Capítulo Único



- Avada Kedavra! – Dois gritos: um forte, determinado, carregado de raiva; outro doce, inseguro, porém grave. Jatos verdes se chocaram no ar, como se Harry Potter e Lord Voldemort duelassem no quarto ano. Mas ali, não importava quem fosse o vencedor, a morte predominaria.
Uma hora o raio tencionava atingir um lado; noutra, o outro.
Como um cabo-de-guerra. Mas num cabo-de-guerra você puxa a corda para si, no duelo o objetivo é lançar ao oponente.
E num cabo-de-guerra a recompensa é uma medalha de latão pintada com tinta dourada a e conseqüência, constrangimento.
Num duelo, recompensa e conseqüência são vida e morte, respectivamente.
As varinhas continuavam firmes, a disputa acirrada.
Draco Malfoy queria mostrar-se mais forte que Hermione Granger e Hermione Granger queria mostrar-se mais forte que Draco Malfoy.
Como se a batalha final não estivesse sendo travada ao redor dos dois. Como se Hogwarts não estivesse sendo destruída. Como se nada houvesse entre eles: só desprezo.
O duelo continuava empatado. Mantinham o sangue frio.
Como se não tivessem se beijado após a discussão na floresta em que Hagrid lecionava, nem dormido juntos na biblioteca apenas para monitores, muito menos passado noites falando dos temores sobre da guerra na torre de Astronomia.
Ela fraquejou. Por um segundo ele achou que ela desistiria.
Mas ela olhou em volta e viu Molly Weasley duelando com Bellatrix Lestranger; Neville Longbottom com Selwyn, Ginevra Weasley com Travers; Luna Lovegood com Goyle Pai; Harry Potter com Lord Voldmort e Ronald Weasley com Lobo Greyback. Então criou forças. Ela tinha com quem se importar. Ela tinha ideais.
Apertou a varinha confiante. Levantou a cabeça. Mas não o encarou. Não conseguiria matá-lo se olhasse em seus olhos. Não era uma assassina.
Talvez Hermione Granger achasse que amava Draco Malfoy. Mas ela não o amava. E ele sabia. A força que a grifinória adquirira ao visualizar, não só os amigos, mas também Ronald Billius Weasley deixara claro a quem o coração da morena pertencia.
Draco Malfoy não amava Hermione Granger e sabia disso. Tampouco estava apaixonado. Agradava-lhe a presença, apenas. Ela o ouvia, por mais que não conseguisse se calar. E ele raramente era ouvido.
Um erro fatal: os olhares de Hermione Granger e Draco Malfoy se cruzaram.
A boca fina e eternamente sarcástica. O nariz reto e arrogante. Os cabelos inacreditavelmente loiros. Os olhos cinza...
Os olhos cinza que lhe confidenciaram segredos. Os olhos cinza que brilhavam ao rir. Os olhos que ela talvez amasse...
Não podia matá-lo com aquela incerteza.
Levantou a cabeça - pois era digna disso. E soltou a varinha.
Antes que o pedaço de madeira atingisse a grama esverdeada, o verde do raio atingiu a bruxa no peito. O corpo caiu inerte nos jardins de Hogwarts.
Draco fitou-a por dois segundos. E foi embora.
Tinha uma guerra a vencer.

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