Gerânios, as flores menos pref

Gerânios, as flores menos pref



“Gerânios, as flores menos preferidas de Virginia Weasley”

Ginny acordou esbaforida. Novamente havia esquecido o dever de Poções. Suspirou. Sabia que ele daria mais um trabalho, como castigo.

Colocou o seu uniforme mais limpo e bem-passado, para ao menos estar impecável na aula.

Ginny já estava mais que acostumada a esquecer o dever de Poções, e não estava nem aí. Tinha coisas melhores para se preocupar, como um Draco Malfoy que não saía do seu pé. Draco e Ginny namoraram por algumas semanas, mas ela não agüentou e terminou o namoro. Mas Draco continuava provocando-a, por todos os cantos da escola.

Foi então que o relógio tirou Ginny de seus devaneios. “7:59? Ah, Deus, nunca, never, jamais vou chegar na masmorra em um minuto, merda!”, praguejou.

Saiu correndo feito louca, mas sabendo que não ia chegar. Olhou no relógio. 8:02. Suspirou com medo e abriu a porta da masmorra, fazendo questão de bater na porta antes. É nessas horas que temos que demonstrar toda a educação possível.

Todos os sonserinos e grifinórios do quinto e sexto ano que estavam presentes na masmorra olharam para a pequena Weasley quando ela entrou.

“Tsc, tsc, Weasley, atrasada dois minutos? Bom... multiplicamos dois por dez e obtemos... vinte. Sim, vinte pontos a menos para a Grifinória”, disse Snape com um sorrisinho.

“Mas...”, começou ela.

“E esqueceu o dever, de novo, Weasley. Assim como o sr. Malfoy.”

Ginny olhou desesperada para os lados. Não estava nem um pouco a fim de fazer um trabalho particular com Draco. “Não precisa me lembrar que eu esqueci o dever, professor. Já sei perfeitamente disso”, disse ela. Houve um “ooooooh” ecoando por toda a masmorra. Draco sorriu para Ginny.

“Mal-educada, não, Weasley? Menos trinta pontos para a Grifinória. E você e o sr. Malfoy farão um trabalho individual para amanhã, sem falta. Se não trouxerem, será uma semana de detenção”, disse Snape.

Ginny bufou e foi se sentar. Suspirou aliviada, ao escrever na agenda que o trabalho era completa e totalmente individual. Não teria que ficar sozinha com o ex-namorado.

Mas no fim da aula, um bilhete pousou em sua mesa.

Hey, Weasley. Que tal me ajudar nesse trabalho complicado, hoje à noite? Te espero sem falta na Sala Precisa, às 20:00.

Draco.


Ginny suspirou pela terceira vez. Ele estava tentando provocá-la. Mas ela não ia na Sala Precisa para ajudá-lo coisíssima nenhuma. Não ia!

Ia. Não ia. Ia. Não ia. Ia. Não ia. Ia...

É, ia. Aquele seu ex-namorado loiro sabia muito bem como convencer as pessoas. Ele era, em outras palavras, irresistível (não que Ginny admitisse isso, não, de maneira nenhuma). Ela fez um sinal de positivo para Draco, que sorriu.







“Então você vai se encontrar com o Malfoy, às oito, na Sala Precisa?”, questionava Hermione, pela milésima vez, no jantar.

“Só-pra-fazer-trabalho”, retrucou Ginny entredentes.

“Ainda sim, está indo se encontrar com ele”, alfinetou Ron. “Não é?”

“Vá para a puta que o pariu, Ron”, disse Ginny irritada. “Eu só estou indo porque ele sabe muito bem convencer as pessoas. Se ele não soubesse, eu não iria.”

Ron deu uma risadinha descrente. “Virginia, você ainda gosta do Malfoy, né?”

Ginny não respondeu. Não iria gastar saliva com esse assunto.

Quando Ginny estava namorando com Draco, Hermione foi a primeira a aceitar o namoro. Afinal, ela não tinha nada a ver com os assuntos (amorosos?) de Ginny. Harry foi o segundo. Não tinha também muito a ver com o assunto.

Mas Ron nunca aceitou, realmente. Ele sempre estava tentando mostrar a Ginny o quanto ela estava errada em namorar Malfoy. Mas o amor move as pessoas. Move?

E quando os dois terminaram, para Ron, o mundo era maravilhoso porque o céu era azul. Mas se fosse preto, também ia ser maravilhoso. Ron era muito curioso.

Mas curioso mesmo era a razão do fim de namoro de Draco e Ginny.

Flashback

“Ginny?”, chamou Draco. Ginny ergueu uma sobrancelha.

“Uhm?”

“Eu trouxe uma coisa pra você... erm, ãh, são flores”, ele entregou gentilmente um buquê de gerânios para Ginny.

“Own, Draco, que lindo!”, ela se comoveu. “Espere um pouco que eu vou colocá-las no meu dormitório, peraí...”

Draco sorriu. Flores deixavam as garotas tão moles...

Draco Malfoy. O sangue-puro. Ricaço, com uma reputação a zelar. Quem diria que ele deixaria tudo isso para trás só para namorar Virginia Weasley, a pobretona caçula, traidora do sangue, mas apesar de tudo incrivelmente linda? E ele adorava mimar Ginny, dizer coisas bonitas, dar coisas bonitas. Ver o sorriso estampando o rosto dela o fazia feliz.

Mas naquele dia tudo mudaria.

“DRACO MALFOY!”, Ginny berrou. Ela estava cheia de cortes e arranhões, e seu braço esquerdo estava em carne viva. Ela trazia o buquê de gerânios consigo. Gerânios que agora tinham bocarras escancaradas e vários dentinhos e dentões afiados. Draco ergueu uma sobrancelha e caiu para trás, assustado.

“Que aconteceu com você, Virginia Weasley?”, perguntou, preocupado e horrorizado.

“Eu é que te pergunto, Draco! Porque você comprou gerânios carnívoros para mim? POR QUÊ?”

Draco, além de assustado, preocupado e horrorizado, ficou confuso. “Gerânios carnívoros, Ginny? Mas eu n...”

“VOCÊ QUIS ACABAR COMIGO, NÃO É? QUIS ME USAR, PRA DEPOIS ME HUMILHAR, COMO UM LEGÍTIMO MALFOY! E DEPOIS AINDA IA ME MATAR, NÉ?”

Draco, além de assustado, preocupado, horrorizado e confuso, ficou completamente cético. “Eu, matar você, Virginia? Ah-ah, me poupe! Eu te amo, para que iria te matar?”

“Olhe isso aqui.”, ela disse em um tom muito baixo e perigosamente perigoso, mostrando o caule de uma das flores. “Estava brotando visgo-do-diabo, Draco, o que significa isso?”, ela começou a chorar baixinho.

“Olha aqui, Virginia Weasley, vamos esclarecer umas coisas: Eu fui a uma floricultura de Hogsmeade. Estamos na estação das flores e época de gerânios. Tinham gerânios muito bonitos e coloridos na floricultura. Eu peguei um buquê cheio de flores, preparado com carinho, para você! A moça da floricultura disse que eram eternos, e que por isso eram tão caros e especiais! Mas não me disse nada, absolutamente nada, sobre visgos-do-diabo e brotos carnívoros, okay? Não sei de nada!”, explodiu Draco.

Mas Ginny, aparentemente, não acreditara em nada. Mantinha o choro silencioso e um sorrisinho descrente.

“Eu nunca devia ter namorado com você, Malfoy. Você é um Malfoy, é lógico que ia querer me humilhar e me ver ferida, uma hora ou outra... Eu fui uma tonta de acreditar em você. ESTÁ TUDO ACABADO ENTRE NÓS, OUVIU?”

E saiu correndo pelos corredores, deixando no chão um Draco extremamente confuso, magoado e raivoso e um buquê de gerânios carnívoros, que estalavam os dentes na direção de Draco.

E foi a partir deste dia, que Virginia Weasley passou a odiar gerânios.


Fim do Flashback

Ginny parou em frente a porta da Sala Precisa. Pensou com calma. Okay, iria ajudá-lo em um trabalho, só isso. Abriu a porta, respirando fundo. Draco estava lá dentro, impaciente.

“Desculpe o atraso, Malfoy”, disse ela olhando para o teto.

“Não tem importância”, disse ele inesperadamente. “E aí, como está se sentindo, sozinha, sem eu, só com seus gerânios?”

Ginny ignorou. “Bom, vamos lá, Malfoy. A poção do Morto-Vivo é uma poção fortíssima usada para adormecer alguém. E ainda bem que alguém está aqui para te ajudar, hein?”, disse ela, olhando o que ele escrevera. “Os ingredientes dessa poção são raiz de asfódelo em pó e infusão de losna, e não heléboro e raiz-de-cuia...”

“Interessante. Mas e aí, já descobriu quem implantou gerânios carnívoros em uma floricultura?”

Ginny fuzilou-o com o olhar, suspirou e continuou. “O heléboro é usado na Poção da Paz, junto com pedras da Lua moídas. Foi por isso que Goyle borrifou a poção dele no Crabbe semana passada e ele ficou agitado, ao invés de se acalmar... ele não moeu as pedras da Lua direito, fazendo com que a poção ficasse azul ao invés de prateada e alterasse suas funções. Interessante”, disse ela.

“É, talvez. Será que nesse livro não tem nenhuma poção para arrancar dentes de gerânios?”

“Não me provoque, Malfoy. E na Poção Simples Para Curar Furúnculos, usam-se urtigas secas e presas de cobra.”

“E presas de gerânios carnívoros?”

Ginny fechou o livro com violência. “Malfoy, dá pra parar? Você não escolheu o melhor dia para tentar me tirar do sério, sabe!”

“Sei. E os gerânios também não haviam escolhido o melhor dia pra acabar com minha vida amorosa e, conseqüentemente, dois terços da minha vida. No meu jardim nasceram muitos gerânios, mas depois daquele dia, eu pisei em todos eles”, disse Draco, olhando fundo nos olhos de Ginny.

Ginny amoleceu um pouco ao ouvir aquilo, mas não completamente.

“No meu jardim nasceram muitas ervas-daninhas, e agora eu sei porque lembrei de você ao olhar para o jardim. Sabe, Malfoy. Se eu não te conhecesse, acharia que está falando sério.”

“Eu estou falando sério!”

“Uhm, me dê uma razão para acreditar em você.”

Ginny não precisou repetir o pedido; Draco prensou-a na parede e beijou-a com todo o desejo que pôde reunir. As mãos geladas passeavam pelos cabelos vermelhos e de seu jeito, Draco estava tentando dizer “eu te amo”. Draco e Ginny contrastavam, como o preto e o branco, como as inúmeras flores que nasceram naquela estação. Involuntariamente, Ginny deu permissão para o beijo ser aprofundado. E o beijo, que há alguns segundos antes era desesperado, sôfrego e cheio de desejo, então ficou calmo e doce. Doce como os lábios de Virginia. Doce como o mel que as abelhas produziam, abelhas que pousavam nas flores daquela estação. Estação de flores.

Os dois cambalearam, tamanha era a vontade que embutiam naquele beijo. E então, Ginny empurrou-o longe.

“Tá maluco, Malfoy?”, disse ofegante, os lábios vermelhos mas ao mesmo tempo sem cor. O peito arfante, subindo e descendo. Os olhos brilhando, de surpresa e susto.

“Você disse para eu lhe dar uma razão. Eu gosto de você, Virginia. De verdade. E você também gosta de mim”, ele disse sorrindo, enlaçando-a pela cintura.

“Não é sobre isso que eu vim falar aqui, Malfoy.”

“Ah, fala sério, criança! Você achou realmente que eu tinha lhe chamado aqui para me ajudar em um trabalho? Foda-se o trabalho, foda-se o Snape, foda-se a porra das poções! Eu te chamei para resolvermos de uma vez por todas, a sua criancice.”

Ela continuou calada.

“Acha mesmo”, continuou ele. “Que eu mandei gerânios carnívoros pra você?”

Ela suspirou. “Ok, Malfoy, vamos conversar. Eu acho que você mandou sim, porque você é um Malfoy e eu sou uma Weasley. E também acho, porque talvez você já tivesse se engraçando com a Parkinson novamente e queria terminar comigo de alguma maneira indireta. Vai me dizer que isso é mentira!?”

Ele balançou a cabeça afirmativamente. “É mentira, Ginny!”

Ela amoleceu mais um pouquinho ao ouvi-lo a chamando de 'Ginny' e ao sentir o toque quente dos lábios novamente. “Malfoy... Draco... eu... não dá. Não sei como acreditar em você!”

Ele abraçou-a, calmo novamente. “Me dá uma chance. Uma só, para conseguir te mostrar que eu nunca quis te magoar. Prometo que nunca mais te dou flores.”

Foi a gota d'água para Ginny, que se largou nos braços dele, beijando-o ternamente. “Ok, Draco. Mas prometa que nunca mais mesmo vai me aparecer com um buquê de gerânios”, os dois riram.

E Ginny novamente voltou a gostar de Draco, mas não voltou de maneira alguma a gostar de gerânios.

E a estação das flores continuava a plantar ervas-daninhas em seu jardim, mas então elas não lembravam mais Draco Malfoy.







“Ah, Ginny. Como é bom conversar com você em paz, assim, sem me preocupar com trabalho, com dinheiro nem nada”, disse Draco, recostado no colo de Ginny, os dois no sofá da sala de sua recente casa, a barriga de quatro meses de Ginny já apresentava uma razoável saliência. “Férias era tudo que eu estava precisando.”

“Agora que você falou em paz, em calma, eu me lembrei daquela época em Hogwarts, que você me deu acidentalmente, gerânios carnívoros”, disse Ginny rindo. Olhou pela janela, o jardim colorido, cheio de flores coloridas e belas (gerânios e ervas-daninhas estavam excluídos dessa lista). Era estação de flores novamente.

Fazia seis anos que Draco e Ginny estavam juntos. E três meses que estavam oficialmente casados, morando em uma casa só deles. Ahh, só nós dois, costumava dizer Draco. E a quatro meses atrás, Ginny começou a lembrá-lo que logo seriam 'só nós quatro' (afinal, Ginny estava orgulhosamente grávida de gêmeas).

“É, eu lembro. É bom saber, que agora você não se irrita mais como antigamente, ruivinha.”, disse ele.

“É, mas se você me irritar, eu posso fazer algo com você. Posso jogar você num caldeirão fumegante...”, disse ela, beijando o marido com doçura. “Posso te dar uma Poção do Morto-Vivo fora do ponto...”, passou carinhosamente a mão pelos cabelos louros de Draco. “Posso te transfigurar em algo horrendo...”

“Hum, agora você me fez pensar em uma coisa...”

Ginny beijou o marido novamente. “No quê?”

“Você me transfiguraria em um grande gerânio?”

FIM




Nota da Autora:

Enfim, comentem e, além de tudo, espero que tenham gostado! Qualquer dúvida, mande um e-mail ou add no msn, que é o mesmo do e-mail.
Beijos, Loren :*

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