A Decisão



A decisão


Olhou em volta, para a multidão que se acumulava na estação. Os olhos verdes captaram todos os pormenores daquela confusão: corujas piavam, mães gritavam pelos seus filhos para um último adeus, um feitiço que por acidente atingira uma garota, fazendo-a chorar… Alguma vez iria encaixar ali?

Lílian Evans era uma garotinha de 11 anos que durante grande parte da sua curta vida lutara para descobrir o seu lugar no mundo. Não queria ser apenas mais uma, queria causar algum impacto. Crescera lendo histórias de contos-de-fadas, e acreditava em magia. E principalmente acreditava que iria encontrar o seu príncipe encantado.

Quando, numa tarde de Verão, uma coruja marron trouxera um pergaminho anunciando o seu destino, ela nem quisera acreditar! Estavam mesmo dizendo que ela era uma bruxa? Pensara que era mais uma brincadeira de mau-gosto da idiota da sua irmã para zoar ela. Mas depois um senhor com grandes barbas brancas (que lhe fizera lembrar o Papai Noel) fora lá a casa explicar tudo sobre Hogwarts. Desde aí que passava as noites sonhando com o castelo descrito por Dumbledor (o nome do senhor) como o castelo mais bonito do mundo mágico.

Petúnia, a sua irmã, ficara verde de inveja e não conseguia nem olhar para ela sem fingir que tava com vómitos. Mais gentinha dessa não fazia Lílian perder o seu tempo, e só conseguia pensar no dia em que iria para a escola.
Mas agora, lá estava ela, sozinha, perdida, sem saber o que fazer sem o apoio dos seus pais. E já não se sentia tão feliz... Já fora difícil encontrar a droga da porta para entrar naquela maldita estação! E o que faria agora? Entrava no comboio, ou esperava mais um pouco?

Reunindo toda a sua coragem, Lílian decidiu dar uma volta pela estação antes de entrar no comboio.

“Que saudade do paizinho! Quem me dera estar em casa outra vez! Este lugar é assustador!” - Pensou olhando para uma garota conversando com o seu sapo azul. Seus pais não tinham vindo porque a sua “querida” irmã fingira tar doente só para eles não poderem levar Lílian à estação.

Os seus longos cabelos ruivos voavam com o vento. Afastando-os dos olhos, ela reparou que uma cabeça extremamente loira, quase branca, se destacava das outras pessoas e vinha na sua direcção. Era um garoto com uma expressão fria e olhos cinzentos que olhava para ela estranhamente.

Quando parou à sua frente, olhou para ela com uma expressão arrogante. A maldade cintilava no seu olhar. Lily estremeceu ao olhar para ele. Mas ela não ia se deixar abalar. Olhou directo nos olhos dele. Um sorriso cruel se formou na boca do garoto antes de dizer num tom frio:

- Nunca te vi garota! Quem é você afinal? Eu conheço todas as pessoas com interesse no mundo mágico… e tenho de admitir que você é bem interessante – os olhos cinzentos do garoto percorreram o rosto de Lily.

Lílian olhou para ele espantada! Como ele se atrevia? Ela só tinha 11 anos! E aquele garoto já estava dando em cima dela?

- É normal que você nunca me tenha visto! – Apesar do nojo que ele lhe inspirava, ela pensou que ele talvez a ajudasse. Respirou fundo. - Acabei de chegar, não conheço o mundo mágico, estava tentando perceber…

- O QUÊ? UMA SANGUE-RUIM NOJENTA? Anota isso, sua coisa, não toque em mim! Eu sou um Malfoy, não sou da sua laia!!! É melhor você aprender quem manda realmente em Hogwarts, ou vai-se dar mal! – disse o loiro com agressividade.

Cuspiu para o chão junto aos pés dela e afastou-se rapidamente como se ela tivesse uma doença altamente contagiosa, indo ter com dois garotos que mais pareciam armários, e deixando a menina com os olhos marejados, olhando para o chão. O que ela fizera de errado? Iam todos reagir assim com ela? E o que era uma sangue-ruim?

Pensou outra vez na sua casa. Só queria estar debaixo dos lençóis, quentinha, esperando que a mãe dela lhe fosse dar um beijo de bom-dia… Até a cretina da Petúnia lhe parecia simpática agora…

O que ia fazer agora? Não podia ficar ali parada! E se voltasse para casa? Ninguém ia notar… De repente levantou a cabeça. “Que é isso Lily? Você não vai desistir assim tão fácil! Vai lutar pelo seu futuro! Vai ser feliz!” - ela decidiu – “onde está seu entusiasmo de ontem? Vai deixar que um idiota mal-amado a deite abaixo? Se o mundo mágico não aceita os nascidos trouxas então é porque ainda não me conhece!”

Procurou uma porta para entrar no comboio. O seu malão era pesado mas ela nem se lembrava disso. Só estava pensando na quantidade de pessoas que aquele grande comboio vermelho conseguiria levar. No meio de tanta gente, deveria existir mais alguém como ela, certo? Faria amigos?

“Também se não tiver amigos não morre por isso Lílian! Que precisa disso?” – mas no fundo ela tinha muito medo de ficar sozinha… já era difícil fazer amigos, tímida do jeito que era! Imagina com esse preconceito todo!

A ruiva não era uma pessoa muito faladora. E aquele garoto a fizera se enfiar ainda mais na sua concha. Mas ela era corajosa, e tinha alguma confiança nas suas capacidades. Voltou a levantar a cabeça. Viu o Malfoy rindo com seus amigos.

Avançou lentamente até à porta do comboio e subiu os degraus. Quando estava lá no alto olhou para trás e viu o menino loiro gritando com um garoto mais pequeno. Tremeu de medo… iria ser sempre assim? “Quer parar com isso? Acabaram os pensamentos negativos Lily! Fique com a cabeça erguida!”.

Passeou novamente os olhos pela estação. Os seus olhos verdes brilhavam decididos. Ela era capaz! Sim, ela ia conseguir! Ia ser a maior bruxa que o mundo já viu e ia por aquele tal de Malfoy a um canto! Ia mostrar a todos que era tão boa quanto eles!

- Se prepare mundo mágico! - murmurou a garota antes de desaparecer no interior do comboio - Lílian Evans vai a caminho e vai arrasar!





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