George - Parte V



George - Parte V

George bateu com insistência na porta, sem se preocupar com o barulho que fazia. E quando esta se abriu, nem se deu ao trabalho de verificar quem o tinha feito, antes de começar a falar:

- Angelina, eu tinha que vir... Senhor Johnson?

- Você está morrendo, meu filho? - O senhor calvo e com evidente cara de sono o interpelou. - Porque, se não é esse o caso, volte depois. De preferência, bem depois de ter clareado.

- Eu não... Claro, eu não me dei conta... Me desculpe...

O jovem Weasley já estava se preparando para ir embora, quando a voz de Angelina antecipou-se a ela.

- Pai? Com quem o senhor... - com o olhar intrigado, Angelina continuou. - George!? Aconteceu alguma coisa?

- O rapaz já estava de saida, Lina.

- A gente conversa outra hora.

George se desculpou, mas foi impedido de sair pela garota que segurou-o pelo braço e puxou-o para dentro da sala de sua casa.

- Não, espere! Pai, o senhor poderia nos dar licença?

- Lina, são duas horas da madrugada, vocês podem deixar isso para amanhã.

- Pai, por favor, não vamos demorar, prometo.

- Eu não queria incomodar...

- Por isso veio bater na porta dos outros em plena madrugada - o senhor Johnson ironizou em voz baixa, porém audível.

- O seu pai tem razão, Angelina. Conversamos pela manhã.

- Nada disso. Agora que eu já acordei não vou conseguir dormir sem saber o que aconteceu de tão grave para você aparecer aqui a essa hora. Se você não entrar, vou com você para o seu apartamento - Angelina concluiu, cruzando os braços e encarando alternadamente George e seu pai.

- Pelas barbas de Merlin, eu devo estar começando a caducar... - o pai de Angelina resmungou, antes de virar as costas e rumar para o próprio quarto, deixando os dois jovens a sós.

Angelina arrastou George para que se sentasse ao lado dela no sofá e perguntou:

- O que houve, George?

- Nada... Quero dizer... - ele encarou-a por alguns segundos, porém, em seguida fechou os olhos e negou, com movimentos de cabeça desalentados. - Eu não devia ter vindo...

- Mas veio, então o mínimo que você pode fazer é dizer de uma vez.

- Certo, - após um suspiro nervoso, George voltou a encarar Angelina, cravando seus olhos nos dela. Segurou a mão da jovem nas suas e disse: - Eu não quero substituir você. É isso.

- Ok... Eu estarei na loja pela manhã. Mas talvez, seja necessário contra...

- Não. Não é da loja que eu estou falando. É de mim... De nós.

- George...

- Assim... Assim que você saiu, eu me dei conta da besteira que tinha feito. Você tinha razão, eu gosto de você. É isso que importa, não é? O anel... Esse anel não tem que significar nada. Ele é... é só uma lembrança, como o Fred. Ele não está mais aqui, não é? E...

As palavras de George, que antes se atropelavam para ser ditas, sumiram quando Angelina desvencilhou-se dele e se levantou.

- George, eu nem sei o que dizer... Eu também fiquei pensando no que você falou e...

- E?

- E se você estiver certo? E se eu só estiver buscando o Fred através de você?

- Mas você não está, está? - Ele perguntou, ficando de pé na frente dela e segurando-a firmemente pelos braços.

- Eu não sei! Olhar para você é olhar para ele.Tocar em você é como tocá-lo e de repente eu já não sei mais quem está ao meu lado.

- Angelina...

- Eu não posso fazer isso! Nem comigo, nem com você.

- Eu não me importo! - Exclamou desesperado.

- Mas eu me importo.

- Quando... quando a gente estava lá em casa na-naquela noite... Você pensou nele? Você se lembrou dele???

- George, por favor, vamos deixar esse assunto para lá, ok? Eu não tenho condição... Eu não quero falar sobre o que quase aconteceu com a gente.

Angelina desviou o olhar e se afastou, ficando de costas para George. Sentia-se completamente perdida entre as emoções que sentia e aquelas que achava sentir. Procurou parecer um pouco mais serena, mas ao se virar, apenas conseguiu ver a porta de sua casa se fechando atrás de George.




 





A neve se acumulava sobre o peitoril da janela estreita, atrapalhando ainda mais a luminosidade da sala do apartamento sobre a loja de logros, mas George não reparou. Sua mente vagava entre pensamentos, enquanto tentava terminar uma lista de pedidos.

O Natal e os festejos de Ano Novo haviam passado, o movimento na loja diminuíra novamente e, agora que tinha uma nova funcionária, ele podia se dar ao luxo de fazer ao menos uma parte do trabalho burocrático em casa.

Os olhos de George focaram a poltrona preferida de Fred mais uma vez e a velha sensação de tristeza o acometeu. Parecia que o fantasma de seu irmão, finalmente, havia desistido de lhe atormentar, depois de passar horas a fio o incitando a procurar Angelina, através de uma musiquinha idiota.

Ainda se lembrava claramente da expressão penalizada de seu gêmeo, assim que fechara a porta da casa da garota atrás de si e desaparatara. Fred o observara se largar no sofá e, após
tentar confortá-lo, desvaneceu-se lentamente.

Fred teria se divertido um bocado durante as festas na Toca. Principalmente se tivessem conseguido flagrar Harry no quarto de Ginny. Porque, tanto ele quanto Ron tinham certeza absoluta que ‘o Eleito’ estava escondido no quarto da irmã caçula naquela tarde, depois do Natal. Maldita capa da invisibilidade!

Um pequeno sorriso saudoso surgiu nos lábios de George, ao imaginar a reação de Fred aos acontecimentos familiares. Estava tão imerso em lembranças não ocorridas, que quase não escutou baterem na porta.

Suas entranhas se contorceram em surpresa ao ver Angelina parada logo atrás de sua nova funcionária, quando abriu a porta que ligava seu apartamento à loja, no andar de baixo.

- Eu não queria incomodar, senhor Weasley, mas essa moça insistiu em querer falar com o senhor.

- Tudo bem, senhorita Waters, não tem problema. Entre, Angelina - George fez um gesto indicando o caminho e fechando a porta assim que ela passou. - Por que não usou a lareira?

- Eu não achei... conveniente - Angelina respondeu, desconfortável.

A tensão, quase palpável quando ambos se sentaram em lados opostos da sala. George já estava a ponto de explodir quando Angelina perguntou:

- Ela era de Hogwarts? - diante do olhar atônito do rapaz, completou: - A sua nova ajudante.

- A Misty, quer dizer, a senhorita Waters? Sim, ela estudou lá, também.

- Eu não lembro dela.

- Ela era da lufa-lufa, acho que um ano depois de nós.

- Ah, certo. E ela está se saindo bem?

George ficou estudando Angelina um pouco, antes de questionar irritado:

- Você não veio até aqui para perguntar sobre a minha nova funcionária, não é?

- Não... É claro que não...

- Então, porque você está aqui, Angelina?

- Você me ama?

A pergunta o pegou de surpresa, e George exclamou:

- Como é?

- O que você sente por mim, George?

- Eu já não deixei bem claro o que eu sinto por você? - George reclamou, frustrado, levantando da poltrona onde estava e indo até à lareira, onde apoiou uma das mãos, ficando de costas e evitando, assim, ver as lágrimas encherem os olhos de Angelina.

- Você acha que sentiria o mesmo se eu nunca tivesse me envolvido com o Fred?

- Merda, Angelina! Eu não posso responder isso, porque aconteceu e eu não consigo esquecer. E nem você - acusou, sem se virar;

- Eu sinto a sua falta... Tenho saudade das coisas que vivi com ele, mas é em você que eu penso. Isso está me deixando louca!

Respirando fundo para aliviar a tensão, George se virou e só então continuou.

- Angelina, eu estou cansado dessa historia toda... desencontrada. Escuta, eu não sou bom com esse tipo de coisa, certo? Então você precisa me dizer o que espera de mim.

- E-eu esperava que você...

- Eu já disse tudo o que queria e naquele momento você não quis - era fácil perceber a dor na voz que George não tentou esconder.

- Como nós vamos... Como eu vou poder viver fingindo que não estou sentindo tudo isso?

George aproximou-se de Angelina e a tomou pela mão, fazendo com que ficasse de pé à sua frente sem resistência.

- Entendo o que você quer dizer, mas eu prefiro que você não finja... E que não fuja - puxando-a para si, George a abraçou, antes de continuar. - Eu quero você Angelina. O que me diz disso?

Ele tinha o rosto tão próximo, que ela não viu forma melhor de responder a pergunta dele do que mostrando. E decidindo deixar seus sentimentos ganharem vida, Angelina o beijou.    










- O que você acha, George?

- Ahm, desculpe Ron. O que você disse? - George depositou a taça, que estivera rodando em suas mãos, sobre a mesa e olhou para seu irmão, sentado ao seu lado.

- O que você tem? Anime-se, estamos numa festa, se lembra?

- Infelizmente eu não fui capaz de esquecer.

- Já se passaram doze anos, George. Victorie merecia uma festa de aniversário.

- Eu sei. Não é só isso que está me... incomodando.

- Certo, lá vamos nós de novo. O que houve agora, é algum problema com a Angelina?

George perpassou os olhos pela pequena festa no quintal do chalé das conchas, onde os Weasleys e os Delacour comemoravam o décimo aniversário da filha mais velha de Bill e Fleur que nascera exatamente dois anos após a Batalha de Hogwarts. Já era hora de se ter lembranças alegres daquele dia. Mas seria impossível para ele, esquecer que há doze anos perdera seu gêmeo, seu melhor amigo.

- Sim e não - passando uma das mãos nos cabelos enquanto suspirava, George confidenciou. - Eu vi o Fred de novo.

- Ok, acho que você já bebeu hidromel demais.

Como explicar para alguém que, durante um tempo, o fantasma de seu irmão lhe fizera companhia? E que há anos isso não acontecia? Ainda se lembrava de observar o último vestígio do espectro de Fred se desvanecendo à sua frente, quando estava sofrendo por Angelina. E coincidentemente, no momento em que ele e Angelina estavam, mais uma vez, tendo problemas, ele voltara a aparecer.

Não fora como das outras vezes, era verdade. Fred parecera radiante, enquanto ele se afogava em dúvidas e suspeitas sobre o que Angelina estava lhe escondendo e que os estava afastando.

- Eu não sei mais o que fazer para controlar o James - Harry reclamou se sentando junto dos cunhados e tomando um gole de cerveja amanteigada.

- O que ele aprontou agora? - Ron perguntou, segurando o riso.

- Com licença, eu vou dar uma volta.

George não esperou pela resposta de Ron e Harry. Levantou-se e após apanhar uma garrafa de cerveja amanteigada do balcão de bebidas, rumou para as pedras ao fim do rochedo. A bebida já estava no fim quando o barulho de passos sobre as pedrinhas chamou sua atenção.

- Sua mãe está chamando para cortar o bolo.

- Eu já vou.

- George... - Angelina lamentou, ao vê-lo ingerir o restante da cerveja que estava na garrafa. - Vamos entrar, vem.

- Não! - Num gesto furioso, George arremessou a garrafa nas pedras abaixo de si, assustando Angelina. - Nós precisamos conversar e vai ser agora.

- Está todo mundo esperando pela gente, George...

- Danem-se todos! Eu quero saber o que você está escondendo de mim. Você tem andado estranha e eu quero saber o que é. É outra pessoa, é isso?

- Deixe de falar besteira, George. E quer fazer o favor de sair dessa beirada!

- Eu saio, se você me disser o que está acontecendo.

- George, por favor, você está me assustando.

- Que bom, porque eu estou apavorado! Há dias que você está pensativa e arredia. Eu não aguento mais ficar imaginando o que está acontecendo.

Angelina quebrou ao ver o desespero estampado no rosto de George. Não tivera a intenção de magoá-lo, só estava assustada demais com tudo que estava acontecendo e acabara não percebendo que estava afastando-o. Aproximou-se e tocou gentilmente o rosto sardento, em um carinho cheio de amor.

- Me desculpe, eu não queria que isso acontecesse.

- O que, me deixar?

- Quer parar de falar besteira! - Ela falou com um pequeno sorriso. - Eu não queria me afastar e te assustar.

- Então o que está acontecendo, Lina?

- Não é o que, é quem.

Sentindo algo gelado envolver suas entranhas, George afastou-se um pouco antes de voltar a declarar.

- E-então eu estava certo. Você conheceu outra pessoa.

- Não! Eu estou grávida, George. É isso que está acontecendo.

- Grávida? Grávida!

A medida que a palavra ia tomando seu significado, George foi sendo inundado, não mais por dúvidas e angústia mas por uma felicidade imensa, que ele pensou nunca mais poder sentir. Puxou Angelina para si, envolvendo-a em seus braços e rodopiando feliz, para deslumbre das pessoas que os observavam do Chalé das Conchas.

Sete longos meses depois, Fred Weasley II nasceu, saudável e chorão, para a alegria de toda a família Weasley.




N/B Sally: Comadre, amada, o final foi emocionante. Você conseguiu transitar sobre a delicada navalha que é o complexo relacionamento entre George e Angelina. Esse fim em que o medo e a dúvida persistem é uma amostra de que mesmo as coisas muito boas nem sempre podem ser perfeitas. Ainda assim, elas valem à pena. Não admiro o Fred estar radiante. Pena o George não conseguir compreender isso de primeira. Parabéns, querida!!! Finalizado com chave de ouro e todo o meu aplauso. Beijos!


N/B Sonia: Você sabe que eu sonhei um bom tempo com essa fic sobre George, e apesar de ter idéias, não achei que seria eu a pessoa a escrevê-la... Não. Teria de ser alguém que tivesse pela ruiva família Weasley não só empatia, sintonia, compreensão e afeição, mas também profundo conhecimento de causa: VOCÊ!- E como você a escreveu bem, irmã! Com tanta emoção! Com tanto sentimento! - Obrigada por realizar meu sonho! Obrigada por me deixar participar deste projeto! Parabéns e muitos aplausos! Muitos mesmo! Ensurdecedores!!!- Beijos e... Que tal uma de Fred, o Segundo, em Hogwarts, hein?????? ;D

N/B Kelly:É muito bom ler uma fic assim, tão cheia de sensibilidade! George foi emocionante do inicio ao fim (Que pena que acaba!). Pri, é preciso muito mais do que poder escrever bem, é preciso conhecer os Weasley para escrever sobre qualquer um deles, e eu sei que você ama essa família, por isso só posso esperar coisas lindas! Parabéns pelo trabalho lindo e muito obrigada por alem de nós presentear com a fic, você me brindou com a honra de ver o desenvolvimento dela, minha nossa! Eu ia as nuvens todas as vezes. Que delicia!!!
SUCESSO!!  Te amo. Espero mais!  Kelly**

N/A: Primeiro de tudo, mil desculpas pela demora no capítulo, mas eu estou terminando uma pós graduação que me tira o couro :P
Bom, aí está. Cheguei ao final de mais uma fic. Sim, ela está terminada, mas a história de George e Angelina, não. Eu sei que muito mais coisa aconteceu mas eu prefiro assim, que cada um imagine esses momentos.
Queria agradecer de todo coração a todos que leram ou vão ler essa fic algum dia. Muito obrigada!!!

Meu agradecimento especial é para Sônia Sag, Sally Owens e Kellysds:
Sônia, muito obrigada por me contar a sua ideia e me deixar escrever sobre ela. Obrigada pela ajuda e pela inspiração.
Sally, obrigada por me ajudar sempre, em tudo.
Kelly, eu não sei o que seria de mim sem você. Obrigada pelos conselhos e sugestões.
Amo vocês.

Livinha: amiga querida, você mandou e eu obedeci viu? Espero que goste desse final. Bjks e até a próxima.
laari forrester black: adorei seis comentários. Alguns deles são exatamente iguais aos meus, e foram uma das coisas que me motivaram a escrever essa fic. Espero que tenha gostado da história, e adorarei te encontrar em outras fics. Bjks.
Fabíola Cardoso: Obrigada, eu adorei escrever as passagens com o fantasma do Fred. Bjks
Priscilla Moreira: Obrigada, mas a ideia da fic foi da Sonia Sag, como ela estava sem tempo para escrever, eu resolvi fazê-lo. A Sônia pitaqueou, opinou e betou, portanto a fic também é dela. Bjks.
Grace Black: Querida! Concordo, o Fred é muito legal mesmo, até como fantasma. Bjks
Clara Isbela Black: A cena quente era de outra fic kkkkk. Obrigada e bjks.
Mickky: Amada, espero que eu tenha feito jus a tudo que você disse em seu comentário. Eu que tenho a agradecer. Bjks.
Saima: Já conseguiu tirar a música da cabeça???? Te amo, bjks.
Ara Potter: Obrigada, querida. Bjks
Pedro Henrique Freitas: Muito obrigada, querido. Adoro seus comentários. Bjks.

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Comentários (8)

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