyback usava, e eu finalmente entendi o que aquilo significava: Eu havia vencido seu líder, portanto eu era quem estava no comando agora.


Vesti as roupas com pressa, e de repente todos explodiram em uivos e gritos entusiasmados. Alguns gritavam meu nome, alguns me chamavam de mestre, e dois deles rugiam ferozmente. Eles partiram na mesma direção que Skoll fora, e eu notei: Eles ia pegar Victoire.


Saí correndo entre a multidão que me aclamava, ordenando veementemente para abrirem caminho. Talvez eu só tenha sido enfático o suficiente quando parti a cara de um lobisomem quando ele começou a me bajular demais.


Segui-os, mas não importava o quanto eu corria, nunca correria tão rápido quanto eles. Vi-os, desesperado, entrar na tenda e gritei para eles pararem. Eles não pararam. Comecei a suplicar para mim mesmo que Victoire sobrevivia, enquanto eu ouvia sons horríveis saírem da tenda, inclusive o choro de uma criança.


“Victoire ainda estava viva”, dizia minha mente para meu corpo cansado. Quando eu alcancei a tenda, ela já estava silenciosa há alguns segundos. Victoire não chorava, não havia sinais de luta, só se ouvia uma forte respiração.


Minhas pernas tremeram, mas não hesitei em abrir a tenda e ver o que havia acontecido lá dentro.


Banhado em sangue e entre dois corpos, estava Skoll; e no seu colo, esticando os braços para brincar com seu focinho, estava Victoire. Victoire dos olhos verdes e do cabelo brilhante! Ela olhou com estranheza para mim, mas com um estranho brilho no olhar.


-Papai? – Eu nunca poderia descrever a sensação de ouvir aquilo. Comecei a chorar copiosamente, de maneira que não condizia com meus títulos acumulados de pai de família, fugitivo da justiça e líder de uma matilha de lobisomens.


-Eu nunca deixaria eles pegarem pequena Victoire. – Disse Skoll, de modo solene.


-E por isso eu serei eternamente grato. – Disse, limpando os olhos com minhas mãos cheias de terra e sangue. Quis pegar Victoire nos braços e abraçá-la para sempre, mas sabia que não podia me dar ao luxo de deter-me e olhar para ela mais uma vez.


Comecei a ouvir rugidos e saí da tenda. Um grupo de lobisomens estava se aproximando lentamente de Fleur, que agarrava a sua varinha com força e apontava para o céu, olhos desfocados, mas em profunda concentração.


-Não! – Gritei. Mas não gritei tão alto a ponto de me fazer ouvir.


De repente, um lince prateado salta por cima da colina e aterrissa graciosa e levemente na frente dos lobisomens. Ele levantou seu pêlo e grunhiu para eles, e se dissipou. Seguindo ele, vinham pelo menos treze linces, formando uma imagem linda, de patronos se dissipando ao tocar no solo, deixando apenas suas impressões brilhosas e etéreas. Olhei surpreso para Fleur, que se mostrava aliviada por poder parar de manter aqueles patronos. Nunca pensei que ela fosse capaz de fazer tantos patronos ao mesmo tempo enquanto aparatava de vila em vila, direcionando-os para cá. Foi quando eu senti aquela sensação conhecida que vem junto com o desespero, dessa vez multiplicada por três ou quatro. O que fez Fleur criar todos aqueles patronos finalmente se revelou, e eram centenas. Os dementadores de todas as vilas próximas, que tinham sido mandados para nos procurar haviam sido atraídos pelos seus patronos até o acampamento. Os dementadores começaram a cercar todos os lobisomens, e não deram nem atenção para Fleur. Com energia renovada, e o coração aos saltos, tirei minha roupa e me transformei em lobisomem mais uma vez, deixando cair a minha varinha ao lado de Skoll. Corri até Fleur, que me olhou um pouco assustada, mas montou em mim.


Corri até a tenda novamente, e Fleur praticamente saltou para agarrar-se à Victoire, que mostrou reconhecimento imediato. Fleur ficou chorando e beijando nossa filha até o momento que eu rosnei de modo repreendedor, e ela lembrou o que estávamos fazendo. Recolheu minha varinha, minhas roupas e montou em mim novamente. Quando dei as costas, notei que Skoll não nos seguia.


-Voçã non vem? – Perguntou Fleur.


-Não. – Grunhiu Skoll. – Tenho que pagar pelos meus crimes, que são muitos. E como eles conhecem cada um de nós e sabem que meu caso não é grave, devo ir a julgamento amanhã mesmo. Com minha alma e mente no lugar, contarei ao ministério sua história, e como William Weasley foi capaz de enfrentar uma matilha inteira para alcançar sua filha.


-Não esqueça de darr os merritos cerrtos aos lobos cerrtos. Voçã fez o bastant para fingirrmos que você nunca fez nada. Você merrece isso!.


-Vocês podem esquecer, eu nunca vou. Agora corram antes que eles peguem vocês! Corram até que se cansem, corram até terem certeza de que sua filha está a salvo! Corram para droga da liberdade de vocês! – Gritou Skoll.


Grunhi, e o fitei por alguns segundos, logo antes de partir em disparada.

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