Nova vida



Algumas semanas depois, Morgan acordou extremamente enjoada. Não conseguia comer nada e só de sentir o cheiro da comida ficava ainda mais enjoada. Sua cunhada a levou então no médico, que lhe anunciou alegremente após alguns exames que ela estava grávida. Aquilo era o máximo que Morgan poderia aguentar. Fez suas malas e voltou para Londres.


Tom recepcionou-a muito alegremente, perguntando-lhe sobre sua sobrinha, seu irmão e sua cunhada, sobre o tempo e, por fim, sobre sua resposta quanto a proposta. Morgan não lhe disse que já estava grávida; apenas disse que não se importaria de ter um filho dele. Afinal, era o que ocorreria de qualquer forma, pois Morgan não possuia dúvidas de que Tom era o pai.


Tomara a resolução de falar com Severo antes que sua barriga aparecesse. Porém isso parecia-lhe praticamente impossível, uma vez que não poderia falar-lhe na casa e também não conseguia sair da presença de Tom, que se tornara super-protetor. Então, na primeira oportunidade que conseguiu, mandou uma mensagem para Severo indicando sua intenção de falar com ele. Recebera uma resposta ainda no mesmo dia, dizendo-lhe dia e hora em que Tom não estaria em casa e que ela poderia visitar-lhe.


No dia marcado, Morgan esperou pacientemente até que Tom saisse para poder ir até a casa de Severo. Tom acabou demorando mais do que o necessário, preocupado em se assegurar que Morgan estaria bem em sua ausência, o que fez Morgan se atrasar uma boa meia-hora.


Ela aparatou até as proximidades da casinha no subúrbio e andou o resto do caminho. Bateu na porta, apressada.


-Você se atrasou.- Disse Severo, após fechar a porta. Morgan evitara o sofá, sentando-se em uma das poltronas.


-Desculpe-me, estava me livrando dele.


-Se livrando? Isso não parece muito digno.


-Não comece.


-E então, o que você queria me contar?- Perguntou Severo, sentando-se no sofá. Aparentemente não mantivera recordações dele.


-Primeiro, quero que você jure que isto ficará apenas entre nós.


-Não posso garantir segredo se tiver algo a ver com o Lorde.


-Ele em especial não deve saber.


-O que é tão importante que sequer ele deve saber?


-Primeiro jure.- O homem soltou um suspiro e então jurou.- Estou grávida.


-Mas esse filho…-Severo exaltou-se -É do… Ou…


-Sim, é dele.


-Então por quê….


-Não questione meus motivos! Agora ouça. Eu tive uma visão de que não me resta muito tempo de vida. Possivelmente vou morrer depois do parto. Quero que você leve o bebê para um orfanato longe daqui.


-Acredito que o pai vai querer ficar com a criança…- Comentou, adquirindo novamente o tom sério.


-Não, não, não pode acontecer! Agora… você o fará ou não?


-Eu… certo, eu o farei. Porém, se interpelado, contarei toda a verdade.


-Mas somente se for exatamente sobre isso.


-Sim, somente se for exatamente sobre isso.- Ele expirou profundamente.- Não posso mais fingir que não me importo com isso. Morgan, o que você pretende fazer? Se você não vai contar a ele… você vai fugir?


Ela não disse nada. Severo esperava por aquela reação, então estava decidido a ajudá-la.


-Provavelmente a casa de seus pais ou seu irmão não estará segura. Será necessário que protejamos eles também. Talvez essa seja uma boa hora para você tirar umas férias em algum lugar longe da Inglaterra. Já pensou na Austrália? Creio que isso seja longe o suficiente. Agora, assim que ele descobrir (e ele vai descobrir, você sabe disso tão bem quanto eu) ele irá atrás de você, então precisamos do lugar mais improvável possível para você ir. Eu irei avisá-la quando ele descobrir. Quando você pretende partir?


-O quanto antes. Não posso ficar nem mais um segundo naquela casa.


-Certo… Então faremos o seguinte…


Severo explicou-lhe seu plano: Ele provocaria uma distração para o Lorde e então, enquanto ele estivesse longe, Morgan fugiria. Seria melhor que ela não levasse nada com ela, pois assim Tom não teria como saber que ela fugira. Ela poderia comprar novas coisas mais tarde, quando se estabelecesse. E, assim, o plano foi desenrolando-se.

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