Parte III



PARTE III


“Recebi uma coruja do Ron hoje.”


Hermione olhou por cima de seu almoço.


“Mesmo? Como ele está?”


Harry pegou um pedaço de alface escabroso de seu sanduíche. Olhando de sobrancelha erguidas, ele deu de ombros.


“Bem, normal, eu acho. Entrando nos eixos da coisa.”


“Isso é bom, bom.” Hermione tomou um longo gole de água para disfarçar o desconforto que sempre parecia sentir quando Ron era mencionado.


“Já arrumou uma namorada, é claro.”


“É claro.” Hermione limpou a garganta um pouco. “Bem, obrigada pelo lanche Harry, mas tenho que voltar ao trabalho.”


“Sim, sem problema.” Ele a ajudou a recolher seus lixos e andou com ela até o cesto de lixo. “Você vai almoçar n’A Toca no domingo, certo?”


Ela balançou a cabeça.


“Provavelmente não. Eu tenho esse grande caso, e estamos tão atrasados...”


Harry a olhou de relance.


“Você devia vir. É estranho o suficiente sem Ron, não ter você seria apenas bizarro.”


Hermione forçou uma pequena risada.


“Verdade. Vou tentar ir, eu acho.”


Ela começou a se afastar, mas a mão de Harry no seu braço a parou. Seu amigo olhou nos olhos dela.


“Você está bem, Hermione?”


“Estou.” Ao olhar desacreditado dele, ela sorriu para ser convincente. “Estou indo bem, Harry. Porque não estaria?”


“Certo, eu só queria ter certeza.”


Hermione se aproximou e o beijou na bochecha.


“Você é um doce. Talvez te vejo no domingo, certo?”


“Com certeza vai me ver.” Harry completou antes de ela se afastar.


Hermione fechou sua porta assim que alcançou seu escritório e escorou-se contra ela. Ela estava indo bem, mas isso não mudava o fato de que quando alguém falava o nome de Ron, ela ficava tensa, ou quando ela falava sobre ele, ela estava sempre muito ciente de estar fazendo isso.


 A morena suspirou e fez seu caminho rumo a sua mesa. Isso iria custar algum tempo para se acostumar.


 Uma batida veio de sua porta, interrompendo sua linha de pensamento.


 “Entre,” Hermione disse enquanto se sentava em sua cadeira.


 Lisa, sua assistente, colocou sua cabeça para dentro.


 “Um tal de Oliver Wood para ver você?”


 Hermione franziu as sobrancelhas.


 “Você o conhece?” Lisa perguntou.


 “Sim, um, eu estava em Hogwarts com ele, eu só... não tenho ideia do por que ele quer me ver.”


 Lisa encolheu os ombros.


 “Devo mandá-lo entrar?”


 “Claro. Estou curiosa agora.”


 Lisa desapareceu e logo Oliver entrou. Ele parecia-se bastante de como ela se lembrava dele de Hogwarts, só mais velho e, ela não pode evitar pensar, ainda mais bonito.


 “Oliver, oi,” ela disse, estendendo sua mão.


 Ele pegou sua mãe, olhando para ela com uma simpatia genuína.


 “Hermione Granger. Eu não tenho visto você desde quando – quarto ano? Quinto?”


 “Um, a Copa Mundial de Quadribol, eu acho? Irlanda e Bulgária.”


 “Jogo maravilhoso. Você é uma fã de quadribol?”


 Ela sorriu e negou com a cabeça.


 “Você imaginaria que sendo amiga de Harry e Rony,” (ela sentiu-se falando o nome dele) “que eu seria, mas aquilo nunca me conquistou, sinto dizer.”


 “Ah, bom.” Oliver não parecia muito perturbado por essa novidade e sorriu para ela de volta.


 Houve uma pequena pausa antes de Hermione se lembrar.


 “Desculpe-me, sente-se, por favor. Agora, o que você queira falar comigo?”


 Hermione admirou o quão rapidamente o comportamento de Oliver mudou de amigável para profissional.


 “Sim, bem, é um assunto um pouco sensível. Perfeito para o seu departamento, eu pensei.”


 A bruxa debruçou-se sobre a mesa, interessada, enquanto Oliver continuava.


 “Veja bem, tem um batedor no meu time – desculpe-me, eu treino o Puddlemere United, devia ter mencionado isso primeiro – e tem esse batedor, Jonathan. Jogador maravilhoso, realmente cheio de energia, correto, corre riscos.”


 “Hm hm,” Hermione concordou, sem saber aonde o assunto iria.


 Oliver inspirou profundamente.


 “Só recentemente saiu ao público – o que significa que Jonathan confidenciou a um batedor colega e esse batedor soltou para a imprensa – que Jonathan é, bem, que ele é um lobisomem.”


 “Oh,” Hermione sentou-se alerta, sua mente correndo à frente instantaneamente pela situação. “E o outro batedor quer ele fora do time.”


 “Bem, ele não disse isso oficialmente, mas está completamente implícito. Parece haver um pouco de um problema de ciúmes lá, para ser sincero.”


 “É estranho que eu ainda não tenha ouvido falar disso.” Hermione se surpreendeu. “Normalmente minha equipe está procurado por este tipo de coisa.”


 “Ainda não foi publicado. O repórter veio até mim esta manhã e me disse que estaria lançando a história hoje, queria me dar um pouco de vantagem. De qualquer forma, essa coisa toda está prestes a explodir, e você deve saber que muitos grupos vão estar vociferando pela cabeça de Jonathan.”


 “Enquanto outros tentam fazer dele uma causa.”


 “Exatamente. Eu só quero manter meu time intacto e proteger o homem. Ele é uma boa pessoa.”


 Hermione mordeu o lábio e assentiu, pensando.


 “Você pode marcar uma reunião para mim com o Jonathan? O advogado dele deve estar presente, é claro, e você pode comparecer, se for o desejo dele.”


 Oliver concordou, alívio em suas feições.


 “Claro. Absoltamente. Muito obrigado por olhar isso, Hermione, vai... vai ser uma ajuda incrível.”


 “Bem, eu verei o que posso fazer. Fale com a minha assistente, ela vai marcar aquela reunião.”


 Eles ficaram de pé e Hermione apertou a mão estendida de Oliver.


 “É realmente incrível o que você está fazendo com a sua vida Hermione,” ele disse, aquele sorriso simpático de volta em sua face.


 Hermione não pode evitar sorrir de volta antes que se desse conta que estavam ainda de mãos dadas. Sem graça, ela soltou o seu aperto.


 “Sim, bem. Obrigada.”


 Oliver saiu de seu escritório, olhando para trás uma vez na porta. Hermione observou ele ir, uma pequena agitação começando em seu peito.


 **********


 “Eu não vejo que é o problema, Mione,” Ron diz, seguindo ela enquanto ela anda depressa até o quarto.


 “O problema, Ronald,” ela começa, ainda furiosa enquanto atravessa até seu guarda roupa e começa a remexer em seus vestidos. “é que você prometeu que ia comigo essa noite! Você sabia que eu não queria ir a isso, você sabe que eu tenho que ir, e você disse três semanas atrás que você ia comigo! E agora você está desistindo porque Harry ganhou uns ingressos malditos de quadribol?!” Hermione pega um vestido preto para coquetéis e o joga na cama, apanhando algum sapato de soltos e lançando-os para se juntarem ao vestido.


 “Eles não são só ingressos de quadribol, Mione, são do Chudley Cannons! A primeira chance deles de ganhar o campeonato inglês em trezentos anos, trezentos anos, e Harry ganhou ingressos. Você sabe o quanto isso significa para mim.”


 “E eu pensei que você soubesse o quanto seu apoio significa para mim”


 Ron escora contra o batente da porta, olhando ela se trocar o mais rápido que ele pode. Ele passa as mãos pelos seus cabelos.


 “É claro que eu apoio você. Não é disso que estamos falando.”


 “Não, não é,” Hermione o repreende. “Estamos falando sobre você não conseguir se livrar de uma obsessão infantil. Você é um auror, Ron, e isso é incrível, então pare de remoer sobre isso desejando jogar quadribol profissional!”


 “Você acha que é isso que tá acontecendo? Deus, Mione, eu – não posso mais ter interesses, ou, ou gostar de alguma coisa que não é reservada para pessoas como QI imenso? Só porque você não consegue se divertir e relaxar, você acha que se alguém gosta de alguma é algum... problema psicológico. Vai se fuder!”


 Ela para sua troca rápida para encará-lo sem acreditar. Ela pode dizer instantaneamente que ele arrependeu-se de seu comentário.


 “Amor, eu não quis dizer isso,” ele diz, andando até ela. Ela escapa de seu abraço.


 “Então o que, você pensa que sou só essa puritana perturbada, é isso?”


 “Você sabe que eu não penso isso, de jeito nenhum,” Ron tenta de novo alcança-la, mas outra vez, ela se esquiva do toque.


 “Tenho que me aprontar,” ela diz, e seu tom de voz não deixa espaço para nenhum argumento. Ron espera, mas só resta o silêncio.


 “Eu sinto muito,” ele sussurra enquanto ele sai do quarto. Hermione não responde.


 **********


 Ele estava bonito, Hermione pensou, observando ele através da sala. A Austrália fazia bem a ele. Ele parecia mais velho, de alguma forma. Mais confiante em si mesmo.


 “Um brinde, todo mundo!” Ela olhou para onde Arthur Weasley estava de pé no centro da sala, taça erguida. “A um Natal muito feliz, e à família unida novamente.” Ele sorriu na direção de Ron. Hermione olhou de relance para Jorge, como ela tinha feito pelos últimos setes Natais, mas até mesmo ele parecia feliz e relaxado.


 “Feliz Natal,” todo mundo repetiu após ele, e beberam de seus copos.


 “Ele está bonito, não?” Uma voz suave francesa disse atrás dela. Hermione pulou.


 “Perdão, o que?” Hermione virou-se para olhar para Fleur.


 “Ron.” A loira atordoante gesticulou para onde Ron estava de pé com Harry e Gina, rindo. “Austrália, ela tem sido boa para ele, sim?”


 “Oh. Oh, sim, eu acho. Com licença,” Hermione murmurou e moveu-se para longe da mulher francesa, que estava olhando para ela com um olhar astuto que Hermione particularmente não gostava.


 Harry encontrou seu olhar e gesticulou para ela se juntar a ele. Com uma relutância que ela estava surpresa em sentir, ela moveu-se até o fogo onde eles estavam.


 O sorriso de Ron deslizou um pouco enquanto ela se aproximava, um fato que ela notou instantaneamente. Maravilha, ela pensou. Ela tinha oficialmente perdido um de seus melhores amigos. Com certeza, ela tinha suposto isso quando ele havia escrito apenas algumas notas polidas durante os nove meses em que ele estive fora, mas a confirmação, entretanto doía da mesma forma.


 “Ron acabou de contra pra gente uma história ridícula sobre um... como mesmo que aquilo se chama?” Gina perguntou ao seu irmão.


 “Um dingo,” ele respondeu.


 “É realmente incrível, Hermione, você tem que fazer ele te contar. Harry?” A mulher mais nova olhou para o seu marido. “Nós devemos mesmo ir dar uma checada em James. Eu acho que todo esse barulho pode ter acordado ele.”


 “Tudo o que você disser, amor,” Harry disse galante, deixando ser levado pela esposa, que deu um olhar muito significativo para Hermione enquanto ela passava, o tipo de olhar que fez Hermione lembrar-se de matar a ruiva o mais logo possível.


 Ron e Hermione ficaram em um estranho silêncio por alguns momentos, lançando os olhos de lá para cá entre suas bebidas e o fogo. Finalmente, Hermione começou “Eu sinto muito – eu,” na mesma hora Ron começou “Eu queria que - ”. Eles olharam um para o outro e riram levemente.


 “Vai em frente,” Hermione disse.


 “Não, tá tudo bem, você, você primeiro.”


 Hermione aspirou um pouco


 “Eu – eu só estava dizendo que, um, eu sinto muito que não me mantive muito em contato, eu estive muito ocupada ultimamente, coisas, o escritório está uma coisa de louco...”


 “É, Harry me disse. E tá tudo bem, quer dizer, eu ia dizer que eu queria que... eu também não mantive muito contato, não – não é sua culpa.”


 “Bom saber,” Hermione tentou fazer uma piada, e tomou um longo gole de seu copo. “Então,” ela começou de novo. “Está gostando da Austrália?”.


 Ron assentiu.


 “É realmente maravilhoso. Meu serviço é desafiante, meu time é ótimo, é, é muito bom.”


 “Isso é bom.” Hermione disse, assentindo e imaginando porque ela parecia ter perdido todo o seu vocabulário.


 “Harry me disse que você está vendo Oliver Wood?” A voz de Ron era casual, mas ainda sim Hermione retraiu-se, surpresa pela pergunta.


 “Um, sim, bem, eu o ajudei em um caso cerca de sete meses atrás, e nós, sim, nós começamos a sair juntos.”


 “Oliver é um bom homem.”


 “É, ele é. Harry disse que você ainda está com... desculpa, eu esqueci qual ele disse que era o nome de sua namorada.”


 “Lydia, e sim, sim, ainda estamos juntos. Vamos morar juntos depois do Natal, na verdade.


 “Oh! Oh, isso é, isso é ótimo.”


 Houve outra longa pausa.


 “Eu devia ir falar com Jorge,” Ron finalmente disse. “Só para ter certeza que ele, você sabe.”


 “Boa ideia. Foi ótimo colocar o assunto em dia.”


 Ron abriu sua boca para dizer alguma coisa, mas depois a fechou e sorriu francamente, saindo dali.


 Hermione secou o resto de seu copo. Tão cedo quando fosse educadamente possível, ela iria embora d’A Toca. Oliver estava com a família dele, então, ela decidiu, o único bom plano era ficar absolutamente bêbada e tentar apagar o encontro mais desconfortável de sua memória.


 **********


 “Então, quando você e Ron vão se casar?”


 Hermione tenta não sufocar em seu chá. Tossindo, ela encara Molly Weasley.


 “Perdão?”


 “Você e Ron. Vocês estão noivos já?” Molly sorri inocentemente para a jovem bruxa e toma um gole de sua xícara. Hermione pisca, tentando recuperar alguma semelhança de compostura.


 “Oh, bem, um, Molly, nós ainda não conversamos realmente sobre isso, para ser sincera.”


 “Mesmo? Eu tinha pensado, com Harry e Gina casados, vocês dois iam noivar a qualquer momento agora. Já tem o que, três anos e meio?”


 “Três anos, cinco meses,” Hermione responde automaticamente. “Molly, eu – eu não penso que Ron ou eu, eu não penso que nenhum de nós está realmente neste estágio ainda. Quer dizer, nós temos apenas vinte e um anos.”


 “Harry e Gina...”


 “Com todo o respeito, Molly, nós não somos Harry e Gina. Nós somos só... diferentes.”


 “Hm,” é tudo que Molly responde, mas Hermione vê uma carranca em sua expressão e sabe que ela apenas está em um mundo completamente diferente.


 **********


 “Um ano e meio,” Gina disse, deixa uma caixa cair para enfatizar seu ponto com um estrondo.


 “Gina, fique feliz que são livros, não alguma coisa frágil,” Hermione disse, encarando a amiga enquanto ela mudava a caixa que carregava pro seu quadril esquerdo. “Você pode mudar a lâmpada para o outro canto?”


 “Um ano e meio,” a ruiva repetiu.


 “Gina, eu sua uma bruxa, não uma médium. Um ano e meio o que?” Ela deixou a caixa em cima da mesa e começou a abri-la.


 Gina pegou a lâmpada, encarando a outra mulher.


 “Ron foi embora há um ano e meio e vocês só se falaram uma vez? No Natal?”


 “De onde veio isso?” Hermione perguntou, começando a separar os objetos em frente a ela.


 “Quando eu e Harry o visitamos, você surgiu. Você sabe, porque todos nós somos amigos. Ou foi o que eu pensei até quando eu perguntei a ele o que ele pensava sobre você e Oliver morando juntos, e ele disse, eu não tinha ideia que estavam se mudando, ela nunca me disse, e eu disse, huh, isso é engraçado, já que vocês são melhores amigos. E então descubro que vocês não tem se falado em sabe-se lá quanto tempo, e meu marido está só sentado lá com cara de culpado, e ninguém escolheu me informar que vocês dois não são mais amigos!” A voz de Ginny subiu gradualmente durante sua crítica então ela estava praticamente gritando.


 “Francamente”, ela disse, sua voz fria. “Eu não pensei que fosse da sua conta.”


 “Não é da minha conta? Hermione, isso é minha melhor amiga e meu irmão. Dane-se, isso é você e Ron! Não é como se você de repente parasse de falar com... sei lá... Neville, ou alguém, estamos falando de Ron!” A mulher mais nova encarou a amiga desacreditada. “Hermione, o que diabos aconteceu? O que está acontecendo?”


 “Nada está,” a morena respondeu desembrulhando cuidadosamente um porta-incenso pequeno. “E não foi apenas uma vez, nós escrevemos algumas vezes.”


 “À merda que nada está acontecendo. Vocês dois estavam uma confusão no dia que ele foi embora, eu vi vocês dois no Natal, se você não está com o Oliver, você está pro inferno de melancólica, ele está com a mesma garota por meses e meses, e estamos falando de Ron, não exatamente o cara mais comprometido, e vocês dois não falam um com o outro, vocês não falam um sobre o outro.” Ginny suspirou. “Eu não sou idiota. O que está acontecendo?”


 Hermione colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, evitando o olhar fixo de Ginny.


 “A noite que ele foi embora? Eu, eu fui para o meu escritório cedo, eu estava chateada com alguma coisa, ele veio e me achou.” Ela deu um respiro tremido e olhou diretamente para sua amiga. “Ele tentou me beijar, ele me disse que estava apaixonado por mim, ele disse que nunca parou de me amar, ele disse... eu nem me lembro de tudo o que ele disse, mas eu basicamente disse... não, não eu não o amava em retorno, não desse jeito, e, e foi horrível, Ginny, foi horrível.”


 A boca de Ginny tinha aberto ligeiramente enquanto ela encarava Hermione com os olhos esbugalhados.


 “Oh, Mione,” ela disse finalmente, “Eu... eu imaginei, mas... eu sinto muito.”


 Hermione balançou a cabeça, tentando clarear a confusão repentina.


 “Está tudo bem. Bem, não,” ela retrocedeu. “Não está tudo bem, porque tudo entre nós dois está apenas... arruinado, realmente. A última coisa que eu queria era magoá-lo.” Ela piscou forte para evitar as lágrimas repentinas nos seus olhos.


 Em um segundo, a ruiva estava do seu lado, deixando Hermione descansar sua cabeça no seu ombro enquanto ela lutava para reobter a compostura.


 “Vai ficar tudo bem,” Ginny disse tranquilizadora. “Vocês dois têm muita história para simplesmente jogar fora.”


 Hermione deu uma risada curta e amarga.


 “Eu acho que a história é que nos colocou nesse problema.”


 As duas mulheres ficaram em silêncio por um momento. Depois de um tempo, Ginny se soltou.


 “Hermione...” ela começou hesitante. “Eu, na verdade, tinha uma coisa pra te contar sobre Ron hoje. Eu não sei se é a melhor hora, mas...”


 “O que?” A morena perguntou, sentindo de repente que o que quer que Ginny estava prestas a dizer era de vital importância.


 “Ron está noivo.”


 Hermione pareceu surpresa.


 “Certo,” ela disse depois de um tempo. “Isso foi inesperado.”


 “Você está bem?” Ginny a observou com um olhar hesitante.


 Hermione parou para considerar.


 “Penso que sim. Acho. Só, não esperava isso.” Ela riu com reprovação. “O que, eu pensei que ele ia continuar apaixonado por mim pelo resto da vida? Ele precisa seguir em frente. É bom que ele esteja fazendo isso. É só que... não, é bom.”


 Ela podia dizer que ainda havia alguma dúvida na expressão de Ginny, mas naquele momento, Hermione amou a amiga por ter aceitado sua resposta.


 “Tudo bem,” a ruiva disse. “Vai ser um noivado longo, eu acho. Provavelmente não vai durar.”


 Hermione deu de ombros.


 “Talvez nós estejamos conversando até o casamento, quem sabe?”


 **********


 “Você tem que parar de me afastar.”


 Hermione encara Ron sem entender.


 “Eu não estou te afastando.”


 “Sim, sim você está.”


 “Desde quando eu –“


 “Você está estranha ultimamente. Você está distante. Nós não fazemos mais tanto sexo como antes. Mione.” A voz de Ron estava surpreendentemente calma. “O que está acontecendo?”


 “Nada, nada,” ela disse alcançando o cabelo dele para tirar de sua testa com a mão. “Eu não estou tentando te afastar.”


 Ela pega a mão dela com a dele.


 “Eu não vou te deixar, se é disso que você tem medo.”


 Ela olha para ele, sabendo que ele não tem nenhuma ideia do que está passando na cabeça dela.


 “Não é disso que eu tenho medo,” ela disse, e o beija antes que ele possa responder.


 **********


 A mão de Oliver nas suas cotas era reconfortante enquanto eles estavam de pé nos fundos d’A Toca. Ela podia sentir o calor do corpo dele perto do dela, uma coisa que sempre a tranquilizava.


 “Você está quieta,” ele murmurou na sua orelha, e ela sentiu um calafrio enquanto a respiração dele passeou pelo seu pescoço.


 “Estou cansada,” ela respondeu, virando sua cabeça levemente fazendo com que seus rostos quase se tocassem. “Não realmente em clima de festa, eu imagino.”


 “Nós podemos ir embora, se você quiser.”


 Hermione negou com a cabeça.


 “Molly me mataria. Nós temos que ficar um pouco mais, pelo menos.”


 “Enquanto estiver tudo bem com você.” Os dedos dele desenhavam pequenos círculos contra suas costas e ela suspirou, encostado sua cabeça contra o peito dele.


 Para ser honesta, festas de noivado sempre a desgastavam. Elas sempre envolviam uma vasta gama de emoções que ela sentiu na de Harry e Ginny anos atrás, e o fato que essa a festa de seu ex, tanto namorado quanto amigo, fazia um pouco mais exaustivo que todas.


 Ela observou Harry e Ginny, entrelaçados na pista de dança, ignorantes a tudo menos a um ao outro. Ginny estava praticamente brilhando, Harry parecendo igualmente extasiado. Eles tinham confidenciado a ela no início daquela semana que eles tinham acabado de descobrir que Ginny estava grávida de novo, uma garota, eles esperavam. Hermione sorriu enquanto observava seus amigos, um sorriso que morreu ligeiramente quando Ron e sua linda noiva dançaram dentro de seu campo de visão.


 “Estou indo buscar um pouco de água, certo?” Ela disse para Oliver. “Você devia falar com Jorge e Angelina, vocês não tem conversado em um bom tempo, e eles estão tentando chamar a sua atenção.”


 Oliver beijou-a gentilmente antes de andar para se juntar aos seus amigos. A expressão de Hermione suavizou enquanto ela observava ele e Jorge trocando murros amigáveis. Ela fez seu caminho até a mesa de Buffet, gentilmente recusando quando alguém tentava chamar a sua atenção.


 A água estava fria e refrescante, e percorreu um longo caminho para aliviar um pouco da dor de cabeça que esteve crescendo durante toda a noite. Talvez ela pudesse comer alguma coisa. Ela estava trabalhando até tão tarde ultimamente, ela não tinha realmente cuidado de si mesma.


 “O que você acha, eu vou ter que matar Harry quando ele e minha irmã pularem um no outro na pista de dança?”


 Hermione pulou, derrubando um pouco de água na sua frente.


 “Oh, merda, desculpa, eu não queria-“ Ron procurou por um lenço para entregar a ela.


 “Tá tudo bem, você só me assustou.” Ela aceitou o pano que ele estendia e passou pelo seu vestido. Ela olhou para cima para os Potters. “Provavelmente. Eu dou uns cinco minutos.”


 “Foi o que eu pensei.” Ron e Hermione olharam um para o outro. Ele mexeu-se e enfiou as mãos nos bolsos. O gesto de repente o fez parecer com quinze anos outra vez, e Hermione não pôde evitar mas sorrir carinhosamente à memória.


 “Você está bonita,” ele disse, quebrando seus devaneios.


 Ela corou levemente. “Você também. Lidya é encantadora.”


 “Sim, ela é, não é?” Ron olhou de relance para onde sua noiva estava conversando com Fleur. “Olha, Hermione.” Ele parou e franziu as sobrancelhas, obviamente lutando para tentar dizer alguma coisa. “Quer dançar?” Ele finalmente soltou.


 O pedido pegou Hermione com a guarda tão baixa que ela deixou sair um riso surpreso.


 “Certo,” ela respondeu. “Claro, eu adoraria.”


 Eles deram largos sorrisos um para o outro enquanto moviam até a pista de dança. A tensão que anteriormente era palpável entre eles derreteu-se, e ela não tinha ideia do por quê.


 Hermione moveu-se para os braços de Ron naturalmente e eles dançaram por um tempo em um silencio amigável. Hermione fechou os olhos brevemente, aproveitando a sensação de estar perto de seu amigo mais uma vez.


 “Senti sua falta.” As palavras saíram de sua boca sem que ela pensasse. “Tem sido tão estranho, não –“


 “Não conversar?”


 Ela olhou para cima para encontrar os olhos de Ron. Ele sorriu a ela gentilmente, mas havia uma sutil tristeza pairando em sua face.


 “Senti sua falta também,” ele disse.


 Hermione não conseguiu tirar seus olhos dele, surpreendendo-se com o nó que surgiu em sua garganta.


 “Nós podemos – nós podemos voltar a ser como antes?” Dito em voz alta, parecia mais como implorando do que qualquer outra coisa, e Hermione teria azarado a si mesma se ela não estivesse tão absorta no momento.


 Ron colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, a mão dele tocando brevemente sua face.


 “Eu não sei,” ele disse honestamente. “Sinto muito que não tenhamos conversado. Eu só precisava pensar em algumas coisas.”


 “Eu nunca quis magoar você,” Hermione sussurrou, e a mão de Ron na sua cintura deu um breve aperto.


 “Eu sei,” ele disse depois de um momento. “Eu não queria também.”


 A música veio ao fim. Eles se separaram e aplaudiram educadamente enquanto a banda anunciava que fariam uma breve pausa. Casais começaram a sair da pista de dança enquanto Ron e Hermione ficaram em silêncio.


 “Então, o casamento é em um ano, sim?” Ela estava surpresa em como era fácil voltar à normalidade.


 Ron assentiu.


 “Quando minha missão acabar. Lydia e eu vamos voltar para o casamento. Nós não temos certeza para aonde vamos depois disso, mas algum lugar na Inglaterra, isso é certeza.”


 “Cansado dos dingos?”


 Ele riu. Hermione tinha se esquecido do quanto ela amava o som da risada dele.


 “Cansado dos dingos, da poeira, da seca, você quem sabe. Você não sabe o quanto eu desejei que chovesse por uma semana seguida, do tipo que nós tínhamos lá em Hogwarts, lembra? Com a neblina e o nevoeiro... eu estou pronto praquilo de novo.”


 “Eu lembro.” Eles olharam um para o outro até que ela ouviu alguém chamar o nome dela.


 “Hermione?”


 Ela olhou de relance para ver Oliver andando em direção a eles.


 “Então foi pra cá que você veio. Está se sentindo melhor?”


 Ela se moveu para perto de Oliver, notando como Ron deu um passo atrás quando o homem escocês se aproximou.


 “Um pouco. Você se importa de ir embora agora, entretanto?”


 Oliver negou com a cabeça, e ela alcançou a mão dele e deu um pequeno aperto. Hermione voltou a olhar para Ron.


 “Foi bom conversar com você.” Palavras inadequadas, ela sentiu, mas foi tudo o que ela pensou em dizer. “Escreva-me dessa vez, certo?”


 Ron assentiu.


 “Prometo.”


 Hermione hesitou por um instante, então se aproximou e o beijou no rosto. A pele dele estava quente em contato com seus lábios. Afastando-se ela manejou um sorriso antes de volta para Oliver e eles foram embora.


 **********


 Hermione treme com os soluços enquanto ela abraça fortemente a si mesma. Isso não é como as coisas deveriam ser. Isso não como ela deveria estar sentindo.


 A conversa continua aparecendo, e ela não consegue evitá-la não importa para onde ela vá. Eles são tão novos, porque todo mundo espera que eles se casem? Ron – Ron não fala nada sobre o assunto, mas é o assunto não mencionado que fica entre eles, aquele que eles continuam tropeçando como um grande buraco no tapete.


 Ela não sabe por que ficar com ele agora é subitamente tão difícil, mas toda vez que alguém fala as palavras ‘para sempre’, alguma coisa explode no peito dela e ela tem que lutar para respirar.


 **********


 Oliver a pediu em casamento um mês depois da festa de noivado de Ron enquanto eles estavam limpando o sótão dos pais dele.


 “Eu estava falando com a minha mãe essa manhã,” ele disse jovialmente enquanto ele pegava uma estátua feia de uma fada em cerâmica.  Ele fez uma carranca para a expressão alegre da fada enquanto ele a colocava na pilha de “Jogar Fora”. “Ela me disse que ela calculava que nós devíamos nos casar.” Ele limpou sua garganta levemente. “E eu concordei.”


 Hermione imaginou porque ela estava tão calma, porque seu estômago não estava fazendo nenhuma das coisas saltitantes que Ginny tinha descrito tão vertiginosamente. Ele olhou da caixa de ornamentos de Natal que ela estava organizando.


 “Mesmo,” ela disse suavemente.


 A voz de Oliver voltou a ela levemente abafada, enquanto ele se curvava sua forma alta dentro de uma enorme caixa e extraordinariamente empoeirada.


 “Bom, ela salientou que nós estamos juntos há alguns anos, vivendo juntos por um bom tempo, e você sabe que você é o tipo de garota que eu me casaria.” Ele espirrou audivelmente.


 Hermione pegou um ornamento de querubim que estava sorrindo quase tão ignorante quanto à fada e tentou descobrir porque ela estava recebendo a proposta de casamento mais não romântica da história da Bruxaria.


 “Eu preciso de um tempo para pensar sobre isso,” ela disse tão suavemente quanto, estômago calmo.


 Ele virou e sorriu para ela, uma mancha empoeirada na bochecha.


 “Eu te amo, você sabe.”


 “Eu sei.”


 **********


 “Eu estou terminando com ele.”


 “Você está terminando com ele?”


 “Eu estou terminando com ele.” Hermione vira mais uma dose, ignorando o olhar escancarado de Ginny.


 “Você está terminando com Ron.”


 “Foi o que eu disse. Outra, por favor.”


 Ginny vira a própria dose, estremecendo enquanto o álcool desce pela sua garganta, antes de servir mais vodca para as duas.


 “Bem, foda.”


 Hermione assente.


 “Bem foda está correto.”


 **********


 Hermione foi ao seu escritório naquela noite, acendeu algumas luzes e deixou sua bolsa em cima da mesinha perto da porta. Ela sentou-se na sua mesa, cotovelos apoiados contra a superfície, queixo em suas mãos, e usou seus pés para balançar a cadeira para frente e para trás.


 Os olhos dela vagaram para o canto das prateleiras de livros revestindo as paredes, e um sorriso surgiu em seu rosto enquanto ela se lembrava do dia que Ron e Harry a ajudaram a se mudar para lá. Harry estava tentando colocar os livros nas prateleiras, mas Ron tinha ficado atrás dele e o enfeitiçou para que todo livro caísse de volta sobre a cabeça dele. Hermione riu silenciosamente de sua mesa enquanto ela observava o rosto de Harry ficar mais e mais vermelho antes que ele percebesse o que estava acontecendo. Ron tinha encontrado o seu olhar e piscou aquela piscadela que sempre a fazia brava e desconcertada ao mesmo tempo.


 A morena parou o movimento com os seus pés. A pergunta de Oliver finalmente bateu no fundo de sua mente.


 “Merda,” ela murmurou, porque era a única coisa que ela conseguia pensar em dizer.


 Oliver perguntou a ela uma questão (entretanto “perguntou” era uma palavra generosa), e ele esperava uma resposta. Não existia nenhuma resposta dentro dela. Nenhuma resposta. Era isso. Hermione levantou-se vagarosamente e preparou-se para andar para casa, sozinha, sem uma resposta, sem nada para dizer ao homem que a esperava.


 Mas não. Ela era Hermione Granger, e já que ela era Hermione Granger, ela sempre tinha uma resposta, então ela virou-se e começou uma vistoria pelos papéis sobre sua mesa, nas gavetas, primeiro devagar e depois desvairadamente, como se em algum lugar ali escondido houvesse a resposta que ela precisava descobrir.


 E seus dedos tocaram o envelope há muito esquecido dado por Ron.


 Imediatamente ela parou, seu corpo rígido. Devagar, bem devagar, ela desprendeu o envelope e o abriu com uma deliberação que surpreendeu até ela mesma.


 Duas coisas caíram dele: um grosso, documento de algum tipo cheio de páginas, com aparência oficial, e um pedaço de papel dobrado, ligeiramente rígido pelo tempo. A mãe dela alcançou o menor item e ela o desdobrou, sentando suavemente de volta na sua cadeira, ainda se movendo de um jeito devagar, estranho e deliberado.


 A letra bagunçada de Ron a encarou de volta.


 Desculpa estar te abandonando para lidar com Harry sozinha... espero que isso compense por tudo. Você disse que você estava querendo isso, e eu conhecia esse cara nos Estados Unidos que sabe tudo sobre esse tipo de coisa, então eu mencionei isso para ele e... bem, aí está. Três anos não é tanto tempo. Dizendo isso faz que seja verdade? Vamos tentar de novo. Três anos não é tanto tempo.


 Com amor,


 Ron.


 Hermione pegou o documento e sentiu que alguma coisa parou dentro do peito dela.


 Percepções de Algo Rico e Estranho: Pensamentos Mágicas e Fantasmagóricas Relatadas Através da Literatura Trouxa.


 “Você vai ficar impossível quando finalmente colocar as mãos nele,” ele disse uma vez, sorrindo para ela.


 “Porque você diz isso?”


 “Tá brincando? Primeiro você vai ler isso, não importa onde você estiver, mesmo que seja o seu casamento, depois você vai reler isso, marcar ele todo, ler uma terceira vez, pesquisar todas as fontes e referências, e começar a compor sua própria réplica de cinquenta páginas.” Ele mexeu no cabelo dela de um jeito que ela se recusava a admitir que adorava. “Você vai ficar fora do ar por semanas.”


 Os olhos dela se fecharam por conta própria e ela apertou o artigo fortemente em suas mãos. Ela leu-o a primeira vez, como ele tinha dito, mas ela não conseguia forçar a si mesma a olhar para as palavras a sua frente. Ao invés disso ela teve que se concentrar em respirar, por que naquele exato momento, ela estava tão completamente apaixonada por Ron que ela poderia sufocar com ele.


 A expressão dele quando ele foi embora. Aquela piscadela do canto. A caligrafia malfeita dele. Bagunçando o cabeço dela. Abraçando ela, cutucando ela, provocando ela. O jeito que os olhos dele dançavam. O sorriso de lado dele. O olhar atordoado depois que ela o beijou. A sensação dos lábios dele aquela primeira vez. A sensação deles na segunda vez, do lado de fora d’A Toca. O sol no rosto dele quando ele disse que ele a amava. A mão dele apertando a sua cintura. As mãos dele no seu corpo, os olhos dele no rosto dela, a respiração dele com a dela, as sardas dele, as passadas largas dele, a risada dele. Ele. Ron. Ron. Ron.


 Hermione abriu os olhos. Ela afrouxou o aperto mortal no precioso artigo e o colocou gentilmente sobre a sua mesa.


 Ele não a amava mais, não na forma que ela acabara de perceber que ainda o amava. Mas se ela estava certa sobre uma coisa (e ela estava certa sobre muitas coisas), era que não haveria outro homem para ela neste mundo que não ele.


 Ela esperaria por ele. Ela já esperou uma vez antes e ela poderia esperar uma outra vez. Porque não havia nada mais além de um ao outro. Porque ela era Hermione e ele era Ron.


 Simples assim.


 **********


 “É isso?”


 É uma pergunta, tecnicamente, mas as palavras, jogadas para fora da boca dele, soam mais como uma acusação.


 “Ron...”


 “Não, não venha com ‘Ron’ para cima de mim. É isso?”


 Hermione morde o lábio inferior para evitar chorar.


 “Sim,” ela sussurra.


 O ar para entre eles.


 “Foda-se isso,” ele diz.


 “Quê?”


 “Foda-se isso, Hermione, isso não é... o que diabos você está fazendo?”


 Ele está furioso como ela nunca viu ele, e ela estava por perto em alguns de suas condições mais espetaculares.


 “Ron, não grita.”


 “Eu vou gritar pro inferno se eu quiser, Hermione, você está jogando tudo isso fora e você está aí dizendo para eu não gritar?!”


 Ela cerrou os punhos.


 “Eu não estou jogando isso fora!”


 “Ah é?” O rosto dele estava vermelho e ele está tremendo ele está lívido. “O que você chama isso? Eu amo você, Mione, eu amo você e a última vez que eu soube, você me amava também! Então, foda-se isso!”


 “Eu amo mesmo você, eu amo, eu só...”


 “Você só. Oh, você só. Bem, isso explica tudo, não é? Ela me ama. Ela está me chutando, também, ela está jogando fora nossa relação inteira, mas isso não importa, porque ‘oh só’!” A voz dele está tão alta que ela fecha seus olhos instantaneamente.


 “Eu não posso fazer isso mais, Ron! Eu... eu não posso me importar mais.”


 E com isso, ela vira e sai para fora do apartamento deles.


 “Foda-se, eu não me importo também!” ele grita nas costas dela enquanto ela vai embora.


 Ela passa todo o caminho até a casa de Harry e Ginny antes de começar a chorar.


 **********


 “É por causa de Ron, não é?”


 Hermione estava surpresa o quanto calma esta conversa estava, quanto gentilmente ele era em comparação aos seus outros rompimentos. Malfoy estraçalhou o coração dela, Terry foi incrivelmente estranho, e Ron... terminar com Ron foi como jogar um furacão dentro de um tufão.


 Mas ali estava Oliver, sentado no sofá deles, encarando as suas mãos enganchadas. Ele não tinha levantado a voz nenhuma vez.


 “Sim,” ela disse simplesmente, porque se ela is quebrar o coração do homem, ela poderia muito bem fazer isso com honestidade.


 “Eu tive um pressentimento.” Oliver balançava a perna esquerda dele, um hábito nervoso que ele tinha sempre que estava triste ou estressado. “Na festa de noivado dele.”


 Ela assentiu.


 “Você sabia naquela época?” ele perguntou.


 Hermione se mexeu no sofá.


 “Eu não sei,” ela respondeu. “Não conscientemente. Mas... eu acho que sempre esteve aqui.”


 Oliver respirou profundamente.


 “Essa foi uma das razões que eu te perguntei, você sabe. Eu pensei, se ela disser sim, ela não pode amar ele.” Ele finalmente olhou para ela. “Eu pensei, Hermione jamais ficaria com alguém se ela estiver apaixonada por outra pessoa.”


 Hermione alcançou para pegar a mão dele. Ela agarrou as mãos dele fortemente, segurando desesperadamente.


 “Eu não queria que fosse assim, Oliver. Eu amo mesmo você. Mas eu não posso...”


 “Mas você não pode,” ele repetiu suavemente.


 Eles se sentaram em silêncio, mãos ainda unidas.


 **********


 “Ei,” Ron diz.


 Hermione olha para cima. Ela o encara, não se importando nem em esconder sua surpresa.


 Ron vem para frente e senta ao lado dela. Ela abaixa o seu livro. Ele olha para o carpete. Ela não consegue tirar os olhos dela de cima dele.


 “Alguma coisa boa na TV?” ele pergunta, e a expressão dela suaviza.


 Enquanto ela observa ele se ajeitar no sofá, arrumando um jeito lentamente na familiaridade, alcança o controle remoto, começa uma conversa despreocupada enquanto assiste, Hermione percebe que ela sempre vai amar esse homem.


 **********


 “Sou uma vaca.”


 “Sim, você é, mas essa cor é realmente linda em você, e meus braços vão acabar caindo se eu não abaixar essa cesta logo, então nós podemos continuar andando?”


 “Eu quero aparatar.”


 “Você não pode aparatar.”


 “Porque não?”


 “Porque você está grávida de oito meses. Ginny, pare de ser infantil e continua andando.”


 A ruiva botou a língua dela para Hermione.


 “Você é uma tirana.”


 “Não, eu sou só uma mulher muito faminta que está segurando muita comida. E você é uma mulher muito grávida, uma linda mulher, só grávida, que tem um marido muito faminto e um filho muito faminto esperando por nós aqui por perto, então nós podemos por favor, por favor, continuar andando?”


 Ginny virou-se do reflexo dela no lado de um prédio perto delas.


 “Porque eu sou uma vaca?”


 “Oh, pelo amor de Merlin...” Hermione se controlou de dizer alguma coisa além e começou a andar. “Nós estamos a duas quadras do parque. Você pode se juntar a mim quando você parar de ser sem fundamento.”


 Resmungando, Ginny gingou para alcançá-la. Finalmente, as duas mulheres chegaram ao parque onde eles viram um Harry sorridente brincando de jogos de pegar com James a uma pequena distância.


 Hermione não pôde evitar sorrir enquanto ela olhava seu amigo.


 “Você sabe que ele vai estragar sua filha mimando, não sabe?”


 Ginny chegou a uma parada, ofegante.


 “Esse homem é louco por crianças. Ele nunca vai mais me deixar não estar grávida de novo.” Ela levantou sua mãe quando Hermione começou a andar em direção a eles. “Não, não mais. Eu declaro esse como o lugar combinado. Deixe que eles venham até nós.”


 “Por mim tudo bem,” Hermione disse, rapidamente abaixando a cesta de piquenique com um gemido e caindo ao lado dela. “Meus braços estão como manteiga. Eu preciso de mais exercício.”


  Harry olhou para cima e viu ela. Sua expressão virando um sorriso, ele balançou um James risonho nos seus braços e juntou-se às mulheres.


 “Eu quero ir pra Tia Mione!” James gritou, sua mãos pedindo pela morena.


 “Tão leal, meu filho,” Ginny murmurou, abaixando-se até o chão.


 Hermione imediatamente achou-se em possessão de um colo cheio de uma criança contorcendo-se.


 “Do que você o alimenta, Harry?” ela perguntou. “Ele pesa tanto quanto um elefante.”


 Harry deixou-se cair ao lado de sua esposa, dando-a um beijo rápido.


 “Culpe Ginny. Eu sempre fui uma criança magra.”


 “E eu sou uma vaca,” a ruiva repetiu sua ladainha. “Agora me dá comida.”


 “Sim, minha querida, minha luz, meu amor,” Harry abiu a cesta e começou a remexer.


 Hermione levantou uma sobrancelha.


 “Você está num humor assustadoramente alegre, Harry,” ela começou, automaticamente tirando as mãos de James de seu colar. “Posso perguntar o porquê do bom humor?”


 O homem de cabelos negros deu de ombros, retirando pedaços de frango e os entregando a sua esposa.


 “Oh, só meu humor normal, eu acho,” ele disse, mas Hermione viu o brilho travesso nos olhos dele e estreitou os próprios em suspeita.


 “Eu ainda não sei por que você me pediu para arrumar tanta comida, Harry,” Ginny disse, admirando-se com o conteúdo da cesta em frente a eles. “Você sabe que estou comendo por dois, não por vinte, certo?”


 “Eu pensei que seria melhor no caso de termos alguma companhia.” Harry deu uma mordida em uma maça e piscou para Hermione.


 “Harry James Potter,” ela começou a ameaçar, aborrecida, mas foi interrompida pelo grito agudo de Ginny.


 “Ron!”


 Hermione parou de respirar e o seu coração se comprimiu. Sua cabeça virou para trás.


 O ruivo andava em direção a eles, enfurecidamente casual.


 “Sr. Weasley, que gentil de você se juntar a nós,” Harry disse, sorrindo.


 “Estava de passagem, sabe,” Ron respondeu. “Vocês estão tendo um piquenique de algum tipo?” Ele abraçou Harry, agachou-se para beijar sua irmã na bochecha, e fez cócegas no seu sobrinho até que James estava declarando derrota. Durante tudo isso, Hermione sentou quase congelada, incapaz de olhar para outro lugar senão ele, tão completamente ciente de cada músculo no corpo dele.


 Ron virou para ela e ela pensou que poderia muito bem apenas morrer ali.


 “Ei,” ele disse, com a voz suave.


 “Parece que você e Harry andaram fazendo um pouco de conspiração.” Ela estava orgulhosa de como sua voz estava normal, e como ela não tremeu quando ele a abraçou.


 “Eu não acredito que você não me contou que você estava voltando! Eu não acredito que você não me contou que ele estava voltando,” Ginny bradava uma coxa de frango ameaçadoramente ao seu marido. “Quanto tempo você vai ficar?”


 Ron sentou com as pernas cruzadas ao lado de Hermione. A coxa dele esbarrou no pé dela.


 “Bem, estava pensando nos próximos sessenta anos ou algo assim, no mínimo.”


 “Você está voltado de vez?” a voz de Hermione saiu aguda, e ela se amaldiçoou.


 Ron olhou de relance para ela.


 “Sim. Minha missão acabou mais cedo, e para ser honesto, eu não podia esperar para cair fora daquele deserto. Harry e eu decidimos ter um pouco de diversão. Passa o frango?”


 Hermione entregou a ele alguma comida automaticamente, tentando não esbarrar os dedos dele com os dela.


 “Lydia está vindo depois?” Ginny disse, ligeiramente abafada pelas uvas na sua boca.


 Harry e Ron trocaram um olhar que fez alguma coisa dentro de Hermione girar um pouco mais forte.


 “Um não,” Ron começou. “Eu terminei o noivado.”


 “Oh, Ron. Eu sinto muito.” A bruxa ruiva não soava muito convincente, mas pelo menos ela parecia convincente.


 Ron deu de ombros.


 “Mamãe vai me matar, mas, ah bem. Só não era pra acontecer.”


 A cabeça de Hermione estava leve e seu corpo inteiro estava palpitando, mas ela fingiu normalidade e de alguma forma, consegui atravessar toda a refeição. Ela sabe que ela deve ter conversado, por que outras pessoas riram de suas piadas, ela sabe que ela deve ter ouvido, por que ninguém comentou a distração dela, mas por tudo o que há de mais sagrado, tudo o que ela conseguia pensar era que Ron estava sentado ao lado dela.


 Um pouco mais tarde, no primeiro estrondo das nuvens acima deles, Harry suspirou e começou a juntar a comida sobressalente.


 “Nós provavelmente devemos voltar para casa antes que chova.”


 Os quatro vagarosamente ficaram de pé. Harry levantou um James dormindo, que sonolento se agarrou a mão de sua mãe, e pegou a cesta de piquenique.


 “Ugh. Nós temos realmente que andar de volta?” Ginny perguntou. Harry riu.


 “James não diz uma palavra, e você é quem está reclamando. Eu não vou deixar você se esquecer disso.”


 “Você não faria isso,” ela disse sombriamente, e abraçou Ron e Hermione um de cada vez. “Vejo vocês mais tarde. Isso se eu sobreviver à jornada, isso sim.”


 Os Potters foram embora, Harry virando-se levemente para acenar. Hermione observou-os indo com um horror crescente enquanto percebia que estava agora sozinha com Ron.


 “Onde você está ficando?” ela perguntou casualmente.


 “Estou no Caldeirão Furado por mais ou menos uma semana até liberarem meu apartamento. Não é tão ruim.”


 “Bem, eu provavelmente deveria ir para casa,” Hermione disse, começando a se apressar.


 “Espera,” Ron disse, e ela parou, tensa. “Você vai aparatar?”


 Ela negou com a cabeça.


“Eu meio que quero dar uma andada agora.”


 “Mesmo se chover?”


 “Especialmente.”


 Ele se moveu para se juntar a ela.


 “Aqui, eu ando com você. Seu flat é no meu caminho, de qualquer jeito.”


 Não havia nada que ela poderia dizer para contradizer aquilo, então eles começaram a andar vagarosamente para longe do parque.


 Os poucos primeiros quarteirões foram em silencio. Hermione continuava olhando para Ron pelo canto de seu olho, tentando não ser pega. Ela o odiava por ser aparentemente tão calmo, tão tranquilo, enquanto todo o corpo dela estava um caos.


 “Desculpa não ter escrito tanto quanto prometi,” Ron disse por volta do terceiro quarteirão.


 “Não, está tudo bem. Eu gostei das cartas que você mandou.”


 “Que bom.”


 Por volta do sétimo quarteirão, Hermione limpou a garganta.


 “Então, um, a coisa com a Lydia? Você, você está bem?”


 “Sim, estou bem.” Ele riu gentilmente. “Na verdade, estou ótimo. Estranho, eu sei.”


 Na quadra dez, ela tropeçou no meio-fio, e ele pegou o braço dela para mantê-la de pé.


 “Obrigada,” Ela disse, corando.


 “Sem problema,” ele respondeu, a mãe dele soltando o braço dela. Ela sentiu que ele deixou uma marca para trás.


 “Eu ouvi sobre Oliver. Você está bem?”


 Hermione assentiu.


 “Estou bem. Eu me sinto.... me sinto mal realmente, mas eu, eu não estava pronta para aquilo.”


 Ron fez um pequeno barulho em concordância.


 Cinco quadras depois, justo quando a chuva começou a cair gentilmente, Hermione parou em frente ao seu prédio.


 “Bem,” ela disse, “Fico aqui. Obrigada por me trazer. Tem um ponto de aparatação bem do outro lado da quadram se você quiser.”


 Ron sacudiu a cabeça.


 “Senti falta da chuva. Eu acho que vou só continuar andando. Não é longe.”


 Ele se moveu à frente para abraçá-la, e os olhos dela fecharam-se instintivamente enquanto os braços deles se fechavam ao redor dela. Muito cedo, ele a soltou e se afastou.


 “Vejo você por ai,” ele murmurou, e ela levantou a mão em despedida.


 Hermione quase correu para dentro de seu prédio. Ela chegou o mais rápido possível aos pés da escada antes de parar de repente. Por um longo momento, ela ficou ali, um pé posicionado para começar a subida, olhos fixados em algum ponto acima dela na parede. Então ela se virou, acelerando rapidamente de uma caminhada para um trote para uma corrida para fora da porta.


 Ela correu freneticamente atrás do ruivo alto que andava tranquilamente para longe dela. O cabelo dela grudou em seu rosto, pequenos riachos de água começando a correr sua blusa abaixo enquanto a chuva descia intensa.


 “Ron,” ela gritou enquanto se aproximava. Ele virou e ela não parou, ela não pensou, mas como uma vez antes, ela se jogou nos braços dele e o beijou furiosamente.


 “Eu te amo,” As palavras saíram de sua boca assim que ela se afastou. “Eu amo você, eu sempre amei você, eu... eu tentei tanto, e eu pensei que não estava, mas quando nós não estávamos conversando e doía tanto e eu vi você de novo e você estava só tão – você era você e – é como você disse, toda vez que eu vejo você alguma coisa para, alguma coisa apenas acaba em mim, porque é você e sou eu e você tem que me amar de volta, você apenas tem que.” Ela acabou com pressa, as mãos dela ainda segurando os braços dele. Juntando toda coragem que ela possuía, Hermione olhou para cima para encontrar o olhar dele.


 Ela não teve tempo de registrar o olhar no rosto dele antes da boca dela estar na dela outra vez, os braços dele esmagando-a contra o corpo dele, as mãos dele no cabelo dela encharcado de chuva. Quando eles finalmente se separaram, sem ar, ela foi capaz de apreciar aquele olhar no rosto dele que estivera ali tantos anos atrás, o olhar que dizia que ela era luz e escuridão e que ele não tinha a menor ideia de como ela tinha acabado ali.


 “Garota boba,” Ron murmurou enquanto a beijava novamente. “Porque você demorou tanto?”


 **********


 Um sentimento estranho está no peito dela enquanto ela se afasta.


 Não é exatamente excitamento, apesar de ser parte isso, e não é exatamente medo, apesar de ser um pouco disso também. Ela aproveita o balançar do trem abaixo de seus pés enquanto ela se move de compartimento em compartimento e tenta esquecer aquela movimentação estranha dentro dela.


 Mas quando estão todos amontoados no salão, assustados e molhados e cercados de tantos outros, estudantes mais velhos os olhos dela acham naturalmente o garoto que tinha sujeira em sue nariz. A sujeira ainda está lá, e Hermione sente que ela está na cara de alguma coisa muito importante, se ao menos ela pudesse descobrir.


 THE END

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Comentários (4)

  • Dira

    Que perfeeeeita! Amei!

    2012-07-17
  • juliavon

    muito linda... sem palavras para descrever oq estou achando, mas.. vc escreve muitoooo bem

    2012-06-21
  • Melissa Resende

    Meu Deus essa fanfic foi a unica até hoje que conseguiu me prender  me fazer sonhar,desculpe mas pqp você escreve muito bem, nossa a historia tão bem detalhada e meus momentos de raiva para com a hermione foram os melhores essa ultima parte foi linda esse ultimo paragrafo me fez chorar, a lembrança veio como um furacão na minh cabeça, eu com 6 anos vendo a pedra flosofal, e vendo essa cena.. Parabéns mesmo, final perfeito!

    2012-02-25
  • andiara nobreza

    muito confusa nao consegui entender nada desde a 1° parte........

    2011-08-01
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