Noiva em fuga



Harry se sentia feliz por não estar mais brigando com Gina, porém sentiu que ela estava mais distante. Ela não falava muito e quando Harry puxava algum assunto, se limitava a respostas curtas. Gina também não o olhava mais e ele sentiu muita falta das suas risadas. 


- Então vai me explicar ou não o motivo do seu silêncio? - Harry perguntou. 


- Silêncio? - Gina o fitou e ao que Harry percebeu, parecia confusa com a pergunta. Ou ela tinha algum surto de personalidade ou fingia muito bem. 


- Gina não adianta me olhar como se não estivesse acontecendo nada. Essa definitivamente não é a Gina que eu conheço. Ontem mesmo você estava tagarelando sem parar. É algo que eu fiz? Você ainda está chateada comigo por causa daquele cara? 


- Harry eu te disse hoje de manhã que era para esquecer aquilo. Eu só estou entediada. - ela deu de ombros.


- Entediada? - ele não se deu por convencido. - Essa história não colou. Sinto muito, mas você vai ter que abrir o bico. Harry encostou o carro, desligando o motor. - Gina isso não é só tédio, você está estranha. Eu só quero entender o que houve. - ele falava em tom suplicante. - Eu quero que você se divirta, e não vou suportar te ver a viagem toda assim. - dessa vez ele sorriu, colocou as mãos na dela. - Ei, eu sou um cara meio chato e se você ficar aí toda emburrada, nossas férias vão se tornar um saco, e você sabe por quê? - ela fez que não. - É que não dá para resistir a essa sua aura energética. Você me faz rir. Eu não poderia desejar viajar com mais ninguém. - ele afagou suas bochechas e acrescentou. – Bom, se Mione e o Rony estivessem aqui também seria legal, mas eu não estou a fim de ficar vendo eles se beijando. – ele fez uma careta.


Gina riu, porém continuou a dizer que não passava de tédio, mas depois da conversa seu humor melhorou bastante.


 


 


 


O carro já estava pedindo por combustível, e, além disso, tinha a barriga de ambos que começavam a ganhar vida. A de Harry fez um barulho tão estranho que Gina passou um bom tempo gritando dizendo que o carro estava quebrando, até que Harry teve o bom senso de contar a verdade. Ele riu bastante da expressão de fúria de Gina por ter sido enganada. Mais à frente eles avistaram uma cidadezinha com aparência deserta, pararam o carro perto de uma igreja. 


- O que há ai dentro?- Gina olhou a igreja intrigada após ouvir murmúrios. 


- Há, deve estar tendo uma missa ou algo do tipo. - Harry falou sem dar muita atenção. 


- Tem certeza? Está muito quieto para ser isso. - ela não tirava os olhos da igreja. 


- Gina, deixa pra lá, eu estou com muita fome. - ele a puxou pelo braço. – Vem, tem um restaurante ali na esquina. 


Antes mesmo de darem um passo se quer, a porta da igreja se abriu com estrépito. Na porta havia uma noiva com cabelos loiros. Ela estava aos prantos, olhou ao redor e ao se deparar com os garotos, ela correu até eles, tropeçando em seu vestido. - Me... Tirem... Daqui! - ela soluçava, agarrou-se a Gina. 


- Calma moça, o que houve? - Gina a amparava. 


Em frente à porta apareceram mais e mais pessoas, todas com cara de surpresa e pena. Um homem baixo e um pouco gordinho apareceu ofegante na escadaria. 


- Ângela, meu bem, eu não sei quem era ela. - ele estava desesperadamente tentava passar pelas pessoas.


- Não olhe mais para mim, Marcos. - ela o encarou num misto de fúria e lágrimas. Voltou-se para Gina.


- Por favor, eu preciso sair daqui. - ela suplicava. 


Gina encarou Harry que também estava espantado. Ela fez um sinal para ele voltar ao banco enquanto contornava o carro com a mulher. Harry ligou o carro normalmente, mas começou a se apressar quando a mulher começava a dar surto de choros no banco de trás. Marcos até tentou alcançá-los, mas era tarde demais. 


Harry não fazia a mínima ideia de para aonde ir, a mulher loira continuava a chorar exageradamente. Parecia que ela ia ter um ataque, ele se pegou pensando na quantidade de água ela retinha em seu corpo, pois com o tanto que chorava, achava que ela estava a ponto de se desidratar. Gina olhava ora para mulher e ora para o Harry, totalmente desnorteada. 


- Ah não! Chega disso! Harry pare o carro! - Gina disse se irritando.


Harry encostou o carro e se virou para a mulher. Ela soluçava e olhava de um para o outro. 


- Muito bem. Primeiro: você tem que parar de chorar. Isso já é demais! - Gina falava decidida. A mulher olhou-a e começou a se controlar. 


- De-desculpe, e-eu estou p-perdida. U-um rasgo s-se abr-briu em meu p-peito. - ela se pôs a chorar mais. 


- Ok, ok, agora se acalme. - Gina pegou na mão da moça - Chorar desse jeito não vai adiantar muita coisa. - a barriga de Harry deu outro sinal de vida. 


- Eu não tenho culpa, avisei que estava com fome. - Harry se justificou ao ver o olhar de susto de Gina e da mulher. 


- Não o culpo Harry, também estou com esse probleminha. - ela se virou para a mulher. - Bom que tal pararmos em algum lugar? Assim você nos explica melhor o que houve. - a mulher assentiu. 


Não foi difícil encontrar uma lanchonete. Assim que entraram, ficaram agradecidos por poder comer algo. Era pequeno e os funcionários tinham cara de que não dormiam há dias. Eles caminharam até a última mesa e por onde passavam, havia olhares curiosos para eles. Sabiam que chamavam atenção já que havia uma mulher de noiva e maquiagem borrada. Harry não sentiu tão desconforto quanto pensava sentir, acostumara a ser um foco de atenções, primeiro por ser um bruxo e como tal convivia com os mesmos e muitos se esqueciam das regras de vestimenta trouxa, depois andou um tempo com uma certa Luna.


Quando se sentaram uma mulher com cabelos embaraçados, em um coque mal feito surgiu à mesa. 


- O que vão querer? - ela puxou a caneta da orelha e os olhou de forma deprimente. 


- Vocês não têm cardápio? É difícil me decidir. - Gina deu um sorriso ao falar. A mulher a olhou de cima para baixo. 


- Não, não temos cardápio. - falou entediada.


- Bom então o que você tem para nos oferecer? - Gina ainda sorria. Harry segurou o riso, era bastante engraçada a forma que a mulher se controlou para não atacar Gina.


- Sopa, panquecas, tortas, essas coisas de lanchonete. 


- Ah então eu vou querer uma panqueca. E vocês?- ela se virou para ambos. 


- Eu vou querer uma torta. - Harry falou. 


- Eu só quero um chá. - a loira disse baixinho.


A garçonete anotou os pedidos e se retirou reclamando bem baixinho do mesmo jeito de Monstro. Gina se virou para a noiva. 


- Então... Como você se chama? 


- Meu nome é Ângela. Ângela Durkens.- ela deu uma tremida. 


- Eu sou Gina Weasley e esse é Harry Potter. - Harry deu um leve aceno. 


- Prazer e obrigada. - ela limpou as poucas lágrimas em um guardanapo. 


- Não foi nada. Mas por que você está desse jeito? - dessa vez foi Harry quem perguntou. Ângela reagiu mal à pergunta e começou a chorar novamente, várias pessoas a olharam. 


- Shiii. - sibilou Gina dando um sorriso aos outros. - Olha Ângela, nós queremos te ajudar, mas desse jeito você não está resolvendo nada. - seu olhar era severo. 


- Tudo bem. Desculpe. - ela choramingou. A garçonete veio trazendo o chá e os olhava com aquela típica expressão de quem odeia o seu local de trabalho. 


- Agora nos explique devagar e não chore. - alertou Gina. 


- Ok. Eu estava no meu casamento, eu sempre sonhei com esse dia. Acontece que no maldito: “Se alguém aqui tem algo para impedir esse casamento que fale agora ou se cale para sempre”. Uma vagabundinha atrevida levantou o braço dizendo... - ela respirou rapidamente. 


- Dizendo? - Harry perguntou impaciente. 


- Dizendo que o meu Marcos havia me traído com ela. - ela colocou as mãos ao rosto chorando baixinho. 


Harry e Gina a fitavam. Não sabiam o que fazer. “Deve ser horrível e em pleno casamento”, pensou Gina. 


- Olha, eu sinto muito. - Harry disse.- Mas pense, talvez não devesse ser essa sua vez, talvez você encontre outra pessoa. 


- Ora você não está entendendo. - ela se irritou. - Nem parecem namorados, como não conseguem enxergar o maior problema nisso tudo? - eles se olharam por um segundo e viraram os rostos rapidamente corados. 


- Nós não estamos juntos. - Gina falou embaraçada. 


- Ah sim. - Ângela compreendeu. - Mas mesmo assim, não é possível que não entendam. - ela suspirou - Não se trata só do casamento é mais que isso. Vocês nunca se apaixonaram não? - ela esperou e como não obteve resposta prosseguiu - É o amor que está me fazendo assim, por isso dói tanto. Marcos é o homem da minha vida. Eu sou completamente louca por ele, olha até aceitei me casar na igrejinha que os pais dele se casaram, sendo que era muito mais legal casar em um lugar mais conhecido. - Gina e Harry ficaram calados com a conversa de Ângela. - Por mais que tenham vergonha de me responder, sei que têm uma vaga ideia do que é estar apaixonado. É esquisita a definição de muitas sensações que a gente escuta por aí sobre como é estar amando. Mas acreditem meus queridos, é a mais pura verdade. Falta de ar, chão inexistente, eu sinto isso e muito mais coisas.


Ninguém falou nada até a garçonete chegar com as comidas. 


- Eu só queria que tivesse dado certo. - Ângela se lamentou - Eu me dediquei tanto a ele, e o que ganhei em troca? Um belo e grande par de cifres. É o amor é lindo, mas também machuca muito.


- Ângela, eu sinto pelo seu problema. - Gina disse envergonhada por ter sido tão dura com a mulher - Mas veja pelo lado positivo, você pelo menos descobriu antes de se prender oficialmente a ele. 


- É. Você pode ter razão. - Ângela fungou. 


Ficaram novamente em silencio, até um barulho assustá-los, principalmente a Gina. Era o telefone de Ângela. Ela o pegou e o entregou a Harry. 


- É aquele cretino. - bufou de raiva. 


Harry olhou para Gina pedindo ajuda, a menina o incentivou a atender. 


- Alô?! Não é o Harry... Ela está aqui sim. - Harry olhou para Ângela, ela cruzou os braços. - Bom, ela não pode atender agora... Sei... Onde você está?... Estamos perto então... É uma lanchonete chamada Judy. - ele disse vendo uma grande placa no balcão. - Sim... Nós vamos esperar, não se preocupe. - Harry desligou o celular esperando o que vinha a seguir. Ângela estava em fúria. 


- Você disse onde estamos? - ela sibilou. - O que foi que ele disse? 


- Ângela era o melhor a fazer, ele está preocupado. Disse que foi um tremendo engano, e que precisa falar com você. - ele se acomodou no banco. 


- Pois eu não tenho nada a falar com ele. Não passa de um patife mentiroso. - ela tremeu indicando um possível choro. 


- Olha se ajudar, ele também estava chorando, quase não deu para entender o que dizia. 


- Eu não acredito em nadinha. 


Meia hora depois a porta da lanchonete se abriu e Marcos, todo desarrumado entrou cambaleando até Ângela. 


- Meu bem, me escuta, não foi nada disso que você viu. Aquela mulher é uma falsa. Meu primo a contratou para fazer uma brincadeirinha. Ela ia falar a verdade depois só que você saiu correndo da igreja. - ele chorava tentando se aproximar. 


- Marcos, não vem não, eu não sou boba. Acha que acredito nessa sua historinha?- ela chorava também. 


- Mas é a verdade, pergunte ao meu primo. - ele se ajoelhou. - Eu te suplico Ângela, não me deixe. Eu te amo.


Muitos rostos curiosos se viraram para ver a resposta de Ângela. 


- Isso é verdade mesmo Marcos? 


- A mais pura meu amor. 


- Tudo bem, mas se você estiver me enganando eu juro que me paga. - ela falou dando um sorriso se abaixou e deu um beijo em Marcos. 


Harry e Gina olharam um para o outro e decidiram sair antes que se dessem por notados. 


- Esperem! - Ângela falou - Muito obrigada por me ajudarem. Fico devendo a vocês e quando precisar eu irei pagar. - ela deu uma piscadela e voltou-se ao marido. 


Antes de saírem da lanchonete, eles ouviram a garçonete murmurar raivosa: "Jovens! Nunca sabem o que querem". Assim, foram para o carro.


Os pensamentos de Harry foram para carta e mais uma vez pensou nas palavras de Ângela. “Será mesmo que tinha essas estranhas sensações em relação a Cho”. Virou-se para Gina e lhe deu um sorriso tímido. 


- Harry, tenho que concordar com você, não há mesmo motivos para ficar entediada nessas férias. - ela deu uma boa gargalhada e colocou uma música do Toby Scott.

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