Único



SONGFIC: STOP CRYING YOUR HEART OUT (OASIS)



Stop crying your heart out
Faça seu coração parar de chorar

Remo Lupin caminhou vagarosamente pelos gramados bem cuidados do local. Andava sem direção, como se estivesse bêbado ou perdido, mas ele sabia exatamente para onde ia. No entanto, era a alma dele que não tinha mais direção, era seu coração que perdera o rumo e agora continuava a bater como que somente por hábito.

Tudo tão de repente. Em um momento ele tinha tudo, e no segundo seguinte ... poeira. Tudo poeira. Ou um terrível pesadelo, como ele imaginava às vezes, rezando para que Sirius o acordasse com um levicorpus, ou para que James lhe jogasse um balde de água na cara, como nos áureos tempos de Hogwarts.

Ele engoliu em seco, com amargor, já que não era mais capaz de sorrir. Sem perceber, chegara a seu destino, e agora encarava duas lápides visivelmente recentes.Teve vontade de se esconder nas barras da saia de sua mãe como quando era pequeno, como um menino assustado... Mas sua mãe não estava mais lá, e ele agora era um homem que não tinha mais onde se esconder, já que não tinha como mudar nada do que tinha acontecido.

Hold up
Hold on
Don't be scared
You'll never change what's been and gone

Segure-se
Segure-se
Não tenha medo
Você nunca mudará o que aconteceu e o que vai
Acontecer


A terra ainda era fresca, e a grama não havia tido tempo de crescer. Ajoelhando-se, ele leu as inscrições dos dois pedaços de mármore. “Lily Evans Potter e James Potter”. Sentiu os olhos marejarem e logo sua visão turvou. Com raiva contida, ele enxugou os olhos e observou as duas fotos afixadas nas lápides. James lhe sorriu com frescor, como se estivesse prestes a soltar aquela gargalhada despreocupada que lhe era tão característica... a risada que Remo nunca mais ia ouvir. Lily lhe sorriu docemente também, como se consolasse, e ele sentiu as lembranças lhe tomarem de assalto. Lembrou-se de quando o rosto de James não estava tão sorridente assim...

Era o início do quinto ano, e uma multidão se aglomerava no corredor de feitiços, onde um Severo Snape vestindo apenas uma calcinha cor de rosa pendia de cabeça para baixo, pendurado pelo tornozelo. Alunos de todas as casas riam e apontavam para o pequeno pedaço de pano com rendinhas e babadinhos que deixava à mostra pernas brancas e pouco agradáveis de se ver. Snape amaldiçoava todas as gerações de grifinórios, olhando com raiva para James e Sirius. Apesar de não ter visto de onde viera o feitiço, o sonserino tinha certeza de que haviam sido eles.

De súbito, o tom dos burburinhos decaiu, e uma Minerva McGonnagal nada satisfeita atravessou a aglomeração de alunos, perguntando a Snape se ele havia visto os autores do feitiço. O garoto negou, mas ainda assim apontou os dois marotos como culpados. Remo observou, um pouco afastado, os amigos negarem o feito, que obviamente havia sido realizado por eles. Desconfiada, a diretora da grifinória virou-se para Remo e lhe perguntou quem havia feito aquilo à Snape.

Remo olhou dos amigos, que lhe imploravam com os olhos, para o seu distintivo de monitor recém adquirido e lustroso. Num ato politicamente correto, ele delatou os marotos.


O Remo mais velho e cansado fechou os olhos com força, permitindo que duas lágrimas doloridas lhe escorressem pelo rosto contraído. Se pudesse voltar no tempo não faria aquilo de novo... pensando bem, pouco importava o que ele faria ou não, desde que ele pudesse voltar no tempo e viver somente de suas lembranças. Quando abriu os olhos, era como se visse novamente o rosto furioso de James a sua frente.

- O que deu em você Moony?!?!?!?! Por que, em nome de Mérlin, você nos delatou?! – gritou James enfurecido, batendo a porta do dormitório com força.

- Você nos fez pegar detenções pelo resto das nossas vidas! – exclamou Sirius aborrecido jogando-se na própria cama.

- É só que eu não podia mentir pra McGonnagal... – Remo disse baixando os olhos, sem coragem de encarar os amigos.

- O que?!?!?!? – exclamou James incrédulo – Mas é o que nós sempre fazemos!

- Só que agora eu… agora eu... – ele encarou o distintivo em seu peito, incapaz de completar a frase.

James, no entanto, entendeu perfeitamente.

- Você é ou não um maroto, Remo? – perguntou James com um tom que denotava incredulidade e raiva – Só porque agora você é uma droga de um monitor não quer dizer que você tem que ser perfeito! Você ao menos ainda quer ser um maroto? Huh, eu não tenho mais tanta certeza. – concluiu ele entrando no banheiro e puxando a porta com força.

Sem suportar o olhar de Sirius, Remo saiu do dormitório e sentou-se em uma das poltronas do salão comunal. Ele sabia que havia sido extremamente “não-maroto” o que ele havia feito. Ele odiava ter que fazer aquilo. Odiava ser uma droga de um monitor. Ele sabia que Dumbledore o havia nomeado monitor na esperança de que ele impedisse os amigos de quebrar tantas regras, mas isso era simplesmente algo impossível de ser feito.

Remo sabia o que tinha que fazer. Levantou-se de um salto e dirigiu-se ao dormitório tão rápido quanto pôde. Ao abrir a porta, ele encontrou os dois marotos conversando e ignorando-o visivelmente. Acenando suavemente , ele esperou até que ninguém estivesse falando, e então dirigiu-se a eles.


- James, Sirius – ele começou, ainda que nem um dos dois desse sinal de estar ouvindo – Eu denunciei vocês porque era meu trabalho como monitor. É uma situação realmente difícil... Eu tenho que ser bom, e eu tenho que me comportar como um maroto. Hoje eu escolhi ser bom e as consequências ... bom, não posso dizer que fiquei me sentindo bem depois. Amigos são mais importantes que um bando de regras, eu suponho. Mais importantes que um distintivo idiota de monitor.

Ele retirou o distintivo do peito e o depositou na cama .

Os outros dois o observaram fixamente. Então Sirius pigarreou.

- Err…pensando bem, não foi sua culpa você ter sido escolhido para ser monitor. E... bom, você realmente tem que fazer seu trabalho. Ainda que tenha nos atrapalhado, nós entendemos isso. – disse Sirius sorrindo levemente.

- Você pode ser um monitor e um maroto Remo... – James falou finalmente, após uma breve pausa – Quando nós estivermos fazendo uma coisa realmente contra as regras, você só precisa fingir que não está vendo... e depois, quando um dos professores chegar perto, é só se afastar.

Então James andou até a cama de Remo e pegou o distintivo vermelho. Aproximando-se do amigo, ele prendeu novamente o distintivo nas vestes de Remo e lhe sorriu marotamente.


O Remo real, ajoelhado no cemitério, sentiu seus próprios lábios se curvarem em um leve sorriso tal como fizera o Remo da lembrança, um sorriso que ele imaginava que nunca mais fosse tomar seus lábios. E ele sentiu algo aquecê-lo por dentro porque, ao menos, ele sabia que tudo aquilo havia existido, sabia que tudo havia sido real, e estaria para sempre dentro dele. Era algo que ninguém podia lhe tirar.


May your smile (may your smile)
Shine on (shine on)
Don't be scared (don't be scared)
Your destiny may keep you warm

Deixe seu sorriso (talvez seu sorriso)
Brilhar (brilhar)
Não tenha medo (não tenha medo)
Seu destino pode manter você aquecido


Ele já fora um garotinho sozinho e perdido.Ele já fora um maroto. Ele já fora um homem imensamente feliz. E agora ele era um homem, novamente sozinho e perdido, mas que devia achar seu caminho. Ele desejara tanto morrer... morrer no lugar daqueles que amava. Mas a ele isso não havia sido permitido, e nem agora o seria. Tirar a própria vida, desistir de viver? É, ele poderia ter feito isso, se não fosse pelos seus amigos... os amigos que haviam dado suas vidas pelo mundo de paz em que ele se encontrava agora. Os amigos que nunca permitiriam que ele desistisse, e que iriam querer que ele erguesse a cabeça e seguisse em frente, como o grifinório que ele fora, era, e seria pelo resto de seus dias. Os amigos aos quais sua vida pertencia agora.


'Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Porque todas as estrelas
Estão desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você as verá algum dia
Pegue o que você precisa
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar



Um dia, talvez, ele os visse de novo. Mas agora ele precisava seguir em frente, com toda a coragem que ainda lhe restasse. Sem medo do futuro.

Get up (get up)
Come on (come on)
Why you scared? (I'm not scared)
You'll never change
What's been and gone

Levante (levante)
Venha (venha)
Por que você está assustado? (Não estou assustado)
Você nunca mudará
O que aconteceu e o que vai acontecer


Lançou um olhar ao túmulo de James e lembrou-se do último abraço que havia dado ao amigo. Um abraço furtivo, que não fazia jus à forçada despedida que se seguira.

- Se ao menos eu pudesse te abraçar mais uma vez... – as palavras saíram de sua boca antes mesmo que ele percebesse. Saíram roucas, sibiladas e dolorosas, denunciando a falta de uso da voz.


'Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Porque todas as estrelas
Estão desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você as verá algum dia
Pegue o que você precisa
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar



Remo apalpou a terra macia. Debaixo de toda aquela terra se encontrava o homem mais íntegro e admirável que ele conhecera na vida... ou pelo menos o corpo dele, porque a alma estaria para sempre nos lugares onde ele havia vivido, perto daqueles que amava. E Remo faria de tudo para que a alma de James vivesse para sempre dentro de si próprio, nas lembranças doces e amargas que eles haviam compartilhado. Era hora de dar as costas ao passado, e fazer seu coração parar de chorar.


'Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Just take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Porque todas as estrelas
Estão desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você as verá algum dia
Pegue o que você precisa
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar



Já haviam se passado quase duas horas. Remo se levantou e , com um floreio de varinha, conjurou um ramalhete de lírios. As flores favoritas da amiga, que as tinha até no nome... Então, antes de ir embora e dar as costas à duas das pessoas mais importantes da sua vida, ele deixou o buquet de lírios no túmulo de Lily. No túmulo de James, no entanto, ele não deixou flores. Quando o ex-maroto deu as costas, tudo o que se podia ver no túmulo de James Potter era um velho distintivo de monitor.


We're all of the stars
We're fading away
Just try not to worry
You'll see us some day
Just take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out
Stop crying your heart out
Stop crying your heart out
Stop crying your heart out

Nós somos todas as estrelas
Nós estamos desaparecendo
Apenas tente não se preocupar
Você nos verá algum dia
Apenas pegue o necessário
E siga seu caminho
E faça seu coração parar de chorar
Faça seu coração parar de chorar
Faça seu coração parar de chorar



Seu coração, entretanto, ainda não havia parado de chorar. Não pararia jamais.


------------------------------------------------------------------------------------------------------------

N/A: Mesmo aviso do resumo: Eu sou a mesma "Amanda Delacourt Black", só que perdi o acesso à minha antiga conta ao cometer a burrice de apagar meu e-mail quando ia alterar o msn. Assim, estou repostando as minhas fics, mas não tenho como apagar as outras contas delas. Acho mesmo que não o faria mesmo que pudesse. Então, por favor, COMENTEM!!! Vai dar um trabalho infernal começar isso td do zero, e eu necessito urgentemente de incentivos!

Beijooos =P

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.