Capítulo 01



Capítulo 01

Uma manhã escura e cinzenta surgia na janela de um dormitório em alguma torre de Hogwarts onde seus ocupantes dormiam calmamente sem saber o que ocorria no mundo fora da escola enquanto dormiam. Eram apenas cinco garotos, todos estavam no quinto ano. Infelizmente o ronco de um dos meninos impedia que uma coruja cinza que batia o bico na janela desesperadamente fosse escutada. Finalmente depois de incansável meia hora a coruja conseguiu acordar um dos garotos que abriu a janela.
- Charles, acorde é uma carta para você, parece ser urgente. Acorde.
- Remus, só mais cinco minutinhos depois iremos estudar.
- Charles, acorda é uma carta para você e está escrita em francês deve ser da sua irmã – disse Remus tinha a certeza de que usara as palavras mágicas “sua irmã” e que Charles não dormiria mais até ler a carta.
- Ah ta, muito obrigado Remus, desculpe não ter acordado antes – falou Charles distraidamente enquanto abria a carta e acrescentou – Não é da Lô. È do meu primo...

Charles
Infelizmente estou escrevendo não para dar-lhe notícias agradáveis.
Ontem à noite Lô, Alfred e nossos avós sofreram um acidente de carro e, mil desculpas por não estar ai para te contar isso, mas nossos avós faleceram. Alfred conseguiu tirar Lô das ferragens antes do carro explodir, mas ela está bastante ferida.
Seu pai já deve estar chegando a Hogwarts para te trazer para França para o velório.
Mais uma vez mil desculpas por não te contar pessoalmente
Jerome

Charles segurou o grito após ler a carta. A caligrafia do primo fina e firme pouco deixava transparecer a gravidade da notícia, seus avós estavam mortos. Ainda se lembrava da última visita à França no natal, e da discussão que seu pai tivera com seus avós pelo fato de serem bruxos e se comportarem como trouxas. Pra que somente usar carro se sabia aparatar? Naquela ocasião Charles achou que seu pai exagerava, que não havia problema em andarem de carro, era tão prático e sua irmã nem aparatava ainda, assim ficava mais fácil para todos. Agora se arrependia de ter tomado partido dos avós.
- Algum problema? – disse Remus, ainda se encontrava sentado na cama olha para o colega – Seu rosto está estranho, ficou sério derrepente.
- Meus avós... Acidente... Lô... Hospital... – dizendo palavras soltas Charles respondeu o colega o que fez Remus somente entender que algo grave tinha ocorrido – Desculpe Remus. Aconteceu um acidente, meus avós morreram e minha irmã e Alfred apesar de machucados estão vivos.
A porta do dormitório abriu mostrando a diretora da casa da Grifinória de roupão e muito séria
- Tambler arrume suas malas e me acompanhe o mais rápido possível.

***

Um pouco mais tarde, os outros quatro garotos do mesmo dormitório, voltavam para casa depois de um cansativo ano letivo para as férias de verão. Não tiveram mais nenhuma notícia do colega depois da saída dele no meio da noite no quarto e tão pouco os jornais comentavam o ocorrido.
- Você não sabe o que aconteceu, Aluado? – perguntou um rapaz de cabelos despenteados, olhos castanhos esverdeados que ficavam escondidos atrás de grossas lentes de um óculos.
Estava muito interessado com o que ocorreu com seu colega de quarto na última noite em Hogwarts, apesar de não serem melhores amigos Charles Tambler e James Potter tinham alguma proximidade e até uma amizade antiga. Conhecia a família Tambler quase toda, já passara diversas vezes temporadas na casa deles quando seus pais tinham que viajar a trabalho. Atualmente os dois conversavam mais quando o assunto era quadribol, James era o apanhador e Charles era o goleiro do time da Grifinória.
- Não Pontas, já te contei tudo que aconteceu, no mínimo 15 vezes – disse um Remus de aparência cansada, e achando o livro de transfiguração mais interessante que o amigo – Se tiver paciência dentro de algumas horas vai estar na estação com seus pais e eles provavelmente saberão mais do que eu.
- Algum problema Pontas? – disse um belo rapaz de longos cabelos negros que caiam displicentemente sobre os olhos e que ele fazia questão de retirá-los da forma mais charmosa que conseguia.
James e Sirius Black eram considerados a amizade mais inusitada de toda Hogwarts, porém eram amigos desde o primeiro ano, muitos os confundiam como irmãos algo que os divertiam profundamente. Sirius vinha de uma família de bruxos tradicional que se orgulhavam de serem sangue puro.
- Charles me fez jurar que não contaria pra vocês eu disse que não teria importância, mas ele me pediu – James dizia cada palavra sem olhar os amigos ficou um pouco em silencio antes de continuar – Os avós de Charles eu os conheci, quando fui a França ano passado, era na casa deles que fiquei hospedado. Eles eram excêntricos, mas não muito, não sei história direito só sei que eles largaram a vida de bruxo e viviam como trouxas. Brigte dava aulas em uma escola trouxa, uma noite desci para pegar um copo com água e ela me levou ao escritório para ver as varinhas dos dois escondida em uma gaveta com chave.
- E qual é o problema com avós que se comportem como trouxas? – perguntou Sirius displicente – Preferiria varinhas nas gavetas a cabeças de elfos no corredor na minha casa.
A cabine que ocupavam explodiu em risadas, o quarto ocupante da cabine, Petter, que dormia profundamente apenas se mexeu sem acordar.
- Rabicho está morto – riu James – De qualquer forma Charles disse algo de ter medo que algum lacaio de Voldemort pegar os avós dele algo assim. Não sei que risco vocês apresentariam.
O resto da viagem pouco falaram sobre a morte dos avós de Charles. Estavam muito ocupados programando as férias de verão. Sirius queria conseguir sair da casa dos pais na primeira semana e James prometia asilo político mesmo que se não estivesse em casa, era só mandar um coruja. Remus tinha que ajudar na lojinha dos pais e estudar um pouco. Já Petter resmungou algo sobre viajar com os pais logo na primeira semana.

***

- Mãe, essa veste não!
- James o senhor vai usá-la sim e acabe com esse choro, você vai usar essas vestes sim. O senhor Black também, os dois vão ao velório na França, não há a mínima chance de largar vocês dois sozinhos na minha casa.
Dois rapazes emburrados subiram as escadas da casa dos Potters resmungando, já tinham a festa planejada, e nem iam quebrar a casa era só uma festinha.
- E sem resmungos! Quero as malas dos dois aqui em baixo em meia hora, por que já vamos sair! – Gritou à senhora Potter irritada – Não sei como James ficou assim.
Meia hora mais tarde a família Potter e Sirius Black estavam diante da lareira prontos para usarem pó de flu para irem à lareira da casas dos Tombler na França. A viagem como sempre foi um pouco desagradável, rodopiar até parar de cara no chão em algum lugar. A casa aonde chegaram era ampla e bem clara o piso era a de uma madeira quase branca, mas não havia ninguém na sala para recebê-los e não escutavam nem um barulho
- Será que chegamos tão atrasados assim? – resmungou a senhora Potter – Não ser...
- Alfred!!! ALFRED! – gritou uma voz pelas escadas – Isso não tem graça Alfred, nem um pouco, devolva minha roupa e meu sapato!
Uma bela garota de cabelos pretos e curtos descia as escadas trajando apenas um roupão de senda na altura dos joelhos, não tinha reparado nos recém chegados até descer o ultimo degrau da escada, quando os viu parados diante da lareira os encarou algum tempo antes de falar.
- Vocês devem ser os Potter? – disse um pouco sem jeito - Desculpe não ter ninguém para recebê-los, mas essa casa hoje está uma bagunça como podem ver. Perdão sentem-se, vou achar alguém para mostrar seus quartos.
Havia algo naquela garota que aparentava ser forçado, como se aquela calma aparente não seria a real atitude dela, cada palavra estranhamente ensaiada, cada gesto medido, como um robô.
- Desculpe - disse o senhor Potter – mas você é a Elizabeth?
- Sim, Elizabeth Tambler – ela olhou para o lado deixando a luz bater na face direita do rosto dela mostrando uma seqüência de machucados que provavelmente eram do acidente de carro – Desculpem, mas preciso me vestir, gostaria muito de conversar com vocês só que com alguma roupa. Sinto muito, em cinco minutos eu retorno.
Sem ao menos esperar alguma reação deles Elizabeth subiu as escadas correndo não olhando para trás. Tinha uma aparência tão delicada, muito magra, pálida e baixa, os olhos eram de um azul tão intenso, pareciam ser a única coisa nela que tinha alguma vida, os arranhões e cortes do acidente não estavam apenas no rosto dela, mas também no braço e perna direita, a mão estava coberta de cortes como se vários pedaços de vidros tivessem a perfurado.
- A última vez que vi Elizabeth ela devia ter meses – comentou Ben Potter – Ela está igual à mãe só faltou os cabelos loiros.
- Essa é a famosa irmã do Charles? – perguntou James – A famosa Lô?
- É querido, é a famosa Lô. – respondeu a senhora Potter gentilmente – Ela cresceu muito e como lembra a mãe.
- Mas como ela pode ser tão bonita sendo irmã do Charles? – questionou Sirius ao amigo – Agora sei por que ele a escondeu durante anos.
Novamente passos foram escutados na escada fazendo todos calarem, Elizabeth descia, agora trajando com um vestido preto liso um pouco mais alto que os joelhos junto de um bolero também liso de linha, preso com um belo broche de prata e um sapato de bico redondo sem salto. Como que em tão pouco tempo ela havia se vestido tão bem? Não se sabia, mas parecia pronta para se sentar com os Potters e conversar até alguém aparecer e substituí-la como se seus avós não estivessem mortos em seus caixões, cada um, no jardim.
- Perdão pelos meus trajes anteriores, achei que chegariam mais tarde – disse sentando numa poltrona um pouco distante de onde os outros estavam e encarando cada um continuou – Você – disse olhando para Sirius – você é Sirius Black? Meu irmão fala muito de vocês com um nome... é ... Os Marotos, não é? - vendo-o confirmar com a cabeça seguiu – Como não quis ir para Hogwarts, Charles decidiu me contar tudo o que acontecia e como seria meus colegas se tivesse ido para lá. Estudo em Beauxbatons. Ou estudava, meu pai já conseguiu minha transferência para Hogwarts.
- Por que não quis ir para Hogwarts?
- James, certo? - disse olhando para o Maroto de cabelos rebeldes – Quis ficar com meus avós, fui criada por eles, preferi continuar a ter a vida que sempre tive. Tanto faz agora, vou ir para Hogwarts.
- Hogwarts é legal, você vai gostar de lá – disse Ben – Onde está seu pai?
- Na casa do meu tio, é aqui do lado, junto com meus irmãos – disse distraída – O Alfred não tenho idéia pra onde foi. Eu fiquei pra esperar vocês, mas achei que só chegariam mais tarde.
Ficaram em silêncio, Elizabeth brincava calmamente com a bainha do vestido sem olhar para nenhum dos visitantes, os cabelos curtos caiam-lhe nos olhos e escondia um pouco os machucados. Sirius a olhava discretamente, queria muito perguntar por que aquelas feridas não tinham sido fechadas por mágica já que não parecia algo grave a enfermeira de Hogwarts mesmo daria conta de fechar aqueles machucados. Será que excentricidade dos avós dela era tamanha que ela acabou por preferir um tratamento trouxa?
- Seu rosto – disse Sirius de supetão – Porque ainda está assim?
- Não conseguiram fechar. Já tentaram tudo. – disse Elizabeth tirando o cabelo do rosto e mostrando os cortes – Meu pai pode esconder o que quiser não sou burra sei que aquele acidente não foi uma tragédia, um carro capotar sozinho na reta e sem chuva? É esquisito – sorriu para Sirius de forma doce e continuou – de qualquer forma vocês não sabem muito menos do que eu. Meu primo, Jerome é curandeiro está procurando algo para fazer quanto aos machucados, espero que ache a cura rápido...
- Claro – disse Sarah Potter sorrindo – Seu rosto é tão bonito
- Não é por vaidade, esses cortes coçam muito e não poço coçá-los se não abrem – disse rindo – é muito chato. Jerome queria que ficasse internada, mas graças à boa teimosia o convenci a me deixar ficar em casa.
Elizabeth parecia estar à vontade quanto falava do acidente, mas essa foi à única vez no dia que falaram dele, ela contou sobre Beauxbatons que não tinha muitos amigos da turma dela, a maioria de alguns anos à frente, contou que cortou os cabelos há alguns dias e o pai não ficou nenhum pouco feliz, mas ela tinha certeza que os machucados tinham, pelo menos, parado de incomodar. Ela era bastante falante apesar da aparente timidez.
- Odeio quadribol – disse séria – não consigo olhar para uma vassoura sem cair
- Não acredito como você odeia? – perguntou James indignado
- Não gostando – disse encolhendo os ombros
- Mas você é irmã do Charles? – indagou Sirius – Ele é um excelente jogador
- Irmãos gêmeos não precisam ser idênticos – disse Elizabeth rindo – Eu toco piano pergunte ao Charles se ele sabe ou se ele quer sentar ao piano? Somos diferentes.
- Estava crente que ia ganhar uma nova jogadora pro time – disse James – Sou o capitão – explicou – e uma atacante se formou você era a nova esperança do time.
Ela começou a rir quando escutou o que James havia dito uma risada doce e divertida que fez com que todos rissem.
- Acho que se me quiser no time terei que ter aulas intensivas de vôo, até hoje acho que a minha professora do primeiro ano ficou com pena de mim e me passou – disse ainda rindo.
Não demorou muito para o resto da família chegar e a casa ficar um pouco mais cheia. Enquanto o sol deitava o Senhor e a Senhora Tombler eram velados em uma cerimônia simples e restrita, poucas pessoas apareceram, a família ficara em silêncio, poucas lagrimas foram choradas o silêncio só foi quebrado quando Elizabeth se despediu dos avós com uma oração cantada e rapidamente tudo havia acabado. Todos se dirigiram à sala da casa onde poucas conversas começaram enquanto Alfred preparava o jantar, obrigara todos a ficarem “Nunca alguém veio a essa casa e não foi bem recebido, por favor, fiquem e aposto que gostarão da comida” disse e logo depois se trancou na cozinha.
- Como a Elizabeth cresceu – dizia a Sra Potter – Sua mãe fez um excelente trabalho John, ela é super educada, uma verdadeira dama.
- É eu sei – respondeu John – mas não queira vê-la com raiva, pode ser traumatizante. Deve se lembrar da minha esposa, Elizabeth é exatamente igual em praticamente tudo.
- Só faltou o cabelo loiro – disse Sarah – Comentei isso com Bem logo que a vimos.
No outro canto da sala Charles junto de seus irmãos mais velhos Steven e Victor conversavam sobre quadribol enquanto Elizabeth brincava com seu priminho de quatro anos, Mika, no piano enquanto prestava atenção nos garotos.
- Pra mim quadribol não faz o mínimo sentido – disse recebendo olhares assustados em resposta – Não neguem que é esquisito – sim, eles negaram – Por favor... – ela resmungou voltando à atenção pro piano.
- Como você pode dizer isso tendo como irmão um dos maiores goleiros que a Grifinória já teve? – indagou Sirius
- Talvez porque não veja a diferença dele comer e jogar quadribol – respondeu ela rindo – Nunca vi Charles jogar, mas aposto que agora verei estarei até na torcida, David disse que vai até fazer uma camisa para usar nos jogos, algo com sua foto escrito é meu irmão.
Todos riram.
- David é meu primo – explicou Charles – irmão de Mika – disse indicando o garoto que batia no piano no colo da prima – que também tem como irmão o Jerome, que é quem está cuidado da Lô. São filhos do irmão do meu pai vocês o viram no velório é o meu pai gordo.
John Tambler era magro e muito alto, como cabelos curtos e castanho escuro, iguais os dos filhos, mantinha uma vasta barba da mesma cor dos cabelos, tinha olhos azuis, também iguais os dos filhos já seu irmão Joseph era muito gordo mas até a barba os dois tinham iguais.

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