Revelações.



Capítulo 11 – Revelações.


-Eu vou matar o Sirius.


Lily conseguiu desviar sua atenção da cena no mínimo perturbadora a sua frente. Ele estava tão atônito quanto ela. Certamente ver a sua melhor amiga beijar o futuro marido de sua irmã, que só para piorar estava seqüestrada, faria qualquer pessoa perder o controle. Mas escutara ele dizendo que iria matar a si mesmo. E como se o suicídio já não fosse um exagero, ele ainda se referiu a si mesmo em terceira pessoa.


James finalmente retornou a si e percebeu que a princesa parara de contemplar Sirius e Marlene, e agora olhava fixamente para ele. Sem entender começou a se desculpar pelo amigo.


- Olha Lily. – Começou passando as mãos pelos cabelos procurando desesperadamente compreensão. – O príncipe nunca quis se casar. Não com Petúnia, pelo menos. – Não sabia agora se estava defendendo Sirius ou a si mesmo. – O Rei o obrigou, pois achava que só assim este poderia amadurecer.


- E numa espécie de vingança ele beija a melhor amiga da irmã de sua futura esposa. – Lily estava começando a aumentar o tom de sua voz. – E veja como a oportunidade surgiu! Justamente quando a princesa foi raptada!


-Na verdade... – Ele buscava desesperadamente as palavras. Naquele estado de tensão em que ambos se encontravam não ouviram cavalos se aproximando.


- Na verdade o que? – Lily o desafiava a arranjar uma defesa para seu amigo.


James mal conseguiu absorver a frase dita por Lily, quando foram cercados por quatro cavalos. Peter lançou uma corda sobre a Princesa laçando-a como se esta fosse uma presa. James colocou sua espada em punho.


- Não se atreva – Disse Malfoy saltando de seu cavalo e colocando sua própria espada sob o pescoço de Lily. – Desarme-se ou eu a mato.


James colocou sua espada no chão. Não tinha como Sirius escutá-los dali. Olhou a sua volta, além de Peter e Malfoy haviam mais cinco homens que ele não conhecia. Pensou na faca escondida sob sua manga. Ele a retirou da bota enquanto abaixava-se para colocar a espada no chão. Tinha uma única chance, mas para isso Malfoy teria de se aproximar alguns milímetros...


- Foi muito fácil achar vocês aqui. – Disse Malfoy sorridente. – Peter nos disse que costumavam seguir o rio...


Lily lançou um olhar indignado para Peter. Como ele pudera traí-los desta forma era o que ela indagava. James, no entanto, tentava se aproximar com passos imperceptíveis de Malfoy. Teria de agir rápido, acerta-lo com a faca, chutar o homem as suas costas, desviar de Peter e roubar Lily e o cavalo de Malfoy. No entanto teve seu raciocínio interrompido.


- Por que não diz a verdade para a princesa antes de partirmos? – Perguntou Malfoy ainda com a faca encostada no pescoço de Lily. A ruiva tentava controlar seu medo e mantinha uma pose soberana. – Não era isso que ela perguntava quando chegamos?


James arregalou os olhos. Peter soltou uma leve risada.


- Fizemos uma visita a Godric’s Hollow... – Peter começou a contar sua história como se estivesse falando com grandes amigos. James segurou com mais firmeza o cabo de sua faca, ainda sob a manga.-O Rei ficou bastante feliz em receber os homens que seu filho estava coordenando para uma missão bastante difícil.


- O que você fez? – O príncipe perguntou entre dentes. Como pudera um dia confiar em uma criatura tão cruel.


- Nada. – Peter continuou em seu tom amigável. Malfoy ria, enquanto Lily tentava entender o que estava sendo dito. – Só fomos lá procurar abrigo, dissemos apenas a verdade. Que tínhamos nos perdido...Nem imagina a surpresa que tivemos quando vimos as pinturas da família real.


- Pare Peter! – Malfoy ordenou. James estava pálido. Lily olhava para ele em busca de informações, mas só ficava a cada minuto mais confusa e preocupada. – Vamos dar a chance de ele mesmo contar para a Princesa...


James desviou os olhos para os pés. Não tinha escapatória, mas as palavras simplesmente não saiam de sua boca. Faltava saliva.


-Estamos perdendo tempo demais. – Falou um homem mais velho. – Quando vai parar de se divertir, Malfoy? O lorde quer ver a princesa ainda hoje.


Lucius lançou um olhar raivoso para o homem que queria acabar com sua pequena vingança. Depois olhou novamente para o cabisbaixo James e sorriu. – Se vossa alteza não falar, eu mesmo terei de contar.


- Vossa alteza? – Lily repetiu confusa. A espada já não estava tão rente a seu pescoço.


- Isso mesmo. – Peter falou com gosto. – Ele estava enganando você este tempo todo.


James observou os olhos verdes de Lily ávidos de esperança procurando pelos seus. Foi incapaz de manter o olhar por muito tempo.


- Para fugir do casamento com sua irmã, suponho. – Malfoy continuava em seu tom vitorioso. – Ele pediu ao melhor amigo, Sirius Black, para que este fingisse ser o príncipe.


Lily ainda tinha esperanças de que James de repente começasse uma grande gargalhada e falasse que todos estavam loucos. Mas não houve gargalhada, quando ele finalmente voltou a encarar seus olhos foi para confirmar tudo aquilo.


- Perdoe-me! – Não era somente um pedido. Ele quase implorou, mesmo que só tenha dito duas vezes.


Malfoy e os outros riam com gosto e com isso se distraíram, deixaram ainda mais espaço entre a espada e Lily. Esta abaixou-se desvencilhando-se. James sorriu ao vê-la escapando de Malfoy e vindo em sua direção. Tirou a faca da manga. Seu sorriso desfez-se quando a Princesa acertou o primeiro soco em seu tórax.


- Nunca mais dirija a palavra a minha pessoa! – Ela berrava. Os comensais haviam se recuperado e agora os cercavam. Certos de que ambos não teriam escapatória riam.


- Quando estivermos a salvos eu deixo você continuar me batendo, sei que mereço. – James disse em um sussurro, enquanto usava sua força para enlaçar a cintura da princesa e jogar sua faca na árvore atrás deles.


Com um pulo pendurou-se no cabo da faca agora fixada a árvore. Ainda segurando Lily golpeou os comensais com os pés. Lily o escalou e ao chegar no galho da arvore começou a pegar a maçãs jogando-as com toda força sobre as cabeças dos comensais ainda não derrubados por James.


Quando estavam todos no chão, cada um pegou um cavalo e saíram em direção de onde estavam acampados. Já estava escuro e todo cuidado era pouco. Encontraram Marlene e Sirius juntos de Frank e Remus.


- Vamos ter de ir embora. – James falou saltando do cavalo que roubara. Os outros começaram a pegar suas coisas sem perguntas. – Vou na frente com a princesa e vocês me sigam.


- Eu não vou a lugar nenhum com você! – Lily falou ainda de cima do cavalo. James não deu importância ao que ela disse. Apenas subiu no cavalo em que ela estava montada.


- Assim que você estiver segura...- Ele falou num tom firme, porém triste. –Poderá demonstrar todo desprezo que sente por minha pessoa. – Olhou para os amigos e todos já estavam montados. – Vamos!


Cavalgaram por entre as árvores, afastando-se cada vez mais do local onde os comensais dali a pouco estariam acordando. Marlene ainda muito assustada vinha segurando com muita firmeza em Sirius, este por sua vez tentava acalmá-la dizendo que tudo ia acabar bem. Remus e Frank usavam toda a sua experiência em não deixar trilhas para não serem seguidos posteriormente.


Lily e James, no entanto, não produziam nenhuma palavra. A princesa deixara algumas lagrimas correr, mas o príncipe não vira. Este por sua vez estava tentava focar seus pensamentos em correr com o cavalo.


Quando o sol estava nascendo resolveram parar. Estavam famintos e cansados por demais para continuarem. Encontraram uma pequena gruta onde poderiam dormir escondidos. Amarraram os cavalos bem longe da gruta e foram andando até ela. Não houve tempo para perguntas ou discussões, eles apenas deitaram e dormiram.




- Mas por que você quer ir embora, Lily? – Marlene falava num sussurro. A amiga arrumava as poucas coisas que ainda tinha consigo numa sacola. Todos os outros ainda dormiam.


- É horrível, Lene. – Ela interrompeu o que estava fazendo para encarar a amiga. – Eles estão mentindo. O Príncipe – Lily apontou para um Sirius que dormia em sono pesado. – na verdade não é ele. Este é Sirius Black.


- Ele não é o príncipe? – Marlene procurava a parte horrível da história. – Está falando sério?


- Lógico que estou. – a princesa falou resignada.


- Então ele não terá de se casar com Petúnia no final deste verão? – Marlene tentava conter um sorriso.


- Certamente que não. – Lily revirou os olhos.


- Mas isto é maravilhoso! – Marlene levantou e começou a saltitar. – Nem dá para acreditar. – Parou quando viu que amiga a encarava séria. – Sei que você queria que Petúnia se casasse, mas... não pude evitar, me apaixonei...


- Marlene, ele – apontou para James. – é o príncipe. E pelo que sei se casará com Petúnia no final deste verão. – Tentou conter as lagrimas e falou com a voz firme. – E você deveria se sentir um pouco mal em relação a Sirius, afinal ele mentiu para você este tempo todo.


- Mas...- Marlene ficara de boca aberta. – Sinto muito, Lily.


- Certo. – Lily recomeçou a arrumar a sua sacola. – Você vai comigo ou vai ficar aqui?


- Podemos chamar o Remus, não sabemos o caminho de casa, isso é uma loucura, Lily. – Marlene persuadia.


- Ele tem de ajudar a estes dois mentirosos a salvar Alice e minha irmã. – Lily disse em tom imperativo. – Já atrapalhamos demais a missão deles. Vai vir comigo, Lene?


- Não posso deixar você sozinha. – Marlene suspirou. Antes de ir atrás da amiga que montava em Raio de Sol, foi até as coisas de Remus e escreveu algo em uma das folhas que ele tinha levado para escrever cartas para Hestia.




Frank foi o primeiro a acordar. Quando não avistou Marlene e Lily pensou que elas poderiam ter ido dar uma volta. Não entendia bem a cabeça dessas duas. Mas estava começando a se afeiçoar a elas. Com um sorriso percebeu que havia chá pronto e fui tomar um copo.


Ainda tomando o seu chá foi até os cavalos. Percebeu que faltava Raio de Sol. Esfregou a testa pensando onde elas poderiam ter ido para ter de levar um cavalo com elas. Resolveu acordar Remus.


Este demorou um pouco para compreender o que Frank dizia, mas quando escutou as palavras ‘princesa e Raio de sol sumiram’, levantou-se prontamente.


- Podem ter ido procurar frutas. – Remus tentou ser otimista. – Afinal elas quem queriam enfrentar Voldemort.


No entanto, seu otimismo acabou quando viu a carta ao seu lado. Leu e foi acordar Sirius e James.




- Foi Peter, aquele traidor, quem contou para Lily – James disse melancolicamente enquanto calçava suas botas. – Agora ela me odeia mesmo.


- Eu imagino. – Disse Remus com pena.


- Esses arranhões da sua face foram feitos por Lily ou pelos comensais? – Perguntou Sirius fazendo graça. James deu um soco em seu braço em resposta. – Fique calmo, Pontas, elas não podem estar muito longe. Vou te ajudar a procurá-las.


-Não. – James levantou-se e foi em direção a um dos cavalos. – Vocês ficam aqui. – Olhou para Sirius e acrescentou. - A propósito eu vi o beijo que deu em Marlene.


- O que você quer dizer com isto? – Sirius indagou confuso. Frank já acostumado com os dois foi amolar suas espadas em uma das pedras da gruta.


- Se não fosse Peter a estragar tudo, você já o teria feito mesmo. – James o acusou.


- Agora está me comparando ao Rabicho? – Sirius disse indignado, mas ainda sim rindo. – Vai me dizer que fui eu quem te obriguei a se apaixonar pela princesa errada.


- Vão brigar agora? – Remus perguntou descrente. Para sua surpresa ambos trocavam sorrisos.


- Seu idiota! – James o xingou. – Estava contando os dias que levaria para beijar Marlene.


- Para alguém com casamento marcado até que foi bem rápido. – Ambos ainda riam quando James saiu da gruta em alta velocidade.

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