Nada de bom acontece depois da

Nada de bom acontece depois da



Cap 1 - Nada de bom acontece depois das 2h da manhã


Bom, Harry, essa história começa no meu último ano de faculdade. Eu estava prestes a realizar o meu sonho, ser um grande advogado criminal.
E, pra verdade, o dia em que eu conheci a sua mãe foi um bem longo. Um quase comum, último dia de férias. E eu acordei cedo, pra variar. Bom, sempre tive esse pequeno problema pra dormir, acordava sempre cedo, então transformei a insônia no hábito de caminhar toda a manhã. Ou seja, quando eu desci, nenhum dos garotos estava lá embaixo ainda. Tomei banho, comi alguma coisa e saí.
Nós (o tio Sirius, o Remus, o Pedro e o Frank), morávamos na faculdade numa república de dois andares. Era uma casa ótima, conhecida por todo mundo no campus, raramente vazia, principalmente porque nós costumávamos dar muitas festas.
Não era errado dizer que éramos bastante populares na Universidade de Hogwarts. Enquanto caminhava, topei com pelo menos duas garotas, que me convidaram pra sair abertamente, além de um monte de gente do time de futebol.
Voltei pra república e encontrei Sirius e Remus acordados, tomando café na cozinha.
- Ei, Prongs, então... você vai hoje? – perguntou Sirius, descontraído.
- Não sei...
- Ah, qual é, o que você tem? Você vai, Remus?
- To lá.
- Claro que ta – sorri – Vai encontrar com a Julie Wings lá!
- Cara, não acredito que você vai pegar a Julie Wings! Acho que foi por isso que ela se afastou quando eu dei em cima dela ontem. Não sei o que elas vêem em você, sinceramente – falou o Sirius desapontado.
- Talvez o intelecto que você não tem, Padfoot.
- HEY!
- Calma lá, Pads. A Julie é do Remo, então, fruto proibido.
- Droga! Então, quem nos resta?
- Não sei nem se eu vou!
- Ah, Prongs, peraê, você tem que ir! O Lobinho aqui vai ta com uma das mais gatas de Hogwarts, o Pedrinho vai se atracar com a primeira mesa de comida que ele ver pela frente e o Frank vai estar com a noiva. Quem vai caçar comigo essa noite?
Bom, nesse mesmo dia, haveria uma big festa no campus da faculdade, celebrando a chegada do novo ano letivo. Todo mundo estava eufórico pra essa festa, e, bom, felizmente o seu Tio Sirius estava entre essas pessoas.
- Vaaaai, Prongs, vai ser legal, anda! Gatinhas, bebida e mais gatinhas! Como você vai deixar uma chance dessas passar? – dizia ele.
A verdade era que desde que a Alice e o Frank noivaram no começo desse ano, eu me sentia estranho. Ora, o Frank cursava direito comigo e a Alice também, eram uns dos meus melhores amigos e eu... eu não tinha ninguém. Quer dizer, é claro que eu tinha muita gente, o Sirius, o Remus, o Pedro, a Marlene... Mas eram amigos. Eu e Sirius saíamos muito com garotas, mas eu nunca tinha sentido nada em especial por alguma, nunca fui de me prender.
- Cara, isso ta soando meio gay, você sabe,né? – falou o Sirius, quando eu contei isso a ele.

O seu tio, em termos de garotas, era pior do que eu. Acho que naquele momento eu estava apenas tendo uma crise de consciência, mas o Sirius nem isso tinha! O que importa é que ele me convenceu a ir pra tal festa. Gatinhas, bebidas e gatinhas, pois é.
Mas a festa seria de noite. Voltando à conversa...
- Ta bom, Pads, eu vou.
- Ótimo. Eu daria um abraço em você se você não tivesse sendo tão gay hoje. Mas, então... Essa noite vai ser boa, confie em mim. Alguma vez algo deu errado quando eu disse isso?
- Na verdade... – comecei.
- Não responda!
Nós rimos.
- Então, cadê o Frank e o Wormtail? – perguntei.
- O Pedrinho ta dormindo – disse o Sirius.
- E o Frank não voltou ainda – falou Remus.
- Ah, esse Frank e essa Alice... – comentei.
Fiquei conversando com eles e comendo enquanto Pedro não chegava. Sim, porque quando o Wormtail aparecia, a comida acabava. Pra variar.
- Ei, quase ia me esquecendo! A Lene convidou a gente pra um piquenique agora, perto do departamento de astronomia.
- Opa, comida! – falou Pedro, chegando.
- Nada disso, Pedrinho, a Lene não falou nada sobre devoradores de comida. Na verdade é até pra levar alguma coisa – falou o Pads.
- Quem vai?
- A Lene, a Emme, a Dorcas, Frank, Alice, acho que os Prewett, o Diggory, que mora com eles...
- Parece bom. Vamos – falei.
Nos arrumamos, fomos pro carro do Sirius, paramos em uma padaria pra comprar uns pãezinhos e uns doces (e foi um sufoco pra tirar o Pedro de lá) e seguimos pro departamento de Astronomia.
Lá era a parte mais bonita do campus. Tinha um grande lago, grama fofinha, o pôr-do-sol contra a Torre de Astronomia... Apesar de nós gostarmos de morar perto do departamento de Educação Física, o que era bom pra ver os jogos, aquela área devia ser boa pra se morar.
A manhã estava ensolarada e parecia que um monte de gente tinha tido a mesma idéia que a Marlene.
- Jay! Sirius! – gritou ela, assim que nos viu, correndo pra nos dar grandes abraços.
Marlene McKinnon era linda. Alta, morena, cabelos negros e reluzentes, ondulados, e olhos cinzentos, além de dotada de uma personalidade e um gênio incomuns. Chegamos a sair algum tempo, assim que nos conhecemos, mas não dava certo, e ela acabou se tornando minha amiga. Minha melhor amiga.
Ela nos conduziu até o grupo que estava numa área privilegiada, à beira de uma faia perto do lago. Sirius estava certo sobre as pessoas que previra estarem ali. Demorou um tempo até que cumprimentássemos todas e sentássemos, tirando nossas sandálias e colocando nossos pés na água refrescante do lago.
Havia a Emme, loira, sempre de bom humor e disposta, que cursava medicina; a Dorcas, que era meio apagadinha, pra falar a verdade, cabelos curtos e castanhos, que cursava jornalismo; a Alice, baixinha, bastante tímida, com o rosto redondo e emoldurado pelos cabelos castanhos longos; o Frank, que era super simpático, fiel e um tanto atrapalhado; Fabio e Gideon Prewett, que faziam engenharia e eu não conhecia tão bem; e o Amos Diggory, que fazia medicina com a Emme e morava com os irmãos Prewett.
- Que bom que vocês chegaram – disse a Emme – estávamos querendo saber quem exatamente vai aparecer na festa de hoje a noite.
- Ah, eu e Prongs vamos – disse Sirius - E o Remus aqui vai encontrar com a Julie Wings.
- É, eu a ouvi comentando – disse a Dorcas – Julie é do mesmo período que eu.
- Moony é um sortudo – falou o Wormtail.
- Come quieto, não é Reminho? – disse a Lene sorrindo.
- Vocês realmente vieram aqui pra discutir a minha vida amorosa?
Todos rimos e mudamos de assunto. Logo, o Pedro estava atracado com a comida, as garotas fofocavam alegremente e nós homens nos entretínhamos falando de mulheres.
A manhã logo passou, então alguns de nós foram embora e o resto (leia-se eu, Pads, Remus, Pedro, Emme e Lene) foi comer pizza na república das garotas. Depois pedimos alguma comédia a uma locadora que entregava por telefone e assistimos, comendo pipoca e brigadeiro.
No fim da tarde fomos praticamente expulsos pelas garotas e tivemos que voltar pra casa.
Eu deitei no sofá e fiquei assistindo a algum seriado aleatório na TV até dormir. Acordei com Sirius me chamando pra ir pra um bar antes de aparecer na tal festa. Tomei um banho e fomos, ainda passando pra pegar as garotas no meio do caminho.
O McClarens era um pub perto da universidade que estava sempre cheio. Hoje, claro, não podia ser diferente. Tomamos alguns drinks (o único que não bebeu foi o Remus), conseguimos o telefone de algumas garotas, e seguimos caminho.
“Só o Dumbledore mesmo pra fazer isso...”, pensei, assim que vi a cena.
Dumbledore era o reitor moderninho da universidade, uma figura amada por todos no campus, e dava pra saber por que: aquilo parecia uma rave imensa montada num lugar perto do departamento de engenharia!
Marlene se distanciou do grupo, aparentemente tinha um encontro, assim como Remus. Pedro foi logo procurar comida. Olhamos para Emme e Dorcas.
- Não dá, meus amores, combinamos de encontrar uma amiga – disse a Emme.
Dorcas apenas acenou pra gente. Ficamos só eu e Sirius.
- Pois é, Prongs, a noite é nossa.
Eu sorri. Abrimos caminho até o lugar onde vendia bebidas.
- E aí, Pads, já viu alguém interessante? – perguntei.
- Não. Bom, tem aquela loira ali, que se eu não me engano cursa artes, mas eu já fiquei com ela antes.
- E você não sabe o nome dela?
- E eu por acaso sou lista telefônica? – Sirius ergueu as sobrancelhas.
Continuamos caminhando. Meu amigo acabou arranjando uma morena, e eu encontrei a Lene, parecendo bastante animada.
- Então, você não tinha um encontro hoje?
- Tenho. O Fábio só foi buscar algumas bebidas pra gente.
- Você ta falando do mesmo Fábio que eu? O Prewett? – espantei-me.
- Sim. Por que não?
- Nada. Achei que vocês só eram amigos.
- E éramos, mas ele me chamou pra sair e eu aceitei.
- Então ta. Bom, ele vem ali, é melhor eu me afastar – falei.
Depois de andar mais um pouquinho, acabei ficando com uma garota de música que eu sabia que se chamava Charlotte. Mas eu não pretendia terminar apenas com uma garota naquela noite. Falei algo sobre precisar encontrar um amigo e me afastei dela. Por coincidência, acabei encontrando mesmo o Sirius.
- Você viu a Lene? – dissemos na mesma hora.
Você sabe quando tem um amigo que lê os seus pensamentos? Pois é, assim era o Sirius pra mim. Nós rimos do incidente.
- Sério, você viu a Lene e o Prewett? – perguntou ele.
- Vi, cara.
- Ele não merece a Lene. Ela é bonita demais.
- Não sei. Eles me parecem um bom casal.
Sirius pareceu desanimado, depois disso. Sempre achei que ele tinha essa quedinha pela Marlene, desde que eu saí com ela. Mas toda vez que eu insinuava algo assim, ele mudava de assunto. Só porque ela era a única garota que não caía aos pés dele.
Na verdade, Marlene era decidida demais pra ficar com o Sirius. Ela via que ele era um galinha, aliás, os dois éramos, mas eu pelo menos lembrava o nome das garotas, certo? Ele nunca tinha ficado com ninguém por mais de duas semanas, e a Lene era uma garota de compromisso.
Pads parecia mesmo tentado a ir pra casa. Pra ele, seria um recorde sair de qualquer festa às duas da manhã. Convenci-o a tomar pelo menos mais uma cerveja antes de irmos, já pensando em ir embora mesmo, afinal, era como a minha mãe sempre dizia: nada de bom acontece depois das duas da manhã.
Porém, naquele dia, parecia que o universo conspirava contra isso, porque eu a vi.
Ela estava parada, sozinha, parecendo estranhamente deslocada do ambiente. Era baixinha, alva, com o cabelo ruivo dançando nas costas. Mas os olhos, ah, Harry, aqueles olhos eram os mais bonitos que eu já havia visto, e completavam a figura perfeitamente: eram estranhamente vivos, verdes, amendoados.
Às 2h01 da manhã, eu percebi que aquela garota teria que ser minha.
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