O Assalto



O barulho de tiros que vinha do outro lado da colina alertou Black Snake. Ele esporeou seu mustang negro para o alto do morro e de lá pôde ver onde estava seu procurado. McNair havia se escondido em um celeiro e, lá de dentro, atirava na direção dos ocupantes da casa. O cadáver de um homem estendido próximo ao portão do pequeno rancho denunciava que o proprietário já não pertencia a este mundo, enquanto de dentro da casa saíam ainda uns poucos tiros, um sinal de que apenas sua esposa devia estar ali, lutando por sua vida.

Esse drama cotidiano não interessava a Black Snake. Era apenas mais uma conta a ser pendurada na extensa dívida de McNair. O pistoleiro de vestes negras incitou seu cavalo colina abaixo e, protegido pela parede sem janelas do celeiro, desmontou e se aproximou de McNair pelas costas.

Quando ia atirar, entretanto, uma bala vinda de dentro da casa passou zumbindo perto o suficiente de sua cabeça para derrubar seu chapéu e alertar o bandido. Ele fora visto pela pessoa que atirava de dentro da casa, e possivelmente fora confundido com alguém do bando de McNair.

O assaltante mudou sua posição, e Black Snake não teve outro remédio senão contornar novamente a parede do celeiro e tentar mirar pela porta de trás.

- Eu vi você aí, Black Snake, pode desistir que você não vai me pegar.

- Desista você, McNair! Renda-se, e eu te darei uma chance de sair com vida.

Sem receber nenhuma resposta, Black Snake entrou devagar pela porta de trás, pé ante pé, sem fazer nenhum barulho. Ele sentia que McNair podia vê-lo e, nesse instante, apontava a arma exatamente para ele. Mas tantos anos caçando recompensas não foram em vão: Black Snake havia desenvolvido reflexos extraordinários, e assim conseguiu escutar o barulho do colt sendo engatilhado, exatamente acima de sua cabeça.

Em uma fração de segundo, Black Snake se jogou ao chão enquanto McNair atirava, o feno do celeiro se espalhando para todos os lados ao seu redor. O chumbo vinha rápido, e Black Snake perdeu seu revólver quando caiu. Desarmado, o pistoleiro não teve outra escolha senão subir também para o forro do celeiro. “O ataque é a melhor defesa”, pensou ele, “Além disso, só se morre uma vez, e basta estar vivo para isso...”

Todo o desfecho se desenrolou rapidamente. Enquanto McNair atirava inutilmente no chapéu que Black Snake deixara sobre um monte de feno, o pistoleiro chegou por trás, trazendo consigo um forcado de quatro pontas. Antes que McNair desse por si, o forcado estava cravado em suas costas, o sangue jorrando através de seu corpo. Ele caiu do forro e a última imagem que viu antes de fechar os olhos para sempre foi o vulto negro de Black Snake.

O homem desceu a escadinha com naturalidade e apanhou seus colts, que estavam largados no chão. Sentia-se nu sem eles. Então, ergueu os olhos e viu a figura feminina que espreitava da entrada do celeiro.

- Está tudo acabado, senhora. Pena que tarde demais para seu marido.

- Oh, ele não era meu marido – respondeu a jovem, e Black Snake pôde notar que era pouco mais que uma garota. – Eu sou da mercearia da cidade e vim até este rancho apenas para entregar algumas encomendas. O dono do rancho morreu ali na frente do portão, e sua esposa está morta, também, dentro de casa. Acho que devo minha vida ao senhor...

- Não me deve nada.

- Meu nome é Lily Evans – disse a jovem, aproximando-se com a mão estendida. – E o seu?

- Eu me chamo Severus Snape. Mas todos me chamam de Black Snake, senhorita – respondeu ele, enrolando um cigarro e ignorando a mão estendida. – Agora, se me dá licença, eu tenho que levar este presunto para o delegado.

- O que ele fez para o senhor procurá-lo? – perguntou novamente Lily, sem se dar por vencida.

- Ele assaltou um trem.

- Aqui perto?

- Não, no Nebraska.

- Assaltar um trem não me parece um motivo forte o suficiente para fazer alguém persegui-lo por mais três estados...

Enquanto buscava seu cavalo e selava outro para o morto, Black Snake respondeu:

- E não é. Mas para realizar o assalto, McNair e seu bando mataram os 250 soldados que guardavam a composição. Eles fizeram o trem descarrilar e cair em um barranco, causando a morte de quase todos os homens que ali viajavam. Depois, eles mesmos desceram o barranco e exterminaram os sobreviventes a tiros.

Ele parou de falar e olhou o rosto visivelmente chocado da garota. Aquilo pareceu diverti-lo.

- Mas nem isso me importa. Há uma recompensa de 1.500 dólares por esse cara aqui, vivo ou morto – ele completou, montando novamente em seu mustang negro. – E mortos eles dão menos trabalho.

Black Snake tocou a aba do chapéu, em um simples cumprimento, e se foi.

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NA: Então, essa é a apresentação do meu pistoleiro/justiceiro do velho oeste, Black Snake. Ele é FODAAA (não tenho outra palavra), e eu espero q vcs gostem.

Tem outras fics com ele q eu vou postando aos poucos.

CONTINUA...

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