O último funeral.



O Ultimo funeral.
O padre havia acabado de dizer as rezas fúnebres.

Aquele era o ultimo funeral.

Entravam agora na era do pós-guerra bruxa.

Os enterros de seus amigos Fred, Lupin e Tonks haviam sido dilacerantes. Porém, a sensação de sempre ter injustiçado a esta vitima de Voldemort em particular, o deixava com o coração pesado de remorso.

Severus Snape.

Ele sabia que a morte não era o fim... Principalmente depois do encontro com Dumbledore...

Entretanto, a falta física destas pessoas que haviam morrido o machucava.

Ele não era de chorar...

Harry Potter raramente chorava...

Mas ao ver o caixão lacrado baixando sete palmos para baixo da terra, ele finalmente conseguiu entender a vida e a amargura do velho e rabugento professor de Poções...

Sentiu os cantos dos olhos queimarem, e um duro nó na garganta. Então duas grossas lágrimas quentes rolaram, e ele sentiu uma mão de Giny em seu ombro esquerdo.

A volta da cova, apenas ele, Giny, Ron, Hermione, um padre trouxa e aquela mulher de cabelos louros e olhos tristes agarrada com seu pequeno filho, e (ao que parecia) um anão coberto com uma capa que cobria-lhe o rosto.

Quem seria aquela moça? – ele pensava fracamente. Na verdade, agora após a culminância dos acontecimentos, ele não estranhava mais nada. Havia descoberto tanta coisa... Nada mais espantava-o. Talvez ela fosse uma prima distante... Talvez uma namorada...

Estranho imaginar o velho mestre com uma namorada... Não, não podia ser. – Sua mente limitada sentenciou.

A maquina que baixava o caixão parou. O coveiro acionou o mecanismo para que o caixão fosse solto.

O baque surdo atestou que finalmente Severus Snape descansaria.

O padre abençoou aos que ficaram e retirou-se.

A moça de cabelos louros e olhos azuis vítreos jogou uma rosa vermelha solitária dentro da cova, apanhou um punhado de terra e jogou sobre o caixão.

Ele, Ron e Hermione e Giny fizeram o mesmo...

E quem diria que seu professor de poções, o bruxo mais ‘bruxo’ que Harry conhecera, era católico de nascença...

Eles haviam descoberto isso, quando ao dar inicio aos tramites do enterro, uma carta pós-morte foi entregue em Hogwarts pelo ministério bruxo.

Snape queria um enterro trouxa.

Mas o susto maior foi constatar que alguém havia reclamado o corpo do mestre. A moça que compenetrada olhava para o fundo da cova.

Harry olhou a volta e viu o tumulo de Elien e de Tobias Snape.

Era a coisa mais triste do mundo.

Nem mesmo a morte de Dumbledore o afetara tanto. – Pensou Harry.

Ele lembrava-se vagamente da mulher loura. Ele já a havia visto algumas vezes zanzando pela escola... Lembrava-se de tê-la visto grávida estudando na biblioteca... Mas na época sua preocupação com outros assuntos eclipsava tudo que parecia inofensivo.

Ela entregou a pequena criança ao anão, então Harry reconheceu a pele os dedos longos e disformes... Uma mão características dos elfos domésticos. Aquele ser encapuzado era um elfo! Devia estar disfarçado devido ao padre trouxa...

Com pesar Harry viu a moça ajoelhar-se na beirada do tumulo.

Ele não sabia o que pensar quando ela começou a chorar.

Queria ampara-la... Mas o que poderia fazer?

De certa forma ele sabia que havia sido responsável pela morte de Severus.

Agora ele sabia a verdade. Sabia que todo tempo, o mestre do fingimento havia exposto a ele apenas uma pequena parte da vida ao mundo. A ponta de um Iceberg.

O garotinho de rosto pálido, olhos negros e cabelos castanhos escuros e fininhos enterrou os braços para dentro do gorro do que agora Harry sabia ser um elfo, e expôs-lhe a grande cabeça. O pequeno puxava uma orelha do elfo que o carregava, tentando desesperadamente coloca-la na boca, e o elfo por sua vez balançava a cabeça tentando impedir que sua orelha servisse de mordedor ao garotinho.

Harry ateve-se aquela imagem cômica. O pequeno não tinha noção do que acontecia... Seria tão bom se ele pudesse sentir o mesmo...

A manhã, antes cinzenta, começou a ganhar um pouco de cor quando o sol finalmente começou a vencer a disputa contra as nuvens.

Agora a moça ajoelhada havia enterrado o rosto entre as mãos e chorava copiosamente. Os ombros balançando com o choro mudo, porém violento.

Todos observavam atônitos, quando o pequenino no colo do elfo se sacudiu e choramingou até que o elfo colocou-o no chão. A criança, que não deveria ter mais de dois anos, deu seus pacinhos tortos até a mãe e agarrou-a.

- Arthur. – Falou a mulher ao filhinho.

- Mamããã! – o bebe falou com a vozinha fina. – Num chola.

Harry observou como os olhinhos do garoto eram conhecidos... Profundos como túneis negros. A seriedade com que olhava para a mãe era atípica para uma criança.

Um reconhecimento das feições do pequenino fez com que Harry soluçasse de surpresa...

Será? – o cérebro do jovem martelou.

Então a moça secou os olhos na manga da camisa negra, e tocou o rosto sério do pequeno de forma a afastar uma pequena mecha de cabelos castanhos escuros da testa do menino.

Com surpresa Harry viu o pequenino fazer uma caretinha colocando a lingüinha rosada para fora.

- AH seu péstinha! – Disse a moça levantando-se e batendo a terra dos joelhos.

O gurizinho deu uma risadinha estridente e saiu ‘correndo’ (como criancinhas correm: desajeitados pela fralda, e com as perninhas abertas)

- Volta aqui seu montrinho! – Ela disse rindo fracamente e correndo de vagarzinho para entrar na brincadeira do filho. – Eu te pego! Eu te pego senhorito Snape! – Ela brincou correndo atrás do bebe por entre os outros túmulos gramados.

Harry, assim como todos, ofegou de surpresa.

Um sentimento esmagador de identificação com o pequenino (que agora Harry sabia) que havia perdido o pai precocemente, sem ter tido ao menos a oportunidade de conhecer-lo verdadeiramente, inundou o coração de Harry... Mas ele não pode perguntar nada, pois a moça já estava afastada. E o elfo que antes os acompanhava estava correndo para alcançar a insólita dupla: Mulher e filho de Severus Snape.

- VENHA DIPPY! VAMOS VER SE VOCÊ NOS PEGA! – Ela gritou para o elfo, que instantaneamente abriu um sorriso e com um “pop” sumiu da beirada do túmulo e apareceu próximo à dupla.

Olhou para os lados e viu tanto Ron quanto Giny com as caras tão perplexas quanto a dele mesmo. Apenas Hermione exibia a típica cara de “sabe-tudo”, como se aquela cena fosse algo extremamente esperado.

Eles viram quando a moça pegou o bebe pelas mãozinhas e o rodou no ar, arrancando gargalhadinhas estridentes da criança, e quando o elfo alcançou-os correndo por entre as lápides.

O coveiro (que por não ter se assustado com a o elfo e suas peripécias só poderia ser bruxo também) Ligou uma máquina que começou a trabalhar novamente, e em poucos minutos o tumulo estava coberto de terra.

O trio da grifinória e Giny ainda olhavam ir ao longe a família de Snape transformando o cemitério em parquinho: A mulher corria para arvores distantes agarrada ao filho. Um som de “Pop” aqui e ali, e o elfo da família aparecia de detrás de arvores para assustar a mãe e o filho, que gargalhavam sempre que o elfo saltava de um lugar improvável para pega-los.

O sol ganhara a disputa, e o dia agora parecia improvavelmente claro.

O coveiro pegou a lápide de mármore e colocou sobre a terra fresca. Então Harry e seus amigos puderam ler:

Severus Snape.
Soube precocemente o que era amar com todas as forças. Com a mesma intensidade amou-nos. Feneceu leal ao amor, e para sempre será amado por nós com todas as nossas forças.
De sua esposa e filho que rogam e esperam o dia em que voltaram para sua companhia.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!FIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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