A Vila Herege e a Maldição

A Vila Herege e a Maldição



Capítulo 1 – A Vila Herege e a Maldição

No norte da região hoje chamada de Grã Bretanha, havia uma pequena vila, que ficava situada entre dois rios num vale no interior. A vila ficava exatamente no único pedaço de terra que poderia ser habitado no meio daqueles vales. O único jeito de se chegar ali era pelos rios.

Essa pequena vila era muito mal vista pelas pessoas que viviam fora dela. O motivo era simples: os moradores dessa vila não eram católicos. Por isso eram considerados hereges por uns e bruxos por outros. Havia muitas histórias envolvendo os habitantes da pequena Vila Red Roses. Que assim era chamada pelos seus habitantes, pois era cercada de rosas, e obviamente vermelhas.

A única pessoa que ia até essa vila era o caixeiro viajante que tinha um barco onde comercializava várias coisas. Ele ia até e trocava com os habitantes e quando voltava era esperado ansiosamente para contar suas histórias.

Ele era o único que defendia aqueles que eram chamados de hereges. Sempre falava que eles eram pessoas muito calmas e simpáticas além de serem muito amistosas. As mulheres não tinham verrugas pelo rosto e os homens não tinham chifres e caudas. As crianças eram como qualquer criança que ele tenha visto. As pessoas diziam que havia sido enfeitiçado, mas ele não acreditava nisso.

Muitas pessoas queriam o fim daquele antro do demônio, acreditavam que eles como seguidores de Deus deviam acabar com aquela devassidão do Diabo. Pois um dia aqueles moradores poderiam voltar seus poderes contra eles. Apesar de toda essa má fama ninguém fazia nada contra a vila, pois eles não tinham coragem de enfrentar aqueles que consideravam ‘bruxos’, e além do mais apesar de tudo aquela vila estranha fornecia excelentes coisas para eles, por que acabar com isso?

A maioria dos cristãos dali não queria mudar aquilo, mas outros não gostavam de como as coisas estavam andando, pois prejudicava os negócios. Então resolveram fazer alguma coisa.





Os moradores da vila não estavam totalmente isolados, um comerciante ambulante ia periodicamente com seu barco fazer negócios e trocas com eles. Havia chego o dia em que o caixeiro visitava a vila. Ele não estava muito feliz, pois apesar dos pedidos dele, haveria um grupo de inspeção para verificar se acontecia bruxaria ali, se tivesse aquela vila seria condenada, mas ele sabia que se não tivesse eles mentiriam para poder tomar aquela vila de terras tão férteis.

Foi logo depois do horário do almoço que ele atracou no pequeno píer que foi construído para ele. Quando terminou de prender seu barco, viu que já chegavam os moradores para a troca, havia uma pequena construção perto do rio, que eles abasteciam sempre que chegava perto o dia da troca.

Albert os viu aproximar. Reconheceu a família que se aproximava, eram os Morgan. Havia uma organização muito bem feita. Ele ia de duas em duas semanas na vila, uma para as trocas essenciais e outra para vestimentas e acessórios. A cada visita uma família o recebia. Eram oito famílias no total. O que sempre o deixou curioso sobre esse povoado eram as características comuns entre eles. O que sempre foi motivo de orgulho para eles.

As mulheres eram em sua maioria eram loiras, todas sem exceção, a única variação era o no tom dos cabelos. Os homens também tinham os cabelos loiros. Todos tinham os olhos azuis que davam um aspecto de anjo para os homens, enquanto as mulheres pareciam o pecado em forma de mulher, sua faces eram angelicais o que contrariava sua personalidades e corpos.

O que o fazia ver que era a família Morgan foi o cabelo da única mulher da família. Seus cabelos eram vermelhos, o que em contraste com sua pele alva fazia com que lhe desse um aspecto intimidante, mas quando ela sorria e falava era pura simpatia. Ela era a única ruiva da vila. E apesar dele não entender o porquê ela era a mulher mais respeitada por isso.

A família consistia em cinco membros. O pai, William. Tinha no mínimo um metro e noventa, cabelos loiros bem claros e olhos azuis da cor do céu. A mãe, Josefine. Tinha um metro e setenta, cabelos vermelhos sangue e olhos azuis escuros como a noite. O filho mais velho, Brian. Tinha quase a mesma altura do pai, cabelos loiros escuros e olhos iguais os da mãe. O filho do meio, Alex. Tinha a um metro e oitenta, olhos azuis claríssimos e cabelos quase brancos de tão loiros. Ainda tinha a mais nova, mas ele não sabia como ela era só tinha certeza de que ela era ruiva de olhos azuis e tinha cinco anos.


A família se aproximava em passos rápidos e firmes, percebeu que Josefine trazia a filhinha no colo. Quando eles se aproximaram ele os cumprimentou:

-Que bom revê los. Como estão?

William se adiantou e falou:

-Muito bem, espero que o mesmo acontece com você?

Albert balançou a cabeça um pouco e respondeu:

-Não muito bem, mas depois falaremos sobre isso.

Albert mudou de assunto e comentou com um sorriso:

-Vejo que finalmente conhecerei a princesinha dos Morgan.

A família Morgan riu e Josefine falou para a filha:

-Serena, cumprimente o nosso amigo Albert.


A menininha levantou a cabeça e olhou para o homem na sua frente. Ele ficou encantado pela cor dos olhos da menina, eram parecidos com duas safiras. Ela lhe deu um belíssimo sorriso que o fez relaxar.

-Sabia que você é uma menina muito bonita?

A garota sorriu e respondeu feliz:

-É claro que eu sabia. Eu sou a menina mais bonita da vila!

Todos riram. E Josefine respondeu ainda rindo:

-E muito modesta também.

A menina deu de ombros e respondeu rapidamente:

-Ora mamãe. Todos na vila dizem que eu sou a mais bela, porque eu diria então o oposto?

Albert riu maravilhado, aquela menina era muito inteligente, isso o surpreendeu. Deixando a conversa de lado, eles fizeram a troca de mercadorias calmamente. Quando terminou tudo eles se sentaram no barco do caixeiro para conversarem mais um pouco. O caixeiro estava nervoso, a família Morgan havia percebido e esperava que o amigo falasse o que o afligia.

Albert pensava em como ia falar até que seus olhos bateram na pequena Morgan. A menina estava com uma expressão séria, ele se fixou nos olhos delas, levou um susto, pois estava tão negros como a noite. Ela então o encarou, ele se sentiu fisgado. Viu tudo negro ao seu redor, parecia estar caindo num abismo profundo, um desespero imenso o atingiu, parecia que estava preso e que não conseguiria escapar.

Então tudo voltou ao normal quando ele ouviu a voz da menina, esta soava fria e impessoal.

-Eles estão vindo.

Os Morgan se encararam sérios, e então olharam para o caixeiro. William perguntou:

-Quem está vindo?

O homem suspirou e tentou arrumar as idéias. O que tinha acontecido com ele ali?

-Era isso que eu queria falar. Há um grupo, uma expedição com o objetivo de observar a vila. Eles querem saber se você são ofensivos. Então se eles verem que vocês são ofensivos, invadiram a vila os matarão.

Ele terminou de falar com a voz trêmula. Os Morgan estavam pensativos mais estavam calmos.

-Então não precisamos temer nada, pois somos pacíficos e nunca fizemos mal a ninguém.

Albert bufou, agora que já tinha se estabilizado, estava irritado.

-Eles não estão se importando com isso. Querem essas terras. Os seus produtos são muito visados la nas outras vilas e isso estão irritando gente importante. Assim que eles analisarem tudo montaram um relatório, partiram e voltaram com tropas para destruir todos vocês. Para se ter uma idéia eles não querem que vocês continuem vivendo aqui para não ter revoltas com a tomada, eles o querem mortos!


Todos ficaram pensativos com aquela revelação. Os Morgan estavam calmos apesar daquilo, sabiam muito bem o que fazer. Albert estava preocupado, já fazia aquele transporte de mercadorias há muito tempo e havia pegado amizade com aquelas famílias.

O garoto mais velho se pronunciou pela primeira vez:

-Eles devem chegar imediatamente, então temos que organizar alguma coisa. Eu acho que o melhor seria que um de nós fosse avisar os chefes de família para a chegada deles. Agiremos como sempre, na base da diplomacia, faremos uma reunião com todos e aí sim decidiremos os fatos mais importantes. Mas antes de tudo isso precisa analisar esses homens. Tenho certeza que a família Mayfair se sentiria lisonjeada em ter alguma coisa para fazer.

William sorriu orgulho, seu filho sempre havia sido um excelente estrategista. Concordou e antes que emitisse uma opinião ouviu um barulho quebrando a tranqüilidade do rio e da floresta. Eles saíram do barco do caixeiro e viram um barco grande. Era próprio para rio, pois não era muito exagerado como os do mar,

Albert comentou tristemente:

-Eles chegaram.

Os homens dentro do barco observaram as pessoas que estavam ali naquele porto improvisado. Enquanto estabilizavam o barco para poderem baixar a rampa para descer, olhavam desconfiados para aquela estranha comitiva. Eram três homens, com muitos traços familiares. Vira também o caixeiro viajante que haviam conhecido há um tempo atrás. Mais atrás havia uma mulher muito bonita. Todos os marinheiros da embarcação deram uma segunda olhada nela. Ela tinha alguma coisa que s atraia o olhar. Apesar de olhá-los de uma forma fria e analítica.

Todos desceram e rumaram para o encontro com aqueles homens. Eram no total quinze homens, entre eles um padre e um aspirante ao sacerdócio. Estavam entre desconfiados e curioso em relação àquelas pessoas.

Sabiam que tinham que manter um pé atrás, pois eles eram considerados hereges e aquela expedição era simplesmente para analise antes da invasão. Mesmo assim eles ainda estavam curiosos para saber como seriam aqueles hereges que viviam tão isolados. Para que não fossem influenciados pelo mal que naturalmente vinha deles, foi trazido o padre que foi o primeiro a falar.


-Boa tarde caros amigos viemos em paz para fazer uma visita a sua vila.

William observou atentamente o homem que estava na sua frente, ele se vestia estranhamente parecia um vestido àquela veste, apesar de achar graça permaneceu com sua expressão calma e respondeu ao cumprimento.

-Sejam bem vindos com a graça do Sol que nós ilumina agora.


Os homens se entre olharam surpresos e admirados. Pensavam que aqueles homens não falassem seu idioma tão facilmente. Primeiramente pensaram que eles eram simples camponeses ignorantes.

O padre sorriu e falou calmamente.

-Eu sou o padre Anderson Peterson, sou o representante oficial do grupo. Gostaríamos de falar com o líder de vocês para conversar sobre a nossa visita.

William ergueu a sobrancelha e fitou aqueles homens, sabia muito bem o que eles queriam, mais ficar com raiva não adiantava, tinha que resolver de um jeito diferente.

-Prazer, sou William.

-Então o senhor William poderia nos levar até para líder de seu povo?

William pensou um pouco não sabia o que significava a palavra líder, nunca havia sido usada pelos seus.

-Líder?

O padre viu a confusão nos olhos do anfitrião. Os outros suprimiram risadinhas, enquanto Anderson respondia calmamente:

-Sim líder. A pessoa que governa a sua vila, ou seja, aquela que mantém o poder sobre ela.

William fez uma cara de compreensão e respondeu:

-Não temos ninguém que governe nossa vila, todos nos cuidamos dela do mesmo jeito com os mesmo poderes.

O padre ficou surpreso. Teria que haver um poder entre eles para que se mantivesse a ordem.

-E como se mantêm a ordem aqui?

-Ora, cada um cuida do que lhe destinado na vila e vivemos muito bem com isso.

Os visitantes não sabiam o que falar diante disso até que um dos rapazes se aproximou, ele parecia o mais velho dois garotos.

-Pai, eles querem falar com alguém que represente o nosso povo e que seja o mediador dessa conversa, ou seja, uma pessoa que tenha influencia sobre as outras da vila e que pode as representar.

William sorriu para o filho e respondeu alegremente para padre:

-Então era isso? Nesse caso eu seria muito grato ao ser útil, mas creio que aqui não é um lugar apropriado para esse tipo de conversa, vamos para a vila e ficaremos mais confortáveis.

Os visitantes ficaram um tanto quanto ressabiados com essa idéia, mas seguiriam o padre mesmo a contra gosto. O padre teve uma breve conversa com os homens e mandou que alguns ficassem no barco.

- Creio que poderá nos levar agora.

O loiro deu um sorriso calmo e falou antes:

-Espere só um momento.

Ele virou se para a mulher que se mantivera quieta até aquele momento e lhe falou:

-Busque a menina, para que a gente possa ir logo.

A mulher assentiu e foi rapidamente para dentro do barco do caixeiro viajante. Voltou trazendo uma pequena menina adormecida no colo. Ela ajeitou a filha no colo e caminhou junto com o filho mais novo enquanto mais velho acompanhava o pai e os visitantes.

Os homens lançaram alguns olhares para a mulher, pois apesar de já não ser nenhuma menininha tinha uma beleza sem igual. William percebendo falou no mesmo tom de antes:

-Creio que não fui muito educado, esses são os meus filhos e minha mulher.

O padre também tinha percebido os olhares dos homens, viu que os mesmo desviaram a atenção meio sem graça. Ele assentiu e continuaram caminhando depois de um tempo em silêncio Brian falou:

-Já estamos chegando.

Os visitantes olharam por onde estava indo, era uma pequena estrada pela qual estavam seguindo. Havia muitas árvores cercando o caminho podiam ouvir o canto dos pássaros e o vento soprando as folhas. Ali era muito bonito. Apesar de toda beleza cada um reparava em alguma particularidade da região. Usariam esses dias para conhecer melhor aquele pedaço para a invasão. Estavam concentrados até que eles sentiram um aroma muito gostoso no ar.

O aspirante ao sacerdócio murmurou pela primeira vez:

-Rosas...

Todos olharam para onde ele estava olhando, a direita deles onde a estrada se alargava havia um belíssimo campo cheio de rosas vermelhas, aquela visão era belíssima e encheu os olhos dos visitantes.

Podiam ver que havia mulheres e homens circulando por entre as fileiras de rosas. Quando passavam estes se levantavam e o observavam curiosos. Começaram a se movimentar junto com o grupo até chegarem numa pequena entrada onde numa placa enfeitada com rosas dizia. “Red Roses”. Entram e viram várias construções rústicas de madeira, muito simples mais muito bonitas. Havia várias casas espalhadas e ao redor delas cresciam as árvores da floresta como uma barreira natural. Já havia muitas pessoas no que parecia uma praça no meio da vila, onde uma belíssima árvore se erguia.

William parou ali e falou:

-Vamos esperar pelos outros para fazermos uma reunião.

Um dos homens perguntou:

-Vamos fazer essa reunião aqui embaixo de uma árvore?

-Sim. Algum problema?

-Não é que muito esquisito.

O garoto que falou não devia ter mais do que vinte anos e levou uma cotovelada de um senhor que estava do seu lado e aparentava ter o dobro da idade do moleque, que abafou um gemido de dor.

-Costumamos nos reunir aqui para discutir os nossos assuntos é mais confortável.

William e os filhos sentaram nos bancos que tinham por ali e foram seguidos por alguns visitantes que foram se acomodando como acharam prudentes.

Depois de um bom tempo mais homens da vila foram chegando que gerou um comentário entre os visitantes.

-São todos loiros?

Isso era que se percebia ao começar a se juntar os moradores da vila. Todas as mulheres e homens eram loiros e a única diferença era na tonalidade de seus cabelos. A exceção era a mulher do homem que os havia conduzido até ali.

Sete homens se aproximaram curiosos daquele grupo que estava ao pé da árvore se dirigiram direto a William:

-Quem são esses, William?

-Logo saberemos tudo em detalhes, estou aqui para fazer uma reunião de emergência para descobrir.

Os homens se encaram e rapidamente foram até as mulheres que se encontravam de um lado observando.

Algumas palavras foram trocadas. Os dois filhos de William que estavam de seu lado se levantaram e foram embora. Logo depois os sete homens que haviam se aproximado voltando.

-Cadê os outros?

Um dos homens respondeu:

-Eles não vão vir, foram resolver outros assuntos. Irão esperar uma reunião interna.

William assentiu com a cabeça e começou a falar para os visitantes.

-Aqui estão os representantes das oito famílias.

Um dos homens que havia chegado falou:

-Meu nome é Edward. Sou o representante da família Mayfair. Como um dos representantes desta vila gostaria de saber quem são vocês e o que querem aqui. E desculpem se eu parecer mal educado sendo tão direto.

O padre assentiu com a cabeça, pensou “aquele homem foi bem mais que direto.”.

-Como eu já tinha dito eu sou o padre Anderson Peterson. Viemos aqui para conhecer a sua vila, pois já ouvimos falar dela. A igreja gostaria de ver os seus costumes e com o perdão da palavra ver se vocês fazem alguma coisa que desagrade o nosso bom Deus.

Edward olhou seriamente para aquele homem, queria que seu filho estivesse ali para poder fazer uma leitura mais precisa daqueles homens, mas já havia percebido que aquilo era uma mentira descarada, ia retrucar mais viu um movimento de cabeça de William e ficou quieto.

Um outro homem que parecia ser bem mais velho que Edward que parecia ter trinta e cinco anos falou:

-Sou Caine, representante da família Randall. Por que vocês gostariam de saber se desagradamos ou não o seu Deus. Nós pelo que imaginamos nem seguimos a mesma crença que vocês.

O padre considerou aquela resposta e respondeu seriamente:

-Simples. Nós só gostaríamos de saber como é a rotina de vocês. Como devem saber Nós da Igreja sempre estamos curiosos por saber que ainda exista uma aldeia pagã no meio de nossas terras, nós respeitamos o seu modo de viver. Nunca nos agrediram e colaboram com suas plantações, por isso viemos nesse pequeno grupo para uma visita amistosa.

O mais novo dos homens da vila que estava ali presente falou num tom manso de voz.

-Então vocês querem conhecer a nossa rotina e o nosso modo de viver. Interessante. Excelente. Adoramos visitas, mas a única que recebemos é a de Albert e não é sempre que ele vem até nossa vila. Todos aqui o tratarão bem, tenho certeza.

Os oito homens se olharam com sorrisos bondosos. Os forasteiros se olharam desconfiados, mais com um pensamento, se eles realmente aceitaram sem nem questionar com certeza serão um bando de idiotas.

O padre contente olhou com simpatia para os homens na sua frente.

-Muito obrigado ficaremos no barco e viremos durante o dia para cá observar.

O mesmo homem que havia falado que eles eram bem vindos falou:

-Nem pensar vocês ficará aqui mesmo na vila e se hospedarão em uma de nossas casas. Não podem renegar nossa hospitalidade. Ficaríamos muito tristes se o fizessem. Eu como um Fraser não gostaria que nosso visitante dormisse num barco.

Os visitantes se sentiram envolvidos pela voz daquele homem. Seus pensamentos se tornaram um pouco confusos por alguns instantes e no fim todos concordaram que seria uma ofensa recusar esse convite.

Aceitaram de imediato e mandaram um dos homens avisarem o pessoal que ficou no barco. O padre perguntou curioso:

-Como distribuiremos os meus companheiros em suas habitações?

William respondeu calmamente:

-Vocês ficaram na minha casa que está vazia neste momento. Fica do lado da casa que fica minha família, como o representante de minha vila, minha família cuidará da estadia de vocês aqui.

Os visitantes ficaram mais que surpresos ao saber que aquele homem era o líder daquele bando de hereges. Ele parecia ser um idiota! Começavam a pensar que aquele trabalho seria muito mais fácil que os haviam dito.

Os homens da vila que estavam ali reunidos olharam interrogativos para o líder deles, não entendiam muito bem o que ele queria fazer com tudo isso, mas ficaram em silêncio para discutirem depois.

William continuou:

-Meus filhos mostraram suas acomodações na casa.

Como se tivessem sidos chamados em voz alta os dois filhos de William apareceram.

-Esses são os meus filhos Brian e Alex. Acompanhem eles até a casa ao lado da nossa e veja o que será necessário para eles se instalarem.

Os dois filhos se encaram e olharam para o pai seriamente, deram de ombros num sinal indiferente e acompanharam aqueles homens até a casa.

Quando os invasores estavam longe o suficiente para não ouvirem Caine perguntou:

-O que você pretende com tudo isso William?

O homem mencionado deu um sorriso que poderia se4r considerado maroto e falou:

-Depois nós conversamos, volte para as suas casas, a meia noite teremos uma reunião na clareira, não se esqueçam que hoje é o dia dos Antigos.

Os moradores resolveram esperar sabiam que William não falaria nada por agora.

Os visitantes acompanharam em silêncio os dois irmãos, estavam curiosos para saber onde ficariam. Até que vira uma casa enorme, mas parecia sem vida.

-É essa casa que vocês vão ficar.

Brian os levou até a casa e entrou mostrando tudo tirou alguns lençóis que cobriam os móveis e falou:

-Essa casa tem dez quartos espalhados pelo andar de cima e o térreo. A cozinha fica lá trás. A comida, presumo que minha mãe mandará no horário correspondente. Mas alguma coisa que vocês acham que vão precisar?

Os homens se olharam curiosos, não sabiam muito bem o que esperar daquele povo. Tinham que ficar sozinhos para poderem se organizar e acertar alguns detalhes. Ajustando o plano deles de acordo com os costumes daquele povo.

Responderam:

-Assim que os nossos companheiros que ficaram no barco voltarem nós verão o que falta e os avisaremos. Onde poderemos entrar em contato com você?

-Estaremos na casa ali da frente. Se precisarem é só chamar. Deixaremos vocês se acomodarem.

Os dois irmãos se despediram e foram embora. Os visitantes logo se movimentaram. Começaram a discutir seus planos de invasão. Arrumavam de acordo com o que tinham visto. Ali não tinha só marinheiros contratados, tinham soldados do exército especialistas em alguma área determinada. Começaram a discutir sobre tudo o que puderam perceber daquela área e de seus habitantes.

O padre só relatou o que havia percebido das pessoas. Encerrou o seu relatório assim:

-Não pensem que só porque eles são bondoso, que eles sejam idiotas. Pude perceber muita astúcia em todos que a gente encontrou e olha que não vimos os outros habitantes. Precisamos conhecer as famílias, pois pelo que me parece cada uma delas tem algo de especial. Não se esqueçam, não subestimem ninguém!

Os homens ouviram isso atentamente, muitos não acreditavam e já pensavam em como poderiam dividir aquelas terras férteis, pois havia prometido uma parte daquelas terras para eles e com habitantes tão idiotas seria fácil conquistar aquelas terras.

Poucos foram aqueles que acreditaram nas palavras do padre. Esses eram os mais velhos daquela expedição, já haviam visto muita coisa e perceberam que se aquela vila era tão prospera e tão organizada o povo não seria tão idiota assim.

Um desses senhores falou:

-Temos que ser cautelosos com esses hereges. Não sabemos que tipo de coisa eles podem fazer. Não se esqueçam que o demônio tem várias faces para poder nos enganar.

Só com esse pensamento é que o ânimo dos invasores foi acalmado. Eles queriam prepara a invasão imediatamente, mas com isso eles resolveram esperar para conhecer melhor o alvo.

As horas foram passando. Os invasores continuaram dentro da casa. Os homens que tinham ficado no barco chegaram com as coisas e já estavam se acomodando quando ouviram que alguém batendo na porta.

Alguns se assustaram, mas Henrique foi abrir a porta. Henrique era o que tinha pedido calma, era o mais velho da comitiva. Tinha cinqüenta anos, era moreno com os cabelos negros igual aos seus olhos. Ao abrir deu de cara com aquela mulher que eles souberam ser a mulher do líder daquele povo. Ela carregava uma panela enorme nas mãos protegidas com panos. Atrás delas estavam vários homens carregando a mesma coisa que ela. A mulher falou:

-Sou Josefine a mulher de William. Vim para trazer a janta de vocês.

Henrique deu passagem para a mulher e seus acompanhantes. Os invasores sentiram o cheiro da comida e foram ver o que era. Vira aquela belíssima senhora trazendo comida. Alguns fizeram alguns comentários baixos entre si.

Um dos homens que estava acompanhando Josefine olhou rapidamente na hora para o homem que tinha feito o comentário malicioso.

O homem que comentou percebeu o olhar daquele cara e estranhou será que ele ouviu. Mas ele estava muito longe e ele falou muito baixo. “Então por que ele o estava encarando daquele jeito?”

Josefine arrumou a comida na mesa e quando ia servir, o padre falou:

-Pode deixar que e agente se serve. A senhora já nos ajudou muito.

Ela sorriu e respondeu:

-Se os senhores preferem assim. Quando acabarem, por favor, poderiam avisar lá em casa? É para podermos pegar e lavar as panelas.

Padre assentiu e o grupo saiu da casa deixando o grupo jantando.

-Será que a gente pode comer essa comida? Pode ter veneno.

Um dos homens respondeu. Já com uma colher cheia na mão:

-Não me importa se está com veneno ou não, mas o que conta é que eu estou morrendo de fome e o cheiro ta bom de mais.

Ele comeu e parou um instante, todos o olhavam apreensivos. Ele arregalou os olhos e começou a se contorcer, os outros já estava, afastando a comida assustados e se levantando para ajudá-lo quando ele começou a rir e falou divertido:

-A comida está excelente. E vocês deveriam ter visto a cara de vocês.

Ele acabou recebendo muitos tapas e socos pela brincadeira mais depois todos se ocuparam em comer e tiveram que concordar a comida estava excelente.

Não demoraram muito para comer por causa da fome, mas levaram quase o dobro do tempo para decidirem que ia bater na porta dos anfitriões hereges. Depois de muita discussão Henrique foi junto com Ricardo, um jovem muito calmo, tinha uma aparência tranqüila o que contratava com sua aparência selvagem. Tinhas os cabelos castanhos até o ombro, os olhos eram quase dourados dando um toque felino nos eu rosto que continha uma cicatriz na bochecha.

Os dois foram até a casa da frente. Os lampiões da casa estavam acesos eles foram até a porta da frente. Ouviam risadas masculinas e uma feminina. Pareciam estar muito felizes. Bateram na porta e a risada diminuiu um pouco. Ouviram passos e a porta foi aberta. Era um dos filhos do cara, o menino os convidou para entrar.

Observaram que a casa era bem arrumada e sala onde estavam todos era muito bonita apesar da simplicidade. Quando apareceram no batente da porta, todos os encararam o que os deixou desconfortáveis.

Foram tratados muito bem e até beberam um pouco de uma bebida que eles tinham ali e que parecia muito com uísque. Enquanto estavam ali eles puderam ver o rosto da única filha do casal de anfitriões. A menina era a versão em miniatura da mãe. Era muito sorridente e ficou muito curiosa com os visitantes.

Ficou envolta deles perguntando curiosa sobre tudo que conseguisse pensar. Todos riam muito da curiosidade da garota. Depois de um tempo eles foram com aquele pessoal buscar as panelas. Os invasores já estavam preocupados com aqueles dois que tinham ido, e quando iam atrás deles, chegaram sorridentes e calmos.

Depois que já tinham recolhido as panelas. Os invasores que ficaram bombardearam Henrique e Ricardo com perguntas. Depois do interrogatório todos foram dormir, mas por segurança eles fizeram turnos para vigiar a casa por dentro.

Neste dia a meia noite os moradores da vila se reuniram e discutiram sobre os visitantes. Eles decidiram deixar as coisas rolarem e planejaram uma defesa para o ataque deles. Teriam que fazer uma movimentação sutil para que os visitantes não percebessem. Colocariam eles para trabalhar na construção da casa assim pelo menos eles estariam ocupados para perceberem a movimentação deles.



Os dias foram se passando. Já estavam ali há dois meses. Pelo calendário cristão era sexta feira. Os visitantes ficavam andando pela vila observando os costumes no começo, mas depois tiveram que ajudar na construção de uma casa para um casal que ia se casar em breve.

Eles se integraram com os habitantes e passaram a conhecer um pouco das pessoas. Agora já conheciam as oito famílias da vila. Eram eles os Morgan, os Mayfair, os Randall, os Fraser, os Campbell, os Graham, os Murray e os MacGregor. Cada família tinha o seu representante. Eram aqueles homens que foram conversar com eles, mas pelo que puderam observar, algumas pessoas da família tinha um destaque maior, só não sabiam o motivo para isso.

Ficou obvio que a família Morgan era a mais respeitada. Todos ouviam os seus conselhos os quais eram sempre seguidos. Josefine Morgan era uma mulher que se destacava entre as outras da vila, não só por ser ruiva enquanto as outras eram loiras, ela tinha alguma coisa mais que impunha um respeito. A mesma coisa acontecia com seu marido, só que numa escala menor.

As outras famílias também tinham seus encantos. O padre tinha descoberto bastante sobre elas. Os Mayfair eram intuitivos. Os Fraser eram muito charmosos. Os Campbell eram fortes. Os Graham eram muito inteligentes. Os Randall eram leais. Os Murray eram justos e os MacGregor eram muito observadores.

A única família que ele não conseguia classificar era os Morgan. Era uma família tão estranha. Eles não pareciam ser nada demais. A única diferença deles para os outros eram as mulheres da família que eram ruivas. Por isso o padre numa hora perguntou a Allan Campbell sobre o assunto:

-Pelo que percebi a família Morgan é que detêm o poder sobre a vila. Verdade?

O rapaz olhou pensativo para o padre e respondeu:

-Não é bem o poder. Eles são os mais respeitados, só isso. A opinião deles tem que ser levada em consideração antes da dos outros.

-Mas por que isso? De onde vem esse respeito maior pelos Morgan?

O rapaz estava com uma cara de quem estava pensando sobre o assunto. Mas o que o padre não percebeu era a comunicação silenciosa que o rapaz tinha com Benjamin Mayfair. Só depois que a conversa silenciosa acabou é que ele respondeu:

-Os Morgan são os mais respeitados porque eles foram os primeiros a se assentarem aqui na região. A família deles foi a primeira a construir casa aqui e só depois que foram trazendo mais pessoas para cá.

-Então os Morgan foram os fundadores dessa vila?

-Sim, é exatamente.

-Isso tem quanto tempo?

-Isso deve ter acontecido há pelo menos duzentos anos. Quando os primeiros Morgan chegaram aqui. A história é passada para cada nova geração através dos Antigos.

O padre entendeu Antigo como os mais velhos da vila. Aproveitando da conversa franca que estavam tendo, o jovem perguntou surpreendendo o padre:

-Você disse que era padre. Mas o que e padre?

O padre Anderson estava surpreso com a pergunta e depois de algum tempo ele respondeu:

-Bem, eu represento Deus na terra. Sou da Igreja Católica que é a religião que eu sigo.

O menino apesar de um pouco confuso concordou com a cabeça.

-Então tipo. Você é como se fosse um sacerdote desse seu deus ai?

O padre fez uma pequena careta pelo modo que o rapaz falou, mas respondeu pacientemente:

-Sim eu sou um sacerdote de Deus.

O rapaz deu um sorriso e falou:

-Que legal! Você é sacerdote de que deus?

O padre ficou desconcertado com aquela pergunta e tentou explicar da melhor forma possível.

-Na minha religião só se acredita em um deus.

O rapaz ficou surpreso, ali na vila cada família representava um deus. Não se prendiam a uma religião exata. Cada família adorava um deus. Esse deus para eles não tinha um nome específico, pois pelo que sabiam cada cultura o chamava de algum nome. Cada família venerava seu deus de seu jeito, mostrando respeito a tudo que estivesse ligado a ele. Na sua família o deus que era adorado era o da força, vigor e resistência. E era representado por ele mesmo, pois era o representante dessa força na vila.

-Na minha família acreditamos num deus que represente a força. Então nós cultuamos a força em todas as suas representações.

O padre escutava aquilo intrigado e curioso, pois o rapaz tinha adotado uma posição séria para falar daquele assunto diferente do jeito brincalhão e curioso que ele normalmente era.

-Cada família tem o seu sacerdote. Este cuida para que a adoração de cada deus seja cumprida do jeito certo.

-Então são oito sacerdotes? Interessante. E onde eles vivem?

-Eles moram com a gente nas casas, com suas famílias.

-Os sacerdotes daqui se casam?

-Sim, com vocês é diferente?

O padre assentiu com a cabeça e parou um pouco para absorver aqueles pequenos detalhes. Continuou a conversar sobre aquilo com o rapaz enquanto este trabalhava. Até que viu a pequena Morgan, ela estava com uma cesta de flores na mão e andava com uma menina que deveria ter o dobro da sua idade, elas conversavam com lindos sorrisos no rosto, foi então que ele presenciou tudo.

A menina brincava normalmente quando de repente deu um grito de dor e caiu no chão chorando e se contorcendo. Isso poderia já ser considerado estranho se Allan no mesmo momento não tivesse um gemido e a garota que estava do lado da pequena Morgan não tivesse caído no chão chorando.

{Visão de Serena Morgan}

Serena estava caminhando com sua amiguinha estava feliz porque tinha pegado algumas belíssimas flores. Sua amiga Anne era muito esperta e tinha achado as melhores. Estavam indo para sua casa para fazerem enfeites com as flores para decorar a casa do futuro casal da família de Anne.

Foi então que Serena viu. Ela ainda não sabia controlar a ligação que ela tinha com as pessoas da vila. Sua mãe tinha lhe explicado que todos na vila eram ligados, mas ela que tinha a ligação mais forte.

Serena viu e sentiu o que Millie estava fazendo. Ela caminhava tranquilamente com uma cesta de ervas quando foi cercada por dois dos visitantes eles taparam a sua boca e a arrastaram para trás do celeiro. Serena caiu no chão chorando pelo que estava vendo, ela sentiu a dor que Millie sentiu ao receber um soco por tentar lutar. Quando os abusos começaram Serena se contorceu no chão de dor. Seu corpo não estava sendo machucado como o de Millie, mas ela sentia na própria alma as agressões. Não estava conseguindo agüentar sozinha isso e dividiu com a vila aquilo. Os outros por terem uma ligação mais fraca não viram como ela, mas puderam sentir. As mulheres choraram as mesmas lágrimas que a menina enquanto os homens sentiram a dor. Ela logo sentiu alguém a levantando e falando com ela.


{Visão do Padre Anderson}

O padre viu rapidamente um homem que ele reconheceu sendo Peter Mayfair se ajoelhou do lado da menina e a pegou no côo, murmurando algo em seu ouvido e acariciava o rosto da menina. Tudo aquilo parecia muito estranho. Allan e todos que estavam por perto foi até a garota, ele também se aproximou e ouviu a estranha conversa:

-A Millie não.

-Foi com a Millie?

-Sim. Atrás do celeiro, nas moitas. Eles ainda estão lá. Ela está sofrendo, estão machucando ela. Cuidem dela, por favor...

A voz dela foi morrendo nas últimas palavras e ela desmaiou. Peter se levantou, sua expressão era de pura raiva e ódio. O padre nunca tinha visto aquela expressão em ninguém daquela vila até aquele momento, mas ao ver sentiu uma cala frio e muito medo do que estaria para acontecer.

-Meninas vão para suas casas. O resto vem comigo.

Ele viu como estavam as mulheres da vila. Parecia que tinham apanhado e estavam chorando muito.

Os homens foram na direção do celeiro, ele ficou ali mais um tempo, mas depois os acompanhou. Ele estava quase chegando quando ouviu o grito de um homem. Correu e viu a cena que ali se desenrolava.

Dois de seus companheiros de viagem estavam presos por dois homens da vila. Não gostou disso e se aproximou para interferir, quando viu a moça no chão. Ela não se mexia e estava no meio de uma poça de sangue. Sua pele estava pálida e seus cabelos sujos de sangue. Em seu rosto via se claramente duas manchas roxas iguais as que se espalhavam por seu corpo. Os sinais do tipo de violência que ela tinha sofrido eram visíveis.

Anderson ficou com medo do que aconteceria com os dois homens, esse tipo de crime já era castigo de uma forma terrível em sua sociedade, imagine então numa vila de hereges.

A voz que ele ouviu o deixou surpreso. Josefine se aproximou, ela estava com lágrimas nos olhos mais sua voz saiu firme:

-Eles serão julgados pelo Conselho hoje à noite. A família da jovem e a família Murray têm que ser avisada. Nossos deuses decidiram o que deverá ser feito deles.

Ela lançou um olhar furioso para os dois homens que os fizeram encolher. Ela falou de uma forma fria:

-Que o seu deus tenha piedade de vocês, pois os nossos não terão.

Ela pegou a filha e foi embora. Os dois homens foram levados para uma casa pequena e que ficava perto de uma entrada da floresta. Dois Campbell ficaram na porta. Os amigos e companheiros de viagem que não estavam ali ficaram curioso para saber o que tinha acontecido. As explicações foram rápidas. O padre foi falar com William. Tentava convencer o homem de deixá-lo levar os dois prisioneiros para serem julgados pela sua justiça. O homem só olhou para o padre, seu rosto não tinha o seu constante sorriso bondoso, agora havia uma máscara de ódio e fúria controlada, ele falou:

-Deixamos que vocês ficassem aqui conosco para vocês observarem a gente. Queríamos que vocês se convencessem de que éramos um povo de paz e que não queríamos brigas, só desejávamos ficar com nossas terras e viver nossas vidas. Por isso aceitamos que vocês ficassem mesmo sabendo que vocês planejavam todos os dias a invasão e destruição de nossa vila e de nosso povo. Tratamos nos com respeito e bondade, sempre dispostos a cooperar, pensávamos que mesmo que vocês levassem adiante a idéia de nos invadir poderíamos conviver durante esse tempo calmamente, mas vocês traíram nossa confiança ao tocar numa de nossas garotas. Podemos deixar passar as conspirações que fazem debaixo dos nossos narizes, mas não deixaremos passar esse crime que cometeram. Esses dois homens serão julgados pelo conselho e pelos Antigos. Você e o seu ajudante podem vir e observar como nós fazemos a nossa justiça.

William foi embora e deixou um padre embasbacado. Então eles sabiam desde o início da invasão! Mesmo assim nos acolheram. Ele naquele momento sentiu um pouco de culpa, mas abafou aquele sentimento e foi contar falar com seus homens. Estes ficaram furiosos, mas não podiam fazer nada, pois na hora que as pessoas pegaram os prisioneiros, foram barrados por homens da vila e somente o padre e o seu ajudante puderam passar. Só ficaram calmos quando ouviram uma ordem do padre. Foram para a casa onde deveriam ficar esperando enquanto o padre foi no julgamento.




Desde o momento que o padre colocou os pés na clareira do conselho ele percebeu que seria a coisa mais estranha que já tinha feito.

Primeiramente. A clareira era enorme e bem no meio da floresta. A lua iluminava o lugar, pode perceber que ali além de servir como palco de julgamento era também onde colocavam os seus mortos. Havia oito caixões enormes em cima de pedras retangulares rusticamente entalhadas. Numa pedra no meio das outras havia o corpo da menina que havia sido morta. Ela estava numa roupa muito bonita e não parecia ter sofrido tanto. Percebeu que ela estava em cima de muitos gravetos e viu que ela seria queimada.

Sentado na frente de cada túmulo estava sentado uma pessoa, entendeu que cada um era de uma família. Essas pessoas eram as mais variadas. Eles tinham entre vinte e cinqüenta anos. Além dessas sete pessoas sentadas havia a menina Morgan que estava chorando ao lado do corpo da jovem morta. Oito pessoas estavam atrás das que estavam sentadas e William estava em pé. Os prisioneiros forma amarrados num pedaço de ronco que estava no meio da clareira e os homens que o trouxeram foram embora.

Ele e o ajudante se sentaram num lugar indicado por William. Este se posicionou e falou num tom frio.

-Que o julgamento comece.

Josefine se levantou e foi até o caixão da família da garota, ela era uma Graham. A ruiva colocou a mão em cima do caixão e falou alto e firme num tom sem emoção:

-Eu, Josefine Morgan convoco o Antigo representante do Clã Graham. Peço que venha e assista ao julgamento dos assassinos de sua filha.

Um frio inundou a clareira, uma brisa apareceu causando calafrios no padre e em seu ajudante.

Um grito foi ouvido seguido de um choro alto. Uma senhora apareceu no meio das sombras. Ela tinha a pele muito pálida, era ruiva e estava toda de preto. Ela rapidamente cruzou o espaço entre onde estava e o corpo da garota. Seu choro se tornou mais forte e de seus olhos escorriam lágrimas de sangue. O padre e o seu amigo se benzeram e se persignaram, com um pensamento “é um demônio!”.

Josefine se aproximou da mulher e falou:

-Venha que sua presença será importante no julgamento.

A velha se levantou ainda com as lágrimas de sangue escorrendo. Ela olhou para os dois prisioneiros que molharam as calças de medo com a intensidade do olhar da velha. Esta falou com uma voz que ressoou na clareira e pareceu perfurar a alma de cada um que estava ali.

-Eu abro o Conselho para o julgamento. Que a nossa justiça seja feita.

Nesse momento a pequena Morgan começou a cantar uma música numa língua estranha. Todos pararam para ouvir e mesmo enquanto ela cantava, eles se posicionaram. William falou:

-Nossos deuses decidiram o que deve ser feito nesse caso.

Os sete que estavam sentados abaixaram a cabeça. A voz de Josefine foi ouvida:

-Para julgar eu chamo: Lester Mayfair e Charles Murray.

Os dois convocados se levantaram. Josefine continuou:

-Para julgar o coração dos prisioneiros chamamos Charles.

Charles era um homem de vinte e cinco anos. Era loiro como os outros. Tinha um metro e noventa e uma aparências justa. Ele foi até o primeiro prisioneiro que o observava com medo. Ele sorriu e encostou a mão no peito do homem. Este sentiu um frio no peito seguida de uma dor, parecia que estavam arrancando o seu coração.

Depois de uns segundos pode se ouvir a batida forte do coração do homem em toda a clareira. Atrás de Charles apareceu uma sombra, não dava para ver seu rosto, só dava para ver sua mão esquelética que segurava uma balança pequena. Num lado da balança havia uma pena e no outro o coração do homem.

O padre ficou chocado com aquilo. Ele viu a balança pendendo de um lado e mostrando que o coração era mais pesado que a pena, ele entendeu isso como culpado.

A mesma coisa foi repetida no segundo prisioneiro. Ao acabar Charles falou:

-Eu os declaro culpados das acusações.

Ele foi se sentar. Os prisioneiros estavam pálidos e pareciam ter corrido uma longa distância de tão suados e arfantes que estavam.

Josefine falou de novo:

-Para julgar a consciência dos prisioneiros chamamos Lester.

Lester caminhou até os prisioneiros que o olharam com mais medo ainda. Este era maior do que Charles e tinha uma expressão fria insondável no rosto. Ele colocou as duas mãos, cada uma em cima da cabeça de um dos prisioneiros e o grito de dor deles foram terríveis. Eles se contorceram. Lester se pronunciou:

-Quanto mais pesada for mais doloroso será.

Os dois prisioneiros deram um outro grito forte. Com certeza aquele grito deve ter sido ouvido pelos mortos de tão alto que foi. O padre estava chocado demais para poder expressar alguma opinião, mas o rapaz do seu lado falou num sussurro:

-Não tem mais como salva los, eles mesmos confessaram a própria culpa diante dessa magia do diabo.

O padre olhou para o rapaz do seu lado, mas não falou nada.

Lester falou:

-Eu os declaro culpados da acusação.

Josefine ia se pronunciar quando foi interrompida pela velha.

-Para julgar a alma dos prisioneiros eu chamo Serena Morgan.

Todos na clareira fizeram uma cara assustada, mas tremeram ao ver que a menina parou de cantar. Ela se aproximou dos prisioneiros, ela tinha os olhos negros como se o próprio demônio tivesse se apossado de seu corpo. Ela deu um sorriso demoníaco e parou na frente deles. O sussurro da velha foi dito com alegria e arrepiou a todos.

-Suas almas serão julgadas pela morte.

Serena olhou nos olhos do primeiro prisioneiro. Ele se perdeu dentro do negro dos olhos daquela garota. Parecia que estava afundando num mar negro. Ele começou a ouvir gritos horríveis, demorou a perceber que era ele que estava gritando. Sentia seu corpo ser dilacerado, sentia como se sua alma estivesse completamente nua, sendo exibida para todos. Por um momento tudo acabou ele não sentiu nada e não viu mais nada.

As pessoas na clareira olhavam abismadas para o que estava acontecendo na frente deles. Eles viram quando os olhos do homem ficaram vidrados e logo em seguida ele começar a gritar como se estivesse sendo morto lentamente.

Foi quando a boca dele se abriu e dela saiu uma bola pequena, ela era meio enevoada e tinha uma cor cinza. Parecia uma bola de energia que emergia da boca do prisioneiro, que estava muito pálido e com os olhos desfocados. Seu corpo estava meio mole mais continuava na mesma posição como se estivesse preso por fio invisíveis. A bola foi até a altura do rosto de Serena, ela ficou concentrada por alguns segundos, a bola brilhou ainda mais e um cheiro não muito bom se espalhou pelo ar vindo da bola. Ela comentou:

-Está podre, não há nada que se possa fazer.

A vida já estava se extinguindo do prisioneiro quando ela lhe devolveu a alma. O corpo se estremeceu ao receber a alma de volta e o homem desmaiou. O mesmo processo foi feito com o outro prisioneiro e a alma deste era ainda mais escura do que do outro. Ela devolveu a alma ao corpo e fez uma careta e falou:

-Esse é ainda pior do que o outro essa alma é ainda mais podre. Foi ele que fez com que Millie desejasse a morte e ter entregado a sua vida sem querer mais lutar. Ainda consigo ouvir os lamentos dela. A raiva por não conseguir se proteger, os pedidos dela para que a poupassem.

A menina começou a chora de novo, agora eram lágrimas de sangue. Josefine se aproximou e pegou a menina no colo e a levou embora. William continuou o julgamento:

-Ele já foi julgado pelos três sacerdotes de nossa terra e foi declarado culpado. A pena para isso é a máxima. Execução.

Houveram muitos murmúrios de aprovação. O padre não gostou da notícia e ia retrucar quando William o encarou ferozmente e falou:

-Como o último julgamento foi dado por uma Morgan à pena de execução deverá ser executado pelos Antigos, como manda as nossa tradições.

Todos se levantaram e começaram a se movimentar para irem embora da clareira. Os dois que não eram da vila ficaram sentados esperando pelos prisioneiros até perceber que ninguém se movia para pegar os prisioneiros. Ele perguntou para William que já estava do seu lado:

-Vocês não vão pegar os rapazes que estão amarrados?

William o olhou impassível e respondeu friamente:

-Não. Eles foram condenados à morte pelos Antigos. Então serão deixados aqui.

Padre Andersen não estava entendendo nada.

-Como assim serão deixados aqui?

William explicou calmamente:

-Os Antigos moram na floresta eles não ficam com a gente na vila. Só vem uma vez por semana. Eles apareceram e executaram a punição.

-Moram na floresta?

Andersen olhou para trás e viu os prisioneiros ainda amarrados a arvore desmaiados. Ele levantou um pouco o olhar e viu as árvores que cercavam a clareira. Pó r um instante pensou ter visto dois olhos o encararem, sentiu um arrepio na espinha e viu o seu ajudante estremecer do seu lado.

William também viu o garoto estremecendo então apressou os dois. Sussurrou:

-Se vocês quiserem ver como vai ser a execução, problema de vocês, mas não acho que seria uma boa idéia para a mente de vocês. E não teríamos como provar para os seus amigos que ainda estão na vila, que não fizemos nada com vocês.

O padre sabia que se ficasse podia não voltar e se voltasse não seria como antes. A clareira tinha alguma coisa que o assustava. Sentia que ali era o lugar que eles se reuniam para adorar os seus deuses e isso o deixou muito assustado. Apesar de já ter vivido e visto muitas coisas estranhas na vida, sentia algo extremamente ruim vindo daquele lugar parecia uma sensação de perigo que piscava fortemente na sua mente. Ele não sabia de onde vinha essa sensação antes, mas agora eu já tinha uma idéia, ele pensou “nós iremos perder muito com essa invasão.”.

Cada um foi para a sua moradia. Todos estavam com semblantes tristes e abatidos pelo que tinha acontecido. Naquela noite nenhum dos visitantes dormiram, o motivo eram os gritos vindos da floresta. Apesar da distância era horrível ouvir aquilo, parecia que estavam torturando os dois homens, eles tentaram sair de casa para ajudar mais assim que colocaram os pés para fora de casa um frio se apossou de seus corpos e uma voz horripilante falou no ouvido deles.

-Se tentarem ajudar, sofreram o mesmo ou até pior.

Ninguém se atreveu a sair depois disso, ainda mais depois de descobrirem que a voz não tinha corpo. Os gritos continuaram por um tempo e depois cessaram brutamente. Mesmo assim só conseguiram dormir quando estava amanhecendo.

Dois meses se passaram desde o julgamento, os habitantes já tinham se acostumado com a perda e viviam suas vidas normalmente apesar de não falarem mais com os visitantes. Eram poucos as palavras trocadas e essas só existiam quando eram realmente necessárias.

Para os visitantes as coisas estavam sendo levadas naturalmente, o ataque já tinha o dia marcado para se realizar, seria no dia do casamento onde todos estariam mais indefesos com a festa. Aproveitariam essa oportunidade, tudo já havia sido decidido e só esperavam o sinal do exército que faria o ataque. Estavam reunidos conversando:

-Vai ser mais fácil que tirara doce de criança.

-Com certeza, eles são uns idiotas.

-Não o subestimem, eles podem ser cruéis se quiserem, não se esqueçam dos nossos companheiros mortos.

-Não nos esquecemos deles, por isso mesmo pensamos assim, ele cutucaram a onça com vara curta. Sofrerão as conseqüências.

Continuaram discutindo sobre isso. Considerava aquele povo um bando de ignorantes rudes que iam contra todos os mandamentos da Santa Igreja. Eles seriam mortos e tudo seria resolvido.

Enquanto isso pessoal da vila também estava reunido. Todos estavam ali, desde as crianças até os mais velhos. Conversavam sobre o ataque que aconteceria, sabiam quando seria e por isso planejavam suas defesas.

-Esses invasores não perdem por esperar, se eles pensam que nós vamos deixa los tomar o que é nosso, eles estão muitíssimos enganados.

-Com certeza. Apesar de termos aceitados eles aqui, tivemos os nossos motivos, conseguimos toda a informação que necessitamos para nos defender. Ficaram bem surpresos quando chegarem aqui.

-Eles não contavam com a nossa inteligência. Esperavam que nós agiríamos sempre entregando tudo de mão beijada, mas eles pagarão por ter nos subestimado.

-Mas temos que tirar as crianças daqui, não podemos permitir que eles as peguem.

-Com certeza, mais o que faremos com elas, temos que proteger a vila e ao mesmo tempo não podemos deixar as crianças sozinhas.

-Isso mesmo o que faremos então?

A pequena Morgan se aproximou e falou:

-As crianças ficaram comigo.

Todos a encararam sabiam que ela estava fora de si, e sabiam quem estava falando por ela, percebiam pelos olhos extremamente negros.

-As crianças ficarão sob a guarda dos Antigos. Cada um cuida de sua criança. Como cada família tem um criança, ficará mais fácil. Elas serão levadas para longe da vila até que tudo se acabe.

Todos ficaram mais aliviados com o fato de que as crianças ficariam a salvo. Mas Serena não tinha acabado de falar:

-As crianças terão que carregar a semente do poder de vocês, ou seja, a essência. Não podemos permitir que elas fiquem sem proteção. Até o casamento eu quero que todas as crianças estejam prontas. Elas ficaram no casamento e antes que o sinal seja dado elas serão levadas pelos Antigos. Eu já os informei sobre todas as possibilidades do que pode acontecer. Estão preparados para tudo. O Antigo do Clã Morgan ficará aqui junto com a menina, pois ela será o meio que eu usarei para lhes proteger.

Ficaram em silencia pensando sobre o assunto. A menina logo que acabou de falar desmaiou e foi pega no colo gentilmente pelo pai, enquanto a mãe chorava baixinho com o pensamento de deixar a sua filhinha no meio da batalha.

Cada um seguiu para a sua casa pensando no que fariam para proteger suas vidas, suas famílias e sua vila.

O casamento aconteceria naquela noite. A expectativa era palpável no ar. Os visitantes acordaram animados com a invasão e estavam muito felizes. Saíram para poderem observar a arrumação para a festa. Quando chegaram perto da árvore central, tudo estava muito bem arrumado com várias mesas pequenas para seis pessoas e duas mesas enormes. Uma deveria ser para a comida, mas a outra tinha cadeiras e eles imaginaram que seria para a família dos noivos.

Até a árvore estava decorada. Todos os enfeites eram feito de flores e as cores predominantes eram o vermelho sangue e o verde escuro. Tudo estava arrumado envolta do que parecia um arco feito de madeira coberto de flores. Os dois jovens que iam se casar eram Allan Campbell e Renne MacGregor.

As pessoas corriam de um lado para o outro arrumando tudo. O casamento começaria de tarde. O padre estava observando tudo muito interessado. Gostaria de saber como era o casamento naquele lugar herege. Estava perdido em pensamentos observando o local ao seu redor quando pode ver uma coisa bem interessante. Seu ajudante Anthony estava conversando com a menina Morgan. Está estava rindo muito enquanto ele tinha uma expressão calma e mantinha um pequeno sorriso no rosto. Eles conversavam alegremente sem se dar conta de nada ao redor. Percebeu que apesar de conversar com a garota o ajudante parecia perdido em pensamentos distantes dali.


Anthony pensava na vida em geral e em como havia chegado até naquela vila. Ele foi parar ali obrigado, mais estava gostando. O tempo que passava com aquelas pessoas era realmente precioso e anotava tudo em seu diário de viagem. Seu pai não o queria em casa e o havia mandado para o sacerdócio. Ele não tinha opção se não aceitar ou seria morto pelo que ele lembrava das ameaças do pai, mas o motivo que o havia feito aceitar o sacerdócio era a sua mãe, que pediu. Agora estava ali no meio do que seria uma guerra “perdida”.


Serena falava com ele naturalmente, o que o deixou surpreso, pois ela e o povo dela não gostavam nenhum pouco dos visitantes. Anthony era o único que a garota ainda se aproximava e falava normalmente, por isso ele era muito bem tratado pelos outros moradores.

Não entendia o motivo dela ainda falar com ele mais não se importava muito com isso, estava até feliz de ter esse privilegio. Gostava de conversar com a garota, ela era muito inteligente para a sua idade, e falava com muita desenvoltura. Parecia sua irmã mais nova, a qual ele sentia muitas saudades. Foi tirado de seus devaneios pela menina.

-Você não entende o motivo de ser tratado bem.

Ele olhou para a garota e percebeu que ela estava com os olhos negros, ao tanto quanto naquela clareira, mais o suficiente para o deixar abalado. Continuou olhando para ela surpreso.

-Como sabe disso?

-Está muito claro em sua alma. Você quer saber o motivo de ser bem tratado?

Ele concordou com a cabeça e ela falou com um sorriso muito enigmático.

-Só é tratado bem porque falo com você. Eles respeitam minha decisão.

-E por que você fala comigo?

Ela o avaliou e respondeu:

-Simples. Você não é como os outros. Você entende o que nós passamos. Você tem no sangue o mesmo poder que o nosso. Você e descendente do exilado. Por isso é faz o que faz.

Anthony arregalou os olhos. Ele nunca imaginaria que uma criança de cinco anos saberia de seu maior segredo. Como isso podia acontecer?

-Eu sei disso, porque também sou descendente de uma exilada. Você pode não ter o controle sobre o seu poder hereditário mais eu tenho.

Ele ofegou e ficou pálido. Sua mãe já havia lhe contado sobre a outra exilada. Um arrepio passou pelas suas costas e quando ia perguntar mais os olhos da menina voltaram a ficar no seu tom azul. Voltaram a conversar normalmente apesar dele ainda estar um pouco chocado. Aquilo realmente era muito estranho.


O padre ficou curioso quando viu as reações que passaram pelo rosto de seu ajudante. Viu surpresa, medo, compreensão e algo mais que não conseguiu identificar. Perguntaria o que tinha acontecido depois. Continuou o seu passeio pela vila.

Era incrível como um casamento podia fazer as pessoas se movimentarem. Ficou observando as pessoas correrem e não viu o tempo passar. Já devia ter passado da hora do almoço, pois seu estomago estava reclamando. Estava distraído andando para casa para comer alguma coisa quando o pararam. William estava na sua frente e falou rapidamente:

-Você e o seu pessoal, vão se arrumar e estejam pronto para a festa. Não queremos ninguém de fora na comemoração.

Do mesmo jeito que apareceu de repente o homem desapareceu entre as cadeiras arrumando algo. O padre não sabia muito bem o que pensar, mas seguiu adiante. Todos na casa se arrumaram e saíram para a festa. Já estava ali toda a vila reunida. Na mesa grande estavam sentados: Lester Mayfair, Charles Murray, John Graham, Serena Morgan, James Fraser, Ian MacGregor e Emily Randall. Deles sete só Serena era criança. Os outros já tinham mais de vinte anos. Eles eram os que estavam na clareira. Então eles eram importantes.

De um lado tinha alguns instrumentos musicais e do outro lado havia a mesa de comes e bebes. As pessoas já estavam se sentando com suas famílias a espera da cerimônia. Um pequeno grupo se destacou e foi para os instrumentos. Havia um enorme baú atrás da árvore, que parecia fora de contexto. Os visitantes foram dispostos afastados da árvore, mas ainda tinham uma boa vista de onde aconteceria o casamento.

Depois de um tempo toda a vila estava ali, menos os noivos. Justine estava na frente da árvore olhando para todos enquanto estes se acomodavam, quando confirmou isso com uma rápida passada de olhos começou a falar:

-Hoje é um dia muito especial. Celebraremos a união de um de nossos sacerdotes. Hoje um Campbell e uma MacGregor irão unir seus destinos e suas almas. A força e a astúcia. Podemos começar a união. Tragam os brasões.

Por um caminho que havia sido feito entre as mesas Allan Campbell veio andando lentamente. Seus passos eram firmes, e seu porte era imponente e demonstrava força. Estava com belíssimos trajes, sua calça era vermelha e tinha inscrições bordadas ao longo dela, vestia uma blusa de manga curta e um colete por cima, este também era ricamente bordado. Todo o traje era vermelho só variando no tom e o bordado da roupa parecia ter sido feito com fios de ouro. Seus cabelos dourados pelo raios de sol estavam arrumados desordenadamente. Tinha um sorriso no rosto e carregava um pano vermelho nas mãos.

Ele andou até a árvore e pendurou o pano num dos galhos baixos da árvore. Então todos puderam ver que o pano vermelho, era um belíssimo exemplar de tapete onde estava gravado o brasão da família, dava para ver um leão enorme tão bem bordado que parecia que iria saltar em cima deles a qualquer momento. Os olhos do animal eram vermelhos e pareciam buscar uma presa. Sua juba parecia flamejar. Allan se posicionou do lado de seu brasão. Enquanto sua noiva entrava.

Renne MacGregor veio pelo mesmo caminho que o seu noivo. Ela parecia estar deslizando e não andando de tão leve e sutil que era o seu caminhar. Seus olhos observavam tudo ao seu redor rapidamente somo se avaliasse a situação. Trajava um belíssimo vestido verde escuro, com vários bordados em ouro com os trajes do noivo. O vestido era rodado na saia, mas não fazia muito volume e tinha um corpete por cima do pano e que ressaltava a sua cintura e o colo. Usava um colar que terminava numa pedra escura e muito bonita em forma de lágrima. Seus cabelos loiros estavam num penteado simples, onde uma longa franja caia sobre de lado sobre um de seus olhos. Em suas mãos tinha um pano verde.

Ela se encaminhou para a árvore e depositou seu brasão num outro galho da árvore. Todos puderam ver a enorme cobra que estava ali bordada. A pele da cobra era negra e seus olhos eram da mesma cor que o pano. Ela parecia se enroscar na madeira que estava bordada com ela. Seus olhos brilhavam tanto que todos tinham a impressão de que ela sairia do tapete e deslizaria para eles. A cobra era enorme e parecia com uma naja. Renne se colocou do lado do seu brasão ficando de frente para o noivo.

Justine continuou a falar:

-Podemos começar a união oficialmente.

Emily Randall se levantou e foi até o casal. Colocou as mãos em cima da cabeça dos dois e começou a falar:

-Hoje será realizado o casamento tão especial de um sacerdote Campbell com uma MacGregor. A partir do momento em que seus destinos se ligarem, vocês só pertenceram um ao outro. Nada nem ninguém poderá mudar isso. O amor de vocês perdurará eternamente mesmo quando estiverem do outro lado, o amor de vocês os guiaram para poderem ficar eternamente juntos.

Emily pegou uma corrente do bolso. Os visitantes perceberam na hora que era feita toda de ouro. Já pensavam em como pega la. Emily juntou as mãos dos noivos e as prendeu com a corrente. Um brilho saiu da corrente e envolveu o casal. Um rugido foi ouvido seguido de um pequeno chiado. Um homem saiu de trás da árvore. Estava todo vestido de vermelho. Seus cabelos eram castanhos e seus olhos eram azuis. Tinha quase dois metros de altura, era realmente enorme e forte. Seu rosto tinha um sorriso discreto, mas seus olhos mostravam um calor imenso.

O misterioso homem se aproximou dos noivos e colocou suas mãos sobre a corrente. Com se tivesse ganhado vida a corrente se enroscou no braço dos dois e os uniu. Ele não falou nada e depois que a corrente desapareceu ele cumprimentou os noivos com um movimento de cabeça e desapareceu atrás da árvore.

Todos que assistiam ao casamento tinham prendido a respiração quando aquele homem apareceu. Os habitantes da vila estavam admirados e encantados, mas não surpresos como os visitantes estavam totalmente surpresos e incrédulos. Não conseguiam entender o que tinha acabado de acontecer. Primeiro aquele homem que nunca tinham visto aparecendo do nada, depois o brilho da corrente e o sumiço dela. Estava tudo muito confuso para eles.

Ignorando a surpresa dos visitantes, Emily continuou:

-Fomos agraciados com uma presença muito especial hoje, mas agora vamos continuar com a cerimônia.

Todos que estavam sentado na mesa grande se aproximaram dos noivos e fizeram um círculo ao redor deles. Emily se juntou ao circulo. Os sete começaram a entoar um cântico em uma língua estranha. Os visitantes ficaram perdidos, enquanto os habitantes da vila se emocionavam com a melodia.

As vozes do grupo eram melodiosas e parecia que anjos estavam cantando de tão belo que era. Eles mudaram o cântico, mas agora um de cada vez se aproximava do casal e colocava a mão em cima das mãos deles. Falavam alguma coisa numa voz sussurrada e depois voltavam à antiga formação.

Os visitantes não podiam ver mais várias luzes envolviam o casal e o círculo ao seu redor. Cada pessoa emitia uma luz de uma cor. A única que não emitia luz era a noiva que olhava tudo encantada. Ian emitia uma luz verde escuro. Emily era azul escuro. Allan era vermelho sangue. Lester era azul celeste. Serena, era preta. Charles era roxo. John era cinza. James era marrom. Elas se juntavam e formavam um belíssimo e diferente arco íris que rodava o casal no que parecia uma dança. Então depois de alguns minutos as luzes se convergiram e se transformaram em um belíssimo colar que foi entregue para Allan que colocou no próprio pescoço.

Todos foram se sentar. O silêncio tomou conta do lugar, então uma brisa gélida passou por ali. O casal olhava para frente espantado demais para falar alguma coisa. Os outros habitantes olharam para a mesma direção e o que viram os deixou pasmos.

Havia uma mulher parada observando a todos. Ela era alta e tinha longos cabelos negros, seus olhos eram de um azul fortíssimo, seu corpo era lindo e estava coberto por um vestido preto com um corpete por cima na mesma cor. Os cabelos estava soltos e ficavam balançando conforme o vento batia. Ela caminhou por entre os moradores da vila que a reverenciavam admirados.

A misteriosa mulher parou perto do casal e os olhou com muito carinho. Depositou beijos em seus rostos e murmurou:

-Parabéns pelo casamento.

A mulher olhou de novo para as pessoas ao redor, o carinho que ela tinha por eles era palpável. Ela então falou:

-Uma dança para o novo casal.

Todos arfaram nesse momento ao ouvir aquela voz aveludada e que parecia música aos seus ouvidos. Mais uma música começou a tocar e todos desviaram seus olhos para onde estava os instrumentos e se surpreenderam ao verem sete “desconhecidos”, tocando. A música foi ficando mais agitada a cada segundo e aquela belíssima mulher começou a dançar. Os sete que estavam na mesa começaram a entoar a música como se já a conhecessem de cor. Os moradores acompanharam nas palmas.

Os visitantes estavam confusos quem era aquela mulher? E aqueles homens? Será que eles podiam interferir na invasão? E que dança era essa que estava fazendo o sangue deles circular tão rápido!

Ela se movimentava com uma enorme graciosidade e beleza. Seus movimentos eram delicados e suaves ao mesmo tempo em que sensuais. Sua dança diminuía e aumentava de acordo com o ritmo da música. Os olhos dela se fixaram num ponto distante e ela deu um pequeno sorriso. Num convite ela pegou na mão da noiva e a fez dançar com ela. Os movimentos passaram a ser marcados e sincronizados. Era uma dança bonita de se ver e empolgava.

Ao final da música as duas pararam uma de frente para o outro, cada uma segurando a cintura da outra e se olhavam nos olhos. A mulher se soltou de Renne, esta se curvou numa breve reverencia. Saiu dali pelo mesmo caminho que entrou fazendo um breve aceno com a cabeça. Falou num sussurro:

-Desculpem-me, mas isso terá que acontecer, e não posso fazer nada para impedir.

Uma lágrima de sangue escorreu pelo rosto da mulher que desapareceu no meio de uma névoa que se formou ao seu redor do nada. Todos olharam ainda admirados pelo que tinha acontecido e tristes ao entenderem o recado dela.

A última parte da cerimônia iria acontecer. Havia uma roda formada pelas mesas dos moradores e nesse círculo, Serena estava parada sentada no chão. Ela estava vestindo um belíssimo vestido negro e havia um grande sorriso em seus lábios.

Os visitantes olharam curiosos para a menina. Grupo que estava sentado com ela na mesa grande foi para os instrumentos musicais e cada um pegou um. O casal de noivos se sentou em cadeiras que estavam dispostas quase que na frente da garota, só que numa boa distância.

A música começou a tocar era num tom suave e delicado. Parecia celestial de tão belo. Foi então que uma voz angelical foi ouvida. Serena cantava enquanto se movimentava no que parecia passos de bale, seu corpo demonstrava uma delicadeza e uma coordenação muito grande para uma criança de cinco anos. Foi então que ela começou a movimentar os braços, seus passos ficaram mais marcados e cadenciados.

Um vento bateu sobre eles trazendo o cheiro de rosas. Os movimentos das mãos da menina passaram a acompanhar o trajeto da brisa que batia neles. Foi então que eles virão às pétalas de rosa. Elas se levantaram sincronizadas na mesma dança que Serena fazia.

As pétalas a acompanhavam girando ao seu redor. Ela se movimentava para todos os lados com movimentos graciosos enquanto que as pétalas a acompanhavam e espalhavam seu cheiro pelo ar. Era um verdadeiro bálsamo para os olhos ver tão pura e sensível àquela dança.

Serena passou a controlar as flores, as levando para onde o casal estava, os rodeou e parecia acaricia los com as macias e perfumadas pétalas. O casal fechou os olhos inebriados pelo cheiro e suas cabeças penderam para frente, como se tivessem adormecidos. De seus corpos saíram duas bolas brilhantes, que passaram a rodear Serena que sorriu ainda mais. A dança ficou ainda mais rápida, e agora as bolas de energia acompanhavam as pétalas, formando belíssimos rastros de luz.

Até que num momento coordenadas pelas mãos de Serena as duas bolas, uma vermelha e outra verde se uniram. Uma luz branca saiu dessa união iluminando a tudo e todos. O cheiro de rosas ficou ainda mais forte e sinceros sentimentos de paz, alegria, confiança e amor invadiram o coração dos moradores da vila enquanto os visitantes se sentiram inquietos.

As luzes depois de alguns segundos se separam, mas estavam mudadas, estavam muito parecidas em suas cores. As bolas de energia voltaram para dentro dos corpos do casal que acordou num pequeno sobressalto com um sorriso no rosto e uma pequena lágrima nos olhos. As vestes deles haviam mudado de cor. Agora elas mostravam as duas cores em cada uma das vestimentas, mostrando que a união deles estava selada definitivamente.

Todos na vila comemoravam com aplausos e os noivos se despediram e foram para casa deles enquanto o resto do pessoal comia, bebia e se divertia dançando. Somente os invasores que estavam estáticos em seus lugares, não sabiam o que pensar sobre o que tinha acontecido ali. O único que não ficou ali por muito tempo foi Anthony que foi puxado pela pequena Serena para a dança. Ele ficou muito surpreso com aquilo mais se deixou levar pela alegria de todos.

Ficaram assim por duas horas até que o sol começou a partir, esse foi o sinal para o início do ataque. A vila foi cercada pelo exército invasor e as pessoas se fixaram em seus lugares observando a situação que se encontravam. O exército ao seu redor sorria pela felicidade da eminente vitória. Enquanto os aldeões ao sinal de William foram até o baú e pegaram belíssimas adagas, cada um tinha a sua própria arma. Arrumaram se numa formação onde cada família assumia um lugar certo. Mais para trás onde estava Serena estava sua família, os sacerdotes e os Randall. Estes últimos formavam uma barreira em volta de Serena a protegendo.

O exército riu da formação deles ainda mais que havia mulheres no meio. Eles se prepararam para a luta. A primeira guarnição do exército foi despachada. Com esse movimento a primeira fileira dos aldeões se moveu para frente num sincronismo impecável. Os soldados começaram a urrar para espantar os aldeões e correram na direção deles. O primeiro contato poderia ter sido desastroso para os aldeões por causa da arma que eles estavam usando, mais o que ninguém esperava aconteceu. As adagas eram seguradas por cada um como se fossem espadas, então uma brisa fria passou e uma energia tomou conta da área, com um brilho as adagas viraram espadas, cada um tinha o formato que lhes era mais confortável.

Os soldados que já estavam no embalo não puderam parar a tempo, e somente alguns conseguiram fugir das afiadas espadas que os esperavam.

Os ataques seguintes dizimaram os soldados invasores, já que estes estavam tão confiantes com o massacre que ficou chocado demais com a eficiente resistência aldeã. Nunca esperariam que um bando de ignorantes que viviam no mato teria a capacidade de portar espadas tão magníficas sem contar na bruxaria que eles tinham feito para faze las crescer, isso devia ser pelo pacto que tinham com o demônio.

A segunda guarnição foi enviada. Estes já estavam mais preparados e mais cautelosos em relação ao pessoal daquela vila, e conseguiram dar várias baixas na primeira fileira de proteção que foi reduzida a três pessoas.

Os três que sobraram entraram rapidamente na formação enquanto que a segunda fileira assumia o combate com mais força contra os invasores, que foram pegos de surpresa com a estratégia. A segunda guarnição foi abatida.

O exército invasor veio para atacar a pequena vila com uma formação de cinco guarnições. Elas estavam agrupadas em fileiras. O último grupo estava reunido bem atrás conversando. Eles estavam calmos e com sorrisos nos seus rostos sabiam que aquela guerra estava perdida para aqueles ignorantes miseráveis.

Esse grupo era formado por mercenários que queriam o ouro prometido pelos ricos comerciantes da cidade em troca da destruição da pequena vila e ainda tinha recibo à liberação de poder saquear tudo que fosse valioso dali. Estavam ansiosos para poderem entrar em batalha contra aqueles ignorantes e ficaram ainda mais animados quando eles viram as adagas deles sendo transformadas em belíssimas espadas. Todos eles olhavam ansioso para seu líder, mas esse só se concentrava em observar a luta com um sorriso demoníaco nos lábios.

A batalha na vila continuava acirrada e sangrenta. A resistência estava dividida em dez fileiras, sete já haviam sido destruídas pelos invasores. A oitava fileira se defendia como podia, mas estava obvio que não suportaria muito tempo mais. A proporção era de dez invasores para cada morador da vila, ou seja, eles estavam ferrados.

A situação estava ficando cada vez mais difícil para os moradores da vila, foi quando o último homem da oitava fila caiu. A 9ª fileira se movimentou para frente e se colocou em guarda. Esta fileira era especial estava formada pelos mentores dos sacerdotes.

Estes foram muito mais eficientes com suas espadas. Eram rápidos, e se moviam habilidosamente entre os adversários, além de lutarem em equipe juntando os adversários e os derrotando mais rapidamente. Os adversários iam caindo aos pés deles formando montes de corpos sem vida e poças de sangue.

No exército invasor só faltavam três grupos de homens. Os mercenários, o grupo do líder daquela empreitada e mais um bando de soldados. Este homem, o líder do exército falou:

-Mande seus homens, mercenário!

O líder dos mercenários fechou a cara para o homem que disse isso e respondeu:

-Não sou um de seus capachos para você me dar ordens. Nós iremos quando virmos que somos realmente necessários manda esse bando de vermes que fazem parte do seu ‘exército’ atacar.

O líder do grupo ficou irritadíssimo com a resposta daquele reles mercenário. Mandou o outro grupo, não porque aquele mercenário mandou e sim porque os aldeões estavam se movimentando.

A 9ª fileira se movimentou um pouco, a única mulher que tinha no grupo ficou para trás e começou a cantar. Sua voz era belíssima e encantadora, os soldados que estavam mais na frente ficaram hipnotizados pelo canto e começaram a se aproximar do fio das espadas que estavam apontadas contra eles. O primeiro a chega ali se jogou contra a espada a enterrando no seu próprio peito tentando a todo custo chegar perto daquela que possuía tão bela voz.

Os homens que estavam mais atrás e que ainda não estavam sob o domínio do encantamento tentaram segurar os seus amigos, mas falharam, pois estes pareciam ter ganhado uma força nova e iam de encontro à morte com um sorriso nos lábios.

Eles perceberam que a influência da voz dela só se fazia quando se ficava a menos de quatro metros da mulher, mas só perceberam isso depois de perderem mais da metade de seus homens. Os homens que ainda estavam vivos da 9 ª fileira se aproximaram dos soldados mas sem sair do raio de quatro metros em torno da mulher que estava cantando. Dois deles se adiantaram mais que os outros e movimentaram suas mãos como se fossem chicotes. Um estalo foi ouvido e logo depois alguns homens gemiam de dor. Na mão dos aldeões havia chicotes negros que pareciam ter uma aura flamejante negra os envolvendo.

Ao simples toque da ponta do chicote nos corpos dos homens o ferimento que se abria queimava como se estivesse sendo tocado por fogo. As chicotadas deixavam rasgos horríveis na pele dos invasores, o sangue escorria das feridas enquanto estes caiam ao chão gemendo de dor. Um desses levou uma chicotada no rosto que arrancou um de seus olhos deixando vazia a órbita no rosto.

Não podiam revidar os ataques por causa da mulher que continuava a encantar que tentasse se aproximar. A guarnição pereceu com seus soldados se suicidando ao se jogarem na ponta das espadas ou pelos ferimentos causados pelos chicotes flamejantes.

A sorte parecia ter mudado para os habitantes da vila. Eles já conseguiam ter esperanças de que teriam um futuro vivo. Essa alegria não durou muito tempo. Quando uma luz verde cruzou o ar e atingiu a mulher que estava cantando, seu rosto demonstrava surpresa ao cair no chão sem vida. O pessoal da última fileira foi socorre la, mas o que encontraram era só um corpo sem vida.

Josefine que ainda se encontrava de pé protegendo a filha falou rapidamente:

-Levantem barreiras imediatamente, eles têm bruxos com eles.

Antes que a barreira pudesse ser erguida, vários outros raios foram lançados contra as fileiras organizadas, a 9° fileira caiu protegendo o centro da formação.

Uma barreira branca envolveu o grupo que ainda restava, refletindo os raios coloridos que tentavam chegar até eles. Os mercenários haviam começado a agir. Quando viram o encantamento daquela estranha mulher e aqueles belíssimos chicotes ficaram realmente surpresos e os animou a lutar, agora sim teriam uma luta de verdade.

O grupo formado por mercenários entrou na visão dos aldeões, estavam vestindo cotas de armadura que pareciam bem leves e mágicas pelo brilho magnífico que emitiam. Levavam varinhas nas mãos e tinham sorrisos sádicos nos rostos. Era um grupo de cinqüenta homens. Todos riam enquanto lançavam diversos feitiços e azarações contra a barreira que agüentava firmemente os ataques enquanto seus protegidos se organizavam.

Os aldeões se arrumavam após a surpresa de descobrirem que seus novos inimigos eram bruxos. Isso complicava bastante a situação para eles. Serena se mantinha quieta abraçada com a mãe. Ela vira seu pai morrer bem na sua frente e as lágrimas que escorriam em seu rosto abundantemente. Sua mãe também chorava ao mesmo tempo em que tentava confortar a filha.



Do outro lado de onde estava acontecendo à batalha o grupo de averiguação esperava as ordens para poderem seguir viagem de volta para suas casas. O jovem sacerdote estava amarrado e desmaiado num canto. O motivo era simples: Ele havia tentado ajudar os moradores da vila. Quando eles estavam saindo de fininho ao verem o exército cercar o povoado, o futuro padre tentou se afastar do grupo e quando estava alcançando aqueles que ele realmente queria proteger, foi atingido por bordoada de um de seus companheiros de viagem. Estes concordaram no seguinte fato apresentado pelo padre responsável pelo garoto.

-Ele foi enfeitiçado pela aquela garotinha do demônio. Não está agindo por si mesmo quando tentou ajudar aquele bando de hereges. Aquela garota, eu vi com os meus próprios olhos quando o demônio havia tomado o seu corpo, seus olhos eram negros que dava calafrios até na alma. Ela é perigosa demais e seduziu o jovem Anthony com sua magia demoníaca.

O grupo inteiro aceitou essas palavras, pois todos tinham visto o quanto à garotinha era perigosa. Estava só esperando o exército contratado pelos comerciantes fazerem à limpa na cidade para que eles pudessem voltar pares suas casas e receber de seus patrões a sua parte no negócio. Só pensavam nas riquezas que iriam receber não se importavam com as pessoas que estavam na vila e que perderiam suas casas e morreriam massacrados pelo fio das espadas que a burguesia local colocou na mão de soldados e mercenários.

Mesmo tendo passado algum tempo com eles, continuaram mantendo seus olhos fechados para aquela pequena vila que não fazia mal a ninguém. Só se concentraram nas riquezas que iriam ganhar com a realização da missão.

Voltando para a batalha...


A barreira dos aldeões ainda resistia firmemente. Agora dentro dela só resistiram os sacerdotes, ou seja, aqueles que eram os representantes dos deuses naquela terra e Josefine. Sendo assim só estavam ali oito pessoas. O casal que tinha acabado de se casar morreram um tentando defender o outro. As crianças haviam sido salvas, não eram muitas então ficou muito mais fácil de leva las para a floresta sem mostrar para os inimigos e eles estavam calmos quanto a isso, quem estava cuidando das crianças eram muito poderosos para deixarem que alguma coisa acontecesse com elas. Mas eles tiveram que escolher, ou eles protegiam as crianças ou protegiam os adultos.

E claro a escolha deles foi obvia. As crianças. Agora elas estavam a salvo. Escondidas com seus protetores enquanto esperavam pela chegada dos sobreviventes a batalha, se houvessem algum.

Os sacerdotes ficaram na frente de Serena e começaram a invocar seus poderes. O brilho que irradiava deles era incrível. Eles saíram da barreira coletiva deixando dentro da bolha protetora somente Serena, Josefine e Emily Randall que estava na frente das duas em alerta protegendo a menina com o seu próprio corpo se necessário.

Os seis sacerdotes que saíram da bolha foram envolvidos por finas camadas de proteção. Cada ema de acordo com seu clã. Eles estavam sérios e sabiam que aquela batalha não ia ser simples. Não puderam ajudar seu povo com os seus poderes, pois tinham o dever de proteger a pequena Serena de qualquer ataque que ela poderia receber.

Eles foram cercados pelos mercenários. Vários estavam em volta deles e lançando feitiços não só poderosos como também mortais e cruéis. Apesar de o enorme poder que eles tinham, ainda eram aprendizes, somente dois deles conheciam mais profundamente seus poderes. E nenhum deles tinha sua força totalmente liberada.

A batalha que se seguiu foi brutal. As azarações e as maldições eram predominantes naquele campo de guerra. Enquanto os mercenários utilizavam suas varinhas, os sacerdotes faziam suas magias com as mãos nuas, sem a ajuda de nenhum instrumento. Isso interessou muito ao líder dos mercenários. Este pediu aos seus subordinados que capturassem um desses aldeões vivo, para que ele pudesse extrair tudo sobre aquela magia que faziam, pois eram muito diferentes da que eles usavam.

A magia daquela vila era diferente, pois vinha do Mundo dos Deuses. Era de lá que vinha todos os poderes deles, e eram lá que almas daqueles que tinham seus corpos jogados pelo chão estava indo para receberem o acolhimento da Grande Mãe. Era ela e seus irmãos que abençoavam as pessoas que possuíam a alma daquele povo. Eles protegiam o seu povo, eram como reis. Mas daquela vez eles não poderiam fazer nada. Havia algo de muito estranho no ar. Eles não podiam vir até o nosso mundo para proteger seus filhos, as passagens haviam sido misteriosamente lacradas. E eles tiveram que assistir a batalha de seus filhos sem poder fazer nada.

Estes lutavam com determinação, mais isso não parecia ser o suficiente. Somente dois estavam de pé ainda lutando, os outros foram ao chão deixando suas almas partirem para o outro lado. Os inimigos eram cruéis e apesar de serem muitíssimos poderosos os habitantes da vila ainda eram muito bons e ingênuos sobre o ofício da guerra e para as batalhas. Demoraram mais para perecerem mais levavam muitos consigo. As torturas que eles sofreram quando finalmente o inimigo encontrou uma brecha na defesa deles, foram terríveis. Aqueles homens não tinham piedade e nem coração, se divertiam com aquelas coisas, gostavam de fazer outras pessoas sofrerem.

Os últimos dois já estavam ficando cansados. Lester e Allan continuavam lutando lado a lado. Quando um deles se distraiu e ia ser acertado pela maldição da morte. Uma energia opressora tomou conta do lugar e uma barreira envolveu os dois, protegendo os de qualquer perigo. Aproveitando essa vantagem atacaram com mais empenho para ver se conseguiam se livrara dos inimigos com essa vantagem.

Serena havia ajudado seus amigos, mesmo ainda não tendo controle sobre seus poderes, ela conjurou uma barreira que protegesse aqueles que consideravam seus irmãos. Conseguiu manter seu poder durante dez minutos até que suspirou cansada e esgotada pelo esforço e acabou desmaiando, desfazendo assim abarreira que os envolvia.

A vantagem voltou para os mercenários, e agora ficou pior, pois o líder deles resolveu lutar com seus melhores homens que até aquele momento estavam só observando tudo que acontecia.

Os ataques à barreira deles foram piores do que antes, parecia que aquele grupo que tinha até agora ficado quieto num canto, eram os mais poderosos. Os feitiços lançados contra eles eram ainda mais poderosos e a cada investida, a barreira estremecia mais e mais. Lester não conseguia mais prever os ataques lançados contra eles. A mente daqueles homens era poderosa e estavam fechadas, e ele precisaria de muito poder para invadir elas, mas se fizesse isso poderia se desconcentrar na batalha e isso seria mortal para ele e para seu amigo.

Estavam mais que preocupados com a pequena menina que estava desmaiada atrás deles. Ela era muito especial e deveria ser protegida a qualquer custo. Tinham que tirar ela dali viva para que pudesse acompanhar e guiar as outras crianças para longe daquele pesadelo. A pequena menina era a única que poderia ajudar as crianças a se protegerem, sabiam que ela era poderosa o suficiente para poder salvar a vila deles, mas como ela faria isso se não conseguia ainda lidar com seus poderes, ela poderia morrer tentando e não conseguir salvar nada, e aí se ela morresse quem ajudaria as crianças?

Eles ainda lutavam para poderem garantir que suas crianças sobrevivessem para manter o povo deles vivo de algum jeito. A cultura deles permaneceria no consciente de cada uma daquelas crianças e será passada para seus herdeiros e assim por diante. Aquelas crianças eram o futuro da tribo, seriam elas que começariam a vingança contra aqueles que ousaram destruir o Povo dos Antigos.

Há muito tempo que seu povo chegou naquela terra, tentando construir uma nova vida para eles. Desde que o primeiro de seu povo encontrou aquele lugar, fugindo da devastação da grande Guerra dos Antigos, eles estavam ali há mais de duzentos anos. Sempre cuidando com muito amor e carinho daquela terra que lembrava uma parte de seu próprio mundo que há muito tempo não viam.

Agora com a morte deles, pois sabiam que morreriam ali, eles irão para Reino das Almas, uma pequena parte de seu mundo para onde iam as almas daqueles que morreram. O Palácio de Cristal. Lester e Allan compartilhavam o mesmo pensamento quando foram atingidos por dezenas de maldições que dilaceraram seus corpos, mas mesmo assim eles morreram com um sorriso misterioso no rosto e um brilho nos olhos. Suas almas voltariam para casa.

Assim que seus corpos bateram no chão os vinte mercenários que ainda estavam vivos e de pé se concentraram na barreira onde restava a criança e as duas mulheres, a ordem que receberam foi clara:

-Peguem à garota e a traga viva para mim.

Josefine e Emily quando ouviram isso arregalaram os olhos. Seus olhos se encontraram e o medo predominava os sentimentos das duas. Não podiam que nada acontecesse com a menina. Combinaram mentalmente:

‘Você leva a menina enquanto eu os distraio’ Emily

Josefine olhou interrogativa para a mulher na sua frente.

‘Como você pensa em fazer isso?

Não sei mais eu tenho que fazer alguma coisa para impedir que eles coloquem a mão na Serena.

Antes que Josefine pudesse falar alguma coisa, Serena se mexeu e abriu os olhos. Ela olhou para as duas mulheres. Sabia o que estava acontecendo, duas lágrimas de sangue escorreram pelo seu rosto assustando sua mãe. Foi aí que aconteceu. A barreira rachou e explodiu deixando as três desprotegidas. Como elas estavam distraídas, Emily só conseguiu tempo para se jogar na frente delas e receber o impacto de vinte maldições da morte. Se corpo caiu no chão do lado da menina que arregalou os olhos. Esta estava atrás da mãe num segundo e no outro, várias luzes foram na direção delas, e Serena só sentiu o seu pequeno corpo sendo esmagado pelo corpo da mãe que estava com vários cortes sobre o corpo e caiu em cima dela a banhando em sangue.

Os mercenários já tinham se dividido e estavam vasculhando a vila em busca de riquezas e tesouros escondidos. Reviravam os corpos dos mortos para ver se encontravam jóias. Queimavam casas e as colocavam ao chão, explodindo e rindo sem se importar com nada.

A menina vendo isso sentiu alguma coisa se remoer em seu coração. Pensou: “Porque tinham feito isso? Nós nunca machucamos ninguém, vivíamos tranqüilos cuidando de nossas vidas sem prejudicar ninguém por que isso?” Raiva. Fúria. Ódio. Esses sentimentos tomaram conta de sua alma. Seus olhos ficaram negros. Sua aura negra se fez presente. Delicadamente ela colocou o corpo de sua mãe de lado, depositando um beijo em sua testa. Ela se levantou e falou:

-Vocês vão pagar por terem feito tanto mal a minha família e ao meu povo.

O líder dos mercenários riu e falou sarcasticamente:

-E o que uma pirralha como você pode fazer contra nós?

-Você pode estar certo nisso. Eu sou uma pirralha e posso não ter ainda poder o suficiente parara acabar com vocês, mas ainda posso fazer uma coisa.

A aura da menina se expandiu e tornou o ambiente tenso e fez com que os mercenários respirassem com dificuldade. A voz dela saiu num sussurro frio e mortal e caiu como uma sentença apara todos aqueles homens.

Vivíamos muito bem aqui sem sermos perturbados. Mas vocês por motivos fúteis resolveram mexer com a gente. Acabaram com famílias. Destruíram casas. Tomaram nossa Vila. Tiraram nossas vidas. Mataram meus amigos e parentes. Minha alma clama por vingança. Escuto o lamento do meu povo, eles querem vingança. Vocês despertaram nosso instinto mais básico. A vontade de matar. E vocês morreram. Pensam que podem conquistar nossa vila assim e ficarem impunes. Nunca. Vocês e seus descendentes serão amaldiçoados pelo resto da vida de vocês. Morrerão lentamente nas mãos de nossos descendentes vingadores, os encontraremos, pois estarão com a marca da morte. Na hora em que eu, a Morte, julgar o momento certo. Vocês pereceram e morrerão pelas mãos de nossos protetores. Suas vidas serão ceifadas e seus filhos pagaram pelos pecados dos pais. Todos que tiverem a marca morreram das piores formas, como castigo pelo seu crime.

Serena desprendeu uma energia muitíssimo poderosa de sua aura, que envolveu a todos que estavam ali. Os mercenários que estavam ali e os homens que haviam sido do grupo de reconhecimento foram marcados no corpo com a marca da morte. Nada do que fizessem agora poderiam salvar eles do que o futuro os preparava.

Por um momento a dor de ser marcado a fogo os distraiu e não viram quando um homem apareceu do nada e abraçou a menina a levando para longe dali. Quando o líder dos mercenários abriu os olhos e percebeu que a garota tinha desaparecido, ficou furioso. Sabia que o que ela tinha dito era verdade, pois sentira o enorme poder que ela havia usado para jogar aquela praga. O que o deixava ainda mais furioso e ao fato de ter perdido a chance de conhecer aquele poder através da menina, ele teria arrancado as informações dela e usaria isso para desfazer a maldição. Mas como não havia conseguido isso, usaria de seus recursos e das riquezas que tinha conseguido naquele prospero saque para se libertar. E ainda tinha um detalhe logo ele seria imortal e nada poderá o matar.



O homem que tinha aparecido soltou a garota que olhava para ele, ainda com lágrimas de sangue no rosto. Ele se abaixou na altura dela. Ela olhou com carinho para ele e falou:

-Você ainda é culpado tanto quanto eles, mas diferentemente dos seus sua família terá a chance de se livrar da maldição. Não será você. Mas será aquele que herdar o seu poder. Somente quando este herdeiro conseguir despertar o seu poder, e conquistar a sua liberdade e que ele poderá ser feliz.

O homem olhou para ela tristemente e falou:

-Quando eu poderei vê la de novo minha pequena?

Serena sorriu e falou:

-Não nós veremos mais nessa vida. Mas quem sabe nossas almas não se encontrem de novo num futuro distante. Meu amigo Anthony.

Ele concordou com a cabeça. Seu rosto estava molhado por lágrimas. Ia falar mais alguma coisa quando ela o interrompeu e falou:

-Vá e viva sua vida. Eu tenho que preparar meus irmãos para a batalha que eles enfrentaram em cada minuto de nossas vidas.

Os dois se despediram, sem olhara para rãs e só pensando no futuro. Cada um seguiu o seu caminho. Serena foi se juntar aos seus irmãos de coração e Anthony foi viver a sua vida sem precisar se importar com o que se pai lhe impunha.

O grupo de investigação que havia ficado na vila por um tempo, tentava entender aquela estranha marca que aparecerá. E perceberam que o jovem sacerdote havia desaparecido. Imaginara que o demônio o havia levado e deixado àquela marca neles. Como sabiam disso? Ninguém entendia como. Só sabiam. A única coisa que sabiam era: Tudo seria diferente.


A vingança daqueles que foram considerados malditos e foram eliminados, aconteceria mais cedo ou mais tarde. Cada descendente sofreria pelos pecados de seus pais. Suas almas haviam sido marcadas. Estes seres seriam considerados por alguns como a escória da sociedade, por terem tão negra a alma. A morte os perseguiria e não os deixariam viver a sua vida calmamente. O fim desse ciclo só aconteceria quando esse dois lados se encontrassem em batalha novamente. Será que os Malditos conseguiram ter a sua vingança totalmente completada? Ou os Amaldiçoados conseguiram vencer?

Tudo isso mudou a vida de todos que participaram daquele momento terrível. Os moradores da vila saíram mortos. As crianças saíram com a semente da vingança plantada em seus corações. Quem havia feito aquele massacre saíram com a marca da morte no corpo, passando as para seus filhos. E os destinos daqueles que no futuro não sabem de nada desse episódio também mudou. Nada será como antes. E a maldição lançada pelos Malditos reforçou essa sentença.



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Finalmente capítulo completo! Espero que gostem e que COMENTEM! Eu amo comentário tanto quanto votos. XD. Agradeço a todos que acreditam que essa fic é boa. Desculpem pelo atraso (e que atraso!). Tenho que conciliar doze horas de estudo, oito horas de sono e quatro de distração por dia, então complica. Bjs para todos.








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