Onde tudo começou...



Estou deitado na cama há exatamente três horas e trinta e cinco minutos, me encontro da mesma forma em que me encontrei a trez horas e trinta e cinco minutos, minhas mãos tremem, preciso que elas parem, estou nervoso, não sinto meus pés e nem um calafrio na vértebra Faz com que eles se movimentem, estou imóvel, feito um pato de brinquedo em liquidação, imóvel e esperando, esperando a salvação para me tirar desse pranto de dor e inconsciência, o quarto me parece cada vez mais escuro, mais tenso e mais distante de tudo que pareça com vida. Tenho 18 anos e estou acabado! Completamente acabado apenas sinto essa dor e espero.

Sexta-feira, 23 de agosto de 1985. Estou sentado abaixo de uma arvore esperando o sinal da escola bater, estou vestido com umas das roupas mais bonitas que tenho, o uniforme da escola, todo azul escuro com o emblema bem grande “Shilton” escrito em branco, com letras itálicas, apenas estou aqui sentado sentindo o sol de outono bater sobre meus cabelos castanhos claros, e lá está ela, linda, tão linda quanto a ultima tulipa da estação, tão formosa quanto as folhas que caem de uma arvore, tão...tão, ela está lá na ponta da escada conversando e rindo com suas trez amigas, Maria helena, charlote e bianca, as três e Izabela são as mais cobiçadas de Shilton, desdos garotos do primeiro ano até os que estão indo a Havard, o sinal toca, levanto-me e pego minha mochila preta em cima do tronco da arvore, respiro fundo e começo a andar em direção a ela, quero dizer oi , mesmo que não seja respondido, apenas quero que ela me olhe, sinto meus pés tremerem a cada passo que dou, minhas mãos suadas encontram com o bolso do casaco e se apertam, meus olhos verde esmeralda estão alertas a cada passo que dou em sua direção, ela ali parada ao topo da escada com seu olhos azuis da cor do céu. Chego ao fim da escada e com uma vos fina e rouca solto um singelo - Ola Izabela... -ela me olha, com um sorriso nos seus lábios tão doces e me consente um - Ola paulinho.- Dou um sorriso em retribuição ao seu, meu coração pulando dentro do peito, uma alegria misturada com ansiedade toma conta de mim, sigo o corredor em frente sem olhar para traz.
Entro na classe da professora Matilda e me deparo com Izabela linda com seus cabelos negros e seus olhos azuis da cor do céu sentada na carteira mais próxima da professora, a professora Matilda era uma senhora de seus 65 anos baixinha e magrinha que ensinava história estrangeira, naquele tempo estávamos estudando algo como a integração dos russos com a França.Eu não posso me gabar, mas era ótimo nessa matéria sabia de tudo que acontecia no mundo, pois papai naquela época viajava freqüentemente a negócios pelo mundo inteiro e sempre trazia os jornais locais para mim, sempre tinha um pouco de dificuldade em traduzir russo, mas papai tinha uma facilidade enorme com as línguas e me ajudava.Naquele dia haveria prova de história estrangeira então todos estavam muito agitados tentando esconder suas colas em baixo das carteiras.A prova foi difícil como todas, pois muitos textos estavam em outras línguas e era difícil a compreensão total das palavras, mas com a ajuda do meu pai em ler os artigos dos jornais fui associando algumas palavras e consegui terminar a prova muito antes dos demais,entreguei a prova e a prof matilda me deu um pequeno sorriso e disse muito bem Paulo, sai porta a fora e fui em direção do pátio onde havia a cantina da escola comprei um salgado e uma coca e me sentei em um canto, logo muitos outros alunos haviam terminado a prova e vindo para o pátio, quando o sinal do intervalo bateu eu e alguns outros do terceiro ano continuamos no pátio pois não teríamos aula no segundo tempo só no terceiro quando teria literatura inglesa. Em um canto do pátio estava Marcelo rodeado por sua “GANGUE” ele era um garoto legal, mas estava meio estranho depois que começou a freqüentar uns bares em nortcity com aqueles caras da sua gangue que ele chama de colega.Marcelo estava branco e magro como nunca esteve, fumando compulsivamente como um viciado, eu não podia acreditar no que via mas era a realidade ele era um viciado não só em cigarro mas como em crake,maconha,cocaína e muitas outras drogas , nunca tive interesse nessas coisas até esse dia...
Então ali estava eu um mané ,CDF com seu salgado e sua coca enquanto os garotos “legais” estavam fumando seu cigarro enrolando seu baseado.Fiquei sentado olhando aquela cena até que o Douglas um dos caras da GANGUE do Marcelo chegou até mim , sentou do meu lado enrolou um baseado acendeu e me passou , não sei exatamente o que se passou na minha cabeça aquela hora mas sim eu peguei o baseado e traguei ele com a maior calma possível , senti meu pulmão se enchendo daquela maldita maconha passando por todo meu cérebro e a calmaria passando por todo meu corpo, olhei pro Douglas dei um sorriso amarelado e continuamos ali eu tragando aquele baseado e o Douglas me olhando até que o sinal bateu mas já era tarde demais , eu já havia me entregado aquilo.
Saímos de shilton umas onze horas da manhã, não me lembro exatamente de tudo que fiz naquele dia só sei que quando voltei a mim estava na frente da casa de Izabela gritando o nome dela, ela apareceu dentro de um vestido rosa com uma faixa branca no cabelo e seus olhos azuis estalados num espanto tamanho.Azuis olham em verdes e tudo gira, quando me dou conta já estou entrelaçado em seu corpo sentindo sua pele macia feito veludo, seus lábios encostados nos meus fazendo uma calmaria e uma erupção dentro do meu peito efeito que nem a mais forte das drogas faria. Sei que em meio de tudo que aconteceu naquele dia só me lembro dos azuis em verdes.

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