Capítulo I: Apagando o Tempo

Capítulo I: Apagando o Tempo






Capítulo 1 – Apagando-se o Tempo


Hermione abriu os olhos e os piscou diversas vezes, tentando recuperar o resto de seus sentidos. Seu ombro esquerdo estava um pouco dolorido enquanto parecia ter um machucado próximo ao cotovelo que ardia um pouco forte.


Ela esperou alguns segundos, até recuperar uma suposta força, e apoiou as mãos no chão para se levantar. Daí então percebera que também tinha arranhões nas costas e nas palmas da mão. Uma leve tontura a embriagou e ela abaixou um pouco a cabeça, tentando diminuir o estado de desequilíbrio. Após alguns segundos, sacudiu de leve a cabeça e a levantou, abrindo os olhos, para logo arregalá-los.


Estava entre algumas árvores altas, grandes e de caules não muito grossos. Já estivera ali antes. Jamais deixaria de reconhecer a Floresta Proibida de Hogwarts.


Então seu coração passou a bater vertiginosamente e ela entendeu o que havia acontecido. O feitiço havia dado certo. Ela nunca errava um feitiço. E, de certa forma, era justamente pelo feitiço ter dado certo que ela estava com medo.


Prometera a Harry que se saísse errado o plano que os três haviam bolado, ela voltaria no tempo, voltaria anos, para o ano de 1944, para impedir que Tom Riddle Jr não se tornasse o Lord Voldemort. Sabia que era péssima ideia, que era perigoso, e que poderia não dá certo. Mas prometera. E promessa é dívida. Principalmente para bruxos.


Ela engoliu em seco e seus pêlos se arrepiaram pelo frio que sentira. Talvez também pelo espanto. O céu acima estava negro, sem nuvens, e havia uma mínima atmosfera sombria e fria a rodeando. Ouviu alguns galopes não muito longe dali, e para que não encontrasse com os centauros violentos, pegou sua varinha que estava no chão, utilizando-se do feitiço Lumus e começou a andar pela Floresta.


Caminhava devagar, apreensiva e um pouco insegura. Algo na sua mente ainda dizia que o feitiço poderia não ter dado certo e que talvez ela tivesse em uma época bem distante do que planejara. Algumas vezes tropeçava sem querer nos gravetos e brotos no chão por não vê-los e assustada logo se levantava para não chamar atenção de outros bichos. Uma luz branca fosca a média distância de onde estava, a chamou a atenção e Hermione decidiu ir até lá.


Quando lá chegou, viu algo no chão da Floresta, que parecia um animal, grande e robusto, ferido. Parecia ser um centauro, mas Hermione não pôde confirmar, pois ao escutar vozes, se escondeu por detrás de algumas árvores. Ela fechou os olhos tentando recuperar a normalidade enquanto apoiava as mãos trêmulas e sujas no caule da árvore onde estava encostada.


Quando ouviu as vozes ficarem mais altas e próximas, percebeu que era apenas uma voz, que se parecia falar reclamar consigo mesmo. Falava num inglês um pouco duro e parecia possuir um forte sotaque irlandês. Não parecia ser Rúbeo Hagrid.


Definitivamente não era Rúbeo Hagrid. Hermione ao perceber que o homem estava próximo ao animal caído, e de costas para ela, percebeu que o homem era de estatura normal. Pelo menos se comparada a de Hagrid que tinha 2,5m de altura. Aquele ainda era alto para Hermione, talvez 1,90m. Seus cabelos eram longos, escuros e desgrenhados, e parecia vestir-se de forma maltrapilha.


Ela percebeu que era perigoso ficar por ali, pois o homem poderia vasculhar aquele lugar para encontrar evidências do que havia acontecido, e decidiu se afastar de forma cautelosa e devagar. A luz na ponta da sua varinha era fraca, pois ela não queria correr o risco de que fosse visível ao homem perto dali.


Ao caminhar por mais ou menos dez minutos, Hermione pôde reconhecer totalmente o campo de Hogwarts. Estava na orla da Floresta, com o cabana de Hagrid um pouco embaixo à direita, o lago mais à frente e o Castelo de forma imponente num morro à esquerda. Ela deu mais uma olhada para trás e respirou fundo agradecendo pelo menos por estar em Hogwarts. Já era um bom sinal.


Ela sentiu os pêlos se arrepiarem novamente quando escutou uma voz à sua frente. Engolindo em seco, Hermione virou o rosto devagar e encarou os olhos azuis elétricos de uma garota que parecia da sua idade. Era um pouco mais alta que ela, tendo uma postura altiva; os cabelos eram pretos e compridos, bem ao meio das costas, e a franja lateral um pouco grande que lhe cobria os olhos. A pele era branca pálida, o que fez Hermione lembrar-se de Draco Malfoy. A garota usava um uniforme da Grifinória e o emblema de Monitora era bem visível sobre as vestes.


'Quem é você?' Ela perguntou com os olhos franzidos com a varinha também acesa em Lumus apontada para o rosto de Hermione. Hermione fechou os olhos pela claridade forte do feitiço sobre os olhos. 'O que está fazendo aqui na Floresta a essa hora? Deveria estar no seu dormitório e...' A garota abaixou a varinha e Hermione abriu os olhos percebendo que a menina a analisava de cima a baixo. 'Não deveria estar de uniforme?'


O coração de Hermione batia num ritmo acelerado e ela não estava conseguindo raciocinar direito. Seu cérebro ainda parecia estar sob estado de turvidão e parecia não acreditar que estava de fato ali.


'O que foi? Por que não responde?' A menina perguntou desdenhosa olhando para Hermione. 'Gato comeu sua língua ou o quê? Vamos, responda! O que está fazendo aqui?'


'Ap-paratei!' Respondeu Hermione engolido em seco rezando para que aquela garota não tivesse lido Hogwarts: Uma História.


'Não diga mentiras. Não se pode aparatar em Hogwarts!' A garota rebateu de forma rude e Hermione desviou os olhos para o chão. Logo os levantou quando ouviu uma voz masculina próxima dali.


'O que foi? O que está acontecendo aqui, Rose?' O menino perguntou à garota à frente de Hermione. Também da Grifinória e também monitor. Tinha os cabelos curtos e pretos ajeitados com o que Hermione supôs ser brilhantina. O nariz era um pouco bruto, mas nada anormal.


'Encontrei-a perambulando por aqui na Floresta'. A menina respondeu seca. 'Vamos, garota, responda de uma vez o que está fazendo aqui a essa hora. E não venha com mentiras.'


'Eu.. Aparatei!" Ela repetiu respirando um pouco exagerado. 'Não como uma aparatação normal, digo... Chave de Portal!" A menina que se chamava Rose inclinou um pouco a cabeça para trás, desconfiada. Já o garoto parecia interessado na resposta da menina.


'Chave de Portal? E por que se utilizou de uma Chave de Portal para vir aqui? E você é de que ano? Não me parece ser me familiar aos alunos do sétimo nem sexto ano.'


Ela estava enrascada. Sabia disso. Como poderia fazer com que ninguém ali suspeitasse dela? Como poderia fazer com que professor algum suspeitasse dela? Ela precisaria inventar uma boa desculpa para que aqueles dois não se transformassem em empecilhos à sua missão. Como iria mentir tão bem a eles? Com o que iria mentir? Talvez devesse dizer que estava procurando por Dumbledore... Hermione teve um estalo dentro da sua cabeça.


'Eu precisei fugir.' Ela disse engolindo um pouco em seco para controlar as emoções do corpo. 'Eu sou do sétimo ano de Durmstrang e a única alternativa era via Chave de Portal. Meu pai tinha uma, uma bota velha, e ele me disse que se eu viesse à Hogwarts e pedisse ajuda de Dumbledore, ele poderia me ajudar!'


A menina e o garoto se entreolharam e para a surpresa de Hermione, ele pareceu acreditar naquela história. A garota Rose, no entanto, parecia desacreditada.


'Podemos levá-la ao Professor Dumbledore!' Ofereceu o monitor e Hermione sorriu pra ele de forma aliviada. Usara o nome de Dumbledore para se colocar a par de que estava no tempo em que Dumbledore já estava em Hogwarts, que deixava Hermione, paradoxalmente, aliviada e apreensiva de saber que realmente estava em 1944.


'Desculpe, mas primeiramente vamos levá-la ao Diretor Dippet.' Comentou a menina para o amigo e Hermione sentiu o coração fornicar. Diretor Dippet? Ela não o conhecia. Não sabia se poderia confiar nele como confiava em Dumbledore.


A garota pediu que ela a seguisse e Hermione prontamente o fez um pouco insegura. O menino a escoltava ás costas enquanto a outra grifinória ia à frente. Em sua cabeça, Hermione pensava em várias alternativas para ser capaz de fugir de situações que poderiam colocá-la a por tudo a perder.


Ao entrarem em Hogwarts, Hermione não se conteve e olhou o castelo como se fosse a primeira vez que o estava fazendo. O teto mágico, o piso, o emblema da escola... Mas algo estava diferente. Algo não fazia sentir-se plenamente em Hogwarts quando estava com Harry e Ron. Hogwarts parecia triste, sem vida.


'Você está bem?' Perguntou o garoto atrás de si notando o semblante de Hermione. Ela apenas negou com a cabeça como se quisesse fazê-lo esquecer.


'Não é nada. É só que já li sobre Hogwarts e achei que ela fosse diferente.' Tentou contornar.


'Diferente como?'


'Não sei, alegre.' Ela disse levantando os ombros.


'Você espera que estejamos pulando de alegria com toda essa guerra aí fora, é?' Perguntou a menina de forma rude e Hermione franziu a testa.


Seus olhos se arregalaram. 1944. 1944 era época de Guerra Mundial! Estava vivendo um dos períodos mais sombrios e nefastos da Humanidade! Como se esquecera disso? Como fora tão ingênua de se esquecer daquilo. A Guerra Mundial então não só afetava os Trouxas, mas amplamente o Mundo Bruxo também. De certa forma, Hermione se sentiu mal por isso.


'Não, tens razão, que idiota que fui. É só que pelos livros, Hogwarts parece divertida. Mas em tempos de Guerra, principalmente esta dos Trouxas, nenhum lugar pode ser divertido. Ou seguro.' Ela respondeu mais uma vez contornando a resposta.


'É. Muitas famílias foram destruídas por causa da Guerra dos Trouxas.' Completou o monitor um pouco triste.


'E ainda estão sendo.' Completou Rose. 'A maioria das famílias bruxas que moram em região trouxa estão sendo reunidas pelo Ministério para um comunidade inteiramente mágica.'


'Hogsmeade?' Indagou perplexa.


'É. Foi esse nome que escolheram.'


'De onde és, garota?' Perguntou Rose curiosa.


'Alemanha.' Mentiu Hermione novamente. 'Vim pra cá fugindo justamente da guerra.'


Rose parou e virou-se para Hermione. 'Estranho... Você não tem sotaque nórdico.'


Hermione sentiu uma leve perturbação interior, mas fez o possível para se cobrir. 'É que sou daqui mesmo. Morei alguns anos lá, mas não foi suficiente para pegar o sotaque.'


'Algum problema, monitores?' Hermione olhou para onde vinha a voz e sorriu ao ver o rosto de Alvo Dumbledore. Estava mais jovem que pudera um dia conhecer. A barba prateada mal passava do pescoço e os olhos azuis gentis e alegres, ainda eram penetrantes, e qualquer um que o olhasse sentia o respeito e a sabedoria do professor.


'Professor Dumbledore! Encontramos esta garota na orla da Floresta. Diz que veio de Durmstrang.' Respondeu Rose respeitosamente. Hermione era capaz de notar um tom estranho na voz da garota, de quem não acreditara muito nela. A própria Hermione não podia negar, se fosse ela, também não acreditaria.


'Ah, Durmstrang, escola magnífica!'


'Pensamos em levá-la para ao Diretor Dippet.' Completou o monitor que Hermione não sabia o nome.


'É realmente a melhor coisa a se fazer, mas sinto que vocês devem voltar aos seus dormitórios. Posso levá-la ao diretor.'


'Está bem. Boa Noite, Professor Dumbledore.' Os dois subiram a escada que levaria à Torre da Grifinória juntos. Hermione abaixou o rosto um pouco envergonhada pelo que fizera. Quantas vezes Professora McGonagal a havia advertido sobre os perigos de se mexerem com o tempo? Quantas vezes ela já lera sobre aquilo? Ela não podia contar. Embora o que mais quisesse era contar aquilo a Dumbledore.


'Então, senhorita, como é lá em Durmstrang?'


Hermione olhou para o diretor. 'Legal, mas Hogwarts é mais bonita.' Ela disse sorrindo.


'Já imaginava.' Ela sorriu ainda mais ao ouvir a resposta do diretor. Hermione sempre teria Dumbledore como diretor de Hogwarts. 'Bom, perdoe-me minha falta de educação, sou Alvo Dumbledore, vice-diretor de Hogwarts e Professor de Transfiguração.'


'Sou Hermione...Granger.' Mas no mesmo instante ela se arrependeu. Deveria ter mentido seu nome. Dumbledore olhou para os olhos castanhos de Hermione e depois sorriu.


A seu pedido, Hermione acompanhava Dumbledore e alguns instantes depois os dois chegaram à gárgula à frente da sala do diretor. Ao dizer 'Hinkypunkys', a gárgula se mexeu, revelando uma pequena escadaria em espiral. O professor lhe deu à dianteira e ela aceitou subindo os degraus e entrando na sala. Hermione se perguntou se a sala de Dumbledore em seu tempo se parecia com a do Diretor Dippet. O diretor no entanto não estava ali. Hermione olhou para Dumbledore.


'Armando?' Chamou-lhe o professor.


'Oh, Alvo, não estava esperando-o. O que lhe traz aqui?' Perguntou Dippet saindo do que parecia ser uma salinha pequena do canto direito. O diretor não tinha barba, diferente de Dumbledore. Os cabelos eram ruivos e iam até os ombros. Somente depois, percebeu a garota. 'E essa garota?'


'Ela me traz aqui, Armando. Esta é Hermione Granger, veio de Durmstrang.'


Dumbledore esticou o braço direito e Hermione o entendeu como um gesto para que sentasse. Na frente da mesa do diretor, havia duas poltronas, e prontamente, Hermione sentou-se em uma delas. Ela ficara calada e não sabia se teria vísceras o suficiente para continuar com aquilo sem que nenhum dos dois, tão poderosos quanto ela poderia supor, jamais soubesse de seu segredo.


'Durmstrang? E como veio parar aqui?' Dumbledore parecia interessado na resposta também. Hermione engoliu em seco e decidiu usar a mesma técnica adotada de quando dissera aos dois monitores grifinórios.


'Chave de Portal. Meus pais estavam preocupados com o rumo que a Guerra Trouxa está tomando. E então eles estavam dispostos a me fazer mudar de Durmstrang porque achavam Hogwarts mais segura e apropriada.'


'E por que veio somente agora? Estamos no meio de Outubro, srta Granger...'


'Bom, meus pais tiveram que esperar o Ministério liberar minha transferência e quando o liberaram as aulas aqui já haviam começado.'


'E não há nenhum documento autorizando sua transferência? Não podemos deixá-la por aqui sem autorização do Ministério...'


Hermione piscou os olhos castanhos três ou quatro vezes, parecendo se passar de confusa. 'Me desculpe, diretor, mas meu pai disse que estaria por enviar. E que não demoraria muito a chegar.' Ela disse mordendo de leve o lábio inferior.


Dippet levantou as sobrancelhas ruivas e respirou um pouco fundo. 'Bom, se seu pai estará por enviar, não vejo problemas. Certamente se o Ministério lhe autorizou então o documento deve chegar dentro de algumas semanas.' Ele terminou paciente. Hermione abriu os olhos castanho e uma mensa alegria a invadiu.


'Então eu posso estudar aqui em Hogwarts?' Perguntou sorrindo ao diretor.


'Não vejo problema algum. Alvo?' Dumbledore olhou para Hermione e logo sorriu de volta ao diretor de Hogwarts.


'Eu ficaria honrado em ter uma aluna de Durmstrang nesta escola.'


Hermione não se impediu de sentir-se bem e aliviada. Estava em Hogwarts e estava em 1944, como prometido. Agora só faltava o último terço do plano.


'Hogwarts é dividida em quatro casas, senhorita Granger: Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa. Amanhã de manhã, você será sorteada pelo Chapéu Seletor.


GRIFINÓRIA!


Gritou o Chapéu Seletor em sua cabeça. A mesa da Grifinória encheu-se de palmas e sorridente Hermione sentou-se ao espaço que tinha ao lado de Rose, a monitora que a encontrara no dia da noite anterior na orla da Floresta.


'Hermione Granger, hein?' Indagou o monitor que também conhecera na noite anterior. 'Meu nome é Hugo Stradivarius.'


'Não pegue muito no pé dele, ele é filho do Ministro.' Avisou Rose ao seu lado. Hermione arregalou os olhos e Hugo pareceu um pouco chateado com o comentário da monitora.


'Não tem nada a ver. Não precisa me tratar como um príncipe ou um mimadinho.' O menino disse irritado para a amiga. 'Mas sim, sou filho do Ministro.' Ele confirmou. Hermione riu.


'Eu achei que você fosse para Corvinal.' Disse um garoto de cabelos castanho escuros ao lado de Hugo. Era parrudo e possuia um tom de pele meio bronzeada.


'Por quê?'


'Não sei, mas você me lembra a Corvinal.'


'Chapéu Seletor disse que me daria bem na Corvinal, mas se decidiu pela Grifinória.' Hermione completou o comentário do garoto.


'É a melhor casa.'


'Pros moradores.' Interrompeu Rose. Hermione olhou para a garota ao lado. 'A melhor casa de Hogwarts, indiscutivelmente, é a Sonserina.'


Hermione fez uma careta. 'Por que seria?'


'Todas as famílias de Puro-Sangue importantes estão lá.'


'Mas isso não é lá tão importante.' Hermione falou com um tom um pouco de desdém.


'Mas é claro que é! Você não sabe que nós somos escolhidos para os nossos empregos fora de Hogwarts pela nossa importância sanguínea?' Esbravejou um pouco Rose. 'Veja, minha família. Ela é Puro-Sangue, mas todos foram na Sonserina. E provavelmente serão também. Eu sou a única que fui sorteada para Grifinória e por isso, virei a ovelha negra da família. Se acaso conseguir um emprego decente no Ministério quando me formar será muito.'


Hermione piscou os olhos e sentiu-se mal. Aqueles tempos de Hogwarts não era dos mais áureos. Até mesmo os Grifinórios, que em sua época eram os mais revolucionários, ali, eram tão orgulhosos de seu sangue quanto um sonserino poderia ser. Ela sentiu-se mal em saber também que o pai de um deles ali, sendo Ministro, nada fazia para mudar aquilo.


'E não importa o quê, Rose sempre será tida como a ovelha negra da família.' Disse o garoto que aagora Hermione sabia o nome. Hugo. 'Mesmo que outro da família dela seja sorteado para Grifinória, ela sempre será tida como a traidora.'


'Exatamente!' Ela engoliu um pedaço de pão de alho e logo apontou para um garoto de 14 anos da Sonserina. 'Está vendo aquele menino? É o Rodolphus, meu irmão. Ele é Sonserino e por isso é adorado pelos meus pais, mas até um Lufa-Lufa é capaz de ganhar dele num duelo'.


'Lufas-Lufas são muito bons em feitiços.' Respondeu Hermione defendendo a outra casa de Hogwarts. Na AD, os quatro Lufa-Lufas que estudaram com ela se mostraram muito bons. Em especial Zacharias Smith e Anne Abbot.


Alguns que estavam em volta começaram a rir e Hermione sentiu as bochechas corarem. 'Cê só pode tá brincando né broto?' Perguntou um garoto loiro de cabelos espetados olhos verdes. Hermione teve vontade de rir quando o garoto galou broto. 'Lufa-Lufas são ridículos.'


'Esse é Fox Mulder.' Apresentou Hugo. Fox ofereceu a mão para Hermione e ela aceitou, apertando-a forte. 'Capitão e artilheiro do time de Quadribol.'


'Aquele é Eric Presto.' Disse Rose apontando para um garoto de cabelos castanhos claros, quase loiros, de olhos castanhos e óculos retangulares. Ele levantou as sobrancelhas como cumprimento a Hermione que sorriu. 'São os meninos do sétimo ano. De meninas só tem eu e a Leslie, bem, e você.'


Hermione confirmou com a cabeça e passou a conversar sobre a metodologia de ensino de Hogwarts com Rose daquela época. Sobre os N.I.E.M's, os professores, os demais alunos... Parecia que era a primeira vez que estava ali, naquele castelo, para aprender magia.


Os alunos se levantaram e Hermione fez o mesmo, acompanhando Rose e os outros em direção as aulas que teria no dia. 'Como foi nos seus N.O.M's Hermione? Vai fazer aulas pra quê?' Perguntou Rose curiosamente.


'Auror.' Ela respondeu firme.


'Ah, vamos fica juntos para Poções, Defesa Contra as Artes das Trevas e Feitiços.' Disse Hugo alegremente. 'Eu tô fazendo aulas para ser Curandeiro, embora meu pai não goste muito da ideia. Ele fica querendo me puxar para a política.' Hugo contorceu o nariz contrariado. 'Rose vai ser Auror também.' Ele disse com um sorriso.


'Você vai ser Auror, Rose?' Hermione perguntou olhando para a menina. Se a família de Rose era inteiramente Sonserina quer dizer que muitos ali estão do lado das Trevas. E é curioso ver que a ovelha negra da família quer ser Auror e lutar contra eles quando na verdade o que aparenta mais querer é provar que pode ser tão boa quanto eles.


'Não sei...Esse ramo me agrada mais do que os outros, então provavelmente sim.'


Hermione acenou com a cabeça e seguiu Rose e Hugo para a sala de aula. Ao descerem para as masmorras, Hermione sabia que estavam se encaminhando para a aula de Poções. E as aulas terríveis com o professor Snape voltara à sua mente. Ao chegarem lá, foram quase os primeiros. O professor ainda não havia chegado e só haviam quatro alunos na sala. Sendo dois Corvinais e dois Sonserinos. Os dois Sonserinos estavam sentados na última carteira.


'O loiro é Lester Abraxas Malfoy.' Começou apresentando Rose baixinho em seu ouvido quando entraram na sala. 'É herdeiro de uma das famílias mais ricas do Grã-Bretanha...'


Hermione olhou para o loiro Malfoy. Tinha o rosto pálido, com o queixo fino e os olhos azuis-esverdeados. Os cabelos eram louros platinados assim como os seus herdeiros, mas curtos e bem arrumados, colocados em forma com brilhantina, dando aos cabelos um tom um pouco mais escuro. Havia nele uma postura altiva que lembrava muito a Hermione, seu neto, Draco Malfoy. Uma leve careta de asco se fez em seu rosto.


'O outro é Tom Marvolo Riddle.'


Hermione sentiu a cabeça rodar e as pernas endurecerem. Ali estava Tom Riddle. Ali estava Voldemort. Hermione piscou os olhos castanhos ao notar que ele era definitivamente diferente de quando era Voldemort. Tom Riddle tinha os cabelos bem penteados de lado, as sobrancelhas negras grossas, os olhos também negros e um nariz fino que fazia falta ao rosto de Voldemort. As linhas do rosto eram quadradas e a pele era branca e limpa de pêlos de barba e bigode.


'Ele é o garoto mais misterioso da escola. Passa o dia na biblioteca, ninguém sabe o que ele lê tanto... Melhor não ficar perto dele sozinha.' Sussurou Rose em seu ouvido. Hermione parecia não estar mais escutando. Os olhos negros de Riddle desviaram de onde estavam e pousaram em Hermione. Os dois não piscavam os olhos, como se estivessem brincando de quem piscasse primeiro seria o perdedor. Analisava o garoto ali sentado à mesa de forma tão penetrante que sentia o coração bater oco entre as tripas.


Lembrou-se do que viera fazer. Matá-lo. Matá-lo antes que se torne Lorde Voldemort. O problema é que ela não sabia como fazer isso.


Hermione ouviu vozes e mais alunos começarem a chegar. Os três subiram os estepes da sala de aula foram se sentar. Rose e Hermione se sentaram juntas na quarta fileira e Hugo sentou-se com Eric Presto na fileira da frente. Quando o professor entrou em sala, Hermione reconheceu sendo Slughorn. Estava bem jovem, talvez não passasse dos quarenta anos. Ele deu bom dia aos alunos e começou a aula.


'Hoje nós vamos aprender a Poção Vlengar. Alguém pode me dizer sobre o que ela faz?'


Hermione, num gesto já feito por osmose, levantou a mão direita, mas seus pêlos do corpo se arrepiaram e ela sentiu um calafrio quando ouviu a voz de Tom Riddle responder. 'Faz com que bruxos com poderes de Clarividência sejam capazes de prever o futuro.' Era uma voz fria, que no entanto soava melodiosa e instigatória.


Hermione piscou os olhos e abaixou a mão, virando o rosto e novamente fitando o rosto do jovem Voldemort. Ela não podia esquecer do que estava fazendo ali. No entanto, como poderia matá-lo? Ela não poderia usar Avada Kedavra, ela jamais usara uma Maldição Imperdoável antes... Além disso, faria a ser presa em Azkaban e não poderia dizer a ninguém que veio do futuro para impedir que ele se tornasse Voldemort! Ninguém acreditaria. Como iria matá-lo então? Modo Trouxa? Mas como se não tinha nenhuma arma? Hermioe começou a se sentir desesperada ao perceber que aquilo ali estava mais do que fadado a não dar certo. Além disso, havia os problemas implícitos pelo feitiço Chronum Extracto utilizado. Poderia ficar presa no tempo, poderia nunca retornar à sua época, aos seus pais nem seus amigos... O feitiço não era como um Vira-Tempo, que bastava esperar que as horas se passassem. Ela não poderia esperar mais de cinquenta anos! Tinha que falar com Dumbledore! Mas isso também poderia afetar seus planos...


'Hermione?' Chamou Rose preocupada. Hermione piscou os olhos e abaixou o rosto desviando o olhar do garoto. 'O que houve? Parece distraída...'


'Huh? Nada, Rose. Estou bem... Só um pouco confusa.' Ela respondeu sem jeito tamborilando os dedos em cima da mesa um pouco aflita. Hermione sentiu o corpo gelar-se quando ouviu seu nome ser dito pelo professor.


'Hermione Granger, a nova aluna de Hogwarts, veio diretamente de Durmstrang para a nossa querida escola. Senhorita Granger, pode nos dizer quanto tempo demora para se fazer a poção Vlengar?' Perguntou o professor com um sorriso espontâneo no rosto.


'Duas semanas. É preciso que o cogumelo vermelho seja colhido na semana de lua nova.' Respondeu firme.


'Muito bem! 10 Pontos para a Grifinória!' Disse o professor contente e os alunos da Grifinória sorriram. Hermione sentiu um par de olhos a observando e ela prontamente encontrou-os com Riddle. 'Agora vocês se juntarão em duplas e trabalharão na Poção Vlengar pelas próximas semanas. Em cima da mesa estão todos os ingredientes que deverão usar. Vocês tem quarenta minutos... Podem começar!'


Rose começou a cortar as folhas pardas enquanto Hermione ainda encarava os olhos negros de Tom Riddle. Malfoy falou algo e Voldemort passou a mexer a água em seu caldeirão. Hermione percebeu os dedos longos e finos do garoto em volta da colher de pau que usava para mexer o líquido. Ela pôde vê-los em um futuro Lorde Voldemort.


'Não vai mexer a água, Hermione?' Perguntou Rose ainda cortando as folhas. Com o silêncio de Hermione, virou o rosto e a percebeu olhar para Riddle. 'Que foi? Por que olha pra ele desse jeito?'


'Que jeito?' Ela perguntou ainda sem tirar os olhos do garoto.


'Parece que você quer matá-lo...'


Hermione respirou fundo e finalmente desviou o olhar de forma definitiva. Começou a despejar a água necessária no caldeirão. 'Por qual razão queria matá-lo Rose? Nem o conheço.' Rose estreitou os olhos azuis. Então, olhou para Tom e para Hermione, como se na distância entre eles pudesse haver algum segredo. Virou-se para a mesa e continuou a amassar as folhas pardas.


'Acho que você tá escondendo algo, Hermione.' Falou baixinho e Hermione fingiu não escutar. Ela adicionou o couro de girino e a água tomou uma coloração amarronzada. 'Mas não é da minha conta.'


'Não, não é.' Afirmou Hermione de forma categórica.


Quando a aula de Poções terminou, Hermione, Rose, Hugo e Eric foram pra sala de Defesa Contra as Artes das Trevas na sala do Terceiro Andar. Aquela classe, poucos alunos praticavam, talvez no máximo doze. Só havia dois alunos da Corvinal (que também fizeram Poções), um da Lufa-Lufa, e os quatro presentes da Grifinória e cinco da Sonserina. Sendo três meninos (sendo dentro eles, Tom Riddle e Lester Malfoy) e duas meninas. Hermione pôde notar também que Tom Riddle era monitor da Sonserina. Não, ele era Monitor-Chefe.


O professou entrou em sala de aula e Rose o apresentou como sendo Professor Hildegard. 'Bem, alunos, hoje irão aprender um feitiço poderoso, complexo e bastante útil. Chama-se ExpectoPatronum.' Hermione sorriu ao saber que já sabia tal feitiço. Aprendera com Harry em seu 5º ano na Armada Dumbledore. 'Alguém sabe o que ele faz?'


'Faz os dementadores recuarem.' Novamente, quem respondera foi Riddle, não dando tempo a Hermione de levantar a mão.


'Muito bem, senhor Riddle, 10 pontos para a Sonserina!'


'Que ótimo, lá se vai mais um Campeonato.' Reclamou Rose contrariada. Hermione olhou para ela curiosa.


'Mas ainda estamos no começo do semestre. Dá pra recuperar.'


'É o que você acha. Riddle sempre levou a Sonserina à Taça de Campeão das Casas pelos prêmios que recebe, os pontos que ganha e as ações que faz.' Hermione franziu as sobrancelhas e abaixou o rosto pensativa.


'Muito bem, quero que prestem atenção. O patrono possui duas formas, o corpóreo e o não-corpóreo. Ambos afastam os dementadores, porém o Patrono Corpóreo os afasta com total eficiência e sem volta. Para realizar o Expecto Pratronum, é necessário que se possua uma memória feliz e encantadora que seja capaz de lhe acalmar mesmo em momentos de trevas e escuridão. Quero que testem com suas varinhas.'


Hermione sorriu sem jeito. Memória feliz e encantadora? A memória mais feliz que tinha era quando havia se tornado oficialmente amiga de Harry e Rony. O pensamento mais feliz que Hermione pôde ter foi de pensar nos dois ao seu lado e sem se preocupar em matar Voldemort, apenas viver com seus amigos em tempos de paz.


A lontra de Hermione saiu da ponta de sua varinha e brincou com seus cabelos castanhos, fazendo-a rir descontraída. Rose ao seu lado arregalou os olhos e alguns outros abriram a boca num som de surpresa.


'Olhem, vejam. Muito bem, srta Granger! 20 pontos para a Grifinória!' Hermione sorriu para Rose que retribuiu o divertimento.


'Ainda bem que você não é da Corvinal.' Ela agradeceu e Hermione riu.


'Vamos, quero que continuem tentando. Lembranças felizes, é só o que precisam!' Continuou o professor em volta da sala.


Hermione aproveitou também para observar o restante da classe. Um garoto da Corvinal, que assustadoramente lembrara muito Harry a Hermione, conseguira seu patrono corpóreo. Era uma coruja, o que fez Hermione sorrir, se lembrando de Edwiges. Hugo fez o feitiço, mas ele não pareceu conseguir um corpóreo, o que fez o monitor ficar um pouco desapontado. Ele se aproximou dele tentando animá-lo.


'Você foi ótimo, Hugo, é difícil fazer este feitiço. Não é de primeira que conseguirá fazer um Patrono Corpóreo.'


'Eu sei, mas mesmo assim, queria saber qual é a forma do meu. Além disso, você conseguiu de primeira.' Ele disse levantando os ombros.


'Tente outra lembrança então'. Ela recomendou e ele acenou, parecendo pensar numa memória feliz que tinha. Hermione percebeu que o Patrono de Malfoy era um corvo, que se pousara em seu próprio ombro. Tom Riddle ainda não parecia ter encontrado a memória alegre.


'E nem vai.' Pensou Hermione de uma vez. Ela realmente duvidava se Voldemort teria alguma memória feliz em seu interior para expurgar a tristeza e a solidão que os Dementadores causavam. Ouviu Rose resmungar e percebeu que ela também não conseguia.


'Pense em algo que te faça feliz, Rose, pense nos seus amigos.' Tentou ajudar Hermione e a garota olhou para o chão pensativa. Quando ouviu algumas palmas, virou-se e percebeu que Tom Riddle acabara de conseguir. Um serpente longa enrolava-se sobre o chão e parecia silvar ao garoto. As garotas da Sonserina deram parabéns ao menino, bem como o professor, e Hermione se deixou encarar a imagem fumacenta da serpente aos pés de Riddle.


Algo passou entre seus pés e Hermione reconheceu como sendo um esquilo. 'Seu Patrono, Rose?'


'Não, do Presto.' Ela disse decepcionada. Uma pequena faixa de luz saía da ponta da varinha da monitora. 'Eu não consigo.. Aff, desisto.' Ela resmungou irritada.


'Os alunos que não conseguiram, não fiquem tristes. É um feitiço complicado e é natural que não se consiga de primeira. No entanto, basta que pratiquem que depois conseguirão.' Animou o professor. 'Agora, o que acham de dar boas-vindas à nossa aluna novata com um belo duelo?' Perguntou o professor sorridente e Hermione se assustou com a gritaria em euforia que alguns dos alunos fizeram. Uma roda se fez ao redor de Hermione e ela engoliu em seco ao se ver sozinha entre os alunos.


'Quem é seu padrinho, Hermione? Ou Madrinha?' Perguntou Rose baixinho se aproximando de Hermione.


Ela engoliu em seco e levantou os ombros. 'Ninguém. Você quer ser minha madrinha?'


'Fechou então.' Rose ficou no meio da roda e se posicionou atrás de Hermione. 'Caso perca estou aqui para impedir que sua honra seja destruída de sua família e que assim não passe a viver em vergonha.'


Hermione franziu as sobrancelhas e se sentiu um pouco tensa. 'Imagino que com essa mesma ideia é que os samurais japoneses cometem o Seppuku.' Ela comentou baixinho para a menina que pareceu não ter entendido.


'Muito bem, a duelista e a madrinha estão prontas. Quem gostaria de enfrentá-las?' Perguntou o professor Hildegard.


Hermione rezou para que não fosse com Tom Riddle. Suas preces foram atingidas pela metade. Abraxas Malfoy se aproximou do centro da roda e se colocou logo à frente dela. Tom Riddle ficou atrás do loiro, levando a crer que ele era o padrinho.


'Sr. Malfoy e Sr. Riddle.' Anunciou o professor e alguns alunos bateram palmas. Hermione olhou em volta e viu que os únicos que torcia para ela e Rose eram os próprios grifinórios e o aluno da Corvinal que se assemelhava a Harry. Hermione teve a vontade de perguntar a ele se era um Potter. 'Bom, creio que todos conheçam as regras. Os padrinhos não podem interferir no duelo dos afilhados e vice-versa. Os padrinhos só duelam entre si somente quando os afilhados já estão fora de combate. Podem começar!'


Um coro de 'Malfoy, Malfoy' se fez presente na sala. Eric Presto estava calado e apreensivo, enquanto Hugo continha uma expressão dura e seca no rosto enquanto fitava Malfoy. Hermione encarou os olhos azuis-esverdeados do loiro e pensou instintivamente em Draco. Na sua cabeça, o garoto lhe chamava de Sangue-Ruim...


Ela estreitou os olhos castanhos e conjurou Silencio se utilizando de um feitiço não-verbal que aprendera em seu sexto ano. O feitiço atingiu Malfoy e ele arregalou os olhos quando percebeu que não conseguia falar. Assustado, o garoto largou a varinha, deixando-a cair no chão, e apoiou as mãos na garganta, movimentando a boca em um nítido grito-mudo de horror. Hermione sorriu animada. Então logo disse 'Petrificus Totalus' e os braços de Abraxas endureceram, colando-se em seu tronco, e o sonserino caiu no chão, duro feito pedra.


Os alunos que torciam por Hermione se animaram e ela sorriu agradecida. Quando seus olhos voltaram ao duelo, ela engoliu em seco um pouco insegura. Tom Riddle a encarava de forma no mínimo curiosa. Os olhos negros do garoto pareceram se pintar de uma leve coloração vermelha, e Hermione sentiu medo. Algumas gotas de suor brotaram na testa. Então, Riddle apontou a varinha para Rose e Hermione abriu os olhos... O garoto também se utilizara de também de um feitiço não-verbal e assustada Hermione gritou.


'PROTEGO!'


O feitiço rebateu em Tom com força, fazendo-o voar para trás e a varinha ir de encontro à mão de Hermione. Ela piscou os olhos e respirou aliviada. Era só um Expelliarmus.


'Infelizmente, a dupla desafiadora foi desclassificada. Assim sendo Senhor Malfoy e Senhor Riddle são os vencedores.' Anunciou Professor Hildegard e os torcedores de Hermione pareceram decepcionados. A Sonserina explodiu em gritarias e como presente pelo vitória haviam ganhado mais 40 pontos.


'Eu não disse? Eles sempre ganham os torneios.' Disse Rose um pouco nervosa aproximando-se de Hermione. 'Mas por quê fez isso, Hermione? Estávamos ganhando... Se eu derrotasse Riddle, nós ganharíamos os 40 pontos!'


'Eu pensei que ele fosse fazer algo com você.' Respondeu baixinho para ela.


'Por quê? O que acha que Riddle faria comigo?' Rose perguntou um pouco indignada.


'Estamos falando de Tom Riddle, Rose!'


'E o que tem a ver?' Ela continou indignada pelos pontos que poderiam ter ganhado se Hermione não tivesse se intrometido entre o duelo dela e de Riddle.


'Só não con-' Hermione se calara quando viu Riddle aproximar-se delas e ficar à frente. Ele estendeu a mão direita e Hermione percebeu que ele estava pedindo pela varinha que ainda estava com ela. Devolveu, um pouco insegura, e Hermione prendeu a respiração assustada quando ele pegou em sua mão e a cumprimentou, também fazendo um gesto de agradecimento com a cabeça.


'Foi um bom duelo, mas não precisa defender seus padrinhos.' Hermione piscou os olhos e sentiu o fígado estremecer em seu corpo. Ele apontou a varinha para Abraxas que ainda se encontrava caído no chão e fez o contra-feitiço. 'Gostei da forma como calou a boca de Malfoy... Estou pensando em me utilizar da mesma técnica.' Ele disse sorridente e Hermione sentiu o coração se despedaçar. Quando ele se afastou, Hermione então percebeu que estava sem respirar, e puxou o ar de forma tensa para os pulmões.


'Você está bem?' Perguntou Hugo ao se aproximar de Hermione percebendo a perturbação da garota.


'Ele me assusta.'


Eric Presto, que estava ao lado do monitor grifinório, deu de ombros. 'Ah, Riddle assusta todo mundo!'


Hermione ainda continuou olhando apreensiva para o garoto, que agora conversava com Abraxas e os colegas da Sonserina.


'Você foi muito bem, Hermione! Derrotaste Malfoy com dois feitiços básicos!' Exaltou alegre Hugo para Hermione.


'Do que adianta? Se nós perdemos os pontos...' Reclamou Rose ainda indignada. Hermione riu. Logo, o professor chamou a atenção dos alunos na sala e eles olharam atentos.


'Próxima aula aprenderão o feitiço Stupefy. Estão dispensados.'


Stupefy? Hermione notara então que as aulas de sua época era mais avançadas do que a que estava tendo graças ao surgimento de Lord Voldemort. Após a primeira guerra bruxa, com todo o terror espalhado pelo feiticeiro, era necessário maior segurança e por isso aumentaram o nível das aulas nas escolas, principalmente na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Naquela época, o único bruxo das Trevas era Grindewald, que Hermione já lera, fora derrotado por Dumbledore em 1945. Ela piscou os olhos. 1945. Um ano adiante, Dumbledore derrotaria Grindewald, num combate que o mundo bruxo já dissera ser " O mais fantástico de todos os tempos". Mas Dumbledore estava em Hogwarts, não era para ele estar atrás de Gerald Grindewald?


'Outro devaneio?' Perguntou Rose quebrando o raciocínio de Hermione.


A castanha piscou os olhos. 'Devaneio?'


'É, devaneio. Do nada você parece dormir acordada, não escuta nada que a gente diz. Você tem devaneios, não é? Leslie tem muito isso também...'


'Não, não...' Interrompeu Hermione negando com a cabeça.


'Vamos, vamos comer. Tô morrendo de fome.' Chamou a monitora puxando Hermione pela mão.


'Rose, ahn, preciso ir à biblioteca...' Começou Hermione e Rose a soltou. Hugo e Presto olhavam para ela curiosos. 'Eu preciso pegar alguns livros, já que estou sem nenhum... Eu encontro com vocês depois no Salão Comunal.' Eles afirmaram com a cabeça e juntos os três saíram da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.


Hermione olhou em volta da sala mais uma vez e respirou fundo, soltando o ar. A passos apertados, foi ao seu canto predileto em Hogwarts. Precisava encontrar livros que falassem sobre viagens no tempo, sobretudo, sobre o Chronum Extracto. Algo que explique como voltar para sua época. Ao entrar no recinto, foi diretamente à sessão de Feitiços e procurando sobre Feitiços e Tempos numa das estantes achou três livros que pareciam interessantes. Tempo; Passado, Presente, Futuro. Feitiços que quebram o espaço de tempo Com volta, Como ser capaz de viajar ao tempo. Pegou tais livros e logo sentou-se numa mesa redonda ao lado da prateleira. Procurou no índice algo sobre viagem ao passado, mas não alcançou as páginas, pois o livro foi tomado por sua mão por alguém.


'Tempo; Passado, Presente, Futuro... Alguma coisa que fez de errado e gostaria de mudar, Granger?'


Hermione levantou a cabeça e viu Lethar Abraxas Malfoy com um sorriso desdenhoso no rosto. Parecia ser tão intragável quanto seu neto. 'Não é da sua conta, Malfoy.'


Lethar apoiou a mão esquerda sobre a mesa e aprocimou os olhos azuis dos castanhos de Hermione. 'Você não venceu o duelo, Granger.'


'É eu sei, fui desclassificada.'


'Não estou falando disso. Estou falando que não vai ficar por isso... Eu não aceito perder para uma novata!'


'Pois é, mas perdeu, que pena. Agora, com licença!' Ela resmungou tirando o livro das mãos deles. Ele prontamente fez o mesmo, tirou o livro das mãos dela e jogou o livro grosso no chão da biblioteca fazendo um pouco de ruído. Ela bufou um pouco irritada. 'Que você quer?'


'Outro duelo. Sala de número quatro nas masmorras, sexta-feira, ás dez. Esteja lá com sua madrinha.'


'E se eu não quiser?' Ela indagou levantando-se da cadeira com o cenho franzido em raiva. 'Com que direito o senhor tem de falar comigo como se eu fosse seu capacho? Não tenho medo de você, Malfoy, já conheci pessoas piores e você não chega nem perto delas. É melhor dar o fora!'


Malfoy estreitou os olhos azuis. 'E o que vai fazer se eu não sair?'


'Vou te fazer ter tanto furúnculos pela sua bunda que você vai ter que sentar com os olhos!'


'Você é bem rude, sabe que até gosto disso?'


'Então você vai me adorar.' Falou alguém por trás de Abraxas. Ele virou e no mesmo estante caiu desequilibrado pelo soco que Hugo havia dado em seu estômago. 'Pega o beco, Malfoy!'


Malfoy levantou-se do chão e saiu da biblioteca com as mãos ainda apoiadas em seu estômago. 'Vai se arrepender, Stradivarius!'


'Não fique sozinha em Hogwarts, pode ser perigoso.' Ele alertou e ela agradeceu com um aceno. 'Vamos, você tem que almoçar.'


Hermione e Hugo saíram da biblioteca e juntos foram ao Grande Salão. Hermione realmente estava com fome; ela decidiu que mais tarde voltaria à Biblioteca para ler os livros que encontrara. Ao chegarem, sentaram-se na mesa da Grifinória ao lado de Rose, que conversava com uma garota de cabelo médio, loiro, e bagunçado. Hermione pôde perceber que ela vestia a capa da Grifinória por cima de suas próprias roupas, e ela se perguntou se era aceitável que ela usasse a penas a capa como uniforme.


'Esta é Leslie Burke.' Apresentou Hugo e a garota estendeu a mão a Hermione, que a apertou. Hugo aproximou-se mais de Hermione e disse baixinho em seu ouvido. 'Ela perdeu os pais, no terceiro ano, por causa da Guerra Trouxa. Por isso, tente não puxar muito nesse assunto.' Hermione sentiu-se um pouco mal ao saber daquilo e fez que sim com a cabeça. Sentindo o estômago roncar, a castanha passou a colocar a comida no prato e logo pediu o prato de frango ao garoto sentado ao lado de Presto. Era alto e esguio, possuía sardas no rosto e o cabelo ruivo em forma de cuia.


'Você é um Weasley?' Perguntou Hermione não se contendo em ver as características do homem ali.


Ele sorriu e acenou com a cabeça, dando a resposta afirmativa. 'Sim, sou Arthur Weasley'. Hermione arregalou os olhos e riu descontraída. Arthur Weasley? Estava estudando com o pai de Ron? Ela não conseguia acreditar. "Não mesmo." Pensava. 'Sou do quarto ano.' Ele disse alegre estendendo a mão.


'Sou Hermione Granger, do sétimo.' Ela respondeu sorridente.


'Eu sei. Vi você sendo sorteada hoje de manhã. Espero que goste daqui.'


'Eu já estou gostando.' Ela completou. Voltou a atenção ao jantar ainda com um sorriso no rosto. Quem imaginaria que ela poderia estudar com o pai de seu melhor amigo?


Uma chuveirada de corujas passaram a voar sobre as mesas e Hermione notou que o correio chegara. Hugo recebeu um pacote do tamanho de uma caixa de chocolate, amarrado com um laço roxo, um cartão. Uma coruja alvinegra largou um pacote grande, bem como uma caixa, em frente á Hermione. Hermione olhou assustada para embrulho que chegou pra ela. Quem poderia ter mandado? Hermione viu o bilhete em cima do pacote.


"Srta Hermione Granger,


Tirei a permissão de comprar algumas roupas para a senhorita. Percebi que seu malão ainda não chegou e tomei liberdade para ir á Londres. Faça bom proveito.


Albus Dumbledore".


Quando Hermione escutou um pedido de atenção vindo da mesa dos professores, ela prontamente virou o rosto, e viu o Diretor Dippet em pé, atrás da bancada dos professores. Não deixou de sorrir a Dumbledore quando encontrou os olhos azuis celestes do professor.


'Gostaria de reiterar sobre a Floresta Negra. Ela é proibida para todos os alunos e peço que não se aproxime dela, pois segundo nosso Guarda-Caça, Basil Ogg, coisas estranhas estão acontecendo. Os professores já estão estudando os casos e quero dizer que se algum aluno for pego na floresta, será expulso de Hogwarts! Obrigado.'


Hermione lembrou-se de quando chegara ali, no dia anterior, e vira algo estranho na floresta. Um animal caído parecendo machucado ou quem sabe morto. Também vira o Guarda-Caça por lá, mas antes que ela fosse pega decidiu ir embora. Será que se falasse com ele? Não. Aquele Guarda-Caça era desconhecido para ela. Se ao menos fosse Hagrid.


À noite, Hermione voltava ao dormitório feminino da Grifinória. Ela havia tido mais duas aulas naquele dia e estava cansada, além de não ter encontrado muita ajuda nos livros da biblioteca sobre o seu problema sobre o feitiço que fizera para voltar no tempo. Tinha que pensar em alguma forma de matar Voldmort sem demora, sem Avada Kedavra, sem que ninguém saiba que ela veio do futuro, sem que ela morra, sem que ela fique presa ali... Definitivamente, aquilo estava muito fadado a não dar certo. Sentia certo desespero ao pensar que aquilo poderia ser em vão. Passou a mão no rosto preocupada e entrou no dormitório, soltando o ar pesadamente. Reconheceu Rose e Leslie no quarto já com pijamas, quase prontas para dormir.


Leslie parecia ter feito seu pijama por ela mesma. Havia alguns desenhos, símbolos e palavras escritas parecendo serem de batom vermelho-sangue. A castanha não evitou em lembrar-se um pouco de Luna Lovegood. 'Oi, Hermione, fiquei sabendo que você derrotou Malfoy no duelo hoje...' Ela comentou.


'É, mas nos fez perder os pontos.' Completou Rose ainda parecendo inconformada com aquilo. 'Estávamos por ganhar, mas ela enfrentou Riddle, o padrinho, e fomos desclassificadas.'


'Hm, que pena... Sabe, eu tinha fé de ganhar o campeonato esse ano. É o nosso último em Hogwarts, e seria legal pelo menos ter ganhado um.' Falou Leslie respirando fundo.


'Malfoy me chamou para um duelo.' Disse sentando-se na cama vazia que sobrava no dormitório.


'E você aceitou?' Perguntou Rose animada já se levantando da cama.


'Não.'


'Você não aceitou?' Indagou a monitora com raiva. 'Hermione, essa é a nossa chance de ganharmos mais 40 pontos!'


'Vocês só pensam em pontos?' Ela perguntou um pouco alarmada.


'O que se pode pensar quando se é o seu último ano na escola? Temos que ganhar tudo que é possível... O Campeonato das Casas, o Campeonato de Quadribol e o Torneio de Duelos.!'


'Esqueçam! Eu não vou duelar com Malfoy!' Hermione respondeu negando com a cabeça. 'É perigoso duelar com Malfoy sozinha. Além disso, se eu for pega, perderemos mais pontos.' Ela disse tentando jogar a desculpa como uma lógica para as duas meninas.


'Mas eu sou dinda!' Falou Rose de uma vez. Hermione franziu as sobrancelhas. 'E sou monitora, posso conseguir que não sejamos pegas. Posso pedir para Hugo dar até uma confiscada enquanto tivermos duelando!'


'Você sabe que não pode colocar seus posto de Monitora acima de seus deveres, não é? E que isso é abuso de poder e poderá perder seu distintivo?' Hermione indagou para a menina.


'Mas é claro que ela sabe. Ela é monitora.' Respondeu Leslie como se fosse óbvio. 'Ainda acho que seria bom se vocês duelassem, fora que é com o Malfoy e o Riddle.'


'E o que tem?' Perguntou Hermione sem entender.


'São os garotos mais charmosos da escola.'


'Não acredito que estou ouvindo isso.' Ela disse com certo nojo na cara.


'O quê? Você não acha? Fala sério, os dois são super charmosos. São tão misteriosos, principalmente o Riddle.' Hermione teve leve ânsia de vômito. 'Parece o pavão misterioso.'


Hermione não evitou rir. 'Pavão misterioso, pássaro formoso...' Cantou junto num coro com Leslie.


'Você também é Trouxa, Hermione?' Perguntou Leslie animada.


'Sim, sou.' Ela respondeu afirmativa.


'Onde vai ser o duelo?' Perguntou Rose interrompendo a conversa das duas.


'Nas masmorras, sala de número quatro, sexta-feira, ás dez.' Hermione respondeu monotônica. 'Eu não vou, Rose, esqueça.'


'Hermione, não vai acontecer nada. Riddle também é monitor e eu duvido que ele vá dedurar o Malfoy para os professores. Ele é o padrinho dele, não o trairia. Ademais, qualquer coisa que o faça ganhar pontos para Sonserina ele aceita.' Hermione respirou fundo, mais impaciente do que concedente. Mas aquilo poderia até ajudá-la de certa forma. Duelando com Malfoy e Riddle a deixaria mais próxima do jovem Voldemort e a faria conhecê-lo melhor. Saber seus pontos fracos, suas desvantagens, assim poderia usar contra ele mais tarde. E aí, matá-lo se tornaria uma tarefa menos difícil, menos tensa e menos devastadora.


'Está bem.' Ela disse sem deixar de se sentir tensa e preocupada. Rose sorriu junto com Leslie. 'Mas que isso não nos faça sermos expulsas!'


'Certo!' Respondeu a monitora alegre.


Hermione riu e levantou-se da cama, pegando uma roupa da caixa, que gentilmente Alvo Dumbledore havia lhe dado, e fui ao banheiro tomar banho. Ao sair do banho, trocou de roupa, e foi para cama, percebendo que as duas meninas já dormiam. Hermione deitou-se e ficou acordada por um bom tempo. Encarava o céu negro através do teto de Hogwarts com uma sensação ruim e angustiada. Algo a incomodava tão profundamente que ela nem sabia de onde vinha aquilo. Parecia que faltava algo dela, alguma parte essencial de sua própria existência. Seria a outra alma? Ela sentia falta de algo, mas não sabia o que era. Talvez fosse saudade do seu tempo, dos seus pais, da sua época, dos seus amigos, de Harry e Ron... Incrivelmente, sentia falta até de Draco Malfoy. Seus pensamentos só iam e vinham na vida que tivera fora dali.


'Queria tanto que vocês estivessem aqui...' Ela murmurou triste ao fechar os olhos. Talvez pudesse encontrá-los em seus sonhos e por isso, ela se deixou levar até a mais alta nuvem e até o mais profundo oceano com Harry e Ron.


Continua no próximo (episódio) *capítulo.






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