Capítulo 6;



Capítulo seis


- Acho que você pode sim. - disse a mulher, sorrindo enquanto tirava os óculos escuros. - Meu nome é Gina Weasley, e você deve ser a vadia que anda transando com o meu marido.

- Como é que é?! - assustou-se com os dizeres da mulher. Levantou-se sobressaltada, ficando frente a frente com a ruiva. As duas eram praticamente da mesma altura, então se fitavam compenetradas.
- Não finja que não sabe de nada... Talvez a sua amiguinha aí, não saiba a vagabunda que você é, mas eu sei... - afirmou a ruiva sem se abalar.
- Olha aqui, você nem me conhece! Nem se conhecesse! Isso não lhe dá o direito e a ousadia de dizer isso assim! - exclamou Hermione, atônita.
- Eu tenho todo o direito do mundo, Dra. Granger, mas não se preocupe, eu não resolvi vir aqui pra dizer a todos o tipo de mulher vulgar que você é. - falou sorrindo. - Eu vim para lhe dar um aviso... Fique longe do meu marido e da minha filha.
- Desculpe, eu acho que não entendi bem... – falou, engolindo em seco, temendo ouvir o que seu coração não quisesse. - Seu marido? Do que está falando?!
- Não entendeu? – questionou, sem acreditar na morena. Riu cinicamente. - Acho que isso explica tudo. - tirou de sua bolsa uma folha e entregou a morena.
- Ainda continuo sem entender, Srta. Weasley! – falou, franzindo a testa sem mesmo olhar para o que ela lhe entregara. Suas mãos tremiam, e seu coração pulava incontrolável.
- Essa é a minha certidão de casamento, fiz uma cópia pra te dar de presente. - falou sorrindo. – Parece que ainda não entendeu! Eu acreditava que uma pessoa que cuida dos outros seria um pouco mais inteligente e instruída, mas vejo que me enganei...

Somente agora Hermione repousara devidamente os olhos sobre o papel. Seu coração quase parara, quando lera o nome que ali continha. Encarou a mulher, horrorizada, e com os olhos prontos a marejarem. Sentou-se sem se dar conta, o mundo a sua volta girava, e ela não conseguia pensar em mais nada.

- Isso só pode ser uma brincadeira... - sussurrou a esmo.
- Eu tenho cara de que está brincando? - questionou. - Acho que o Harry continua tendo a mesma mania de sempre... Ele oculta algumas coisas da vida dele, creio que ele "esqueceu" de dizer que ainda é casado comigo.
- Olha aqui, "moça"... É melhor se mandar agora mesmo! - bradou Luna, olhando para Hermione que nada dizia, apenas fitava o nada como se estivesse em transe.
- Eu vou sair, pois acabei de perceber que o Harry não contou toda a verdade para a médica, coitadinha... Acho que você pensava que ele te amava, não é? Triste fim. - disse em tom irônico. - Aprenda uma coisa queridinha, Harry não ama ninguém, só a ele mesmo.

Hermione ainda não acreditava nas coisas que a mulher dissera. Seu coração gelara, e doía pensar que Harry a enganara de tal forma cruel. Nunca pensara nessa possibilidade, acreditava que Harry fosse divorciado e que nada mais tinha com a ex-mulher. No entanto, ele a usara. De maneira fria e calculista. Apenas precisava de uma mulher para lhe esquentar a cama enquanto a outra não voltasse.

Sentiu-se ela a traída.

Fora cômoda, pois cuidava da menina e da avó doente, e depois seria descartada, e parecia que havia chegado a esse momento.

- Acho que você tem muito que fazer então, tenha um bom apetite e uma boa tarde... Se é que isso será possível. - ajustou a bolsa e saiu do bistrô sorrindo como sempre, pois Gina Weasley como boa modelo, nunca deixava de sorrir.

Após a saída da ruiva, Hermione se permitiu chorar. Abaixou a cabeça e se entregou aos soluços. Como não tinha forças para mais nada, permaneceu sentada, trêmula.

- Ele... Ele é casado! - exclamou, sua voz transcendia a dor que isso lhe causava.
- Calma Hermione, respira... Você está muito branca, quer desistir do almoço e ir pro hospital? - perguntou a loira.
- Não... Eu não estou me sentindo bem, Luna... – murmurou.
- Fique sentada, eu vou desistir dos pratos que pedimos e nós vamos pegar um táxi por que branca desse jeito você não vai conseguir nem andar. – falou, indo para perto do garçom.

Hermione levantara-se atordoada, ignorando o que Luna dissera. Suas vistas estavam ficando escuras, e ela se agarrou na cadeira. Suas pernas fraquejaram assim como sua cabeça que latejava.

- Pronto... Falei com o bendito do garçom, paguei a refeição e ele vai comer as nossas custas. - A loira parou de falar e olhou para a amiga. - Ok, vamos logo, você precisa de um remédio.
- Não preciso de nada! – exclamou, ríspida. - Só quero ficar sozinha...
- Nem que você quisesse, eu te deixaria sozinha. - falou a loira. - Vamos logo sair desse lugar.

Voltaram ao hospital, atraindo olhares dos funcionários. Hermione era amparada por Luna, e a cada momento ficava mais e mais pálida. Assustada, a loira levou a amiga para uma sala vazia. A médica estava gelada, e nenhuma palavra dissera no trajeto.

Hermione fora sentada numa poltrona, e apenas seus soluços eram ouvidos na sala. Sentia-se acabada de todas as formas, parecia que seus sonhos haviam sido somente ilusões, e idealizações impossíveis. Fantasias.

Ouviu a voz de Luna, mas tudo ao seu redor parecia como se fosse uma peça onde você somente assiste e de nada participa. Ouviu então o grito da amiga e depois disso tudo não passou de escuridão.

Minutos depois abriu os olhos, e enxergou com dificuldades Luna conversando com Draco, na mesma sala que estava após emergir numa escuridão assombrosa. Agora estava deitada numa cama, e sua cabeça doía ainda. Forçou os olhos, para momentos depois fechá-los com força, apertando-os. Sentou-se na cama, chamando atenção para si; tinha um gosto amargo na boca. Massageou as têmporas, respirando pesadamente.

- Dê uma pequena dose de calmante pra ela. - instruiu o loiro a Luna, que saiu apressada.
- O que está havendo? Não estou doente! - resmungou a ele.
- Não se levante Hermione, como se sente?- questionou o doutor.
- Tonta! - respondeu irritada.
- Vem sentindo outro sintoma fora esse durante a semana? - perguntou Draco, sentando-se na beirada da cama.
- Não estou doente! - insistiu, tentando se levantar.
- Já que você não me ajuda, eu serei mais claro, Hermione. - falou Draco, em um tom que a morena nunca havia visto. - Tem tido náuseas? Vômitos?
- Eu saberia se estivesse grávida, Draco! – disse, indo direto ao ponto. Sabia muito bem aonde esse papo iria levar.
- Saberia mesmo? Você só saberia se tivesse usado proteção todas as vezes que fez amor com o pai da menininha, mas do jeito que se olhavam no jantar, eu acho que isso deve ter sido algo bem difícil. - viu a morena corar, e continuou. – Hermione, você realmente acha que não há nenhuma possibilidade?
- Primeiro: isso não é da sua conta, e não! Não é possível, eu não estou grávida! - esbravejou ela. - Eu somente recebi uma noticia desagradável... Luna não te contou?!
- Ela deixou escapar algo... Hermione você sabe por quanto tempo ficou desacordada?
- Isso importa? – indagou, irônica.
- Bem, você esteve desacordada tempo suficiente para que chegassem o exame de sangue que eu pedi, e segundo o que consta nesse papel, você será mamãe em breve, Hermione Granger.
- Não... - disse vacilante. - Isso é mentira!
- Veja com seus próprios olhos... - mostrou o papel para a médica.

Tremente, Hermione pegou o papel. Talvez não houvesse mais como negar seu estado. Sentou-se novamente na cama, nem precisava olhar o resultado positivo. Tentara se enganar, mas agora não tinha mais jeito.

- Não podia ter engravidado... - sussurrou, limpando as lágrimas. - Agora, essa notícia já não é bem vinda... Eu... Eu não sei o que fazer!
- Eu acho que você tem que ter uma boa conversa com o pai do bebê... Esse é meu conselho. - disse por fim, vendo a loira trazer a medicação.
- Não vou contar pra ele. Eu vou embora, não preciso de remédio algum! - falou séria, saindo esbarrando em Luna.
- Hermione espera... - gritou a loira.

Ela não dava ouvidos, só queria ficar sozinha com sua dor. Nem mesmo pudera ficar feliz quanto ao fato de carregar um filho de Harry no ventre. Em outras circunstâncias, ficaria imensamente alegre, e correria para dar a boa nova, mas sabendo que ele ainda tinha um compromisso com Gina, cessava qualquer vestígio de felicidade. Estava nervosa, aflita. O que faria?

Milhares de coisas passavam em sua cabeça, e misturavam-se com as revelações que tivera durante aquele dia tempestuoso. Como as coisas poderiam mudar tanto? Acordara imensamente bem, desejando passar o resto de seus dias ao lado de Harry, e agora tudo que queria era se distanciar dele.

Sentia raiva, rancor, e possivelmente ódio. Se ele a amava como dizia, porque esconder que era casado?

A perderia de qualquer maneira, então porque adiar mais as coisas. Só os faria sofrer mais. Como agora...

Como poderia ficar diante dele, e de Madeleine?




Chorou durante dias e só se alimentava, mesmo que sem nenhuma vontade de comer, por causa do pequeno ser que carregava em seu ventre. A cada minuto lembrava-se de mentira de Harry e começava a se odiar por isso; Se odiar por ter sido tão ingênua e se entregar completamente. Machucava só de pensar no quanto Madeleine estava sofrendo por ficar sem mãe de novo, e em pensar que seu filho não teria um pai.

Não havia um dia sequer que seu telefone não tocasse, que ele não ligasse e fizesse a dor brotar de novo, várias e várias vezes. As mensagens que ela sabia que eram angustiantes, mas que não tinha forças pra ler por medo de se tornar algo de que viesse a se envergonhar, ou a envergonhar os princípios em que havia sido criada.

Não era nem a sombra do que costumava ser, e toda essa dor agonizante era culpa dele, da mentira que ele havia contado, e machucava mais ainda saber que mesmo ele sendo o maior dos mentirosos, continuava amando-o.

Não o vira mais depois que a ex-mulher dele lhe procurara. Harry deveria estar aflito e confuso, mas tudo isso era pouco para ele. O grande mentiroso hipócrita. Isto era apenas um mísero detalhe comparado a tudo que vivia agora. Estava mais cansada que de costume, quando chegou em casa depois de um plantão.

Os enjôos estavam lhe tirando a paz, além do apetite pela manhã. Viera para casa praticamente arrastada, e tudo que almejava no momento, era um banho e sua cama fofa. Engoliu em seco ao ver Harry Potter parado em sua porta, com o mesmo sorriso simples e a mesma fachada de pai solteiro sofredor que havia conhecido.

- Hermione, meu amor... - ela recuou quando o homem se aproximara. Seus olhos brilharam de raiva, enquanto ele ainda mantinha o sorriso sincero ao vê-la.
- O que está fazendo aqui?
- Essa não é a pergunta certa a se fazer... - disse por fim. - A pergunta é: O que você tem feito longe de mim?

Hermione não pode conter a risada que saíra de modo cínico. Ignorou-o e caminhou até a porta, passando por ele. Tentava refrear sua ira, mas ela parecia implacável, ainda mais quando ele se mostrava tão ou mais cínico.

- Hermione, eu fiz alguma coisa?
- Fez! - voltou-se para ele, séria e fria. - Apareceu na minha vida!
- Hermione! - segurou a moça pelo braço e olhou em seus olhos. - Você não sabe como Made tem sofrido, e você prometeu que iria ficar comigo pra sempre... Não importa o que acontecesse.
- Só que não tinha mencionado antes o mero detalhe de que você é ainda casado! – despejou, nervosa. Harry a soltou, lentamente, encaravam-se com expressões diferentes.
- Gina! – falou, como em um sussurro. - Eu sabia que ela estava na cidade, mas nem imaginava que ela ia chegar ao ponto de querer te conhecer...
- Sim, ela me conheceu, e você não imagina o prazer que ela teve ao dizer que é sua esposa... – comentou, sarcástica. - Agora, quero que suma da minha vida, me deixe em paz! Não quero ter que vê-lo nunca mais, Harry...
- Espera... Ela disse a versão dela, eu acho que tenho o direito que dizer a minha, por mais que depois você não queira me ver nunca mais. Pelo menos me ouça. – pediu, aflito.
- Ouvir você?! Eu acho que não, obrigada... Está tudo muito claro para mim, você me usou, mas não contava com tudo isso. Agora não venha pedir desculpas, nem colocar outras pessoas envolvidas nisso! Não basta tudo que causou?!
- NUNCA DIGA QUE EU TE USEI... Pois se há algo mais lindo e puro, é o nosso amor. Então não diga como se eu não me importasse, pois se eu não me importasse não estaria aqui na sua porta. - gritou. - Você vai me ouvir, e se vai ouvir aqui fora ou dentro da sua casa não me importa, mas vai me ouvir.
- Acabe logo com isso, diga de uma vez! Embora eu creia que de nada servirá...
- Eu pedi o divórcio desde que você veio pra minha vida, mas a Gina sempre dizia que se eu me divorciasse, ela iria tirar a Made de mim... E não quis assinar os papeis! - começou a explicar. - Eu não podia deixar que ela fizesse isso, tirar a minha princesinha de mim... Então eu fui a um advogado e ele me explicou que ela não pode fazer isso, pois ela abandonou a Made e nenhum juiz daria guarda para uma mãe como ela...
- Que bom, não é? Acabou? – falou, ríspida. - Eu estou cansada, preciso descansar... Adeus, Harry!
- Hermione... Você tem que entender que eu não queria te magoar, porque se eu te magoasse, eu iria magoar a Made também, e fazer as duas sofrerem é a última coisa que eu quero no mundo... Por favor, Hermione, volte pra mim e pra minha vida? Esquece a Gina! Isso vai acabar... isso já acabou e em breve vamos nos casar e ter os nossos próprios filhos. - disse sorrindo.
- Entenda você, Harry... Isso não vai ser possível, pois já tirei você e sua filha da minha vida... E Gina, ela é a verdadeira mãe da Made, e mesmo que diga que não e toda aquela história, você não pode negar esse fato, como não pode negar o fato de que ela ainda é sua mulher, e esse tempo todo eu fui sua amante! Isso é enojante, não parece pra você?
- Você não foi minha amante, pois a Gina não é minha mulher desde o dia que nos separamos há exatos dois anos atrás... – disse, sorrindo. - Por favor, não faça isso conosco... Por favor! Eu posso implorar de joelhos se você quiser, eu prometi a Made que te traria de volta e mesmo que eu te leve amarrada, eu farei, porque eu te amo Hermione Granger.
- Por favor, não torne as coisas mais difíceis... Entre naquele carro, e volte pra sua casa... Esqueça que um dia estive na sua vida!
- Eu não posso. - disse nervoso. - Eu tentei, mas eu não posso, pois ao convidar você pra cuidar da minha avó eu... Eu acabei por me apaixonar e por uma experiência que tive, pensava que isso era ruim, mas não é! Não é ruim... É bom, e eu quero que dure pra sempre.
- Já acabou, aceite! – falou, virando-se de costas a ele.
- Não, não acabou, eu não vou deixar. - puxou a morena de encontro a seu corpo e selou seus lábios com os dela.

Assustada, porém desejando sentir a textura firme dos lábios do homem, deixou-se guiar pelo beijo ardente. Seu coração parecia bater novamente, e até o rubor voltara para suas faces brancas como cera.

- Diga que nada vai mudar, Hermione. - pediu em meio a beijos - Diga que ainda me ama como eu te amo.
- Não... Eu sinto muito... Não posso continuar com isso. – sussurrou, pesarosa. Queria tanto poder dizer o que ele queria, e assim curar os dois corações.
- Você pode... Você pode sim! - Pegou a morena no colo como se ela fosse uma pena e não se importou com os gritos que ela dava e com os socos em seu peito. - Vamos pra casa. – falou, ao colocar a morena em seu carro e ligar o motor, se afastando em seguida da casa de Hermione, pois a verdadeira morada dela era do seu lado com sua filha.

- O que está fazendo?! Deixe-me sair daqui, Harry! - brigou ela, irritada.
- Não... Você vai pra minha casa, o lugar de onde não deveria ter saído. – gritou, sorrindo.
- Você é um imbecil, além de cretino!
- Eu sou o cara que você ama... Minha mãe sempre dizia que a gente ama os piores tipos de pessoa.

Hermione apenas desviou os olhos, mirando qualquer outra coisa que não fosse ao homem. Estava cansada de discutir, isso só a deixava mais exausta. Na verdade, faltaram-lhe os argumentos.

- Você não tem dormido bem, e eu acho que a culpa é minha. – disse, mirando os olhos na rua. - Perdão, eu não sei o que a Gina disse, mas eu sei que ela não joga pra perder. Contudo, isso está acabando, vamos nos separar e até o fim do ano eu e você estaremos casados.
- Acha mesmo que isso vai acontecer? - indagou, respirando fundo. Parecia que a tontura voltara com mais força. - Você é mesmo ingênuo... - terminou num sussurro.
- DEIXE DE MENTIR PARA SI, HERMIONE. – gritou, esmurrando o volante, parando o carro de modo que Hermione teve que se segurar em seu banco. - Eu estou cansado disso, a Gina não faz parte da minha vida, ela perdeu o lugar de esposa e mãe quando maltratou a Made. E eu não vou deixar ela se meter no nosso relacionamento, ele não vai acabar dessa maneira!
- Não grite comigo! - ralhou nervosa.
- Então não me irrite. - disse no mesmo tom da morena, voltando a ligar o carro.
- Então cale a boca! - replicou, encarando-o.
- Você quer que eu cale a boca?- questionou, desligando o carro mais uma vez. - Você tem certeza que quer que eu cale a boca?!
- Pelo que eu sei, ainda não está surdo... - resmungou Hermione.
- Pois bem... Eu vou calar boca, e você também vai calar a sua. - levou a boca da morena de encontro aos seus lábios e calou qualquer futura reclamação de Hermione, que mesmo com raiva dele, havia aceitado o beijo com felicidade.

- Não faça mais isso... – pediu, num sussurro quando descolaram seus lábios.
- Você não me deu alternativa. - o moreno suspirou e ligou o carro mais uma vez. - Você diz que não me quer... Mas o seu coração e o seu corpo dizem outra coisa.

Ela o olhou de soslaio, e virou o rosto para a janela. Novamente não quis enfurecê-lo. Queria chegar logo, pois sua cabeça doía, e as náuseas pareciam ter voltado. Sem contar que seu estômago já dava sinais de fome. O silêncio então se aprofundou entre os dois. Toda a raiva que parecia sentir se extirpava a cada momento, e a médica se repreendia por isso. Não deveria ser tão flexível com ele.

O final da viagem ocorreu sem mais problemas. Ela havia aprendido a se calar e ele se manteve firme na direção, Hermione não pode deixar de perceber o tremor que lhe passou pelo corpo ao ver a esquina da casa, fitou a expressão contrariada de Harry ao ver Madeleine sentada na escada da varanda.

Ao ver o carro do pai a menina, levantou limpando as mãos na barra do vestido.

- O que faz aqui fora há essa hora? – perguntou, para a garota que sorria ao ver Hermione.
- Mamãe... Eu sabia que você não ia sumir que nem a Gina, eu sabia que você ia voltar. – falou, abraçando as pernas da mulher.
- Nunca te deixaria Made... - murmurou. Queria tratar a menina tão friamente quanto ao pai dela, mas não conseguira ao ver os olhinhos brilhantes dela e o carinho e ternura, ouvidos na voz da mesma. Sorriu, abaixando-se, mesmo que com dificuldades. - Me desculpe se a fiz pensar isso...
- Papai... Eu não consigo acordar a vovó. - falou a menina, triste. - Acho que ela não quer mais brincar comigo.
- Você não consegue acordar a sua avó? – questionou, olhando para Hermione que também havia estranhado a fala da garota.
- É... Ela não quer abrir os olhinhos... - sussurrou, mordendo o lábio.
- Made, onde sua bisa está? - perguntou Hermione, em alerta.
- Na cozinha.. ela deitou na cozinha e não quer acordar. - disse a pequena.
- Ah, meu Deus! - exclamou Hermione, partindo para dentro da casa, com Harry ao seu encalço.

Seu coração aos saltos, pedia mentalmente que ela estivesse bem. Rapidamente entraram na cozinha, e encontraram a mulher caída no chão. Seus cabelos soltos tampavam-lhe parcialmente a face. Olharam-se aflitos, e Hermione abaixou-se, apoiando a cabeça de Matilde em seu colo.

- Rápido, Harry, chame uma ambulância! - falou aflita, o moreno continuou em choque. - Harry?!
- Eu...ela - piscou algumas vezes para então voltar ao normal. - Eu vou ligar. – falou, indo para a sala.

Quando Harry saiu da cozinha, Hermione estava trêmula. Sabia que de nada serviria a ambulância nem o socorro. Matilde já havia falecido. Tentava controlar o choro, mas não conseguia ter sucesso.
Mais uma vez checou o pulso dela, talvez em todo o seu nervosismo deixasse escapar algo. Mas era tardio qualquer coisa que pudesse fazer.

- Mamãe... - chamou Made, minutos depois da ambulância remover o corpo da senhora. - A bisa não vai voltar?

Hermione não tivera coragem de dizer nada, apenas pegou a menina nos braços e a apertou fortemente. Chorava em silêncio, fitando Harry que sofria calado mais a frente de onde estavam. Queria ter estado ali, talvez pudesse fazer algo para salvar a vida de Matilde, mas seu comportamento infantil e rancoroso a impedira de fazer o que quer que fosse.

- Não é justo...todo mundo que gosta de mim vai embora...primeiro a mamãe e depois a bisa...a mamãe voltou e a bisa não vai voltar. - choramingou a menina nos braços de Hermione.

Embora convivesse com a morte quase que diariamente, não sabia o que dizer a Madeleine. Não sabia lidar com isso. Olhou aflita para Harry, e ele pousou seus olhos sobre a filha. Como explicaria a morte a uma criança? A uma menina que não tinha bons precedentes quanto a ausência de certas pessoas em sua vida. A filha era uma menina esperta, mas temia que ela não entendesse.

Hermione encarou a menina, e alisou seu rostinho abatido. Secou suas lágrimas.

- Venha aqui, querida. - Harry estendeu a mão à filha. - Você lembra-se do seu hamster, o fofinho?
- Lembro... - falou fungando o nariz.
- Você lembra que ele teve que ir embora? Ela não queria ir embora, mas teve de ir. Foi assim com a bisa, ela não queria, mas teve de ir...- tentou explicar de forma que a filha entendesse.
- Mas se ela não voltar... eu vou ficar com uma dorzinha aqui oh. – falou, passando a mão próxima ao coração.
- Mas ela vai estar sempre com você, querida. Ela vai olhar por nós de onde ela estiver, vai cuidar de você. Basta que sempre se lembre dela... - falou Hermione, com a voz embargada.
- Pai, posso dormi com você e com a mamãe?- pediu a menina, sonolenta.
- Claro que pode querida..

A morena concordou, afinal negar um pedido de Madeleine a esta altura só pioraria as coisas, e também não queria ficar sozinha. Pegou a menina no colo, e subiu para o quarto. Sabia muito bem o caminho, então sem demora banhou a garotinha e a vestiu num pijama quentinho e confortável. Sem reclamações, Madeleine deitou na cama, e Hermione ajeitou para ela o travesseiro.

- Vou ficar com você aqui, está bem? - falou, cobrindo-a.
- Mamãe... você não vai embora, por favor fica comigo...- pediu sonolenta.
- Eu não vou a lugar algum... - confortou-a com um sorriso mínimo nos lábios. Sentou-se ao lado dela, que deixou o travesseiro e deitou-se em seu colo. A morena passou então a acariciar os cabelos lisos e finos da menina, que fechava os olhos lentamente.
- Essa vai ser uma longa noite. - falou Harry, desligando a luz do quarto.
- Sim... - sussurrou, seus olhos também estavam pesados de sono, no entanto não conseguia repousá-los. - Eu sinto muito por sua avó...
- Eu sinto muito por qualquer coisa que a Gina tenha dito. – disse, com amargura.
- Esqueça essa mulher... pelo menos por hoje. - falou cansada. - Amanhã teremos um dia cheio, vou ajudar você com o que precisar... Vou pedir outro médico para me cobrir no hospital. Alguém precisa ficar com Made, e você tem muitas coisas a fazer. Cuidar do enterro... - sua voz falhou, e seus olhos marejaram rapidamente.
- Obrigado pro tudo, Hermione. - agradeceu puxado a morena e a filha para perto de seu corpo. - muito obrigado.

Ela aninhou-se a Madeleine, que dormia no meio dos dois. E não demorou muito para que também adormecesse. Estando ali com Harry, tinha uma sensação de conforto e segurança, então pode dormir como há muito não fazia.




N/A: No cap passado a Jessy fez as honras, agora é minha vez...Como deu pra perceber a fic ta quente... gravidez e um quase surto da Mione, tudo em um capítulo só...gente eu peço que vocês manerem nos chingamentos...pq eu faço a Gina então eu vou me sentir triste... ou pelos chinga mesmo gente, pq a Gina é uma vaca mesmo...* momento Gina* E quanto mais você chingam mais eu me acho linda... * momento Gina off* Enfim... comentem, pois eu acho que tem pouco comentario, nossas outras fics tem muito mais e eu acho que tem pouco nessa ,então comentem. e lembrem-se fic em reta final, pra vc saber o final é só comentar e a gente vai postando...fortes emoções esperam vc... dado o recado, Bjinhus da Paulinha.. * faz voz de locutor* E agora a lindinha... timida... louca pelo cara de Smallville e minha parceira ( a gente rouba banco junto...) com você JESSY POTTER...

A Paulinha disse tudo, só agradeço aos leitores que comentam, e que continuem fazendo duas autoras felizes! Beijos a todos e até a proxima atualização, que claro, só com muitos comentários!

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