Surpresas



    Na manhã seguinte Harry tomou café com Gina e Rony, devido à misteriosa ausência de Hermione na mesa. O moreno tentou não notar que Willian também não se encontrava lá. Já Gina lhe prometeu tentar conversar com a garota, embora todos soubessem intimamente que nada poderia ser feito se a decisão dela já estivesse tomada.


       - Vou ter uma conversa seria com ela, Harry – prometeu-lhe a ruiva – Ela tem que enxergar o absurdo que é tudo isso.


        - Obrigado, mas... Não brigue com ela. Apenas converse. Vocês duas são amigas, e eu não quero estragar a amizade de ninguém só por que a minha relação está uma droga – disse Harry, enquanto beliscava em seu prato.


        - Ok, não vou me exaltar e dizer tudo que penso, então – concordou ela, parecendo relutante. O rapaz assentiu.


         - Ei, é melhor irmos – disse Rony – Temos aula dupla com o Snape agora. Ele vai ficar uma fera se nos atrasarmos.


          - Tem razão. Apesar de que vai ajudar muito com a minha moral uma aula com ele – comentou Harry, se levantando. O ruivo fez o mesmo.


          - Ah, qual é... Não trate isso como o fim do mundo – advertiu ele. O moreno estancou e o fuzilou com o olhar.


           - Você ama a Luna, não ama? – questionou, bravo.


           - A-amo... Claro que amo – gaguejou, surpreso com o tom do amigo.


           - O que você faria se ela te traísse com outro cara? Como se sentiria? – perguntou, em um sussurro furioso.


          - Eu... Bem, ficaria péssimo, eu acho... – respondeu ele.


          - Então não questione como eu me sinto – cortou.


         - Cara, não me leve a mal... Mas você tem que se segurar para não dar um soco no Willian cada vez que o vê passar pelo corredor... – disse Rony, começando a caminhar em direção a porta do salão. Harry o segurou pelo braço.


           - Então me diga você o que faria se o Malfoy começasse a dar em cima da Gina – disse o moreno, apelando para o senso super-protetor do garoto.


            - Ora, eu bateria nele até virar carne moída... Você está bem? – perguntou a irmã, que acabara de se engasgar com a comida.


            - Estou, só me engasguei... Ah, Harry, não seja ridículo... Eu, com o Malfoy? Preferiria assistir aulas da Trelawney pelo resto da vida... Sinceramente... – disse ela, antes de sair resmungando do salão sem nem ao menos terminar de comer.  Harry e Rony se entreolharam.


             - Ela anda meio esquisita ultimamente – comentou Rony.


              - É... – concordou Harry, pensativo – É melhor irmos.


              - Ok – concordou o ruivo. Eles então seguiram juntos até a sala.


              Ao entrarem no local, encontraram-no quase cheio de alunos. Harry avistou Hermione e Willian conversando animadamente em um canto, mas ele desviou o olhar. Foi se sentar com Rony, o mais distante possível do casal.


                - Então... Posso observar que ninguém se atrasou para minha aula hoje – resmungou Snape, adentrando na sala – Muito bem. Antes de começarmos, devo anunciar que na nossa próxima aula teremos um trabalho um pouco... Diferente. A professora Macgonagall acha que os alunos não estão suficientemente entrosados... então propôs trabalhos em grupo.


                   Houve uma repentina agitação na sala de aula. O moreno observou alguns colegas trocarem olhares cúmplices, automaticamente escolhendo seu parceiro. Harry cutucou Rony na altura das costelas, e ele assentiu.


                  - Pessoalmente... Considero essa proposta um tanto quanto estúpida, já que ninguém fará as provas em grupo – continuou ele – Entretanto... São ordens da direção. A matéria de hoje...


                  Snape então explicou (miseravelmente) uma série de fatores e situações que são favoráveis para o nascimento de novas espécies de criaturas subaquáticas. Era uma matéria complicadíssima, já que as circunstancias do nascimento envolviam desde a região do planeta até em que fase a lua se encontrava. Harry se atrapalhou em suas anotações e acabou perdendo parte da explicação.


                   - Agora, os grupos... Devo ressaltar que eu os formarei, por motivos óbvios – disse Snape, provocando um suspiro coletivo na sala – Agora, vejamos... Srta. Patil, pode trabalhar com o Sr. Thomas. Sr. Malfoy... Trabalhe com o Sr. Goyle.


                    E assim se seguiu a escolha de grupos. Snape parecia se esforçar para formar as mais inconvenientes duplas que era possível. Rony foi obrigado a trabalhar com Crabbe. Hermione teve de fazer par com Pansy Parkinson. E Harry...


                   - Ahm, vejamos quem falta... Ah, claro, Sr. Potter... Como pude esquecer? – disse Snape, com um meio sorriso irônico no rosto. O moreno pressentiu que não arranjaria uma boa dupla – Hum... Você, Potter, vai trabalhar com... O Sr. Kenbril.


                     Harry serrou os punhos e teve vontade de abrir um buraco no chão para se enfiar. De todas as pessoas, Snape tinha de colocá-lo com ele? Percebeu com raiva o sorriso que o professor esboçava tomar um ar satisfeito e cínico. Olhou para Willian. Ele também o encarava, e sua expressão era indecifrável. Desviou novamente o olhar quando viu Hermione virar a cabeça para observar sua reação.


                   Foi quase um alívio ouvir o sinal bater. Rony permaneceu fitando-o com um olhar preocupado enquanto guardava suas coisas na mochila. Do funda da sala, ouviu Snape dizer:


                 - Quero 30 cm como redação para a próxima aula, sobre o que vocês aprenderam hoje! – Harry soltou um resmungo e foi em direção a porta, seguido apressadamente pelo amigo.


                - Aquele Snape é decididamente um imbecil! – xingou Rony, enquanto caminhavam para a próxima aula – Não acredito que terá de fazer par com o Willian! Foi de propósito, não é possível!


                - Você acha? – perguntou Harry, sarcástico.


                - Tenho certeza! – continuou, como se não tivesse percebido o tom do amigo.


                - E isso ainda te surpreende? Ele me odeia, não se lembra? Era esperado que fizesse de tudo para deixar minha vida pior do que já está. – bufou, enraivecido.


                E aquilo podia ser só o começo. Se as coisas continuassem daquela maneira, não imaginava como conseguiria terminar seu sétimo ano. A semana mal tinha começado e ele já queria ver tudo pelos ares. Suspirou cansado antes de entrar na sala de Transfiguração.


 


               Harry adentrou na biblioteca vazia. Àquela hora, não era surpreendente não haver ninguém estudando. Todos deveriam estar jantando, contando uns para os outros as maravilhas que tinham feito no Natal, se gabando dos presentes que tinha ganhado. Mas ele não estava com vontade de encarar o salão principal.


                 Sentou-se em uma mesa afastada e puxou da mochila uma folha de pergaminho e seu livro. Teria de fazer a tarefa de Snape ainda naquela noite.


               Mal tinha chegado à terceira linha quando percebeu que era impossível. A explicação de Snape tinha sido péssima, e o livro relatava os fatos de uma maneira tão científica que ele não entendia metade do que dizia. “Com certeza Hermione poderia ajudar”, pensou quase inconscientemente.


                 Sacudiu a cabeça, repreendendo-se mentalmente. Era difícil evitar que seus pensamentos vagassem pêra a morena. Mesmo antes de namorarem, ela era tão presente em seu dia-a-dia que sua ausência o deixava quase desnorteado.


                 Era difícil acreditar que mesmo depois de tantos anos, ela fora capaz de ser tão cruel. Sacanagem. Aquela palavra resumia de forma curta e simples a atitude da amiga. Amiga? Por que aquela palavra agora soava tão estranha, mesmo em seus pensamentos?


                  Aquilo o entristeceu. Por tanto tempo Hermione tinha sido mais do que uma amiga, uma companheira fiel para o que der e vier, alguém que se preocupava com ele e se arriscava apenas para estar ao seu lado. Agora... Bem, agora ele tinha perdido tudo isso de uma vez.  Ela o traíra. Arranjara um amante. Ou seria o contrário? Estaria essa relação invertida de tal forma? Não seria ele próprio aquele que chamava de amante?


                  Foi tirado de seus pensamentos por uma risada estridente, que conhecia. Gina... Pensou ele. Chegou à conclusão de que não seria má idéia ter sua companhia naquela noite.


                 Seguiu por entre as enormes estantes em direção ao som. Entretanto, congelou ao ver de quem estava acompanhada. Escondeu-se na sombra no exato instante em que Malfoy olhava em sua direção.


                - Você é um bob, sabia? – disse Gina, ainda rindo. Malfoy lhe sorriu.


                - Apenas realista – respondeu, também parecendo se divertir.


                 - Por mais que você fale... Minha resposta continua sendo não. Ainda não. – disse a ruiva. O sorriso do rapaz se desmanchou por completo.


                 - Mas por que, Gina? Não agüento mais esconder isso de ninguém, por Merlin! – disse o loiro, irritado.


                 - Mas não podemos, Draco. Ninguém pode saber! Imagine só o que Rony diria... Ah, ele ia querer nos matar. Quero dizer, ele te matava primeiro... E deixava minha mãe terminar o trabalho – refletiu a garota, temerosa.


                   - Não me importa a reação do cretino do seu irmão, e muito menos da sua família. Eles provavelmente não teriam uma reação pior que meu pai. Ele sim, ficaria realmente furioso... – Malfoy estremeceu a possibilidade.


                   - Entende agora? Estamos quebrando todas as regras com isso. – disse Gina – Nenhum de nossos parentes aprovará.  E é por isso que temos de ir devagar... E esperar a hora certa para soltar a bomba.


                   - Mas eu não quero mais me esconder! – exclamou Malfoy.


                  - E você acha que gosto de ficar namorando as escondidas? Tomando precauções e mais precauções para que ninguém descubra? Isso está me incomodando tanto quando a você! – disse a ruiva, se exaltando um pouco. Respirou fundo antes de continuar – Temos que esperar a poeira baixar. Ninguém tem condição de receber essa notícia agora.


                   - Não vejo nada de errado – resmungou ele.


                   - Pelo amor de Merlin Draco, você é cego? Estamos às vésperas de uma guerra, estão todos estressados com a ausência de Você-Sabe-Quem, meu pai está sendo quase perdendo o emprego e, para completar, o Harry está depressivo por causa da Mione! – ela disse tudo isso tão rápido que teve de recuperar o fôlego – Não tem condição de falarmos qualquer coisa agora!


                   - Não dou a mínima para essa maldita guerra, e muito menos para a vida conjugal do Potter! Quanto ao emprego do seu pai, sinto muito, mas não tem nada a ver comigo! – argumentou Malfoy, bravo.


                    - Ah, quer calar a boca e aproveitar o pouco tempo que temos? – sussurrou Gina sensualmente no ouvido do loiro. Ele deu um sorriso mínimo e passou as mãos pela cintura da garota.


                     - Já que insiste... – sussurrou ele de volta, puxando-a para um apaixonado beijo, que foi correspondido com igual intensidade. A cada movimento ritmado o queixo de Harry era mais puxado em direção ao chão. A coisa chegou a tal ponto que eles acabaram derrubando alguns livros da prateleira, ao se chocarem com uma das estantes.


                     Lenta e silenciosamente, o moreno recuou pelas sombras, na esperança de não ser notado. Colocou todas as suas coisas rapidamente na mochila e saiu por uma passagem lateral.


                     Gina estava namorando Malfoy. Aquela idéia era tão absurda que Harry não sabia o que pensar dela. Nunca tinha sequer lhe passado pela cabeça tal situação. Durante aquele breve dialogo, o moreno notou algo que julgava impossível existir no Sonserino. Ele viu amor, carinho e afeto. Viu que, por mais que a situação o irritasse, Malfoy não seria capaz de se zangar realmente com ela. Ele a amava.


                     Não teve tempo de refletir muito longamente sobre o assunto. Ao esquivar-se por uma passagem atrás de uma tapeçaria, encontrou novamente uma cena surpreendente. Seus punhos se fecharam a ponto de machucar a palma de suas mãos. Seus dentes trincaram com tamanha força que era quase surpreendente não terem se quebrado. Pela segunda vez naquela noite, seu queixo caiu. E seus olhos foram inundados por mágoa e dor.

N/A: DEMOREI, EU SEI! Pessoal, mil desculpas pelo ENORME atraso para postar, mas minha vida está mais enrolada que a novela das oito. Voltei as aulas no dia 27/01, e a partir daí foi uma complicação atrás da outra. Foi uma tremenda mancada com vcs, eu sei, e por isso eu queria pedir que POR FAVOR me desculpem pelo atraso. Vou dar o meu maximo para que isso não volte a acontecer.
         Deixando um pouco de lado meu sumiço, o cap: deu cinco pags e um pouquinho no Word, eu sei que não é mto, mas é o maximo que consegui fazer. Ele está LOTADO de surpresas (convenhamos, um tanto desagradaveis), fazendo jus ao nome do cap. Espero que gostem.
          Well, acho que é isso. Qualquer dúvida ou crítica é só entrar em contato. Façam suas apostas, pessoal!

Bjos e até o cap 28. Vai demorar menos! (eu espero)!                      :):):):):)

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Estou com um MEDO descomunal do próximo capítulo... =/Não é a Mione com o chato do William não, né? =PPor favor, faz o Harry voltar com a Mione... Não tem sentido nenhum eles separados... =/ 

    2012-04-28
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