Simon



Simon - Lifehouse


 


The arrogant build kingdoms made of indifferent ones, breaking them 'til they become, just another crown.”


 


Caminhava a passos lento, ainda atordoado com os acontecimentos da semana que se passou. A missão, afinal, não foi um fracasso. Dumbledore estava morto, finalmente. Não por suas mãos, está certo, mas estava morto. Mas algo o atormentava quando pensava naquela noite.


Deveria estar próximo à sua casa, mas não tinha certeza, já que estava andando sem prestar atenção no caminho que fazia. Apenas deixou seus pés o guiarem ao seu destino final. Era uma tarde ensolarada de Julho e fazia um clima agradável, por volta dos 16°C.


 Mais alguns minutos de devaneios e pensamentos infundados, na opinião do próprio Malfoy, e então resolveu levantar a cabeça e se localizar como deveria ter feito desde o começo. Sua casa ficava em Wiltshire, em uma rua estreita, apesar da entrada que dava acesso à Mansão ser bem larga. Parou então à frente do portão de ferro que dava para os jardins.


Gostava de sua casa, era bonita, grandiosa, luxuosa, ostensiva, emanava poder. Tudo o que Draco Malfoy aprendera a amar e desejar para a sua vida. Não conseguia imaginar vivendo em outras condições, se não aquelas que seus queridos pais lhe proporcionaram durante a sua vida toda. Nada daquilo era exagerado, nada era excessivo, nada estava errado em querer viver sempre daquela forma. Pelo menos não ate hoje.


Enquanto cruzava os jardins, Draco observava a casa. Estava mais sombria do que o normal, um pouco mais movimentada do que o normal. Chegando mais perto pode, então, ver quem o esperava à porta. Bellatrix Lanstranger, sua tia, irmã de sua mãe. Respirou fundo e por rápidos segundos, se preparou para o que viria a seguir... Talvez não tão preparado quanto achava.


- Ora, olha quem finalmente chegou para a nossa reunião. Draquinho querido, meu sobrinho. – Disse Bellatrix com sua voz estridente, excitada e com um leve toque de cinismo.


- Olá tia Bella – Respondeu o loiro, sem emoção. Sabia que estavam esperando ele para essa tal reunião tão importante a qual a mãe havia lhe informado há alguns dias. Não que tivesse se esquecido, apenas fizera questão de não se pontual. E imaginou, no momento que viu sua tia parada ali, na entrada de sua casa, que isso lhe traria alguma conseqüência.


Catch your breath,


(Respire fundo)



Hit the wall,


(Atinja a parede)



Scream out loud


(Grite bem alto),



As you start to crawl


(Enquanto começa a rastejar)


Draco Malfoy, 17 anos, pele branca beirando a palidez extrema, cabelo loiro platinado, com olhos cinza e frios, sonserino por convicção e destino, Comensal por obrigação. Começou seu sexto ano em Hogwarts tendo a marca mais temida pelo mundo bruxo, em seu braço e com uma missão dada a ele pelo Lord das Trevas, mas com um peso maior do que o garoto pôde agüentar. Não conseguiu concluí-la, apesar de a missão ter sido bem sucedida. Matar Alvo Dumbledore não estava no destino de Draco Malfoy. Matar não estava em seu destino.


E agora La estava ele, temendo o que estaria por vir, por de trás daqueles olhos alucinados de sua tia diante dele. Mas tentou se controlar.


- Vamos Draquinho, todos estavam esperando o seu passeio pelas redondezas acabar, para podermos começar. Inclusive o Lord. – E um sorriso apareceu em seu rosto. Um sorriso sarcástico que arrepiou os cabelos da nuca do loiro. Respirou fundo, tentou mais uma vez se controlar enquanto passava pelo Hall de entrada e indo diretamente a uma porta de maçaneta de bronze. Bellatrix passou a frente do garoto e abriu a porta. O lugar não tinha mais iluminação do que o Hall em que estava há poucos instantes, mas estava cheio. Todos ali com capas pretas e capuz. Draco fez um breve reconhecimento, mas só conseguiu ver Avery, Mcnair, Rebastan Lanstranger, irmão do marido de sua tia, Bella, e Narcisa, sua mãe.


Não teve tempo para identificar outros já que o ser que estava no centro do semi-círculo que faziam, começou a falar. Sua voz era horripilante, causava medo e nervosismo.


- Finalmente se uniu a nós, Draco – Começou o Lord das Trevas ao colocar seus olhos vermelhos no garoto. – Sei que lhe dei uma missão e você fracassou nela.


- Mas Dumbledore está morto, senhor. – Falou Draco, sua voz quase sumindo, sua cabeça baixa, sem encarar a criatura abominável a sua frente. Sua mão começou a suar, e seus olhos estavam um pouco turvos.


- Graças a Snape que se intrometeu... – Voldemort parecia estar perdido em pensamentos.


O clima na sala era pesado, ninguém se atrevia a respirar mais fundo do que o permitido. Ate que um leve pigarro se fez ouvir e o homem ao lado de sua mãe, deu um passo a frente, retirando seu capuz. Severo Snape estava ali e parecia pronto para responder a acusação que lhe foi feita.


- O Lord sabia que o garoto não era forte o suficiente, meu senhor. O mais importante é que Alvo Dumbledore está morto, e que o garoto Malfoy fora testado. E na minha modesta opinião, não pareceu preparado para missões desse porte, se o senhor quer saber... – Snape parecia decidido.


Voldemort ponderou as palavras do servo e voltou a falar:


- Nisso você tem razão, com o velho Dumbledore morto, quero ver como Potter vai se virar. Ele nunca me pareceu inteligente a ponto de tirar conclusões e ter pistas sem ajuda de Alvo. – O Lord começou a andar pelo cômodo – E quanto ao garoto Malfoy... – Pegou sua varinha de suas vestes, mas nesse momento Narcisa pareceu não se controlar.


- Por favor , meu senhor, não faça nada ao meu filho – Seu rosto estava coberto de lágrimas e antes que todos percebessem, Narcisa estava jogada aos pés de Voldemort, implorando.


- Saia daí, Narcisa! – Ordenou Bellatrix, enquanto segurava o corpo da irmã e tentava arrancá-la do chão.


Draco ficara paralisado. Sua mãe estava implorando pela vida dele e o garoto simplesmente não conseguia se mexer. O medo que lhe invadiu na noite que Dumbledore fora morto, voltou. Sentiu como se estive pregado ao chão.


- Você daria a vida por seu filho, Narcisa? – Perguntou frio o Lord. Narcisa soltara um soluço alto e fez com que o coração de Draco parasse. – Sabe que o Lord Voldemort não tem misericórdia com os que falham, não sabe?


- Senhor, eu lhe suplico...


- Não tenho misericórdia, Narcisa...


A mulher levantou o rosto pela primeira vez, naqueles últimos minutos. Raiva e medo estavam estampados em seus olhos. Sua respiração estava acelerada e seu rosto, todo molhado. Se soltando de Bellatrix, Narcisa se levantou e encarou Voldemort.


- Só fez isso com meu Draco pra se vingar de meu marido e de mim. – A voz estava falha, mas firme.


- Pode estar certa. Seu marido está em Azkaban... Sorte dele não é?


- Não vai matar o meu filho...


- Você daria a vida por seu filho, Narcisa? – Perguntou novamente, com aquela voz de dar arrepios a qualquer um. Narcisa não respondeu de imediato, apenas encarou com coragem aqueles olhos frios e sedentos por morte. Abriu a boca para responder, mas o som que saíra foi abafado por um grito.


- MÃE, NÃO! – Draco havia despertado, conseguiu gritar, conseguiu tirar de dentro aquele medo que estava sentindo e transformar em voz.


- Que seja feita a vossa vontade, Senhora Malfoy.


Correr aquela pequena distância que o separava de sua mãe, pareceu uma eternidade. Bellatrix estava atônita, sem nenhuma reação aparente, e Draco só conseguiu ver sua mãe fechando os olhos e uma lágrima correndo pela maçã de seu rosto, antes de tudo ficar verde.


- AVADA KEDAVRA!


Back in your cage,


(De volta à sua jaula)



The only place


(O único lugar)



Where they will


(Onde eles irão)



Leave you alone,


(Deixá-lo sozinho)

'Cause the weak will Seek the weaker


(Pois a fraqueza buscará os fracos)


until they've broken them,


(Até que os tenham destruídos)



Could you get it back again?


(Você conseguiria recuperar-se?)


 


“Uma pena, uma pena mesmo. Era mais valiosa que o garoto. Mas enfim, teve seu último desejo realizado. Sua alma vai ficar menos inquieta no Inferno”


Aquelas palavras não lhe saíam da mente. Com nítida indiferença, Voldemort se referia à mãe de Draco, e isso o deixou maluco. Fora tirado da sala por Snape antes que cometesse suicídio ao tentar atacar o Lord.


Alguns dias se passaram, desde o episódio da morte de Narcisa. Dias, meses, anos, pareciam... Malfoy estava perdido em sua dor. Não tinha exata noção de quanto tempo isso acontecera e só foi informado de estava preso em seu quarto a uma semana, depois que um dos elfos domésticos apareceu na sua frente. “Uma semana já se passou e o meu mestre não saiu desse quarto”. O elfo parecia preocupado, mas Malfoy não ligou muito. Apenas disse que desceria e mandou o servo sair.


Olhou pela janela e viu que o sol brilhava intenso no céu. O jardim de sua casa continuava bem cuidado, tudo graças aos elfos, imaginou.


Resolveu então sair daquele quarto. Precisava respirar, precisava pensar, precisava sair aquele estado de inércia que havia tomado conta dele por tanto tempo. Sua mãe estava morta, talvez por ele não ter sido corajoso o bastante pra impedir isso, mas estava feito. Sua amada mãe não voltaria e não iria adiantar ficar aquele jeito o resto da vida.


Queria notícias, queria saber como estava seu pai, como estava o mundo durante esse tempo que se desligou. 


- Acho que voltarei pra Hogwarts... – Sussurrou. Tinha certeza que não ia suportar ficar naquela casa sozinho por muito tempo. – Esses desgraçados ainda irão usar a casa como uma espécie de quartel general. Bellatrix nem liga pra morte de minha mãe. Pra ela o que é certo é servir o Lord.


Draco pensou no sentimento obsessivo que sua tia tinha e o desejo incontrolável de servir aquele demônio.


- Se o Lord tivesse dado chance, aposto que ela não teria problema algum em ‘’recebê-lo’’... – Draco ficou enjoado só de pensar na cena, e balançou a cabeça para espantar aqueles pensamentos. Bellatrix não era exatamente o assunto que ele deveria perder o tempo, pensando.


Estava fraco, não comia direito há alguns dias, precisava tomar sol, estava com uma aparência horrível. Tirou essa conclusão ao se olhar melhor no grande espelho defronte a sua cama, com uma moldura prata muito bonita.


- Você não está com uma aparência digna de um Malfoy sonserino rico, Draco. – Afirmou isso, dando leves tapas no rosto, e soltando finalmente aquele sorriso cínico, marca registrada do loiro. – Ta na hora de reviver.


 


Would it be the same?


(Seria a mesma coisa?)



Fulfillment to their lack of strength, at your expense,


(Satisfazem suas fraquezas às suas custas)



Left you with no defense,


(Deixam você sem defesa)



They tore it down.


(Eles arruínam ela)


 


Deu uma boa olhada no seu quarto. Estava um caos, longe do que fora há dias atrás, quando estava tudo em seu lugar, a cama arrumada e coberta por uma bela manta verde musgo, seus objetos de decoração excêntricos em lugares estratégicos, o espelho já fora mais limpo do que estava hoje. No chão, alguns papeis amassados, dois ou três bibelôs de cristal estavam espatifados pelo chão, os móveis cheios de poeira e as cortinas fechadas e escuras (exceto por uma que ele mesmo abrira instantes atrás) dava um ar de abandono para o cômodo. Pela primeira vez na vida deu vontade de pegar sua varinha e colocar tudo em ordem, mas com a desculpa de não ter tempo para besteiras como essa, resolveu chamar um de seus elfos.


 - Klux – Gritou o primeiro que se lembrou. Em poucos segundos, Draco estava olhando para uma criatura mirrada, enrugada, de olhos e orelhas grandes, mãos com longos e arqueados dedos, pés enormes e vestindo trapos horrendos. Draco pensou ter sentido uma pontinha de pena daquela criatura, mas preferiu acreditar que fora apenas impressão. A criatura era feia.


- Muito bem, quero que dê um jeito nesse quarto. Não pretendo voltar tão cedo, mas isso aqui ta me dando nojo. Se eu voltar, quero esse quarto mais arrumado do que jamais fora, entendeu?


- S-Sim senhor – Disse o elfo Klux, fazendo uma exagerada reverência ao seu mestre. Draco se lembrou de que nunca havia pedido nada para aquele elfo e achou graça do tom de medo que veio em sua voz ao responder.


- Muito bem, então é isso.


Virou-se, pegou algumas peças de roupa, colocou em uma maleta e saiu apressado pela porta de seu quarto.


 


And I have felt the same, as you I've felt the same,


(E eu senti o mesmo, Como você, senti o mesmo)



As you I've felt the same


(Como você, senti o mesmo)


 


Seria difícil achar um lugar tão aconchegante e luxuoso, como a sua casa, o problema era que, entre ficar no luxo e ter que conviver com a presença repugnante do Lord das Trevas ou sair de perto dele e ficar um pouco menos desconfortável, ele preferira a segunda opção.


Fora que não ficaria tão desconfortável por muito tempo, afinal, voltaria à Hogwarts dentro de alguns dias. Pegou o pó de Flu e falou em alto e bom tom, quando entrou em sua lareira: “Caldeirão Furado”.


Chegou ao local e percebeu que estava bastante movimentado. Não era exatamente freqüentado pelo melhor da sociedade bruxa, mas era um local conhecido por ele que teria um quarto para ele ficar ate Hogwarts começar novamente. Fora que nunca pensariam que um Malfoy ficaria hospedado ali, o que era bom para sua discrição


 Estava com uma capa verde musgo cobrindo seus trajes bruxos. Como sempre, estava elegante, apesar da aparência ainda não ter melhorado.


Foi até o balcão e pediu para Tom lhe arrumar um aposento. O homem ficou surpreso com a presença do garoto, mas não falou nada, apenas lhe indicou um quarto menos acabado, ao seu ilustre hospede.


Draco entrou no quarto e percebeu que realmente não era nada do que estava acostumado. Tinha uma cama de casal, que parecia que iria despencar a qualquer momento, uma pequena escrivaninha no canto, uma janela com uma cortina muito horrorosa e suja e uma porta ao lado da cama, que Draco deduziu ser o banheiro.


- Isso porque ia me arrumar o melhor que eles tinham... – Resmungou o loiro, deixando sua maleta em cima da escrivaninha e abrindo a janela. Precisava entrar ar naquela espelunca.


Tomando coragem, o garoto resolveu deitar na cama, para ver se era segura. Três minutos deitado ali e não aconteceu nada. “É segura, então”, deduziu Malfoy, se levantando e para sair dali e comer algo. Queria um doce, então resolveu colocar o capuz na cabeça e saiu para o beco diagonal em direção a Sorveteria Florean Fortescue. Os sorvetes dali eram realmente bons.


Não encontrou nenhum conhecido ate chegar ao seu local de destino, o que deixou Draco muito satisfeito. Sentou em uma das mesas, pediu um sorvete enorme com três sabores diferentes. Enquanto esperava, observou a movimentação dos poucos bruxos que transitavam por ali. Os constantes ataques dos Comensais deixaram todos apreensivos e era difícil achar alguém nas ruas que estivesse tranqüilo e feliz sem achar que estava se arriscando. Ele mesmo tinha certeza que não deveria estar ali, mas a vontade de comer doce, falou mais alto.


Seu sorvete finalmente chegou e ele saboreou como se nunca tivesse tomado aquilo antes. Era gelado e gostoso. Com calda e chocolates por cima, exatamente como ele gostava. Ficou ali saboreando aquela delicia por algum tempo, ate que, enquanto continuava olhando a rua, mas agora distraidamente, viu algo que realmente não queria ter visto. Pelo menos não ate chegar a Hogwarts. “Weasley, Weasley fêmea e o Cabeça rachada.”


- A visão do inferno, eu diria! – Resmungou Malfoy, enquanto olhava pra onde eles estavam indo. – Olhou para seu sorvete, já estava no final, então, ajeitou a capa e cuidadosamente seguiu o trio. Não tinha nada melhor pra fazer mesmo e quem sabe aparecia a chance de implicar com eles.


- Bom, se a lógica da Mione tiver certa, estamos com boas pistas... – Falou Harry Potter que era o último da pseudo fila que o trio fazia, mas pareceu perder o raciocínio, talvez de propósito, depois que olhou Gina Weasley – A loja daquele livro deve ser por aqui então. – Concluiu sem ser muito conclusivo, imaginou Malfoy, que fez uma careta e sussurrou um “Poti idiota”.


- O que estamos fazendo, exatamente? Procurando que livro? – Perguntou Gina, e Draco achou engraçado a Cabeça de Fogo parecer estar por fora dos planos do clube dos bonzinhos.


- Nenhum em especial – Tentou disfarçar Ronald Weasley, sem muito sucesso.


- Acho que a Weasley fêmea é mais esperta que você, pobretão – zombou Malfoy em voz baixa e rindo sozinho após ver a cara de zangada da garota ao olhar o irmão.


- Tudo bem se estou sobrando aqui... Vou embora. – Ameaçou a menina, parecendo decidida.


- Não acho que seja exatamente seguro você voltar sozinha, Gina – Disse Harry distraído após parar a frente de uma loja que Draco nunca havia reparado antes. Parecia estar repleta de livros e objetos caros.


Gina lançou um último olhar zangado aos dois garotos, deu as costas e saiu sem olhar pra trás, enquanto Harry e Rony ficaram parados, olhando. Até Rony parecer despertar de algo e ir atrás da irmã.


- Vejo você daqui a pouco Harry!


Harry apenas acenou e voltou sua atenção para a loja. Draco viu a ansiedade do garoto para entrar. Seria a oportunidade perfeita de pegar Potter de surpresa. Ele ainda queria se vingar do feitiço que levou no banheiro, no sexto ano. Aquilo estava engasgado até hoje. Foi se aproximando do garoto ate que escutou alguém chamando ‘’Harry’’ desesperadamente.


 


Locked inside,


(Preso por dentro)



The only place,


(O único lugar)



Where you feel sheltered,


(Onde você se sente protegido)



Where you feel safe,


(Onde você se sente salvo)



You lost yourself,


(Você se perde)



In your search to find,


(Na sua busca em encontrar)



Something else to hide behind


(Algo mais para se esconder atrás)


 


- Harry! Harry! – Na direção da loja vinha Hermione Granger. Estava com um leve vestido azul claro, cabelos presos em um coque, e vinha correndo para encontrar Harry. Quando parou de correr e gritar o nome do amigo, estava ofegante.


“Ótimo! Agora chega a sangue-ruim pra me atrapalhar...” Pensou Draco contrariado, ao observar a nova companhia de Potter. Ela estava diferente.


- Acho que é o cabelo... – Sussurrou ele com o cenho franzido, observando que com o cabelo preso a garota mostrava ter um rosto ate bonitinho. Foi descendo seus olhos ate o colo da moça que fazia movimentos repetitivos por estar cansada de correr e tentar recuperar o fôlego. Draco levantou a sobrancelha. Começou a perceber como aquela capa estava lhe incomodando e como estava fazendo calor aquele dia. Desceu um pouco mais os olhos e reparou que ela tinha uma bela cintura, que estava mais marcada que o normal, pelo vestido e que as pernas faziam um belo conjunto com o resto.


- Aquele babaca do Ronald! Como foi te deixar sozinho? – Falou a garota, nervosa e revoltada


Isso fez Draco despertar. Balançou a cabeça tentando tirar qualquer pensamento pervertido de sua mente, afinal, ela era uma “sangue-ruim-sabe-tudo-insuportávelmente-gostosa”. “Não, seu idiota, ela é uma sangue-ruim-insuportavelmente-sabe-tudo-muito-feia” Pensou ele mais uma vez, corrigindo seus próprios pensamentos. Resolveu desviar seu olhar da garota e concentrar em um ponto qualquer para poder entender o que eles falavam.


- Não aconteceu nada, Mione. Rony só foi atrás da irmã... – Falava Potter, tentando acalmar a amiga.


- Você corre mais perigo que ela! – Resmungou, cruzando os braços e virando pro lado. Só abriu a expressão após ver a loja em que estavam parados. – É aqui?


- Sim. – Confirmou o moreno – Acho que encontraremos alguma informação sobre as... – Mas foi parado por Hermione, que fechou sua boca com uma mão.


- To com a sensação de que estamos sendo observados – Falou ela, retirando a mão.


- Não to com sensação nenhuma... – Harry olhou a garota com dúvida.


“Droga”. Nesse instante, Draco resolveu pegar o atalho no beco que estava escondido e voltar para o Caldeirão Furado. Eles iam atrás de quem estava os observando, de qualquer maneira. Ao sair, derrubou um latão que estava próximo. Correu o máximo que pode e só ouviu um “Estupefaça” de Harry ao fundo. Por pouco não fora pego.


Chegou mais rápido do que podia imaginar no Caldeirão Furado. Estava ofegante, cansado e com calor. Subiu pra tomar um banho, além do mais não queria se demorar ali em baixo. Alguém poderia aparecer.


 


Despiu-se e entrou na banheira. A água estava na temperatura ideal e seu corpo começou a relaxar.


- Poti pateta – murmurou ele enquanto fechava os olhos. Nesse instante veio a imagem da mãe à sua cabeça. A última imagem dela antes de morrer. Não fazia idéia de como aquilo doía e foi aí que percebeu que aquela cena e todo o sofrimento causado por ela iriam persegui-lo para o resto da vida.


Sentiu medo. Medo de ser fraco o bastante para não agüentar toda a pressão que iria sentir daqui por diante. Medo de não conseguir se livrar daquele destino, que se antes era tudo o que ele queria, agora tinha percebido que era fraco para seguir em frente. Medo de fracassar novamente. Medo de morrer.


Ta ai uma coisa que ele sempre temeu. A morte.


Olhou pela janela e viu o sol se pondo e imaginou quando seria a ultima vez que veria aquilo.


- Quanto sentimentalismo, Malfoy – falou para ele mesmo, soltando um sorriso de canto e levantou-se da banheira para se vestir. Precisava descer para comer alguma coisa.


 


'Cause the fearful always preyed upon your confidence,


(Em sua confidência você sempre reza por medo?)



Didn't they see the consequence?


(Eles viram as conseqüências?)



They pushed you around?


(Quando te empurraram?)



The arrogant build kingdoms made of indifferent ones,


(Os arrogantes constroem reinos feitos de diferentes tipos)



Breaking them 'til they become,


(Destruindo-os até que se tornem)



Just another crown,


(Mais uma coroa)


 


Ao descer, não olhou muito para os presentes no local, apenas sentou em uma mesa e pediu algo para comer. Estava decididamente com fome.


Distraído brincando com os talheres, Draco olhou no reflexo de um deles quem acabara de entrar no recinto. E não teve outra reação a não ser revirar os olhos e contorcer o rosto enquanto o trio fantástico sentava em uma mesa próxima. Seria capaz de rezar para que os três não percebessem sua presença. Mas Draco Malfoy não sabia rezar.


- Há! Olha quem ta ali! – Exclamou Rony quando finalmente percebeu Draco sentado em uma mesa no canto, perto da parede – Não acredito que é o Malfoy.


O garoto falou suficientemente alto para que boa parte dos que estavam próximos, pudessem escutar. Harry se virou instantaneamente. Hermione colocou o copo que estava segurando em cima da mesa e encarou o loiro. Draco apenas fechou os olhos.


“Muito bom. O Cabeça de fogo pobretão acaba de acabar com minha discrição” Pensou ele na mesma hora.


Harry se levantou e Draco, instintivamente fizera o mesmo, ainda com os olhos fechados. Sentia que todos agora olhavam pra eles.


- Malfoy? O que você ta tramando aqui hein? – Perguntou Harry, muito arrogante. Draco finalmente abriu os olhos e encarou o trio à sua frente.


- O que eu faço não é da sua conta, Cicatriz. – Falou no mesmo tom arrogante do moreno.


- HÁ! Não me faça rir! Você aqui não poder ser boa coisa... Muito menos quando você é... – Mas foi parado por Hermione, que segurou seu braço na hora. O bar estava cheio, se Harry anunciasse a presença de um Comensal iria causar pânico nos bruxos presentes. Harry entendeu o olhar da amiga.


- Pelo menos existe alguém sensato no trio maravilha – Disse o loiro, olhando pra Hermione – Não é a toa que é uma irritante sabe tudo. Mas devo admitir que dessa vez você fez a coisa certa, Granger.


- Não seja por isso! – Disse o ruivo se precipitando pra cima de Draco – Podemos resolver isso La fora – e sacou sua varinha do bolso, apontando pra Malfoy.


- Rony! – Gritou Hermione – O local está cheio, para de chamar atenção assim.


- Ele ta certo, La fora a gente pode resolver isso – Falou Harry, também indo em direção a Malfoy com a varinha apontada pro garoto.


- Eu não vou a lugar algum com vocês. O que te levam a pensar que eu sairia daqui com o Cicatriz e o Pobretão? Há! – Draco pegou sua varinha e foi se afastando aos poucos dos dois garotos.


- Ta fugindo de novo, Malfoy? – Provocou Harry.


- Harry! Pare de ser imprudente – Suplicou Hermione – Vocês podem atingir alguém inocente, fiquem quietos!


Malfoy riu. Era impressionante o senso que aquela sangue-ruim possuía. Entendeu então porque Potter tirava suas conclusões e às vezes fazia a coisa certa. Tinha nome e sobrenome: Hermione Granger. O Lord das Trevas não tinha acabado totalmente com a parte pensante de Potter, afinal.


- Pena que você é uma sangue-ruim, Granger. – Falou Malfoy, sério agora – É melhor dar ouvidos à amiguinha de vocês. Eu não estava fazendo absolutamente nada até o Cabeça de Fogo pobretão ai me anunciar. Então é melhor esquecerem que eu to aqui e se mandarem sem fazer mais barulho do que a gentalha já fez – Olhou com ódio pros dois garoto à sua frente.


- Como se eu fosse deixar você escapar assim, Malfoy – Desafiou Harry.


- É melhor pra todo mundo, Poti Pateta. – Draco agora soltou um sorriso no canto da boca.


- Eu não esqueci o que você fez!


- Eu não fiz nada.


- Covarde!


- Vá atrás de quem realmente está por trás disso e de quem executou o que você ta me acusando de ter feito.


- Você só ganhou tempo ate todos chegarem.


- Você não sabe o que está falando, Potter – Draco abaixou a varinha e a guardou. Num gesto totalmente pensado, abriu os braços – Mas vamos La. Estou desarmado agora, faça o que sua consciência mandar – E seu sorriso se tornou mais cínico do que nunca.


- Você acha que eu tenho medo de te atacar, Malfoy? – Disse Harry, mas agora menos confiante do que antes.


- Faça o que quiser Potter. – Respondeu o loiro mais calmo do que nunca.


A multidão tinha feito um círculo em volta dos quatro bruxos ali, e todos pareciam, ao mesmo tempo nervosos e ansiosos com aquela discussão.


- Harry já chega! – Falou Hermione, entrando na frente do garoto.


- O que você ta fazendo, Hermione? – Perguntou Rony revoltado – Ta defendendo o Malfoy agora?


- Eu to impedindo de vocês fazerem uma besteira enorme – Falou convicta e nervosa – Esse bar está cheio de gente e Malfoy ta desarmado!


- Não temos culpa se ele ta pedindo pra ser atacado – Rony fechou a cara para a amiga.


- Rony, por acaso você é um ser acéfalo? – Perguntou a garota, agora perdendo totalmente a compostura. Malfoy gargalhou. Hermione não pareceu ligar.


- Não é pra você me ofender! – Protestou o ruivo.


- Então abaixem essa varinha agora!


- Já disse pra ouvirem a amiguinha de vocês – Se intrometeu Malfoy.


- Fica quieto você também – Falou Hermione se virando pro loiro e o encarando. Por um momento, Draco se assustou, mas logo voltou a si.


- E o que você vai fazer? – Desafiou.


- Posso marcar esse seu rostinho com meus dedos novamente, se você continuar falando – Hermione se aproximou perigosamente de Draco que não recuou nem um passo sequer. Apenas não quebrou o contato visual com a garota. Pelo menos não até ela o fazer, nitidamente perturbada.


Virou-se e viu que seus amigos haviam abaixado suas varinhas. Suspirou e foi dispersar a multidão que estava aglomerada. Draco se afastou e foi para seu quarto, deixando um Weasley e um Potter com ódio no olhar.


 


Refuse to feel, anything at all,


(Me nego a sentir nada, além de tudo)



Refuse to slip, Refuse to Fall,


(Me nego a escorregar, me nego a cair)



You can’t be weak, You can’t stand still,


(Não pode ser fraco, não pode ficar de pé)



Watch your back, 'Cause no one will,


(Cuide da sua retaguarda Pois ninguém irá)


 


- Insuportáveis!


Draco entrou em seu quarto e bateu a porta com tanta força que não tinha certeza se a mesma ia se manter inteira depois disso, ainda mais porque era velha e parecia que ia se desmanchar a qualquer momento.


Deitou em sua cama, tentando se acalmar. Não tinha ficado realmente calmo, desarmado na frente de Potter e Weasley. Na verdade, ele tinha certeza que seria atacado. Pelo menos ia causar o efeito esperado, imaginou ele. Mas provavelmente ia doer.


- Ele ia me torturar, certeza - Se virou e olhou pra porta. – Vou agradecer a Granger depois, por ter salvado a minha pele


E riu. Até parece que ia agradecer a uma sangue-ruim. Ela num fez nada além de ter salvado a pele dos amiguinhos dela. Desde quando ele, Draco Malfoy iria agradecer a Hermione Granger? Nunca.


 


Nunca diga Nunca


 


Não dormiu muito bem naquela noite. Se mexeu a madrugada inteira, tendo pesadelos com a morte de sua mãe. Seu pai em Azkaban. Voldemort correndo atrás dele para matá-lo. Snape rindo de como ele era fraco. Potter jogando Crucio em sua cabeça. Weasley ganhando um premio milionário de Gringotes. Um par de olhos castanhos o encarando.


Acordou assustado com aquilo tudo. Como uma mente pode produzir tantas imagens confusas e assustadoras ao mesmo tempo em tão pouco tempo?


- O pior foi o Weasley milionário – Fez um momento de silencio e depois riu como nunca. Passado o ataque de riso, Draco se levantou e antes que pudesse pensar no que exatamente iria fazer a seguir, um estalo o assustou, fazendo virar de uma vez e quase tropeçar. Para seu espanto, quem acabara de aparatar ali era Rodolphus Lanstranger, marido de sua tia e até onde ele sabia, estava preso em Azkaban.


- Olá sobrinho – Cumprimentou um pouco cordial. Sua aparência estava péssima, não que Draco se lembrasse exatamente como ele era antes de Azkaban. Tinha o mesmo ar alucinado de sua mulher.


- T - Tio? – Arriscou ele muito surpreso com a visita. Como um Comensal da periculosidade de Rodolphus estava andando por ai a solta?


- Sua tia viria pessoalmente, mas esta muito abalada, coitada – Lamentou-se Lanstranger, não que tivesse convencido Draco – Em todo caso, serei breve, afinal, não posso (ainda) andar por ai livremente e nem dar bandeira.


- O que você quer? – Draco estava preparado pra sacar a varinha, caso ele atacasse.


- Vim lhe dar alguns avisos – Falou ele friamente – Daqui a uns dias haverá uma fuga em massa de Azkaban, seu pai estará entre os que escapará isso porque o Lord foi muito generoso com ele.


Draco sentiu a raiva lhe subir a cabeça.


- Bom, em todo caso – Continuou após ver um Draco sem reação – Você terá que voltar para Hogwarts, independente da vontade de seu pai. Você é um Comensal agora, obedece a ordens. – Draco apertou a mão não forte que quase podia senti-la pulsando. Não gostava de ordens – Irá vigiar Potter. Essa é sua próxima missão.


 



You don’t know how they had to go this far,


(Você não sabe porque eles tiveram que ir tão longe)



Traded your worth for these scars,


(Trocaram seus valores por essas cicatrizes)



For you're only Company,


(Para sua própria companhia)



Don’t believe the lies that they have told to you,


(Não acredite nas mentiras que contaram à você)



Not one word was true, You’re alright you're alright
You’re all right


(Nenhuma palavra foi verdade, você estava certo, Você estava certo, Você estava certo)


-


N/A: Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo ;*

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