A MORTE E A DONZELA



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N/A: os vídeos são para mostrar a música, ok? Apenas ouçam e se deixem levar... e se envolver com a história...



Música: A Morte e a Donzela (parte 1) – Schubert



***

No salão, em destaque, o pianista executava sua mais nova composição. Uma sonata em ré menor bailava pelo salão inundando os ouvidos apurados de seus convidados para o Baile de Verão de 1826.

Uma calorosa salva de palmas marcou a finalização da peça.

Na sequência, um quarteto de cordas composto por um violoncelo e três violinos, apresentou outra peça do anfitrião. Uma música forte e envolvente, no estilo romântico, mantinha a moça de vestido verde completamente hipnotizada. Do outro lado do salão ela viu o virtuoso compositor ser cumprimentado pelos ouvintes encantados.

Agora ela se sentia duplamente hipnotizada.

- “Quanta beleza em um só corpo!” – pensou ela ao vê-lo sorrir timidamente diante dos elogios. – “Magnífico ao piano, majestoso no salão.” – ela concluiu enquanto acompanhava os passos lentos do jovem que cruzava a pista.

Seus olhares se cruzaram por um instante.

A moça permitiu-se mergulhar no oceano cinza daquele olhar profundo. O rapaz sentiu-se inebriado com o chocolate dos doces olhos da donzela.


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...“Magnífico ao piano, majestoso no salão.”



***

“Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma.” – Goethe

***

Na sala de música da mansão, o rapaz dedilhava no piano uma canção triste. Não conseguia se concentrar na melodia que compunha. Concentrava-se apenas nos lábios rosados da donzela de sorriso radiante que vira no baile do verão passado.

- “Onde estará minha musa de verão?” – murmurou o jovem, com o olhar perdido sobre as teclas. – “Onde estará a única que pode aquecer esse vazio?” - e continuava a rabiscar uma partitura e dedilhar as notas tristes, carregadas de saudades por algo que nunca teve.


Ouviu ao longe um burburinho agudo, interrompendo sua música. Ao virar-se para descobrir o motivo de sua distração quase caiu da cama.

- Não acredito! Maldição!!! Mais uma vez esse sonho esquisito. – praguejou baixinho ao constatar que tivera o mesmo sonho de tantas outras vezes. Permitiu-se ficar embaixo das cobertas por mais quinze minutos antes de saltar da cama para mais um dia de aulas.

A brisa fresca e perfumada do anoitecer balançava os longos cabelos castanhos da garota que apreciava o horizonte. De costas para o castelo, ela estava a contemplar o lago calmo e o bosque ao fundo, enquanto sonhava com o futuro, sonhava com o amor. Sonhava, sobretudo, com o belo rapaz que vira no baile de verão e que sorrira como ninguém.

Subitamente acordou quando ouviu o vento frio que assobiava na janela de seu quarto.

- “Inferno de inverno!” – pensou a garota envolta em cobertores. – “Que sonho estranho!” – exclamou para si mesma, reunindo coragem para sair da cama naquele dia frio.

O rigoroso inverno assombrava a janela de vidro embaçado e cortinas escuras do quarto da menina que sonhava com uma doce noite de verão.


***

“ O amor não se deve somente queimar, mas também aquecer.” – Goethe

***

Um passeio pelo campo sempre era uma boa opção. O ar fresco, mesmo que um pouco frio no início do outono, lhe trazia serenidade e inspiração. Ele pensava... recordava... caminhava devagar enquanto os pensamentos corriam ligeiros de um sorriso a um olhar de certa garota.


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...ele pensava... recordava... caminhava...


Seus amigos seguiam a cavalo falando alto quando um deles apontou para a pequena estrada que surgia a leste.

Novamente o sorriso encantador do talentoso pianista ecoou no vento.

Caminhando distraída pela estrada, a garota vinha entretida com sua leitura.


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... distraída pela estrada...



Um estrondo forte veio de trás das cortinas verdes da cama e um rugido baixo de desaprovação surgiu a seguir.

- Que isso, cara? Tanto mal humor logo cedo? – o amigo brincou.

- Cala a boca! – foi a única coisa que conseguiu pronunciar antes de levantar da cama com as imagens do sonho agradável e perturbador ainda frescas em sua mente. Durante o banho pensava: “Que maldito sonho é esse? Quem é esse pianista e essa moça? Que inferno! Que moça linda!”


No banheiro feminino em uma das torres do castelo duas garotas conversavam:

- Faz uns dias que voce tem acordado assim... mau humorada. O que foi?

- Não sei, amiga. Tenho tido uns sonhos estranhos. Como se eu me recordasse de um passado distante... muuuuuuito distante. Algo em torno de 1800.

- Uau! – a ruiva exclamou. – E são que tipo de sonhos? – ela perguntou com um sorriso malicioso.

- Pervertida! São apenas estranhos. Não me fazem sentido nenhum. Vamos, já estamos atrasadas.

***

“ Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.” – Goethe

***

Música: A Morte e a Donzela (parte 2) – Schubert



- Vai tocar para mim? – a moça perguntou sorridente.

- Se a senhorita permitir, tocarei sua música. – o jovem respondeu com um sorriso delicadamente sedutor.

- Minha música?

- Sim. A música que compus enquanto... me lembrava de seu... doce sorriso... – ele levou sua mão à face rosada da morena, tocando com as pontas dos dedos os lábios dela.

- Eu... adoraria... ouvir. – com a voz trêmula pelo toque, ela respondeu hesitante.

A música invadia seus ouvidos e inebriava seus sentidos. Tudo se embaralhava à sua frente. Os sons que o belo pianista produzia se misturavam ao perfume saboroso que saía dos cabelos claros dele, além da visão avassaladora de vê-lo sentado ao piano com as ricas vestes cinza-claro com sua postura ereta que se assemelhava a um príncipe.

Tempo? Essa criatura maligna que alguém desalmado inventou, que só serve para frear a imaginação. O tempo corria e os visitantes, que minutos antes saíram para conhecer os jardins, já estavam de volta.

- Querida? – sua mãe a chamou, fazendo-a despertar dos mais doces encantos daquela realidade.

- Sim, mãe... – a garota tinha que falar o mínimo possível para não explicitar seu estado de pura entrega.

- É hora de irmos, querida. Seu pai nos espera para jantar. – a mãe falou seca ao perceber o envolvimento dos jovens.

- Mas mãe, ele está tocand...

- Agora, querida! – a senhora interrompeu a garota, obrigando-a a partir. Virou-se e saiu da sala de música para esperar a filha no hall da casa.

- Sinto muito não poder ouvir sua música até o final. – a moça disse com um sorriso triste.

- Eu é que sinto muito, senhorita. E uma correção: essa é a SUA música, lembra-se? – outro sorriso encantador do rapaz desarmou a jovem.

Ele fez menção de tocá-la na face novamente, mas ela recuou. Deu um passo para trás e pegou uma rosa vermelha do vaso em cima da mesa, beijou-a delicadamente e a colocou sobre o piano antes de partir.



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...essa é a SUA música...


- Eu vou ficar no mínimo um mês sem falar com vocês! – a garota praticamente rosnava para os amigos. – Como vocês me aprontam uma dessa? EU vou ficar de detenção por causa da irresponsabilidade de dois adolescentes!!!

- Calma...

- Calma o c*r*lh*. E eu nem sei o que vocês aprontaram dessa vez! E não. – ela interrompeu o moreno antes que ele começasse. – E eu não quero nem saber. Agora some da minha frente antes que eu te azare.

- Não quer sab...

- SAIA DAQUI! Maldição! Moleques inconsequentes!!!

- O que foi, amiga? Que bicho te mordeu pra você estar raivosa assim? – a ruiva perguntou assim que entrou no salão comunal e viu a morena bufando de ódio.

- Foi o bicho idiota do teu irmão e do teu namorado, ruiva. Aqueles dois me pagam. Quer dizer, não quero ver aquelas duas criaturas asquerosas na minha frente tão cedo... Ei! Para de rir.Achei que você era minha amiga. Pare, Gina.

- Foi mal, Mi. Mas você fica muito engraçada quando está brava.

- Saia daqui você também.

- Não vai dar... Estou na mesma detenção que você...

- O que? O que teremos que fazer?


... Alguns minutos depois...

- Hummm... até que não vai ser tão ruim assim... – a castanha falou para a amiga assim que estraram na sala de música da escola.

- É. Limpar uma sala cheia de intrumentos que eu não sei nem o nome e que não é usada há pelo menos um século! Claro... vai ser moleza...

- Poderia ser pior, ruiva. E veja pelo lado bom... podemos descontar no meninos depois. – a castanha andava pela enorme sala admirando os antigos instrumentos musicais que ali estavam.

- A deles é bem pior... Você não quer mesmo saber o que eles fizeram pra gente ganhar detenção? – a ruiva tentou.

- Não! É melhor assim, pois mantenho minha sanidade. – a garota entrou numa salinha menor ligada a outra e continuou. - Além do mais, gosto desses instrumentos. Essa sala é ... Não!

A negação da garota surgiu quando viu que não estavam sozinhas na sala de música. Na salinha menor havia apenas um piano novo e um loiro.


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... gosto desses instrumentos...


A ruiva, sempre estouradinha, já se antecipou e abriu a boca para se defender das prováveis ofensas do sonserino. Abriu a boca e fechou-a imediatamente.

O sonserino arrogante e metido parecia tão frágil naquele momento. Com a camisa amassada, a gravata frouxa, o olhar cansado. Olhar que não abaixou ou mudou de tom ao ver as duas garotas grifinórias ali.

- O que faz aqui? – a castanha perguntou com seu ar de sabe-tudo.

Quando ele a encarou seus olhos frios se perderam nos olhos doces da garota.

A moça permitiu-se mergulhar no oceano cinza daquele olhar profundo. O rapaz sentiu-se inebriado com o chocolate dos doces olhos da donzela.

- Eu... não sei... – foi o que o loiro conseguiu pronunciar alguns minutos depois. Muitas imagens invadiam sua mente. Seus sonhos, suas lembranças, seus desejos. Observava confuso a reação da garota, que parecia bem semelhante à sua, no momento.

Sonhos, lembranças, desejos, prazeres.

E nenhuma palavra.

O trinco da porta se moveu despertando-os daquele estranho transe. O zelador entrou na sala falando alto e balançando um balde com dois panos limpos, ordenando as garotas a começarem pelos instrumentos de sopro e saiu logo em seguida.

O loiro também saiu da sala antes que o zelador voltasse e deixou as duas garotas sem saber o que falar.

- O que foi isso? – a ruiva perguntou curiosa.

- Eu... não sei... - foi o que a castanha conseguiu pronunciar. As muitas imagens que invadiram sua mente instantes atrás ainda lhe bagunçavam os sentidos. Seus sonhos, suas lembranças, seus desejos. – É melhor terminarmos isso logo, Gi.


***

“ Quando um homem não se encontra a si mesmo, não encontra nada.” – Goethe

***


De frente para o lago frio a morena pensava.

Acabara de ouvir sobre uma lenda, um mito, uma maldição que perseguia sua família. “A donzela não pode viver”, era o que falavam na sala sem que soubessem que a garota ouvia.

- Viver? – ela se perguntava. Perguntava para o lago. Perguntava ao seu coração. Perguntava para os sonhos. – O que querem dizer com 'viver'? – de seus olhos tristes escorria uma lágrima solitária ao se lembrar de seu pianista.


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... a donzela não pode viver...


Ela conseguia pensar apenas no que ainda não tinha vivido. Como se conformar em não ‘viver’???

A morena correu o mais rápido que pôde para algum lugar longe daquela dúvida. Não queria ouvir nada sobre maldições ou lendas de sua família.

“- Não podemos permitir que ela se envolva com aquele rapaz. A donzela não pode viver! Vocês conhecem muito bem a maldição!” – as palavras que ouvira de sua avó ainda reverberavam em sua mente cansada.

Sem perceber para onde seus pés a levavam ela corria. Seu coração sabia que caminho seguir, então deixou-se levar para onde encontraria paz.

Cruzou os portões de sua casa, cruzou o bosque, a ponte, a velha estrada.
Passou pelos nobres portões da propriedade do conde e continuou a correr. Não ousou olhar para trás nem para os lados para não permitir que nada a tirasse do caminho.

“- A Morte e a Donzela é um mito, mãe. Não vou aceitar que minha filha abandone a vida por causa de um mito!

- Não é mito! Vocâ ama seu marido, por um acaso? Ou você amava aquele belo artesão que mor...

- Não-prossiga-por-favor.”

As palavras a seguiam. Não adiantava correr. A dor a seguia, cutucando seu coração. A tristeza corria mais rápido que seus pés a ponto de quase fazê-la tropeçar.


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... seu coração sabia que caminho seguir...


Encontrou seu motivo de paz na porta da mansão.

Abraçou-o fortemente. Tão forte quanto o amor que sentia.

- Calma, meu anjo. – ele falava tentando acalmar sua amada. – O que houve?

O corpo frágil da moça tremia ao se lembrar do que ouvira, mas ela não teria forças para verbalizar sua tristeza.

- Venha. Sente-se aqui. – ela a conduziu a um balanço que ficava pendurado numa grande árvore no jardim. – Conte-me o que aconteceu?


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... seu motivo de paz...



Na sala de música da escola, a garota observava os instrumentos imaginando quem já os tocara e para quem tocaram. Os sonhos era cada vez mais frequentes e mais intensos. Não sabia o que pensar e nem queria contar nada a ninguem, mas depois que vira o insuportável loiro sonserino naquela sala do piano, os sonhos se tornaram ainda mais intensos. Mais reais.

Era uma agradável tarde de verão e ela vestia um saia azul de tecido leve e uma delicada blusa branca de mangas curtas. Estava sozinha ao lado do piano acariciando as teclas e sonhando acordada.

“Como seria viver um grande amor?” – ela pensava ao se recordar da música que o belo pianista de seus sonhos compôs para sua donzela.

O ranger da porta chamou-lhe a atenção, fazendo-a se virar para ver quem entrava na sala. Apesar da situação inusitada e improvável, ela não se surpreendeu ao ver quem entrava. De cabeça baixa, vestindo calças pretas e camisa cinza, o rapaz adentrou o salão quase sem fazer ruído.

Sem pronunciar nenhuma palavra, o cinza e o castanho apenas se contemplavam. Não havia necessidade de palavras para dizer o que seus corações gritavam. Como se soubessem o que se passava na mente do outro... como se compartilhassem dos mesmos sonhos...

“Não seria possível, seria?” – a morena pensou num segundo de lucidez.

- Posso? – o loiro perguntou, apontando para o piano.

- C-cla-ro... – ela consentiu e saiu da banqueta, dando espaço para que o sonserino se sentasse, ficando em pé ao lado do piano.

Em um segundo todo o ar a sua volta tornou-se claro, leve, sublime.

A música invadia seus ouvidos e inebriava seus sentidos. Tudo se embaralhava à sua frente. Os sons que o belo pianista produzia se misturavam ao perfume saboroso que saía dos cabelos claros dele, além da visão avassaladora de vê-lo sentado ao piano com as ricas vestes cinza-claro com sua postura ereta que se assemelhava a um príncipe.

“A música da donzela!...” – a garota pensou.

- Não sei por que essa música se parece tanto contigo. – ele falou entre um acorde e outro. – E comigo. – ele completou antes que ela o fizesse.


***

“ É suficiente dizer o verdadeiro de uma maneira estranha, para que o estranho acabe por sua vez por parecer verdade.” – Goethe

***

Música: A Morte e a Donzela (parte 3) – Schubert



- Não quero partir! – ela repetia sem parar.

- Também não quero que partas. Mas dev...

- Não! Não vou partir. Não vou abandonar minha vida por causa de uma maldição estúpida. Não vou! Eu quero ficar! Eu quero lutar. Quero tentar!

- Meu amor...

- Não! Não me venha com suas palavras doces agora. Eu vou ficar. Dane-se essa maldição! Não é possível que você acredite nessas bobagens.

- Não acredito em bobagens, eu acredito na força da magia. – ele falou confiante, não deixando outra saída para sua garota a não ser se calar.

- Eu... eu... – ela tentou achar alguma palavra, mas não encontou nada.


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... dane-se essa maldição...


- Nós vamos dar um jeito. – ele respondeu sério, com seu ar principesco e soberano, antes de envolver sua amada em um abraço carinhoso.



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... não acredito em bobagens...



- É a quinta vez que nos encontramos nesta sala, não é? – o loiro perguntou assim que a garota entrou na sala. Mesmo que ela não tivesse feito nenhum barulho ao entrar, ele já sabia que era ela, pois já conhecia seu perfume e seu jeito suave de caminhar.

- É. Mas essa é a primeira vez que trocamos mais do que três ou quatro palavras... – ela falou sem-graça. – Hummm... eu não sabia que tocava piano.

- Nem eu... é uma história estranha... – ele falou baixinho escorregando os dedos longos pelas teclas.

- Adoro histórias estranhas... – ela falou sorrindo, sentando ao lado dele na banqueta de madeira.

- Por que eu acho que você sabe do quão estranho eu estou falando? – o sonserino perguntou desconfiado, tentando não aprofundar-se nos olhos castanhos da garota, pois sabia que se o fizesse não conseguiria desviar tão cedo, como acontecera das outras vezes.

- Eu não sei, só sei que nada é tão estranho quanto esta situação. – falou ela apontando para ambos, sentados no mesmo banco, sozinhos numa sala da qual poucos da escola sabem da existência. – Toca pra mim de novo. – pediu ela com a voz suave e quente, derretendo-se quando ele a encarou profundamente aceitando internamente seu pedido.

Perdeu-se no olhar misterioso das íris cinza-azuladas...
no perfume cítrico de seu pescoço...
no desenho delicado de seu lábios...

Ouví-lo tocar era como saborear as notas tristes da sinfonia... era como escutar as cores tristes do inverno... ou então enxergar o frio solitário do inverno...

Alguns segundos perdidos um no olhar do outro, o rapaz, hesistante e temeroso, perguntou com sua voz rouca:

- O que... aconteceu com a... donzela?


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... é uma história estranha...


Ela não se surpreendeu com a pergunta aparentemente sem sentido. Fechou os olhos por um segundo e apreciou a imagem que lhe surgiu.

Ele fez menção de tocá-la na face novamente, mas ela recuou. Deu um passo para trás e pegou uma rosa vermelha do vaso em cima da mesa, beijou-a delicadamente e a colocou sobre o piano antes de partir.

Ainda de olhos fechados, a castanha esticou o braço e tocou as teclas do piano, deslizando os dedos suavemente até pousar sua mão sobre a do loiro.

Ele ergueu o braço esquerdo e tocou-a na face rosada e sorriu ao perceber que ela não recuou, como em sua memória.

Aproximou-se um pouco do rosto da garota, ficando a pouco centímetros de distância, e com a voz ainda mais baixa, ele repetiu:

- O que aconteceu com ela? E com o pianista?

Ela entrelaçou seus dedos com os dele, que estavam sobre as teclas e estremeceu com a proximidade de seus lábios. Ela sentia o hálito fresco da boca dele, tão próxima da sua. Recusava-se a abrir os olhos e ver que aquilo era mais um sonho.

- O que você me diz? – ela perguntou num murmúrio.

- Ela... acreditou... na força da magia. – ele sussurrou.


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... ainda de olhos fechados...


- Sim. De todas... as... magias...

- Então... se ela... era... a Donzela... da maldição... ele era... a... Morte? – ele falou entre um beijo e outro nos lábios quentes da castanha. Beijos suaves, delicados, ternos.

Ela não foi capaz de responder. Sua mente vagava por entre o mundo dos prazeres.

Sonhos, lembranças, desejos, prazeres.

- Sim. – ela confirmou as dúvidas do loiro. E com o ‘sim’, indiretamente deu permissão para que o loiro finalmente aprofundasse o tão esperado beijo.

O mundo dos sonhos encerrou-se ali, quando a maldição encontrou seu fim e realizou sua última missão. Uniu o casal há tanto tempo destinado, porém sempre separado.

As lembranças voltarão para seus recantos, agora que abriram espaço para novas recordações.

Os desejos se multiplicam, se somam, se completam.

Os prazeres... Ahhhh.... os prazeres.... são todos plenos...




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... sonhos, lembranças, desejos, prazeres...



***

“ Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a.” – Goethe

***



N/A: É isso aí pessoal... uma pequena short fic para vocês. Espero que tenham gostado desse devaneio que surgiu tão repentinamente.

Comentem...

Bjins.



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