Problemas e mais problemas



Revisado em 13/07/2012

Capítulo 08:


          Os dois amigos entraram na sala de Snape, mais escura que de costume. Harry observou o espaço com tenaz curiosidade. Pela bancada se estendiam inúmeros frascos, com líquidos coloridos em seus interiores. Era tudo uma bagunça, mas Harry imaginou que, para o professor, deveria fazer sentido. Olhou mais uma vez a seu redor. Aparentavam estar sozinhos.


 


         - Será que ele esqueceu que tínhamos detenção com ele? – sugeriu Rony, um tanto esperançoso. Harry balançou a cabeça, convicto.


 


         -Esquecer? E perder a oportunidade de me fazer ver quanto sou detestável para ele? Não mesmo.


 


            Andaram às tontas pelo cômodo por alguns minutos, sem terem certeza do que fazer. Deveriam ir embora? Chamar alguém? Ou apenas esperar? Harry, ao passar ao lado de uma porta contígua à sala, atentou-se para uma voz. Pareceu-lhe a voz de Snape. Contudo, não havia nenhuma outra voz que ele pudesse escutar. Fez um gesto para Rony, que rapidamente entendeu. Os dois colaram seus ouvidos à porta.


 


          - O que pretende fazer? – perguntou o professor. Ele não obteve uma resposta audível, mas, com certeza, teve uma, pois em seguida ele continuou – Com todo o respeito, acho arriscado demais. – outra resposta inaudível – Ele esta protegido por todos os lados! Todos os professores estão me vigiando constantemente! Não tenho oportunidade plausível para isso! Eu... – ele parou de repente. Havia algo de amedrontado no tom de sua voz. Era possível ver uma luz clara, escapando pelas frestas da porta. Lembrou a Harry a luz liberada por um patrono. Um arrepio percorreu-lhe a espinha, sem ele saber ao certo por que. A resposta veio antes do que previa:


 


           - Quieto Severo! Apenas faça o que estou mandando! Não me importam os meios... mas faça!


 


            Nada poderia preparar Harry para aquilo. Era uma voz diferente daquela vez... horrivelmente familiar. Era ele... Era a voz dele... Se atrevendo a aparecer em Hogwarts. Harry foi dominado por uma raiva sem limites, um sentimento que nunca experimentara de forma tão intensa. Ele sacou a varinha e ignorou totalmente os guinchos de Rony para que não fizesse nada. Entrou na sala de supetão.


 


             Todas as luzes estavam acesas, mas ele não estava lá. Havia apenas um Snape extremamente perplexo, de frente para a janela aberta. O ambiente era ainda mais bagunçado que o outro. Papéis. Um espelho. Frascos diversos. Penas. 


 


          E mais nada.


 


           - Potter! O que significa isso?! – exclamou o homem que tanto odiava.


 


           - Era ele... Era ele que conversava com o senhor... – disse, entre dentes. Tremia de tanta raiva – Você estava planejando algo...


 


           - Do que esta falando Potter? Mais asneiras, suponho? – ele retrucou, deixando transparecer uma nota de pânico em sua voz. Um músculo em baixo da boca de Snape tremia. – Estava aqui, organizando meus papéis. É nítido até mesmo para você que esse lugar precisa de uma ordem. Apenas aguardava a sua chegada, assim como a do Sr. Weasley.


 


                  - NÃO ESTAVA NÃO! – Harry não percebia que estava gritando – O SENHOR AINDA ESTA MANCUMUNADO COM ELE! E pensar... Que Dumbledore acreditou no senhor! Mas foi em vão! Você o matou! – ele chegava a cuspir, tamanha sua ira. – O senhor não passa de um covarde sem...


 


                    - BASTA, POTTER! Basta! – ele berrou, interrompendo-o. Harry sentiu que ultrapassara algum limite. – Não ouse... Chamar-me de... Covarde! Não estou aqui para ouvir insultos! Falarei com a professora Macgonagall para garantir que ela aplique em você a punição necessária! Agora saia! Saia e não me incomode mais!


 


                    Por um momento, Harry o fitou. Depois saiu, batendo os pés, furioso.


 


                    Não encontrou Rony em parte alguma. Provavelmente saíra sem ser notado, quando percebeu que a situação se complicaria. Estava espumando de raiva. Como aquele miserável se atrevia? Naquele momento, tinha mais raiva de Snape do que do próprio Voldemort. Teve vontade de quebrar algo, mas conteve-se.


 


                    Na sala comunal, passou direto por Hermione, que estava sentada em uma poltrona. Ela deve ter percebido o estado alterado de Harry, pois subiu em seu encalço ate o dormitório masculino. Pouco se importou com as regras naquele momento.


 


                  - Harry, o que esta acontecendo? – perguntou ela, com cautela – Você esta bem?


 


                   - Não, Mione. Estou longe de estar bem. – disse Harry. Não conseguiu falar mais que isso. Sua cabeça girava, caindo descontrolada na imensidão escura que eram seus pensamentos.


 


                   - Harry, por favor, me fale o que houve... – ela disse. Ele respirou fundo. Não era justo descontar nela. E ela merecia saber o que acontecera.


 


                   - Estávamos na sala do Snape. Estava tudo muito quieto, a exceção de uma voz que vinha da porta. Ele estava conversando com alguém... Ou alguma coisa. Estava perguntando o que fazer. Ele disse que alguém estava sendo cercado por todos os lados e que era impossível ele chegar ate essa pessoa porque todos os professores estavam vigiando-o. – ela escutava tudo, perplexa. – Ele tentou contradizer as ordens... Mas aí uma outra voz falou. Ate aquele momento eu só escutava a voz de Snape. 


 


                    - Quem era? De quem era a voz? – perguntou Hermione, intrigada.


 


                    - Era ele. Voldemort – Hermione levou as mãos à boca, surpresa.                  


 


                    - Tem certeza disso, Harry? – ela perguntou, com a voz fraca. – É uma acusação bastante séria.


 


                   - Tenho. Mas era apenas a voz – disse o garoto – Fiquei com tanta raiva que invadi a sala. E apenas Snape estava lá. Eu disse tudo a ele. Explodi com toda a raiva que tenho dele, desde o ano passado. Ele me interrompeu quando o chamei de covarde. Gritou. Disse que faria a Macgonagall me dar uma severa punição. Depois me expulsou da sala.


 


                    - Harry, entendo sua raiva, mas... Você realmente não devia ter feito isso. – disse ela, parecendo preocupada – Seria melhor se você simplesmente fosse embora e contasse tudo isso a alguém. Agora quem pode se complicar é você.


 


                   - E você acha que não sei? – disse o garoto – Sei que agora estou mais do que encrencado. Mas não ligo. Quando a Macgonagall me chamar, falarei tudo a ela. Se é que ela vai me chamar. Talvez Snape tenha apenas me ma ameaçado, para me tirar dali. Ele sabe que, se ela me procurar, contarei tudo.


 


                     - E talvez ela não acredite – disse Hermione – Veja bem, Harry. Voldemort aparecer aqui é... Quase impossível.


 


                     - Dumbledore acreditaria – disse o moreno.


 


                     - Sim – concordou – Mas Dumbledore está morto. 


 


                     A verdade o atingiu com mais força daquela vez. Hermione estava certa. Dumbledore estava morto. Era apenas mais um retrato na parede. Amaldiçoou-se por sua estupidez. Tão acostumado a ter o diretor sempre ao seu lado, não lhe ocorreu que sua ausência modificaria as coisas.


 


                      - Mas não foi ele... Exatamente – colocou, pensativo – Foi apenas sua voz. Como no diário de Tom Riddle. Ele apenas respondia suas mensagens, mas não estava totalmente presente. Suponho que Snape tenha usado algo semelhante, no qual ele fala e a resposta vem escrita. Porem, quando Snape irritou Voldemort, o que lhe respondeu foi sua voz. Como que para parecer mais ameaçador. 


 


                     - É uma boa teoria. Mas não temos como provar. – disse Hermione. – Além do mais, nunca ouvi falar de um objeto assim.


 


                      - Temos sim, como provar – disse Harry, tendo uma ideia arriscada – Voltarei à sala dele hoje a noite. Depois de Astronomia. Vejamos o que posso encontrar.


 


                      - Harry, você não pode! – censurou a garota – Se Snape te pega lá...


 


                      - Eu azaro ele – completou Harry. – Agora vamos. Está na hora da aula.


 


                        Harry pegou seus livros e ficou aguardando Hermione no salão. Meixa-se nervosamente, trocando o peso do corpo de um pé para o outro. Era um tiro no pé o que pretendia fazer. Mas sua ânsia pela verdade era mais forte. Assim que a namorada se juntou a ele, rumaram juntos para a torre oeste.


 


                        - Sabe onde se meteu Rony? – perguntou Hermione, olhando para todos os lados.


 


                         - Escafedeu-se – respondeu, grosso. Hermione lançou-lhe um olhar triste. Balançou a cabeça. – Desculpe. Estou nervoso, mas não deveria ter te tratado mal. – a morena assentiu. Não parecia irritada – Ele estava comigo na sala de Snape. Mas depois sumiu.


 


                         - Será que ele...? – perguntou Hermione. Parecia preocupada, mas Harry sabia que era desnecessário. O professor provavelmente não chegara sequer a vê-lo naquela noite.


 


                         - Ele esta bem. Relaxe – disse o garoto.


 


                          De fato, Rony os aguardava na porta da sala. Estava branco, muito assustado.


 


                            - Que loucura foi aquela que você fez Harry! – repreendeu Rony – Harry, cara, o Snape deve estar querendo te matar. Mas aquela voz era mesmo...?


 


                             - Tenho certeza que era. – afirmou, fazendo o ruivo empalidecer ainda mais.


 


                             - Você tem ideia de... Como? – perguntou Rony, serio. Estava se dando contada gravidade da situação.


 


                              - Tenho um palpite. – disse o moreno – Não sei se posso estar certo. Mas não tem problema. Voltarei à sala de Snape depois da aula.


 


                             - Isso não pode dar certo. – afirmou, categórico – Snape não pode te pegar lá. Você só vai se meter em mais encrenca. Baste de imprevistos por uma noite, não acha?


 


                           - Viu Harry? –disse Hermione, decidindo intervir – Até Rony concorda que isso é a maior estupidez que você poderia fazer.


 


                            - Mas temos que descobrir. Eu tenho que descobrir – disse Harry, firmemente.


 


                            - Harry, eu entendo o que deve estar sentindo. Mas você não pode tomar decisões precipitadas – disse Hermione, olhando em seus olhos docemente. Ela era a única que entendia. Que sempre entendera. 


 


                             - Esta bem –Harry respirou fundo, se entregando – Não sei como consegue, Hermione. Acho que é porque te amo. Não aguento ver você fazer essa cara.


 


                           - Ótimo – disse a garota – e lembre-se: fiz isso para o seu bem. Agora vamos, a professora já entrou.


 


                             Harry foi na frente, parecendo um tanto decepcionado. Hermione e Rony o olharam pelas costas, muito pensativos. O ruivo, mestre em livrar-se do estresse das situações, apressou-se em dizer:


 


                          - O que exatamente você quis dizer com ”até o Rony”? – murmurou, erguendo uma sobrancelha. A garota riu e bateu-lhe levemente no ombro. E deu uma resposta travessa:


 


                         - Exatamente o que eu disse.


 


                        Rony também riu, e entrou logo atrás dela. Porém, por trás de seu semblante despreocupado, as engrenagens de seu cérebro giravam. Conhecia bem a teimosia do amigo que tinha. Não era porque Harry dissera a Hermione que não iria naquela noite, que significava que estava desconsiderando essa hipótese. Se as coisas não se resolvessem logo, tinha certeza que era a isso que ele planejava recorrer. Precisava manter-se atento – a probabilidade de Harry meter os pés pelas mãos era alta.


 


                          Harry ficou tão distraído, perdido em seus pensamentos, que nem percebeu quando listou as luas de marte ao invés das de júpiter. A professora percebeu o engano e ralhou com ele. Depois, Hermione ajudou-o.


 


                           - Harry, preste atenção! – chiou Hermione, enquanto anotava o ultimo nome em sua lista – Desse jeito você vai criar ma fama entre todos os professores.


 


                            - Desculpe – disse – Eu estava pensando e acabei me distraindo.


 


                            - E se distraiu muito, Sr. Potter! – voltou a ralhar à professora, que ouvira a conversa – Escrever mais de dez luas sem se dar conta que Marte tem apenas duas...!


 


                             Ele passou o resto da aula ouvindo conselhos raivosos. Quando saiu, exausto, foi direto para o salão comunal. Por um simples acaso, acabou derrubando os livros e ficando para trás, sozinho no salão. Pelo menos ele pensava que estava sozinho. 


 


                              Levou um susto de bom tamanho quando viu um vulto erguendo-se da poltrona mais distante da sala. Estava ficando paranoico. Era apenas Gina.


 


                            - Harry – disse ela – Precisava falar com você em particular. Esperei-o a noite toda. Quero falar sobre a Hermione. – curta e direta, como lhe era característica. Sua voz era doce, mas ele pressentia perigo.


 


                             - Já esperava isso de você – disse Harry – Gina, você tem que entender que...


 


                             - Não quero saber! – gritou ela. Perfeito, pensou ele, mais essa hoje – Esperei a noite inteira para que eu falasse com você, não você comigo! – Harry abrira a boca para falar, mas Gina não deixou – Não ouse falar. Quero apenas que você me responda uma coisa: o que ela tem que eu não tenho?!


 


                         - Gina... – começou, desconcertado – Você é uma garota linda, e eu gosto muito de você, mas...


 


                          - Mas não é o suficiente, não é? – disse ela, baixando drasticamente o tom de voz. – Você não gosta de mim o suficiente. Não gosta como eu gosto de você. Você não me ama.


 


                         - Entenda, por favor. Facilite as coisas – pediu, quase implorando. 


 


                        - Facilitar as coisas? – repetiu ela, incrédula – Você quer que eu fique bem enquanto ela é demais e eu sou só sua amiga. Enquanto ela conquista seu coração e eu continuo sendo só sua amiga. Enquanto ela é sua namorada e eu... – ela parou por um instante. Havia dor em seus olhos – E eu sou só sua amiga.


 


                        - Me desculpe... Pelo que você me considera culpado. Sinto muito, mas... Não sei o que dizer. Não faço a menor ideia. Não há como te explicar uma coisa que você não que entender. Me desculpe – repetiu. – Só peço que você não brigue com Hermione. Eu quis ficar com ela. Eu fui atrás. Então se for para brigar com alguém... Brigue comigo. – completou. Se não podia fazê-la entender, a faria pelo menos perceber o verdadeiro “culpado”. Não queria que Hermione sofresse por causa daquela bobagem.


 


                         Ele deu as costas a Gina, devagar. Depois subiu para o dormitório, encontrando todos dormindo. Estava farto de tanta complicação, pensava, enquanto colocava seu pijama. Era impressionante como até mesmo ele conseguia viver em paz por semanas a fio até que, de repente, o mundo inteiro desabava em sua cabeça de uma só vez. Suspirou. Aquilo sempre lhe tirava completamente a paciência.


 


 


     



N/A: Bom, esse capitulo foi muto dificl de escrever. Acabei enrolando muito nos dois ultimos, entao tive que acelerar as coisas neste cap. Francamente, nao seria surpresa se todos vcs achassem esse cap pessimo. Comentem a vontade, juro que irei entender. ( ok, talvez tenha generalizado as coisas, mas esse cap nao esta mesmo dos melhores)
        Pretendo dar um intervalo de aproximadamente 15 dias entre os caps. Talvez algum venha antes, porem nunca depois. Esse cap em particular, estava pronto desde quarta-feira. Mas esperei ate o final de semana, pra dar mais Ibope( faz sentido, nao faz?!)
        Bem, depois do desanimo para responder a perunta que fiz, estou mais indecisa do que antes. Gente, peloamordeDeus, respondam a pergunta! Sugiram, vamos! Quero leitores que eu saiba que existem!
        Entao, acho que isso é tudo. Até o proximo cap( o cap 9 promete, vcs terao varias supresas emocionantes!)
                       

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