Para sempre em meu coração



Estava sentado ao pé da escada revendo as lembranças e tudo que passara até então, não sabia quanto tempo mais agüentaria guardar aquele segredo. Seu coração dava saltos no peito e o estômago brincava de subir e descer cada vez que lembrava daquela noite em que o professor lhe dissera qual era seu destino: morrer ou matar. Seria ele capaz de tirar a vida de outro ser, mesmo que esse ser fosse o mais desprezível de todos? Sabia que queria vingar a morte dos pais, mas será que estava disposto a tanto? 

- bom,eu não tenho escolha, sou eu ou todo o resto do mundo...
Suspirou mais uma vez, já perdera a conta de quantas vezes fizera o mesmo ritual, noite após noite pensando. Bagunçava o cabelo em sinal de completo desespero.

Ela não conseguia dormir e se revirava na cama, então decidira levantar e descera as escadas que rangiam a medida que seus pequenos pés tocavam a madeira gasta, seus delicados dedos percorriam o corrimão, seria aquela talvez sua última noite na Toca, queria olhar com calma aquelas paredes que tanto a alegraram e absorver cada lembrança, pois talvez precisasse delas para ser forte e resistir a tudo que viria. Mas algo no final da escada lhe chamara a atenção, mesmo na penumbra completa, jamais precisaria de um Luminus para saber que aquela figura esguia e aflita era um moreno que ela conhecia mais que a si mesma. Caminhou sem pressa até ele, como sua presença não fora notada, sentou-se no degrau logo a cima e o abraçou por trás, vendo que seu abraço fora correspondido apenas deitou sua cabeça no ombro do amigo e esperou que ele quebrasse o silêncio. Sabia que ele falaria assim que sentisse necessidade.
 
- Mione, será que eu sou capaz?
 
 - Harry, se você não for, ninguém mais será.


- Eu não sei se eu posso, Snape estava certo, se eu não consigo derrotar um comensal, como vou conseguir chegar até Voldmort e derrotá-lo? e como vou conseguir encontrar todas as Horcruxe se nem sei direito o que são? Ele foi cedo demais Mione, e me deixou aqui cheio de dúvidas, não sei o que fazer, ele tinha que ter me dito mais, muito mais, precisava de mais tempo.


- eu sei Harry, mas ele acreditava em você e eu também acredito, todos nós confiamos em você e estaremos sempre ao seu lado.


- eu sei Mione, mas eu não sei nem por onde começar...são tantas perguntas...e nenhuma resposta.


- Harry, existem perguntas que jamais serão respondidas, apenas confie em você, assim como eu confio.


- você confia em mim Mione?- Ele perguntou pela primeira vez se virando e olhando diretamente para ela.


- confio tanto que estou disposta a morrer por você. – Disse ela olhando intensamente aquele par de olhos tão claros como um dia de verão.


Sentindo seu coração doer quando pensara que de todos que haviam nessa guerra, ela era única que ele jamais aceitaria perder,não ela...não por ele. Perdê-la seria como... não respirar, como morrer mil vezes todos os dias, lentamente, e então, as lágrimas fluíram e ele se sentiu ainda mais perdido e incapaz. Ele fechou os olhos tentando controlar as lágrimas que insistiam em rolar, descontroladas por sua face, mas foi inútil, já era tarde e sua emoção dominara completamente a razão.


- Mione eu preciso de você como preciso do ar pra viver – Disse ele baixinho, com a voz rouca embargada pelo choro.


Nesse instante ela que apenas o olhava, tocou de leve a sua face, secando as lágrimas que corriam soltas pelo seu rosto. O toque quente da pele dela fez o seu corpo todo vibrar e um arrepio percorreu sua alma, como se uma onda de eletricidade o houvesse atingido em cheio. Olhando no profundo dos castanhos, os azuis ficaram turvos e a mente se perdeu na candura daquela face, tão delicada e perfeita. Jamais havia reparado como a amiga havia crescido e se tornado uma mulher completa, Ron tinha muita sorte por ter para si aquele coração tão puro e tão experiente. Sem saber bem o que fazia pôs suas mãos no rosto da amiga e o desenhou com a ponta dos dedos, cada traço e linha, perdendo-se nos lábios úmidos da garota que agora também chorava e ambos choraram juntos, lágrimas de compreensão, de que amanhã poderia não ser mais um dia comum, e que de repente tudo poderia terminar, para um ou para todos.


- Mione...eu daria minha vida  para que você pudesse viver.


- Harry, que graça teria viver a vida, sem ter você aqui?


Ele a abraçou forte, sentindo o bater acelerado do coração da jovem. Sentindo o frescor dos cabelos macios da amiga, lembrou da primeira vez que a teve em seus braços, depois de ter enfrentado o Basilisco, muitos anos antes e o medo que teve em perdê-la para sempre. O que seria esse calor que subia pelo seu corpo enquanto a sentia perto? E então o espaço entre eles começou a parecer pequeno demais, sentia-se sufocado pelo calor do corpo da amiga, como se ele o queimasse. Ela afundou a cabeça no pescoço dele num abraço apertado, sempre se sentia segura ali, nos braços do amigo, mas dessa vez, algo estava errado, tentava evitar olho aquele par de olhos, pois cada vez que os via, perdia a linha do pensamento e as coisas deixavam de ser claras. Mas o que diabos estava acontecendo? Seria o medo de tudo que estava por vir?


Ele a apertou nos braços ao sentir que ela se aconchegava mais nele. E acariciou a nuca da amiga, vendo-a se arrepiar com seu toque, sentiu um frenesi dentro de si, sem saber por que, pela primeira vez sorriu em dias. Achou divertido ver a reação que seu toque provocava no corpo dela. Decidiu testar o efeito disso deslizando um dedo suavemente pela nuca dela até o final da blusa em suas costas. Não encontrara muita dificuldade ou obstáculos para tocar a pele da amiga por baixo da blusa subindo lentamente a sua mão até o meio das costas. Ela apenas se mexeu em seus braços não parecendo objetar. Então ele, tomado pelo calor do próprio corpo, deixou-se guiar apenas pelos instintos, e eles lhe diziam que tocar a amiga era a única coisa certa a ser feita naquele momento. Posou suas mãos nos ombros dela sob a alça da fina blusinha que ela usava e então finalmente ele a olhou, não sabia se o rosto dela estava vermelho pelo calor ou pelas lágrimas, mas notara um leve rubor nas bochechas dela.


-Harry.

Ela sussurrou, e fora um sussurro tão sexy. Ele jamais soubera se fora a forma como ela dissera seu nome, ou a forma como seus lábios se mexiam, só soube que no instante seguinte estava selando-os com os seus, querendo provar daquele néctar tão precioso que na verdade, era a sua real razão de viver, e nos lábios dela ele soube que seria capaz de enfrentar o mundo para que pudesse ter o direito de prová-los mais uma vez. Beijou-a com vo
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racidade, sem medos ou dúvidas, parecia que a única coisa certa era beijar-lhe a vida inteira...ou que nascera predestinado a ter aqueles lábios perfeitos sob os seus e aquele calor aquecendo-lhe a alma para toda a eternidade. E então beijar-lhe não era mais o suficiente, precisava tocá-la, precisava senti-la, precisa saber se aquilo era o que a amiga sentia.


Ainda sob seus lábios murmurou:


- Mione, te amo para o resto da minha vida.


E ela sôfrega respondeu:


- Harry te amei e te amarei para o resto da minha vida. 

E então agarrou o pescoço do rapaz e aprofundou ainda mais o beijo, transformando qualquer distância entre seus rostos inexistente. Mas ainda assim não era o suficiente, ele queria mais, a queria por inteiro em si, sobre si. Puxou-a com avidez para seu colo e ela encaixou-se perfeitamente em seus braços, pois estava destinada a estar ali, soube naquele momento que pertenceria a Harry Potter e dele seu coração seria para o resto de suas vidas, não importando com quem estivessem, só seriam completos nos braços um do outro. Mesmo sabendo que ele estava com sua amiga Gina e que ela e Ron teriam um envolvimento, sabia também que só seria completa ali, naquele corpo, com aquela alma e então...se entregou ao momento e ao silêncio da madrugada. Amanhã seria outro dia, amanhã começaria outra história e quando a guerra acabasse talvez tudo mudasse, mas hoje, agora...ela sabia a quem pertenceria para o resto de sua vida e ele sabia exatamente onde queria estar e quem fazia seu coração voltar a bater. Queria Gina e provavelmente não seria capaz de seguir sem ela, mas sabia que pertenceria para sempre a sua melhor amiga e alma gêmea, Mione e que um dia voltaria a tê-la em seus braços, quando os dois estivessem prontos para isso, estariam completos de novo e só assim, até lá seguiriam suas vidas em silêncio, pois nenhuma palavra se faz necessária quando o olhar diz tudo no mais profundo silêncio.


 


 


 


 

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