Sobre pais e anjos



Tema – anjo –



Sobre pais e anjos



O garotinho de cinco anos de idade abraçava-se ao lobinho de pelúcia cor de abóbora enquanto escutava atentamente tudo o que seu padrinho lhe falava. Cada palavra. Cada pausa. Cada nuance. Era pequeno, porém, aquele assunto lhe interessava e fazia com que se tornasse um pouco maior.

- Como tia Gina disse, eles viraram anjos.

- Mas por que eles não podiam ficar aqui comigo, tio Harry? Por que tinham que ser anjos?

- Eles se esforçaram para ficar aqui, Teddy – Harry abraçou o garotinho, afagando-lhe os cabelos azulados – Se esforçaram tanto. Eles lutaram, por você. E é por isso que agora são anjos. Por que te amavam tanto, que não agüentariam ficar observando você crescer de tão longe, lá do céu – explicou.

Teddy sorriu fracamente. Era difícil para ele compreender por que todos seus amigos tinham pais e mães enquanto ele crescia ao lado de sua avó e parentes postiços. Era, no entanto, igualmente complicado para Harry explicar tudo para uma criança. Mesmo que sua sensibilidade tivesse aumentado com o passar dos anos, seus vinte e um anos não haviam sido suficiente para prepará-lo.

- Mas lembre-se que você não está sozinho, Teddy. Estamos aqui sempre. Para tudo o que precisar. Eu, Tia Gina, Tio Ron, Tia Mione e sua avó. Sempre estaremos ao seu lado. Sei que não somos a mesma coisa que um pai e uma mãe. Sabe, eu também cresci sem pais – Teddy ergueu os olhinhos, mirando o padrinho com atenção – Mas eu não tinha pessoas que me protegessem. Não até descobrir que era bruxo.

- Você não sabia?

Harry maneou a cabeça.

- Seus pais também se tornaram anjos? – perguntou, a voz questionadora.

- Acredito que sim. Eles também morreram para me proteger. E aposto que agora estão juntos. Meus pais e os seus. Olhando-nos neste exato momento. Sorrindo por estarmos juntos, nos protegendo. Nossos pais eram grandes amigos, sabia? E nós vamos ser também.

Teddy sorriu.

- Mas está na hora de dormir! Ou daqui a pouco sua avó ficará muito brava comigo – Harry levantou-se e deitou o garoto na cama, o cobrindo – Tenha bons sonhos. E tente não se levantar tão cedo – brincou.

- Boa noite, padrinho Harry.

Sem pensar, Harry retirou do bolso uma pequena foto que costumava carregar sempre. Colocou-a sobre a escrivaninha de madeira, bem ao alcance dos olhinhos do menino.

- Aqui. Nossos anjos. Nossos pais e os melhores amigos deles. Sempre olhando por nós. Vão nos proteger sempre.

Deu um beijo na testa de Teddy.

- Deixe o abajur acesso, tio? – pediu.

- Claro.

E saiu do quarto, deixando Teddy admirando o novo e singelo presente.

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