Capítulo 07



Capítulo 07 ou
Pazes






'Acordei com minha porta sendo aberta e uma luz acesa. Olhei envolta, o relógio marcava meia noite. Quem estava vindo me incomodar a essa hora? Por Merlin eu quero dormir!'


 


Me virei na cama para ver quem era o ser que estava invadindo meu quarto aquela hora. Por alguns instantes fiquei completamente cega pela luz, depois que me acostumei consegui reconhecer David parado displicentemente na porta do meu quarto, vestindo a apenas a calça do pijama. Qual foi, ele tá tentando parecer sexy? Ele me analisou, vamos expor a situação mais detalhadamente. Eu estava deitada na minha cama usando um short curto(íssimo), uma blusinha de alça e sem a coberta que mais tarde eu descobri que estava no chão. Vi seu olhar malicioso percorrer desde as minhas pernas, lentamente, até minha boca. Senti meu estomago revir naquela hora, o que ele acha que está fazendo?


- David, o que você tá fazendo aqui? – perguntei com a voz meio rouca de sono, acho que ele confundiu isso com outra coisa, porque deu um sorrisinho vitorioso nojento!


- Eu não estava conseguindo dormir, pensando em você e decidi vir aqui, te fazer uma visitinha... 


- Não era necessário, eu estava dormindo muito bem... – resmunguei irritada. – Agora saia e feche a porta...


Me virei para o outro lado, querendo realmente voltar a dormir. Ouvi a porta fechar e a luz se apagou. Graças aos céus! Fechei meus olhos, tentando lembrar do sonho que eu estava tendo antes de ser acordada. Eu estava quase dormindo, quase lá, quando senti alguma coisa sentando na cama, abri os olhos assustadas e numa velocidade incrível David estava por cima de mim, me prendendo com o peso do seu corpo.


- Você tá maluco! – perguntei raivosamente. – Perdeu a noção do perigo?


- Eu sei que você quer isso tanto quanto eu... – ele sussurrou no meu ouvido numa voz que pretendia ser sexy, prendendo meus pobres bracinhos sobre a minha cabeça, era uma posição um tanto quanto desconfortável, e prendendo minhas pernas entre as deles. – Eu já esperei tempo demais...


- Eu não quero isso! Eu não gosto de você, nem de longe! – resmunguei tentando livras meus braços, mas ele era mais forte, bem mais forte.


- Pare de negar... Eu já sei a verdade... – falou começando a beijar meu pescoço. Ah... Meu pobre pescoçinho...


- Seu idiota, me solta agora! – falei um pouco mais alto, me mexendo toda tentando me livrar dele. – Eu vou gritar! Vou acordar a casa inteira!


Ele não se mostrou preocupado com isso, estava muito concentrado em morder meu pescoço, aquilo ia deixar marca...


- Ai! – falei mais alto. – Para agora!


Ele riu contra o meu pescoço e subiu para a minha orelha, mordiscando.


- Você não vai gritar, porque você está gostando... – falou roçando os lábios nos meus. – Aceite isso...


Eu estava pronta para dar uma resposta muito malcriada, mas assim que comecei a articular as palavras seus lábios se grudaram nos meus e sua língua invadiu, agressivamente, minha boca que estava entreaberta.


Foi definitivamente o pior beijo de toda a minha vida, pior até que meu primeiro beijo, que não foi dos melhores porque os dois estavam imensamente nervosos e tensos com a situação. Eu fiquei estática o tempo todo, sem corresponder. Eu tinha cansado de tentar soltar os braços, agora eu tentava soltar minhas pernas, me empertiguei inteira ao sentir uma das mãos dele, a outra estava ocupada com meus braços, alisando minha cintura e descendo perigosamente para as minhas pernas. Quem esse maluco acha que é? Nenhum garoto nunca chegou nem perto de botar a mão nas minhas pernas, e agora ele acha que tem esse direito?


Comecei a me mexer mais desesperadamente, eu não queria esse nojento me alisando, eu não queria esse idiota me beijando, eu não queria esse ser repugnante nem perto de mim! Lutei bravamente com minhas pernas e braços tentando solta-los, mas ele era forte, nunca imaginei que ele fosse tão forte. Senti de repente sua mão entrar por debaixo da minha blusa, ela estava gelada, muito gelada. E ela que antes descia, agora estava subindo.


O que eu faço? O que eu faço? O que eu faço? Como eu posso me soltar desse tarado repugnante? Isso não é igual aqueles filmes trouxas quando a mocinha está apaixonada, mas acha que o odeia, lutando contra o sentimento, mas depois não resiste e cede aos encantos do mocinho... Definitivamente não! Eu amo Teddy! E me sinto atraída por Peter! Mas, por ele, eu não sinto nada, zero, necas de pitibiriba! Claro, nesse momento eu o estou odiando com todas as minhas forças... Mas isso é natural.


De repente, do nada, ele parou e simplesmente desmaiou em cima de mim. Isso mesmo, ele desmaiou... Não me perguntem como ou porque, ele simplesmente caiu desacordado quase me sufocando. Fiquei alguns minutos tentando tirá-lo de cima de mim, depois de muito esforço consegui.


Sem nenhuma piedade o taquei pra fora da minha cama, ele se chocou fazendo um barulho meio alto, mas não acordou. O olhei com nojo e repulsa. Como ele ousa me beijar? Esse nojento, repugnante! Um vento gelado entrou pela minha janela me deixando arrepiada. Peraí! Eu tinha fechado a janela antes de dormir, tenho certeza absoluta disso!


Me levantei e fui até a janela, olhei para fora, nenhum sinal de nenhuma alma viva, estava tudo escuro, apenas o som de um piado de coruja distante e a minha respiração ecoavam no silêncio mortal daquela rua. Fiquei alguns minutos observando a floresta do outro lado da rua. Sabe aquela sensação de que você está sendo observada? Eu estou sentindo isso neste exato momento. E parece que vem de lá. Alguém ou alguma coisa está me observando daquelas arvores, eu tenho certeza!


OK, Victoire, chega de ser paranóica! Não tem nenhuma alma viva ou morta nessa rua, já deve ser quase uma da manhã, você devia estar mais preocupada em como se livrar do traste caído no chão do seu quarto!


Fechei a janela e fui tentar acordar o ser caído no chão, eu não podia dormir com ele ali, no meu quarto! O cutuquei, sacudi, bati e nada dele acordar, estava quase desistindo quando ele simplesmente levantou do chão, de olhos fechados e saiu como um zumbi; abriu a porta e foi embora, fechando a porta depois de passar. Ele é sonâmbulo? Que coisa estranha...


Mas eu só sei de uma coisa: eu estou morrendo de sono, meus olhos não estão ficando mais abertos, e vou voltar para a minha caminha agora, nesse exato momento!


Deitei e meio minuto depois já estava apagada... Sonhando coisas que eu não lembrei depois...


 


 


Acordei cedo no dia seguinte e não consegui mais dormir. Oito horas da manhã e eu já me encontrava de pé e vestida, me encaminhei para a cozinha onde comi uma tigela de cereais, nenhum sinal de vida ainda, estava concentrada na minha tigela quando...


- Já está acordada? – perguntou uma voz vinda da porta, levantei os olhos e me deparei com Teddy. Ele estava com uma cara péssima, todo amassado e com uma careta de dor. – Que dor de cabeça – resmungou.


Eu o ignorei prontamente, voltando a olhar meus flocos de milho que boiavam no leite, sem mais nenhuma vontade de comer.


– Que dor de cabeça – resmungou sentando a minha frente.


Continuei na minha, sem olhá-lo.


- Vick... Por favor, não me trate assim... – pediu com uma vozinha deprimida.


- Quer que eu te trate como? – perguntei indiferente, mas não se enganem, eu estava completamente despedaçada por dentro. Tinha um nó na minha garganta, crescendo mais e mais.


- Eu sei que eu fui um completo idiota! Eu não sei o que me deu para fazer aquilo... – falou com a voz pequena. – Eu não deveria...


- Não adianta pensar nisso agora! – falei dura. – Você já fez...


- Por favor, me perdoa! – suplicou.


Era incrivelmente doloroso tê-lo ali, pedindo perdão com aquela cara de tristeza e dor... Eu não fazia idéia do que fazer, mas eu não podia simplesmente esquecer! Ele tinha sido um completo canalha comigo, não é? Então porque 99% de mim queria perdoá-lo e dizer que estava tudo bem? Mas eu não podia ser tão fácil! Eu tinha que me agarrar ao 1% que não queria perdoá-lo, e manter-me distante... Não é?


- Vic! Eu não agüento você me tratando assim! – falou baixando os olhos que estavam cinza-desbotados, assim como o cabelo... Ele estava triste, muito triste, só ficava assim quando se lembrava dos pais... Eu fraquejei, meu coração suplicou que eu o perdoasse, mas eu não falei nada, apenas o encarei indiferente, sentindo meu coração morrer de tristeza. Eu estava me machucando, me matando por dentro... Seria mais fácil perdoá-lo... Mas eu não podia...


Perdoar é um ato louvável, não foi o que o Peter disse? Eu queria perdoá-lo, na realidade já tinha perdoado, só não tinha comunicado isso a ele...


- Vic, por favor... – falou me encarando. – Me xingue, me bata, berre comigo, diga que eu sou a pior pessoa do mundo, porque eu sou, mas por favor, não me trate com essa frieza, não me ignore, por favor!


Eu o olhei, sentindo meus olhos se enxerem de lágrimas, malditas lágrimas traidoras! Tudo ficou embaçado.


- Eu já te perdoei... – sussurrei, eu não queria dizer isso, mas as palavras saltaram da minha boca, meu coração estava controlando agora, e ele queria isso. – Sempre perdôo... Acho que isso acontece quando se ama alguém...


Eu solucei observando-o através das lágrimas. Seus olhos e cabelos começaram a adquirir cor.


- Eu não quero te fazer sofrer, mas sempre acabo fazendo... – ele sussurrou com a voz cortada pela culpa. – Isso me faz sofrer também...


Eu não podia mais ficar ali... Não agüentava mais isso... Eu precisava de ar, de espaço, de distancia do motivo da minha tristeza e da minha alegria, do objeto do meu amor. Algo me repelia naquele momento para longe dele, enquanto algo me atraia, me prendia ali. Eu chorei de tristeza e indecisão, aquilo, aquela dúvida do que eu realmente queria estava doendo, dividindo meu coração...


- Não chore mais... – pediu se apoiando na mesa para limpar minhas lágrimas com seus dedos tão quentes e macios. – Eu juro que vou fazer o máximo para não te magoar mais... Não vou mais tocar naquele assunto do Peter, vou ser apenas seu amigo, que vai estar sempre aqui, pra tudo.


A dúvida sumiu no momento em que seus dedos tocaram meu rosto. Eu queria ficar ali, com o homem que partia meu coração e ao mesmo tempo o mantinha batendo no peito, mesmo que meio dolorosamente. Era meio masoquista esse meu desejo, mas era o que eu queria, o que meu coração queria.


- Bom dia! – falou uma Cassie saltitante entrando na cozinha. – Já se acertaram? Que maravilhoso!


Ela analisou nossa posição num momento, a mão de Teddy ainda estava em meu rosto, e ele estava debruçado na mesa, uma posição estranha e provavelmente desconfortável, mas ele não parecia ligar. Um sorriso gigantesco preencheu seu rosto.


- Eu sabia que vocês iam se acertar! – falou saltitando até a geladeira e pegando o suco de laranja e a geléia. – Vocês não agüentam ficar brigados...


Baixei meus olhos para a tigela meio comida de cereal, eu não queria mais comer. Em alguns minutos o resto do pessoal adentrou a cozinha, e eu me retirei de fininho e fui para o jardim. Não queria ficar naquela movimentação, e muito menos queria ver David. Eu precisava de espaço e tempo para pensar. Acabei decidindo dar uma volta, fazer uma caminhada.


Andei pela rua pouco movimentada, sem me dar conta de para onde ia... Meus pés pareciam agir por conta própria. Eu estava uma confusão de sentimentos, meio destruída meio concertada... Uma parte minha se reconstruiu ao fazer as pazes com Ted, outra parte ainda estava em pedaços... E eu duvido que um dia essa parte se reconstrua, acho que eu seria sempre assim, incompleta, defeituosa... Afinal, aquele que me completa não me quer, não quer me completar... Eu vivo por ele, por mais que, às vezes, quisesse me convencer do contrario, a verdade é que meu coração bate por ele, que eu respiro por ele, que vivo por ele... Completa e inteiramente pra ele!


Caminhei por um bom tempo, botando meus pensamentos em ordem. Arrumando a bagunça que era a minha mente e o meu coração. Já devia ter se passado mais de uma hora quando avistei Peter caminhando na minha direção. O sorriso em meu rosto foi involuntário. Foi como se alguma coisa dentro de mim se ascendesse, iluminando uma parte desconhecida de mim mesma. Uma parte completamente nova.


- Victoire! Oi! – falou sorrindo sinceramente.


- Oi! – falei sentindo essa nova parte de mim se agitar.


- E ai, já fez as pazes com seu primo? – perguntou.


- É, já fiz... – falei, e por incrível que pareça, falar no Teddy não cortou meu coração, apenas incomodou. – Eu disse que iria perdoar...


- Você é incrível... – falou com os olhos brilhantes. – Pelo que pareceu ele fez algo que a magoou muito, mas você ainda assim o perdoou sem problemas...


Eu ri, real e verdadeiramente, eu ri!


- Eu tentei não perdoar, mas é mais forte que eu... – falei encarando aqueles olhos tão incrivelmente azuis, olhos tão limpos e tão claros, mas tão misteriosos. – acho que faz parte da minha natureza perdoá-lo...


Com Peter era tudo tão mais fácil, tão natural... Sem dor, sem sofrimento, apenas essa estranha alegria contagiante que parecia emanar dele e me preencher.


- Estava indo para onde? – perguntou.


- Nenhum lugar em especial, apenas caminhando... – falei botando uma mecha rebelde do meu cabelo atrás da orelha.


- Quer companhia?


- Adoraria! – falei sorrindo meigamente.


Nós voltamos a caminhar, pelo caminho para onde eu ia e de onde ele vinha. A conversa fluía naturalmente, sem silêncios constrangedores, ou falta de assunto, quando surgia um silêncio, era um silêncio de compreensão mutua. Era tão fácil ficar com ele... Em pouco tempo, eu sentia, ele já faria parte da minha vida, uma parte importante. De alguma forma eu sentia isso, eu sabia disso.


Caminhamos por volta de duas horas, sempre conversando, ele era divertido, e me fazia esquecer Ted, e tudo o que me afligia e entristecia... Porque eu assumindo ou não, Ted me entristecia, embora eu o amasse...


- Então, eu e o Carl colocamos pimenta, mas muita pimenta mesmo, na panela de sopa, quando os alunos comeram foi confusão geral... Ficamos suspensos por algumas semanas...


- Isso quando vocês tinham oito anos? – perguntei rindo. – Vocês eram umas pestes, hein...


- Ah... Nós aprontamos muito... Era tão divertido... – falou sorrindo. – Nós tínhamos um alvo em especial, o Craig, um garoto esquisito pra caramba...


- Ah... Que maldade, implicar com o moleque só porque ele era diferente! – falei seriamente e depois caí no riso... – Eu não posso falar nada, também adorava implicar com uma garota estranha, quando era mais nova...


Ele sorriu. Um sorriso radiante, que fez meu coração falhar uma batida...  


- Acho que todos já fizeram isso...


- Pelo menos os que não eram estranhos! – completei risonha.


Realmente ele era incrível. Durante essa conversa eu descobri que ele era músico e que tocava piano e violão, que adorava esportes, especialmente basquete, que fazia parte do grupo de debates da escola dele e que tinha ajudado alguns anos atrás um grupo de caridade a levar alegria às crianças de um orfanato. Ou seja, ele fazia de tudo um pouco! Aquilo realmente me impressionou muito, sempre achei que ele era legal, mas nunca imaginei que ele seria assim tão... impressionante e surpreendente...


- E você, Victoire, o que você gosta de fazer?


- Eu? Hum... Gosto muito de ler, todos os tipos de livros, gosto de ouvir música, de dançar, cantar... – falei dando de ombros. – Nada em especial...


- Tudo em você é especial! – falou sério e eu corei e meu coração se descompassou... – Cada mínimo detalhe! Qual sua cor favorita?


- Hum... Azul! – falei pensativa.


- Sua banda favorita? – banda trouxa favorita?


- Paramore... – falei me lembrando da banda trouxa que July tinha me mostrado, as músicas eram boas...


- É, eles são ótimos! – falou sorrindo. – esporte?


- Patinação! – falei sorrindo, eu amava patinar.


- Flor?


- Hum... orquídea!


- Lugar do mundo?


- França!


- É um bom lugar...


Ele continuou com essas perguntas por um longo tempo, e eu nem me importava... Não ligava de passar o dia respondendo aquelas perguntas.


- Nossa! Já passa de meio dia! – falei olhando meu relógio de pulso. – Eles devem estar preocupados comigo...


- Hum... você quer almoçar comigo no vilarejo? – perguntou indicando o vilarejo, tínhamos andado bastante...


- Eu estou sem dinheiro... – falei.


- Que isso, eu estou convidando, eu pago! – falou sorrindo. – Faço questão! Tem um restaurante muito bom aqui! Vamos!


Ele segurou minha mão, entrelaçando seus dedos aos meus, e me guiou em direção ao vilarejo, e eu não quis fazer oposição... Estava gostando daquela situação...  







n/a: Aiaiaiai... Miiil desculpas pela demora... mas a escola esta me sufocando, são tantos testes, trabalhos, cursos e apresentações... Eu estou quase surtando! De verdade...

Então, espero que vocês gostem do capítulo... Hehe... Peter e Vic se conhecendo melhor, hein.. Será que o Ted está certo?? Seré que Peter é perigoso, será que ele tem algum segredo?? Hum!!! Só lendo os próximos capitulos pra saber!! hahaha... Bem, comentem dizendo o que acharam, sim? Isso deixa, nós autores, tão felizes e entusiasmados para escrever mais...

Bjuuus amores!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.