O fim



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 .:. O FIM .:.


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Estava desorientada, não sabia muito bem o que estava fazendo ali. Sentia-se um peixe fora do aquário no meio dessas pessoas: todas elas nos mais caros trajes, segurando finas taças e copos de cristal com o que havia de mais refinado em termos de bebida. Foi quando se deu conta que ela também estava como as outras, uma taça de champanhe em sua mão esquerda e um fino vestido cor de rosa. Rosa? Realmente estava louca, rosa definitivamente não combina com seus cabelos vermelhos! Então sentiu que alguém se sentava ao seu lado. Ao se virar lembrou do porquê de tudo. Fizera tudo isto, prendera o cabelo num coque, vestira um lindo vestido num horrendo cor de rosa, só para agradar um rapaz. Mas não era qualquer rapaz, era um lindo rapaz louro com os mais belos olhos azuis que ela já havia visto, era Scorpius Hyperion Malfoy.


"Você está linda, Rose." Ele disse segurando a mão dela. "E obrigado por usar esse vestido, significa muito pra minha mãe, e pra mim também."


"Eu sei." Ela sorriu. Ela tinha certeza que a Sra. Malfoy havia comprado um vestido rosa de presente para ela propositalmente pra deixá-la sentindo-se mal, afinal todo mundo sabia que ela odiava usar roupas cor de rosa. Mas, de acordo com as palavras dela, era para combinar com a decoração da festa. Ah sim, esta era a festa de formatura de Scorpius. Não que ela, Rose, não houvesse também se formado, mas esta festa era unicamente dele, como os pais dele haviam feito questão de lhe dizer.


"Vamos, tem algumas pessoas querendo conhecer minha namorada." Ela sorriu e seguiu de mãos dadas com ele atravessando o salão. Cumprimentaram diversas pessoas, amigos, parentes, colegas de trabalho do Sr. Malfoy. Chegaram num grupo de amigas da mãe dele e ele, sem nem ao menos lhe dar chance para falar alguma coisa, se afastou murmurando algo sobre ir buscar alguma bebida.


"Então, Weasley, não é?" Disse uma das mulheres, a que tinha um longo pescoço, Rose não fez questão de lembrar do nome de nenhuma delas.


"Isso mesmo." Rose sorriu.


"Qual deles?" Disse a mesma mulher com claro sarcasmo. Sarcasmo este, devo acrescentar, que foi acompanhado de sorrisos maldosos de todas as outras.


"Ronald Weasley." Disse Rose entre os dentes forçando um sorriso.


"Ah sim, vejo que herdou o nariz dele." Desta vez foi outra mulher quem falou, a mais baixa de todas.


"E os cabelos da mãe." Disse outra torcendo o nariz. "Nascida trouxa, não é mesmo?"


"É e..." Rose tentou retrucar mas logo foi interrompida.


"Diga-me, querida, quando é que terminas Hogwarts?" Disse novamente a mulher baixinha.


"Já terminei este ano e..."


"Ah! Que bom! E quais os seus planos agora?" A mulher de pescoço longo interrompendo Rose novamente.


"Vou começar o curso para trabalhar em Gringotes como desfazedora de feitiços."


"Ah sim, o fulgor da juventude." Disse a senhora que estava se abanando com um leque, avó de Scorpius, Narcisa Malfoy. "Sempre temos a cabeça cheia de sonhos tolos como este, quando temos sua idade. Mas logo a razão toma seu lugar."


"Eu não vou mudar de opinião, eu sempre quis isso e me esforcei muito pra alcançar as notas que precisava."


"Ah sim, isso eu não duvido. Mas este não é um emprego para uma mulher, principalmente para uma mulher que pretenda ter o sobrenome dos Malfoy, minha cara."


"Bem, eu acho que é emprego para mulheres sim. Eu tenho tanta capacidade quanto qualquer outro da minha idade pra ter esse emprego." Por mais que tentasse manter o tom calmo, Rose notava que estava perdendo a compostura.


"Deixe de bobagem, mocinha." Riu a senhora.


"Posso saber que de que bobagem estamos falando?" Scorpius chegou e estendeu um copo de bebida para Rose.


"Elas acham uma bobagem o emprego que escolhi, é isso." Disse Rose pegando o copo de bebida e mais uma vez se forçando a sorrir.


"Ah, isso!" Scorpius disse e depois se virou para a avó. "Bem, quando eu estiver com um bom emprego e resolvermos nos casar ela não vai precisar continuar trabalhando, vovó, não se preocupe."


Rose não podia acreditar nas palavras que havia ouvido. Tomou a bebida num único gole e entregou o copo a Scorpius murmurando um "Com licença", e seguiu até o banheiro.


Agradeceu mentalmente por não haver ninguém ali e apoiou as mãos no balcão da pia. Ergueu os olhos e encarou seu reflexo no espelho. Foi então que deixou escapar a lágrima e o soluço que estavam presos em sua garganta desde que chegara à mansão dos Malfoy há dois dias.


"Eu não consigo mais..." Disse ao lembrar de todas as palavras rudes ditas quando Scorpius não estava próximo, dos olhares de desprezo e do sarcasmo usados sempre que os parentes dele mencionavam sua família, o desdém por acharem que Scorpius merecia muito mais do que ela. "Eu simplesmente não consigo mais..." Continuou, agora já controlando as lágrimas. Realmente não conseguiria. Ela nunca foi do tipo de engolir ofensas, e havia relevado em um único fim de semana muito mais do que havia relevado no restante de sua vida. Arrumou sua maquiagem, não daria o prazer a ninguém de notar que ela havia chorado, e saiu rumando diretamente ao jardim.


Havia caminhado apenas alguns metros no gramado quando sentiu uma mão segurando seu punho, e uma voz carinhosa. "Onde você está indo, Rose?"


"Embora." Rose puxou o braço sem se virar para encarar Scorpius, ela temia que se o fizesse ela mudaria de idéia.


"Embora? Como assim embora?" Disse ele se colocando em frente a ela.


Ela ergueu os olhos e olhou dentro dos dele. "Embora do tipo sair daqui e ir para casa."


"Aconteceu alguma coisa? Algum problema?" Disse preocupado.


"Eu queria poder dizer que não, mas eu não posso fechar meus olhos e ignorar o que está na minha frente, Scorpius." Ela respirou fundo, abaixou a cabeça fechando os olhos e continuou. "Tem alguma coisa errada com a gente... com o nosso namoro eu digo..."


"Não sei do que você tá falando, Rose." Disse ele pegando a mão dela novamente. "Sabes que eu gosto de você."


"Eu também gosto de ti, mas isso não é suficiente eu acho... Era suficiente enquanto a gente estava protegido atrás dos muros de Hogwarts, longe de todo mundo... quando era só nós dois. Mas agora... A realidade tem mostrado que não vai facilitar as coisas pra gente..."


"A gente sempre soube que não ia ser fácil. O que foi que mudou agora?"


"Mudou que eu vi como tu gostas de estar com eles." Ela apontou para dentro da casa. "E isso não é nenhum crime, é a tua família, é ótimo que estejas te divertindo. Tu estás feliz e isso é tudo que importa, mas eu não consigo mais. Se eu ficar mais um minuto lá dentro, eu vou acabar explodindo, vou falar coisas que vou me arrepender. Pior, coisas que vão te magoar." Ela levantou a mão que estava livre e afagou o rosto do rapaz. "Precisamos terminar as coisas por aqui, antes que não tenha mais volta pra gente."


"Terminar as coisas?" Disse confuso.


"Terminar... Eu não faço parte dessa realidade. Teus pais estavam com razão quando disseram que eu não sou a garota certa." Ela colocou a mão na frente da boca dele delicadamente quando ele tentou intervir. "Shh! Não adianta protestar, é a verdade. Eu não sou a pessoa que estava lá dentro. Eu não pertenço a este mundo de vestidos de seda, champanhe importado, de medir as palavras para poder manter as aparências na frente de determinadas pessoas, de mulheres que se aturam e fazem de conta que gostam umas das outras, de mulheres que deixam os sonhos de lado e são sustentadas pelo marido." Ela não conseguiu mais conter a lágrima que queria correr pelo seu rosto. "Eu não queria que isso acontecesse, mas estou cansada de fazer de conta que está tudo bem, eu passei os dois últimos anos esperando que nossos pais aceitassem, mas nunca muda nada. Quem sabe algum dia a gente tenha uma chance... uma chance pra tentar fazer dar certo entre a gente..." Ela soltou sua mão da dele e continuou seguindo pelo jardim. Não conseguiu ir muito adiante, logo sentiu os braços de Scorpius enlaçando sua cintura.


"E a gente? E tudo pelo que a gente já passou?"


"E a confiança que a gente deveria ter um no outro?"


"Do que está falando?" Disse ele soltando a cintura dela mas ainda a mantendo próxima ao seu corpo.


"Que tal sobre ser uma bobagem eu trabalhar entre tantas outras coisas?" Disse ela apontando novamente para a mansão.


"Eu... Eu só falei pra minha vó cortar a conversa... Rose, eu nunca quis magoar você. E nem que ninguém te magoasse..."


"Eu sei... Mas e quanto a mim? Eu preciso ser eu mesma, não aquela que estava lá dentro"


"Me diz então o que eu preciso fazer..." Disse ele e ela podia sentir o desespero aparecendo na voz dele.


"Não tem o que fazer... Só me deixe ir..." Ela suspirou. "Por favor..."


"Eu... Não sei se consigo... Vou sentir sua falta..."


"Eu também." Sussurrou ela. Ele se aproximou e tocou levemente os lábios dela com os seus. Lágrimas correram livremente pelo rosto dela ao se dar conta que não sentiria mais aquele toque suave em sua boca e se afastou correndo para os limites da propriedade. Assim que alcançou o local se virou e viu Scorpius agachado com as mãos na cabeça. Aparatou antes que se arrependesse da decisão tomada e foi chorar em casa nos braços reconfortantes de sua mãe.


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N.A.: Bem galerinha, como dito no sumário, este é um bonus de uma outra história minha "Hugo e Monica" [id=31059], quem quiser e puder, dê um pulinho lá pra ler! Ah! E se puderem deixar um comentáriozinho também eu ficaria muito feliz! Beijos!

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