Meus filhos...



 O Saguão principal do Ministério da Magia estava em polvorosa. Havia fila nas lareiras de pó de flu por onde as pessoas chegavam e saíam a todo instante. Assim que Hermione, Arthur e outro auror entraram (via cabine de Telefone encantada), ela foi envolta por uma multidão de pessoas. A primeira pessoa que Hermione divisou foi Malfoy. Ele estava sobre um palanque e ditava ordens para as pessoas em redor. Tentava administrar o caos. Quando ele a viu, os dois se encararam por alguns segundos, mas em seguida, ele desviou o olhar, chamou Arthur e ambos começaram a conversar. Em seguida, Arthur saiu por uma lareira. 


Hermione não sabia direito o que fazer. Estava tão distante daquele mundo, tão atônita com aquele ataque de Acromântulas que parecia estar tendo um pesadelo, a sensação de que logo acordaria em sua cama.


Sentiu alguém puxar o seu braço e se virou para ver quem era. Era Gina, que a encarava com grandes olhos verdes, arregalados e vermelhos, provavelmente pelo choro. Apesar da animosidade que havia entre as duas, bastou um simples olhar para que se abraçassem como se fossem boas e velhas amigas.


Gina soluçou e parecia arrasada. Hermione afastou a cabeça para contemplar a ex-cunhada.


- O que está havendo, Gina? Acromântulas? Como isso pode acontecer?


- Ah, Hermione. Você tem estado afastada disso tudo, mas é algo que estávamos prevendo.


- Por que não fizeram nada? – perguntou Hermione, sentindo-se frustrada. – Os trouxas estão morrendo. É nosso dever protegê-los.


- Como, Hermione, se nem podemos NOS proteger? – falou Gina, afastando-se de Hermione.  – Você sabe que quando as Acromantulas ajudaram Voldemort, elas foram confinadas na Floresta Proibida, não é? – como Hermione fez um sinal de concordância, Gina prosseguiu – Bem, isso aconteceu basicamente em todos os locais em que havia uma população de Acromântulas. Hagrid era quem cuidava desse assunto. Ele controlava a população, mantinha estatísticas. As acromântulas o respeitavam, tinham medo dele, sei lá. O problema aconteceu quando Hagrid morreu, há cinco anos atrás. As acromântulas começaram a se reproduzir. E você sabe que cada ovo gigante pode ter 100 novas acromântulas. Mas elas fizeram isso na surdina e o novo encarregado das Criaturas mágicas perdeu o controle. Foi aqui que Malfoy entrou nessa história...


- Malfoy? Draco? O que tem ele? – perguntou Hermione, curiosa, lançando um furtivo olhar para onde Malfoy estava.


- Foi ele quem descobriu que o número de acromântulas que havia nas estatísticas mundiais estava muito longe da realidade. Ele descobriu isso quando tentou comprar veneno de Acromântula no mercado negro para uma das poções que havia no livro Draconiatus. Não havia mais veneno no mercado, porque as acromântulas estavam tramando algo. Quando foi a um ninho, percebeu que havia alto muito errado com o número de acromântulas e tentou alertar os Ministérios, mas não lhe deram importância, achando que era uma tramoia. Foi por isso que ele quis se tornar o rei, Hermione. Para ser ouvido... o problema é que foi ouvido tarde demais...


Hermione recebeu toda aquela informação sem saber direito como processá-la.


- Você está dizendo que Malfoy não é o crápula que sempre foi e que fez tudo isso para ajudar, é isso? Acho um pouco difícil de acreditar...


- Hermione, escute. Foi por isso que eu decidi ajuda-lo, em primeiro lugar. Ele sabia que não poderia procurar você e Harry no Departamento de Aurores. Sabia que vocês o estavam investigando e por isso me procurou, pediu para que eu mantivesse tudo em segredo. Eu concordei em ajuda-lo. O problema é que caí na lábia dele e quando percebi, era a sua amante. Eu mesmo achei que ele era um demônio. Destruí meu casamento com Harry por causa dele, então, sim, ele é um demônio, mas pelo menos, quis nos ajudar.


Hermione franziu o cenho, aturdida.


- Quis nos ajudar, nos infectando com uma maldita praga??? – perguntou ela, sem acreditar que Gina pudesse estar acreditando novamente na lábia de Malfoy.


- Hermione... foi terrível e muitas pessoas morreram, mas a Praga de Dracon terminou sendo a nossa salvação. Foi para isso que ele nos infectou em primeiro lugar. A praga na verdade, é uma benção...


- Pessoas morreram, Gina. Como é que você pode achar que uma praga pode ser uma benção.


- Por que quem foi infectado tornou-se imune ao veneno paralisante das Acromântulas! Isso nos dá uma pequena chance de nos defendermos contra elas. Isso salvou a muitas pessoas, Hermione, você não tem ideia de quantas pessoas já foram salvas, simplesmente por terem sido infectadas... Você não sabe disso, por que não foi publicado. Malfoy não queria gerar pânico, mas a verdade é que ele tem organizado diversas campanhas contra as acromântulas. Eu mesma fui em algumas dessas campanhas. Ganhamos algumas batalhas, perdemos outras. Por fim, percebemos que elas estão em número muito maior do que o nosso.


- Por que não me disseram? Eu poderia ter ajudado. Harry sabe o quanto eu poderia ter ajudado!!! – falou Hermione, sentindo uma enorme frustração .


- Por que você é nascida trouxa! E não foi infectada. Todos os que não foram infectados tiveram uma morte horrível, Hermione. São paralisados e encasulados. Depois são sugados lenta e dolorosamente. Malfoy e Harry  decidiram que queriam mantê-la afastada.


- Malfoy e Harry? Eles estavam juntos nisso? – perguntou ela, incrédula.


- Desde depois do casamento que não aconteceu...


Hermione sentia-se mal. Tinha raiva de Harry e Malfoy por terem escondido tudo isso dela e ao mesmo tempo, sabia que ambos tinham a razão. Se Hermione estivesse ali no Ministério, no Departamento de Aurores, ela iria se envolver nas batalhas e talvez estivesse morta.  O problema é que de uma forma psicológico muito pior, talvez havia morrido aos poucos. A amizade que possuía com Harry fora abalada. E o amor que passou a sentir por Malfoy foi terrivelmente magoado. Como poderia encará-los agora, sabendo que estavam tentando protege-la? Não sabia se iria esbofeteá-los ou abraça-los.


- Fizeram uma decisão por mim e não tinham esse direito! – falou Hermione, aborrecida.


- Agora é tarde, Hermione... tentamos tudo o que podíamos... o mundo inteiro está sendo atacado, não só Londres. Foi um ataque coordenado. Ainda não sabemos como isso está acontecendo, porque as acromântulas não conseguem ultrapassar água salgada. Mas isso está acontecendo nos cinco continentes e ao mesmo tempo. Bem, agora, não sei o que pode estar acontecendo... faz algumas horas que perdemos o contato com os outros ministérios do CM13. Todas as corujas enviadas não estão mais retornando.  O reino de Malfoy foi completamente tomado. No início, as acromântulas começaram a atacar somente os lugares aos redores de seus ninhos, mas estão se locomovendo pelos esgotos, atingindo a todos os cantos!


Hermione sentiu-se alarmada. Precisava estar perto dos filhos naquele momento. Sabia que Hogwarts possuía defesas, mas se Voldemort havia transpassado essas defesas, também as Acromântulas poderiam ultrapassá-las. Pensando nisso, Hermione afastou-se de Gina e estacionou numa das filas das lareiras.


- Onde você pensa que vai, Hermione? – perguntou Gina, correndo atrás de Hermione.


- Para Hogwarts! Preciso resgatar meus filhos...


- Rony e Harry estão lá, Hermione. E não há mais como ir para Hogwarts. A última lareira que estava funcionando em Hogsmeade foi a de Madame Rosmerta, na Taverna Dedos de Mel. Mas todos os que foram por ela, não mandaram mais notícias. Nós achamos que há aranhas monitorando a passagem.


Hermione levou a mão a boca, sentindo-se apavorada.


- E os nossos filhos, Gina??


- Harry e Rony estão com eles. Eles vão ficar bem... – falou Gina, colocando uma das mãos no ombro de Hermione, tentando acalmá-la.


Aquilo não funcionou muito, mas pelo menos, Hermione desistiu de tentar viajar de pó-de-flu. As duas sentaram-se sobre a mureta do enorme chafariz do saguão de entrada e passaram a simplesmente observar o caos ao redor. Malfoy era o homem mais ocupado. As pessoas o abordavam a todo momento. Ele dava ordens, andava de um lado para outro. Recebia corujas. Fazia bem seu papel de Rei.


Hermione não podia acreditar em tudo o que Gina havia lhe contado. Sobre Malfoy, sobre as acromântulas. Seria mesmo verdade? Seria mesmo verdade que Draco havia feito tudo aquilo, infectado pessoas, chantageado o CM 13 para ser coroado rei a fim de controlar a situação das Acromântulas? Queria poder conversar com ele. Queria poder olhar naqueles olhos azuis e retirar deles toda a verdade, mas não poderia naquele momento. Ele tinha uma tarefa muito mais importante.


Acromântulas em toda a parte, atacando bruxos e trouxas era algo que pensava ser impossível. Queria tanto poder ter seus filhos consigo, agora. Abraçá-los. Era só nisso que pensava. Malfoy e Harry poderiam simplesmente sumir da face da terra com suas tramoias e planos para mantê-la afastada. Ela poderia ter ajudado. Poderia ter ajudado e muito... jamais poderia perdoá-los.


Apesar do caos que já havia se instaurado. Alguma coisa acontecia em uma das lareiras, pois algumas pessoas correram para lá. Até Gina e Hermione levantaram-se e tentavam olhar para lá, tentando entender o que acontecia. Muitos saíram dali completamente transtornados. Crianças e adolescentes em sua maioria, todos aparentando muito mal, roupas rasgadas, manchados de sangue como se tivessem participado de uma batalha. Hermione gelou no mesmo instante ao ver que Harry se aproximava. Trazia consigo os três filhos dele. Gina correu e abraçou os quatro que choraram todos juntos, emocionados. Hermione, por outro lado, estava apreensiva. Percebeu que Rony caminhava em sua direção, mas não trazia nem Hugo nem Rose consigo.


- Hermione... – ele balbuciou, chorando. Estava muito mal. Um enorme corte na testa fazia fluir o sangue que já havia manchado parte de seu robe esverdeado.


- Onde estão? ONDE ESTÃO MEUS FILHOS? – gritou Hermione, agarrando o robe de Rony....


- Mio... ne... ! – ele disse, tentando controlar a respiração. – Estão mortos!!!! Nossos filhos estão mortos...


 


 


 

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