Vigília



1 – VIGÍLIA


HARRY POTTER OLHAVA PREOCUPADO pela janela escura da casa n. 12 do Largo Grimmauld. Há muito tempo que eles haviam saído... se alguma coisa acontecesse a eles... a ela...

A Ordem da Fênix tinha ido buscar a família Weasley da Toca e os Dursley da rua dos Alfeneiros para transportá-los com segurança à antiga casa de seu falecido padrinho, Sirius Black. Harry desejara muito ir, mas Olho-Tonto Moody eliminara essa possibilidade afirmando que já seria muito perigoso sem ele.

Ele levantou-se da cadeira em que fazia sua vigília, suspirando. Apontou a varinha para os óculos sobre a mesa-de-cabeceira e murmurou “Accio”. Desde o dia anterior, quando completara dezessete anos e saíra da casa dos Dursley, pois a proteção de sua mãe cessara, ele realizava feitiços para qualquer coisa. Pôs os óculos e espreguiçou-se. Não adiantava ficar ali. Desceu à cozinha para encontrar a única pessoa na casa que ficara com ele, Hermione.

- Estão demorando demais, não é? – sussurrou ela preocupada quando ele sentou-se à mesa. A garota levantou-se subitamente e começou a andar de uma lado para outro; Bichento, seu gato de cara amassada, em suas mãos. – Já deviam ter voltado há algum tempo... ah, Harry, se alguma coisa acontecer...
- Hermione, cala a boca – pediu Harry com rispidez. Ele já estava demasiado assustado para a amiga ficar falando o que não parava de lhe subir à cabeça. Se acontecesse alguma coisa...

Neste momento, Monstro, o antigo elfo doméstico da família Black, entrou na cozinha, resmungando.

- Infectando a casa dos meus antepassados... minha senhora não merecia isso, ah, não, de jeito...
- Monstro, CALA A BOCA! – rugiu Hermione.

Harry olhou espantado para a garota. Hermione, falando daquela maneira com um elfo doméstico? Logo ela, que sempre lutara (praticamente em vão) pelo direito dos elfos? A garota parecia espantada consigo mesmo. Mas Monstro continuou a falar:

- A sangue-ruim acha que pode me dar ordens, ah, se minha senhora soubesse, que diria ela se...
- Monstro, sai daqui.

A ordem vinha de Harry desta vez, e Monstro teve que obedecer. Com uma reverência e um olhar de desprezo aos dois, ele saiu da cozinha escura.

- Ah, Harry, me desculpe, estou tão nervosa...
- Sem problema – disse ele. – Eu entendo.
- Olho-Tonto não podia ter feito isso com a gente! – esganiçou-se ela. – Todos foram, menos nós... se o Snape aparecer...
- Snape não vai aparecer, a segurança foi reforçada após a morte de Dumbledore.
- Eu sei, mas... é tão frustrante! Já faz duas horas que eles partiram, Moody disse que voltaria no máximo em quarenta minutos...

Mais por falta do que fazer do que por qualquer outra coisa, Harry sentou-se na mesa e pegou o exemplar do Profeta Diário daquele dia. Abriu-o para ler a primeira página e deparou-se com a manchete:


MINISTRO PARTE PARA O EXTERIOR

Nessa sexta-feira, o Ministro da Magia, Rufus Scrimgeour, partiu para um pais não divulgado para “sua proteção e a do mundo bruxo”.
“O Ministro deixou claro antes de partir que está preparando uma defesa contra Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomenado”, informou um porta-voz do Ministério. “E pediu à comunidade bruxa que entenda a sua atitude, que visa o bem de todos”.
O Ministério, entretanto, recusou-se a dar maiores informações.



- Hermione, você leu isso? – perguntou Harry indignado à amiga.
- O que... ah, o caso de Scrimgeour? Li sim. Uma completa covardia... “...visa o bem de todos”, ah, por favor... se o Ministro fez isso visando o bem da comunidade bruxa, Voldemort será canonizado amanhã. Ele quis fugir das mortes, dos acidentes... quis salvar a pele...
- Se o Ministro está fugindo do caos, o Ministério ficará entregue à Voldemort! – exclamou Harry furioso. – Como se precisássemos de mais alguma coisa sob o poder dele!
- Talvez... o Ministério está cheio de aurores, mas não sei se resistirão ao poder de Voldemort por muito tempo... – ela suspirou. – Não sei se nós vamos resistir por muito tempo.

Harry olhou para a amiga. Queria dizer alguma coisa para acalmá-la, mas estava tão nervoso quanto ela.

Eles esperaram por mais de meia hora quando ouviram o barulho de correntes vindo da sala. Correram para lá e a primeira pessoa que viram na soleira da porta foi Lupin, coberto de sangue e mancando.

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