(you and I are gonna) Live for

(you and I are gonna) Live for



(you and I are gonna) Live forever.


Eu acordei com a sensação de decisão feita e ansiedade correndo por todas as veias do meu corpo. Tomei meu banho, sequei meu cabelo, escolhi com muito cuidado um vestido preto, meia calça da cor cinza, botas também pretas e meu casaco vermelho que era bem quente.


- Vó? – Eu chamei por minha avó, que estava na cozinha fazendo meu café.


- Na cozinha, Sofia. – Ela me disse com sua voz suave.


Eu cheguei à cozinha e lá estava Patrick e Alex, sentados à mesa, comendo panquecas.


- Alex! – Eu corri para abraçá-lo. – Quando você chegou?


- Há uma hora, eu não quis te acordar. – Ele disse.


- Eu não o deixei te acordar. – Patrick foi até mim e, assim que larguei Alex me abraçou.


- Ah, obrigada por isso. – Eu disse.


Abraço de Patrick, abraço bom.


- Você quer panqueca ou muffins, querida? – Minha avó me perguntou, me fazendo sair do abraço de Patrick.


- Panqueca com muffins? – Eu perguntei.


- Claro querida! – Minha avó me disse.


Sentei-me entre Patrick e Alex.


- Agora você pode nos falar porque é que não podia vir antes? – Perguntei.


- Na verdade eu já sei. – Pat disse.


- Isso não é justo! – Eu reclamei.


- Ele acordou antes, que culpa tenho eu?! – Alex disse.


- Tudo bem, fale logo! – Eu disse.


- Eu fui com a Sabrina assistir a um jogo de Quadribol. – Alex disse.


- Vocês dois estão juntos de novo? – Perguntei.


- Tecnicamente eles estão juntos pela primeira vez. – Pat me corrigiu.


- Que seja, você sabe que ela não presta. – Eu disse colocando calda na panqueca.


- Dessa vez é diferente. – Alex me disse.


- Por quê? – Perguntei.


- Ela está solteira. – Patrick disse me fazendo rir com a boca cheia de comida.


- Ah... Isso muda muita coisa. – Eu disse. – Se ela fez isso com o ex-namorado dela, acredite em mim, ela vai fazer com você.


- Eu não preciso de bronca, eu quero só o apoio de vocês. – Alex disse.


- Tudo bem... – Eu disse. – Tomara que ela não seja uma vadia com você.


- Cuidado com o vocabulário, mocinha! – Minha avó me disse.


- Desculpe Vovó. – Eu disse.


Patrick e Alex estavam rindo muito. Eles sempre riam quando minha avó me corrigia e eu não reclamava.


 Depois do café da manhã fomos dar uma volta pelo bosque que havia sido palco da nossa infância. Aquele lugar parecia extremamente diferente agora, mas ainda carregava o mesmo ar misterioso e árvores que haviam escutados todos os meus problemas ainda tinham a mesma aparência reconfortante.


- Eu queria que isso aqui vivesse para sempre. – Eu disse.


- É, não vai. – Patrick disse.


- Como não? – Eu perguntei.


- Eles estão comprando o bosque para construir um prédio, algo assim. – Patrick me disse.


- Eles não podem. – Eu disse. – Isso não é protegido?


- É, mas nada que o dinheiro não compre. – Alex falou.


- Eles não podem. – Eu repeti me sentando na clareira onde nós acampávamos quando mais novos.


- Eu já me conformei. – Alex disse enquanto também se sentava. – Apesar de esse ser o primeiro lugar que me vem a cabeça quando eu penso na minha infância e nas coisas boas daqui.


- Acho que esse é o único lugar onde eu nunca tive um momento ruim. – Eu disse.


- É, eu também. E onde tudo era mais simples. – Pat se sentou ao meu lado e me falou. - Estávamos todos presos em uma das fantasias de Sofia.


- E o mundo real lá longe. – Alex disse.


- E sempre acabava em um final feliz. – Eu completei.


- Sempre havia uma mágica para desfazer o feitiço ou curar o machucado. – Alex disse.


- Ou eu aparecia e salvava todo mundo. – Completei fazendo os dois rirem.


- É, eu vou sentir falta disso aqui. – Alex disse.


- Nem me diga. Vocês pelo menos vão ter o resto da cidade. Eu perdi tudo... - Eu falei segurando o choro.


- Sofia, não é perder. É só estar longe. – Alex disse.


- Mas é não ter mais. Não ter mais memórias. – Falei.


- Nós já temos memórias suficientes. – Pat me disse.


- Mas nós vamos perder a oportunidade de criar mais memórias. – Eu falei.


- Não. Nós vamos criar memórias sempre que você vier. E compartilhar as memórias que nós tivermos enquanto estivermos separados. – Alex falou segurando minha mão.


Ficamos calados tentando aceitar o fato.


- Eu ainda não acho justo eles venderem isso aqui. – Pat disse.


- Nós ainda temos as memórias. – Falei.


- Ninguém pode comprar memórias. – Alex completou.


Ficamos lá, parados, três crianças presas em corpos agora maduros, desejando voltar ao tempo em que nossos únicos problemas eram as fantasias que eu inventava e que acabavam sempre bem.


A vida ia passar, eles iriam demolir aquele lugar, mas, de certa forma, nós continuaríamos lutando contra dragões e bruxos malvados naquele bosque. Memórias são eternas.

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