Tentativas



Harry e Rony caminhavam, calmamente, a beira do lago, em uma majestosa tarde de sábado. Conversavam a respeito de banalidades, rindo como dois garotos completamente normais e despreocupados com a vida. O moreno gostava de se sentir assim, de vez em quando. Longe de pensamentos desagradáveis envolvendo Hermione, Willian ou Voldemort. Em paz, para variar.


      O ruivo apontou um grupo de garotas sentadas a beira de uma árvore, que há algum tempo observavam a caminhada, tranqüila, dos dois amigos. Com um sorriso um tanto quanto safado, Rony foi em direção a elas. No meio do caminho, Harry sussurrou:


       - Luna não ia gostar nada, nada.


       - Harry, meu caro, estou aqui por você. Não trocaria nunca Luna por nenhuma outra garota. – sussurrou ele de volta – E você é que deve mostrar todo o seu charme irresistível do qual tanto ouço as garotas falarem. – Harry levantou as sobrancelhas, mas não disse nada. Achou mais plausível ficar quieto.


      A que mais chamou a atenção de Harry foi uma japonesa, de cabelo escuro e completamente reto. Tinha um olhar penetrante e um sorriso capaz de fazer qualquer garoto babar. Após vasculhar por alguns instantes sua mente, Harry lembrou-se do nome dela: Gabrielle.  O sobrenome era algo muito complicado, que Harry não guardou.  Foi Rony que tomou a iniciativa:


       - Hei, Gabrielle...O que está fazendo?


       - Tarefa do Snape – respondeu a morena, desviando olhar do pergaminho que tinha em mãos.


       - Me lembro dessa tarefa, era uma droga. O coitado do Harry até hoje não entendeu direito – comentou o ruivo, sorrindo – Seria bom ela te explicar, não seria?


        Harry, que estava meio desanimado com tudo aquilo, levou um susto com a proposta do amigo. Para sua tristeza, Gabrielle respondeu:


         - Claro. Sente aqui, Harry – disse ela, apontando para um espaço mínimo entre ela e a árvore. Rony o cutucou discretamente nas costas, e o moreno obedeceu. – A fórmula mágica é simples. Para descobrir o valor do “p”, você tem que saber que poção está sendo preparada. Agora, suponhamos que seja a poção Morto-Vivo. Você precisaria de duas folhas de bananeira egípcia, quatro mililitros de extrato de iante mágico e algumas gotas de veneno de acromântula. Agora, quem é “p”?


            - Hum... Andrômeda verde? – sugeriu Harry, continuando sem entender nada.


           - Não! – exclamou ela, rindo – Andrômeda verde, Harry! Veja bem, “p” é o ingrediente que falta, certo? Pois bem, o ingrediente fundamental que não foi citado foi a Vagem Soporífera! Entendeu agora?


            - Entendi, sim. A propósito, me lembrei de que tenho que fazer a minha tarefa de Poções. Agora que você me explicou vai ficar bem mais fácil – mentiu, ocultando o fato de que estava tão ou mais confuso que antes, e que só queria ir embora dali o mais rápido possível. Ela assentiu, sorrindo.


            - Tudo bem. Qualquer dúvida, me procura, viu? Posso te ajudar a hora que quiser – disse Gabrielle, piscando sensualmente um olho.


            - Certo. Obrigado – murmurou, levantando-se depressa. Rony logo tratou de segui-lo.


            - O que foi isso, cara? A menina estava comendo na sua mão e você dá um fora desse?! – sussurrou o amigo, ao se afastarem.


             - Não gostei dela. Fala muito rápido e de um jeito complicado. Não entendi metade do que ela falou – justificou. A verdade era que Gabrielle o fazia lembrar fortemente de Hermione. “Não, Harry, você tem que parar de pensar nisso. Hermione é passado agora. Viva o presente, e aproveite”, pensava consigo mesmo. Mas um lado dele estava achando muito difícil lidar com tudo aquilo. De repente, se considerou insensível por não ligar de ela ter lhe devolvido o colar de sua mãe. Fora seu presente de Natal, não fora? Ele estava muito, mas muito confuso com aquela situação.


                - Harry, Harry, você precisa estudar mais. Até eu tenho um vocabulário mais amplo que você, sabia? – disse Rony. – Mas e aí? Vale uma segunda tentativa?


                - Acho que por hoje é só. As garotas vão me achar muito burro para elas. – disse Harry, tentando desesperadamente fugir para outro lugar. Por algum motivo, o ruivo ficou bravo com o que ele disse.


              - Quer saber, Harry? – começou Rony – Acho que isso é apenas mais uma desculpa. Acho que você entendeu perfeitamente o que ela disse, só não quis ficar porque te lembrava Hermione. Você me disse que estava cansado de sofrer, mas eu acho que era mentira. Você é masoquista, Harry. Parece que você gosta de sofrer.


               - Não sou masoquista – retrucou o moreno – Mas, putz, Rony, eu amei ela. Por algum tempo, ela foi a mulher da minha vida. É complicado para mim aceitar agora que ela tenha me trocado por outro, sem mais nem menos. Naquele dia, por dentro eu fiquei puto por ela ter devolvido o colar. Fiquei puto por ela preferir o Willian. Fiquei tão puto que sentei e falei: Chega! Mas, caramba, eu achava que ia ser mais fácil. Eu tentei ignorá-la, eu tentei esquecê-la. Até consegui, por um tempinho. Mas é difícil. Eu juro para você que achei que estava conseguindo me desligar dela, Rony. Mas eu errei. Todas as vezes que achava que estava pronto para outra, alguma coisa me fazia voltar atrás. Eu sinto uma falta tremenda dela, Rony, você não sabe quanta. Isso dói, machuca muito. E isso impede que eu comece qualquer relacionamento novamente.


                - Harry – disse o ruivo, sério – Eu sei que é difícil. Eu sei que você está sofrendo. Mas isso já faz quanto tempo? Pode não ser culpa sua, mas eu acho que isso está se prolongando muito mais do que devia. E é para te ajudar a esquecer que estou aqui, Harry. Eu...tambem sinto falta da Hermione. Sinto falta de vocês, juntos. Fiquei muito feliz quando vocês me contaram que estavam namorando. Sei lá, as coisas pareciam que estavam se ajeitando para todo mundo. Mas não deu certo. Acontece, faz parte de vida. E você não pode se prender a isso para sempre. Se você quiser ir embora, é seu direito, e vou com você. Vou te apoiar em qualquer decisão, Harry. Sou seu amigo por isso. Para isso.


                  Pela segunda vez em pouquíssimo tempo, Harry se sentiu incrivelmente grato a Rony. Ele não tinha dito que era masoquista por mal. Estava tentando ajudá-lo, alertá-lo de que estava muito preso a Hermione.  O que, quer ele queira ou não, era verdade.


                  - Obrigado – disse Harry de cabeça baixa – Mas eu quero realmente voltar para o castelo. Talvez outro dia, ok?


                  - Claro. A escolha é sua – finalizou Rony, e juntos seguiram para as polidas portas de carvalho que escondiam a escola.


 


                 Harry já estava parado em frente à Sala Precisa vinte minutos antes do que havia combinado com Jason. Estava ansioso para aprender a “moldar a magia”. Ao mesmo tempo, tinha medo de que não conseguisse e decepcionasse Dumbledore.


                 Consultou nervosamente o relógio diversas vezes. Andou de um lado para o outro do corredor, remexendo com os dedos em sua varinha. A trouxera por precaução, já que não tinha a menor idéia de como era fazer magia sem ela.


                 Quando Harry ouviu o relógio badalar a hora marcada ao longe, adiantou-se para a parede de pedra que tanto conhecia. Mentalizou: “Quero ir para um lugar onde possa treinar com Jason, quero ir para um lugar onde possa treinar com Jason” enquanto realizava os movimentos necessários. Ao virar-se novamente para a parede, sorriu ao encontrar a mesma porta de ferro de dois anos antes, quando treinava a AD. A empurrou com cautela.


                A Sala Precisa havia se transformado em algo muito parecido com uma concentração militar. As paredes estavam cobertas por instrumentos que ele desconhecia, alem de retratos de bruxos antigos que dormiam tranquilamente em suas molduras. No centro, havia uma grande mesa de cerejeira, cheia de pergaminhos e desenhos que ilustravam raios de luz saindo das mãos de bruxos fortes. No canto mais distante da sala haviam bonecos de metal pesado revestidos de alvos vermelhos e berrantes, além de um espaço relativamente grande que Harry imaginou ser usado para treinos gerais.


                 - Harry – o rapaz assustou-se com a voz grossa e calma as suas costas. Virou-se rapidamente e deu de cara com Jason, sorrindo. – Vejo que já teve tempo de imaginar nossa pequena sala.


               O moreno assentiu, enquanto o seguia em direção aos retratos mais distantes.


                - Veja só – disse Jason, apontando para um retrato de um velho meio aloprado que ressonava tranquilamente – Lembra-se da minha história? Esse é Lionel Hudson, sobre o qual lhe falei.       


               - O bruxo que descobriu como canalizar a magia? – perguntou Harry, recordando-se do acontecido. Ao ver que o auror o olhava longamente, acrescentou – Descobriu, entre aspas, é claro.


               - Sim – concordou ele – E por que?


               - Porque Dumbledore já usava esse tipo de magia muito antes de Lionel descobri-la. – respondeu, satisfeito por lembrar-se desse detalhe.


               - Ótimo, ótimo...Agora, Harry, eu cheguei a lhe explicar como Voldemort usou esse poder? – questionou Jason, pensativo.


              - Não. Você apenas me disse que ele passou anos treinando, e que a partir daí começou a aterrorizar o mundo bruxo – disse Harry, olhando-o.


               - Certo. Bem, depois de Voldemort chegar bem próximo a perfeição, convocou alguns de seus comensais da morte mais talentosos e ensinou-os um pouco do que sabia. Não ensinou tudo, pois algum comensal poderia se rebelar e tirá-lo do poder. Esse grupo recluso de seguidores foi denominado de Escudeiros das Trevas. Eles espalharam medo e destruição por muito tempo. Felizmente, hoje estão todos presos ou mortos. Porém, nossa preocupação é que ele tenha transmitido seus conhecimentos para mais um grupo de comensais, depois que a Segunda Guerra estourou. E é por isso Harry, que você tem que se esforçar ao máximo. Não sabemos se outros comensais se tornaram Escudeiros das Trevas. Se sim, você tem que saber como derrotá-los. – explicou o bruxo, sombriamente.


                 - Entendi. Mas por onde vamos começar? Quero dizer, não sou exatamente expert em feitiços. – preocupou-se Harry.


                 - Muito do seu poder está adormecido dentro de você. Provavelmente você não usa nem metade do que possui, e mesmo assim é incrível. Imagine quando conseguirmos despertá-lo por completo. Você vai acabar com os comensais em um piscar de olhos. – disse Jason, sorrindo para ele – Vamos até ali. Quero te mostrar algumas coisas.


                 Eles seguiram até a extremidade da sala, na qual haviam diversos bonecos com alvos. Jason postou-se na frente de um deles e lhe apontou o dedo.


               - Primeiro, você deve aprender a canalizar a magia, para depois moldá-la. É um processo meio complicado no inicio, mas você pega prática. Basta se concentrar no seu próprio poder, senti-lo ondular dentro de você. Você deve ter controle de seu poder da mesma forma que controla seu corpo. E então, você lança-o para qualquer parte que quiser. Quando tiver bastante dele concentrado....você o deixa sair – disse Jason. Ele concentrou-se por alguns instantes, até que sua mão começou a emitir um brilho alaranjado. Como em um tiro, um jato azul claro saiu da ponta de seus dedos e acertou bem na cabeça de um dos bonecos, deixando um circulo perfeito no centro do alvo. Harry, espantado, recuou alguns passos.


               - Legal, não é? – disse o auror, sorrindo e abaixando a mão. – Tente você, agora.


               Harry, nervoso, aproximou-se de outro boneco. Esticou o braço tremulo como havia feito Jason, e fechou os olhos para se concentrar melhor.


              - Sinta o poder, Harry. Você deve imaginá-lo como mais um membro do seu corpo. Concentre-se, e faça-o agitar-se dentro de você – murmurou Jason, muito próximo a ele.


              O rapaz pensou no seu poder, pensou na força de uma explosão, concentrou-se tentando fazer acordar um pouco da magia dentro dele. De repente, algo muito quente subiu por seu peito, e Harry sentiu alguma coisa literalmente se mexer dentro dele. Ele tentou direcionar essa coisa até seu braço estendido. Muito lentamente, o fogo percorreu suas veias. Não era uma sensação desagradável. Ele sentia-se poderoso, no controle. Porém, aos poucos aquilo começou a cansá-lo. “Só mais um pouco”, pensava. Até que, em algum momento perdido no tempo, Harry sentiu-se incapaz de continuar. Uma onda parecida com vento o fez cambalear para trás, e cair sentado no chão. Abriu molemente os olhos, exausto. Para sua surpresa, Jason estava rindo.


               - Muito bem! – gritou ele, ajudando-o a se levantar – Você quase conseguiu! A maioria das pessoas leva semanas para conseguir o efeito que você teve em um dia!


                - Mas eu não fiz nada... – murmurou Harry, confuso.


               - Como não fez nada?! Pode não parecer nada para você, mas foi sim um grande avanço. Você quase conseguiu liberar o poder, Harry. Ficou mais de um minuto concentrado! Quando você não agüentou mais, deu para sentir um pouco do poder escapando de você, em forma de vento! – disse Jason.


               - Mesmo? Achei que estava fazendo um monte de bobagens... – comentou Harry.


             - A única bobagem que você poderia fazer agora é não descansar. Foi ótimo para um primeiro dia, mas qualquer um fica exausto. É fundamental não forçar, nesse caso. – disse ele.


            - Certo. Quando podemos tentar de novo? – perguntou o moreno, entusiasmado.


             - Quarta à noite, pode ser? Depois do jantar? – sugeriu o auror.


            - Claro. Até lá – despediu-se Harry, indo em direção a porta. Ao sair, sentiu tontura e precisou se apoiar na parede. Após alguns segundos, respirou fundo e foi até o dormitório da Grifinória. Deitou-se em sua cama e adormeceu instantaneamente, de tão cansado que estava.  


N/A: Taí, cap novinho para vcs. Ficou um pouco maior do que de costume, mas sinceramente duvido que alguem vá reclamar. 
        Pessoal, desde o ultimo capitulo começou uma "fase" na fic que gosto muito. Ela vai dar mais detalhes historicos, e se aprofundar em assuntos já conhecidos. Prestem atenção, blz? Eu não estou inventando tudo isso sem um motivo.
        Agora, um assunto sério: o André Donatti falou uma coisa no comentário que é verdade. Pouquissimos leitores me apoiam, deixam cometarios. A maioria só está lá para cobrar de mim quando atraso. E isso não é certo, gente. Putz, se quer ter direito de opinar, se gosta da fic ou se odeia, fale isso para mim. Vai ajudar, vai melhorar a qualidade dos caps, vai colaborar comigo como pessoa. Um recado para quem tambem escreve: não é super chato ter que buscar inspiração quando nenhum leitor parece estar presente? Gente, vcs são a razao pela qual escrevo aqui. Se não comentarem, pra que continuar?
           Ao mesmo tempo, fico mto feliz com os coments que recebo. As quatro ou cinco pessoas que comentam sempre expressão sua opinião, me apoiam, me incentivam a continuar, falam o que gostou, o que odiou. O que seria de um autor sem seus leitores, sem suas opiniões? E digo mais: ESSAS QUATRO OU CINCO PESSOAS QUE FIZERAM MEUS 106 COMENTÁRIOS. ESSAS PESSOAS TEM DIREITO DE COBRAR MINHA DEMORA. ESSAS PESSOAS SÃO AS UNICAS QUE TENHO CERTEZA QUE LEEM MINHA FIC. E ESSAS PESSOAS QUE POSSO CHAMAR PROPRIAMENTE NÃO SÓ DE LEITORES, MAS TAMBEM DE AMIGOS.
            Enfim. ápós toda essa minha filosofia, o recado é o mesmo: Comentem. Por favor. É mais importante para mim do que vcs pensam.
          Agradecimentos especiais para a Erica, que tornou esse cap bem mais facil de compreender, acabando de vez com os meus erros grotescos.
Bjos, e até o cap 33   

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