Prólogo.
- Não Potter! Eu não vou sair com você esse fim de semana, nem no próximo e nem na minha próxima encarnação. – uma garota ruiva de incríveis olhos verdes dizia para um garoto de cabelos castanhos – escuros e olhos castanhos – esverdeados pela, talvez, décima quinta vez em apenas dez minutos.
É exatamente assim que começa a minha história.
Alguns acreditam em fadas, outros em duendes. Bom, eu acredito em anjos.
Porque eu acredito em anjos?
Porque eu sou um anjo. Ou melhor, uma anja. Para ser um pouco mais precisa, uma “cupida”. Ao longo dos anos, nós, cupidos, os responsáveis pelo “Amor à primeira vista”, temos sido muito criticados. TUDO é nossa culpa. Mesmo quando nós não fazemos nada a culpa é nossa. É terrível ser uma cupida.
O trabalho como cupido também não é fácil. Às vezes damos sorte e com duas flechas, uma para o homem, e uma para a mulher, fazemos o casal se apaixonar. Outras vezes, basta uma flecha, levando em conta que um dos dois já está apaixonado. Porém, entretanto, todavia, contudo, tem sempre AQUELE casal que dá um trabalho brutal de juntar.
Claro, você deve estar pensando: “Se dá trabalho de juntar, não é melhor deixar separado mesmo?”. Vá em frente, vire um cupido e falhe numa missão para você ver como é legal ter todos os outros anjos fazendo graça de você. “Hahahaha, lá vem o cupido que não consegue nem ao menos fazer dois adolescentes se apaixonarem!”.
Resumindo, se te derem uma missão, é melhor cumprir.
Ao longo dos meus anos de trabalho eu juntei vários casais. Posso até citar alguns.
Romeu e Julieta. Tudo bem que eles acabaram morrendo, mas eu cumpri a minha missão, fiz os dois se apaixonarem mesmo eles sendo de famílias rivais.
Bentinho e Capitu. Eles também se apaixonaram. Mesmo depois o ciúme tendo deixado Bentinho louco, mas isso já não é minha culpa.
Tristão e Isolda.
Paris e Helena. Teve até guerra por causa desses dois.
Cleópatra e Marco Antonio.
Enfim, meu currículo é extenso e deixa muitos cupidos com inveja.
Mas claro, nada pode ser perfeito para sempre!
Minha atual missão é quase uma missão impossível. Já gastei um estoque inteiro de flechas, que teoricamente não falham nunca, em uma só garota, e nada dela se apaixonar pelo maldito do garoto ainda.
Pior que ele nem é feio.
Ah sim. Quem é o “casal feliz” da vez?
Lílian Evans e James POTTER! Vulgo: A garota que deu o fora logo no início disso tudo, e o garoto que levou o fora. Na verdade a cena foi muito pior do que só aquela fala, aquilo na verdade foi o início de uma discussão. Juro que ela deu um tapa na cara dele sem nem um pingo de pena, só porque ele disse algo tipo: “Ah Lírio meu, eu aceito sair com você nos dias da semana também, se esse é o problema.”
Deixe – me ver. Desde que ele a conheceu que ele está perdidamente apaixonado. Só que ele é burro e demonstra isso de uma maneira um tanto quanto peculiar. Leia peculiar como: Chamando todas as outras garotas de “gostosas” na frente da Lílian. Entre outras coisinhas um pouco piores.
E ela? Bom, ela deve viver no mundo da lua. PORQUE AS MINHAS FLECHAS NÃO FUNCIONAM COM ELA! E olha que eu encomendei essas flechas com o melhor fazedor de flechas para cupidos, me custou o equivalente ao salário de duas décadas cada, fiquei muito mais pobre por causa disso. E ainda tenho que a ouvir dizer para o James que não vai sair com ele nem na próxima encarnação, ou pior, que só vai sair com ele quando o inferno congelar duas vezes e as calotas polares derreterem por completo.
E depois o ouvir chorando em silêncio porque realmente gosta dela e se importa com as coisas que ela diz.
Eu devia ter pedido minha aposentadoria enquanto ainda dava tempo. Mas não, aceitei essa missão achando que fazer dois adolescentes de dezessete anos se apaixonarem não seria nem um pouco difícil.
No momento, enquanto paro para refletir o quão boa minha vida era antes de James Potter e Lílian Evans, estou indo falar com meu supervisor, não sei mais o que fazer para que Lílian se apaixone por James. Juro que já tentei de quase tudo que aprendi na escola para cupidos.
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