O Lorde das Trevas



Johansen guiou-os até a mansão de seu tio. Era uma grande casa sombria em um bairro rico. Ele tocou a campainha e esperou que viessem atendê-la.


Poucos segundos depois, uma mulher de longos cabelos loiros apareceu, abrindo uma pequena fresta da porta.


-Tia Narcisa?


-Oh, sim, Johansen. Há quanto tempo. O que faz aqui?


-Bem, eu e meus amigos estávamos aqui pela cidade e decidi vir dar um oi para a senhora e para o tio… Ele estaria em casa?


-Lamento, mas ele não está. Mas entre, entre. Ela terminou de abrir a porta e os cinco entraram na casa. A mulher analizou todos dos pés à cabeça e fehou a porta rapidamente, guiando-os em seguida até a sala de estar, onde todos se acomodaram enquanto ela ia pegar chá.


-Então, adorável sobrinho- começou ela, observando os outros garotos.- Creio que queria falar algo com Lucius. Eu poderia ajudá-lo de alguma forma?


-Creio que não, tia. Ele demora muito?


Narcisa primeiro engoliu em seco e depois, escondendo as lágrimas que brotavam em seus olhos, respondeu.


-Não tenho certeza, Johansen. Ele está em Azkaban.


-Como? Mas por quê, titia?


-Creio que é melhor não falar sobre isso.- Ela lançou um novo olhar extremamente significativo para os amigos do sobrinho. Foram interrompidos então por um garoto também loiro que entrara pela porta.


-Mamãe, a senhora sabe onde está minha coru…- Ele notou então a presença dos visitantes.- Oi Johan, por que você não me disse que estava na cidade?


-Acabei de chegar.- Eles se cumprimentaram com um aperto de mão e um abraço.- Estes são meus amigos, Rik, Anna, Markus e Katherine. Galera, esse é o meu primo, Draco.


Todos cumprimentaram-no silenciosamente, recebendo o mesmo tipo de cumprimento de volta.


-Agora que sei que vocês estão em boas mãos, vou me retirar. Temo que tenha que resolver algumas coisas. Cuide bem deles meu fiho.- Disse Narcisa, retirando-se. Draco disse aos visitantes que o seguissem e levou-os até seu quarto.


-Que bom que você pelo menos está por aqui, Draco. Quem sabe possa me ajudar.


-Claro, o que posso fazer por você?


-Cara, então, o que nós queríamos é meio complicado explicar…


Katherine bufou, chamando a atenção de Draco para ela enquanto Johansen ainda enrolava sua explicação. -Deixe disso, Johansen. Nós queremos achar o Lorde das Trevas.


Draco mostrou-se visivelmente surpreso com a informação. -E para que vocês querem isso?


-Isso já não é do seu interesse. Vai nos ajudar mesmo assim?- Draco considerou por algum tempo o pedido.


-Vocês sabem no que estão se metendo?


-Claro que sabemos, ou então teríamos ficado em nossas casas dormindo, não acha?


-Não, eu não acho. Vocês podem ser estúpidos o suficiente para fazer algo que não deveriam e se arrependerem depois, até onde eu sei.


-Então eu diria que você não sabe muitas coisas.


-Parem de discutir, sim?- Pediu Johansen, colocando-se entre os dois antes que um deles sacasse a varinha. Ele se voltou para seu primo.- E então? Você nos ajudará?


-Eu… está certo. Afinal, vocês acabariam encontrando-o de qualquer forma, se for isso o que realmente querem. Eu os levarei até ele.


-O que você quer dizer com isso?- Perguntou Anna. Draco revirou os olhos e mostrou-lhes o braço esquerdo, onde via-se uma tatuagem de um crânio com uma cobra saindo de sua boca. A garota conteve uma interjeição e se aproximou para tocar a tatuagem, porém o garoto retirou seu braço do alcance dela.


-Você é um comensal? Caramba, desde quando? Como foi isso!?


-Não faz muito tempo. Acho que não preciso acrescentar que ninguém deve saber disso.


Os outros mantiveram-se espantados por algum tempo. Katherine foi a primeira a se recuperar.


-E então, está esperando o que para nos levar até ele? O fim do mundo?


-Venham comigo então. Mas mantenham em mente que ele pode matá-los se assim quiser. Essa é a hora perfeita para desistirem.


Anna, Johansen e Katherine mantiveram-se firmes em sua resolução, porém Markus deu para trás. Rik dispôs-se a levá-lo de volta para a Suécia imediatamente e foi o que fez, após comprometer-se secretamente a apagar a memória dele. Não confiavam em Markus.


Draco levou-os até o andar inferior novamente, seguindo por um corredor até o fundo da casa. Ele bateu na porta, recebendo um comando para que entrasse.


A porta abriu-se sozinha, revelando uma grande sala com uma cadeira de espaldar alto como seu único móvel. Nela, estava sentado um homem pálido, de cruéis olhos vermelhos e com fendas no lugar do nariz. Seus dedos longos e finos seguravam um exemplar do jornal do dia, que ele aparentemente estivera lendo. Levantou os olhos até os recém chegados e mostrou-se interessado no grande número de pessoas que Draco trazia cosigo.


-Poderia me explicar o que é isto, Draco?- Perguntou, divertindo-se. Draco curvou-se.


-Lorde, estas pessoas pediram para vê-lo. Estes são Johansen Malfoy, Anna Fremd e Katherine Fuchs.


O homem observou cada um deles com atenção conforme Draco os apresentava.


-Milorde.- Disse Katherine, curvando-se também. Os outros dois imitaram-na tremulamente.- Viemos aqui pois gostaríamos de servi-lo.


-Sim, claro.- Riu ele.- E de que forma poderiam ser-me úteis?- Katherine abriu a boca para tentar responder, porém ele não o permitiu.- É claro que nem vocês sabem como podem fazê-lo. A parte estranha porém é que aceitarei os serviços dos três de qualquer forma. Que bom, Malfoy filho, que você os trouxe. Fez algo direito, parabenizo-lo. Agora, retirem-se.- Curvando-se novamente, começaram a sair. Katherine fez menção de permanecer, porém achou que era melhor que não fazê-lo sem ser convidada.- Você não, Katherine.


Ela parou e se voltou para ele. Os outros sairam, observando-a até que a porta se fechasse, escondendo o que acontecia na sala para eles.


-Sabia que chegaria até mim, Morgan.- Disse ele.


-Claro que sim, meu amor. Nada poderia nos separar. Fiquei surpresa em não encontrá-lo logo.


-Uma longa estória, minha cara.


-Sim, eu a conheço. Li em um dos livros de Katherine.- Katherine aproximou-se da cadeira e beijou o homem. Não sabia o que estava acontecendo: não conseguia controlar o que fazia nem o que dizia.


-Devo dizer que fiquei surpreso em vê-la usando tal roupa. É quase a mesma que usava no seu último dia em Hogwarts, lembra-se?


-Sim, me lembro.- Riu Katherine. Ela sentou-se no colo do homem, que acariciou-lhe o rosto e os cabelos.- Como poderia esquecer, Tom?


-Morg, creio que seria melhor me chamar de Lorde agora. Já faz muito tempo que ninguém me chama por esse nome e preferiria que continuasse assim. Além do mais, já adotei outro nome.


-Voldemort? Tom é mais charmoso, mas se você preferir assim… Meu Lorde.- Ela beijou-o novamente.- Senti tanta saudade de você… Presa nesse corpo, sem poder fazer nada…


-Existe um meio de recuperar seu corpo, porém precisaríamos de algumas coisas que, creio, seriam impossíveis de se obter. Seus pais foram cremados, não? Assim como seu corpo.


-Sim, fomo todos cremados. Que pena. Acho que teremos de nos contentar com as coisas assim. Mas não pense que não serei ciumenta por você estar beijando e tocando outra pessoa.


Tom sorriu. Ouviram a porta bater, o que desmanchou o sorriso de ambos. Katherine levantou-se, posicionando-se logo atrás da cadeira dele, que mandou a pessoa do lado de fora entrar. A porta abriu-se sozinha mais uma vez e uma mulher de cabelos negros e bagunçados entrou, acompanhada por um homem loiro. Ambos curvaram-se frente à Voldemort, porém a mulher manteve seus olhos grudados em Katherine.


-Bela, Lucius. Que bom vê-los de volta.


-Viemos vê-lo assim que fomos soltos, milorde.- Disse a mulher, observando o homem, Katherine não pôde deixar de notar, com um grande afeto.


-Ótimo, ótimo. Assim poderemos ter uma conversinha. Katherine.- A garota abaixou-se até ele.- Creio que seria melhor terminar de falar com você outra hora.


-Sim, milorde.- Katherine curvou-se levemente e saiu da sala. Anna esperava-a do lado de fora para perguntar-lhe o que acontecera. -Nada de mais.- Respondeu-lhe Katherine.- É apenas que ele conheceu minha tia. Só. Onde está Johansen? Creio que deveríamos voltar para a casa da tia dele agora.


-Ele está na sala com o primo.


Encontraram Johansen, que também perguntou para Katherine o que havia ocorrido, obtendo a mesma resposta que Anna obtivera. Draco os acompanhou até a porta, onde despediram-se. Katherine, Anna e Johansen voltaram para a casa da tia do outro, onde Rik os esperava, ansioso por ouvir as notícias.


Enquanto Johansen e Anna contavam para Rik o que acontecera e ouviam seu relato do transporte de Markus, Katherine trancou-se no banheiro do segundo andar. Limpou o espelho várias vezes com uma toalha que encontrara ali, até que ele ficasse sem uma única sujeirinha sequer. Observando seu reflexo, viu apenas a si mesma.


“Morgan…”, pensou.


“Katherine.”


“Quem é você?”


“Eu sou Morgan Fuchs Riddley, a mulher de Voldemort.”


“Oh, sim, claro. Minha outra personalidade é a mulher do Lorde. Prazer, eu sou apaixonada por um peixe.”


“Não sou sua outra personalidade sua, Katherine. Sou sua tia.”


Katherine não tentou refletir sobre aquilo. Sentiu sua mente subitamente mais cheia do que deveria. Sentiu outra pessoa ocupando o espaço que deveria ser apenas dela.


“Certo, titia. Então o que você está fazendo aqui, no meu corpo? E ainda mais sem a minha permissão.”


“Katherine, é complicado…”


“Oh, tudo bem. Temos todo o tempo do mundo. Pelo menos se você pretender continuar usando meu corpo, repito, meu corpo, para poder ver seu maridinho.”


“Está certo. Feche os olhos.”


Katherine fechou os olhos. Viu então uma série de imagens -memórias- que possuiam como foco sua tia e seu lorde, começando em um trem e terminando em uma caverna. A garota precisou sentar-se para não cair com aquela avalanche de memórias alheias que tomou conta de sua mente.


“Você fez uma horcrux em mim? No que você estava pensando?”


“Isso não são modos de tratar sua tia, Katherine. Eu queria sobreviver, e não sabia que você era minha sobrinha. De fato, descobri apenas mais tarde. Não preciso mencionar, creio, que você não deve contar isso a ninguém.”


“Como se alguém fosse acreditar, de qualquer forma.”


Katherine sentiu sua outra metade desaparecendo dentro de si. Lembrou-se do toque dos lábios de seu lorde, o lorde que demorara tanto tempo para encontrar. Talvez aquilo não fosse tão ruim, afinal.

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