Nada simpática Scessi



Scessi rastejou lentamente pelos corredores, o jantar já havia acabado faz tempo e os alunos estariam dentro de suas camas. Desceu a torre e após, continuou descendo, o caminho das masmorras era frio e escuro, sombrio.


 


Parou a frente de uma porta, empurrou-a lentamente e após sentir ela se fechar atrás de si continuou rastejando, o homem de preto estava lá dentro. Sentado à sua mesa, absorto em seu trabalho, não a notou chegar.


 


Ela foi até a mesa, rastejou até o tampo e o encarou, ele notara sua pequena figura subindo e levantara a cabeça com uma expressão de medo contida.


 


“Será que ela mandou a cobra me atacar” pensou enquanto encarava os olhos brancos do animal, cauteloso. A cobra sibilou furiosamente para ele. Ele se afastou lentamente, recostando-se no encosto da cadeira.


 


-Scessi – chamou em voz baixa após alguns segundos ponderando – a que devo a honra de sua visita? – não havia sarcasmo, mas sim preocupação na voz do bruxo. As visitas de Scessi geralmente eram avisos de algo muito ruim estava acontecendo com Victoria, pois a muito a cobra deixara de apenas visitá-lo e observar enquanto ele trabalhava, como havia sido rotineiro no inicio do ano letivo.


 


A cobra sibilou alto, projetando a cabeça para frente e voltando várias vezes, numa dança que obviamente significava irritação.


 


-Sua dona a mandou? – disse ele agora utilizando do tom sarcástico para desdenhar de Victoria, não estava nem ai se estivesse em convulsão na cama... Afinal, ela tinha aquele babaca do “cópia de Potter” para ajudá-la.


 


Mas a cobra fez sinal que não, o que poderia realmente significar que Lews estava mal. Suas emoções estavam tão conflitantes ultimamente que ele andara se perguntando se uma boa passada no St. Mungus não seria extremamente bem vinda.


 


-Outro sonho desastroso? – perguntou erguendo a sobrancelha.


 


Novamente negação.


 


-Então está tudo bem. – afirmou Snape.


 


Mas ela sibilou furiosamente fazendo que não com a cabeça. O chiado estava começando a deixá-lo atordoado.


 


-Tem a ver com o Lord das Trevas?


 


Não, novamente não.


 


-Mas então...


 


O chocalho tremeu levemente na cauda que se projetava em sua direção. Uma pancada no lado direito de seu rosto. Sua face pegava fogo, a ardência do “tapa” e a vergonha de uma cobra estar lhe batendo desta maneira. “Seria menos vergonhoso se ela simplesmente enterrasse as presas em mim” pensou “Ao menos sei qual é o problema da... vagabunda”. Sim, vadia, vagabunda, essas e outras palavras ainda menos cortesãs vagavam por sua mente todo vez que pensava nela.


 


Ela andara brincando com ele, beijo-o e depois foi contar a grande piada ao seu namoradinho. Cafetão. “Cópia de Potter”. Maldito.


 


Scessi sem que ele percebesse tinha prendido sua calda no braço direito dele. O aperto era forte, a circulação dele reclamava da dor. Ela começou a rastejar ainda apertando o braço dele. Mas a cobra apesar do aperto mortal era pequena demais. Snape levantou o braço fazendo-a pairar no ar, o cara ofídica virada para ele, a língua espalmando freneticamente em sua direção.


 


-Não – disse decidido – receio que não a acompanharei.


 


A cobra recomeçou o movimento ameaçador em direção dele com a língua espalmada sibilando ameaçadora.


 


-Se fosse fazer isso – disse Severus seco – já teria feito. – pausou os olhos na porta – Acho melhor você ir, não tenho a mínima intenção de... visitar... sua amiga. Eu definitivamente a odeio, não há nada que possa fazer para me infringir a chateação da companhia dela.


 


A cobra pareceu compreender, se largou de seu braço caindo suavemente pela mesa. O olhar que lhe lançou parecia com algo muito próximo do desapontamento, mas Snape não se deixaria comover, mesmo por um animal tão fascimante. Antes que pudesse se deixar levar por qualquer pensamento sobre a cobrinha Snape sentiu o outro lado da face arder de repente. Levara outro “tapa” do chocalho da cobra. Mas ante que pudesse reagir a mesma já havia saído pela porta.


 


O homem passou os dedos lentamente pela face quente onde havia recebido o segundo golpe. “Terceiro do dia” pensou com raiva. “É com certeza isso faz parte da piada da vez”.  Largou os pergaminhos que tinha que corrigir, as redações dos cabeças ocas poderiam esperar.


 


Seguiu para seus aposentos, a mente não dava descanso, lembranças de Victoria na sede da Ordem, no quarto dela, ferida, a pele em suas mãos, desmaiada em seus braços, sua cama, sofrendo os efeitos de uma Cruciatos extremamente forte, efeitos de uma poção mal preparada, o desespero dela para se livrar dos sonhos, o beijo em seu quarto, o sono tranqüilo e sem sonhos que ele lhe providenciara, o beijo na escada, seu sorriso para ele, o fogo de seu coraç... “Chega!” Ele disse a si mesmo calmamente porem com raiva. Enquanto caminha até o escritório anexo aos seus aposentos mais pensamentos invadiram sua mente: Victoria e o “cópia de Potter” conversando, sorrindo um para o outro nos corredores, ele enfurnado no quarto dela, tão preocupado, eles rindo, fazendo sabe-se lá o que na cama dela. Os imaginou zombando dele, ela lhe contando o beijo, o riso dele ecoando em sua mente.


 


Chegou a uma prateleira e separou uma poção, voltando ao seu quarto. Deitou-se na cama após sorver o líquido do frasco. “Não” pensou amargamente, não iria sonhar com ela essa noite.

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Comentários (1)

  • Bia de Moraes

    Ai a pessoa fica lendo a fanfic até 5:30 da manhã, pra parar na metade por que a postagem não está completa. Fora este detalhe, a fanfic está muito legal, e eu agradeceria se ela fosse completada. Favor avisar. ([email protected])

    2013-07-23
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