Draconiatus Malfoy



Capítulo 8 – Draconiatus Malfoy


 


Dez dias depois...


 


Hermione fechou o livro ao ver que Malfoy se aproximava e sorriu graciosamente.


- De todos os lugares da minha mansão, nunca imaginei que preferisse meus jardins!!! – falou ele divertido.


Hermione olhou em volta. Adorava sentar-se ao pé daquela árvore, escutando o barulho suave da natureza, o frescor da brisa, os passarinhos sobrevoando o pequeno lago. Aquele jardim lembrava muito os jardins de Hogwarts.


- É um ótimo lugar para se ler... – respondeu ela, apontando para o livro. “História da Magia Grega” era um compêndio muito interessante. Havia aprendido muito. – Mas adorei a sua biblioteca.


- Achei que sim... – disse Malfoy , estendendo-lhe a mão e ajudando-a a se levantar. – Gostaria muito da sua presença no jantar, se quiser...


- Uhm... estou mesmo com fome. – falou Hermione. E quando Malfoy passou um dos braços sobre o seu ombro, ela também o abraçou e caminharam assim até a mansão. Já não sentia tanto medo na presença de Malfoy. Ele a havia respeitado até então. Era bondoso e carinhoso e não a pressionara mais.  Apreciava enormemente os jantares que passava ao lado dele, quando podiam conversar durante horas. Às vezes, Hermione esquecia-se que aquele homem que a protegia era na verdade Draco Malfoy, o homem que aterrorizava o mundo com a Peste de Dracon. – Vou primeiro à Biblioteca, se puder me esperar um pouco. Preciso devolver o livro... e escolher outro...


Hermione subiu as escadas até o terceiro andar, deixando Malfoy esperando-a aos pés da escadaria.


Havia ficado perplexa a primeira vez que vira a Biblioteca de Malfoy, mas agora já havia bisbilhotado a maioria das estantes e lidos muitos dos livros que ele possuía. Colocou o pesado “História da Magia Grega” no seu devido lugar e passou a olhar a estante abaixo, a fim de escolher rapidamente um novo livro antes do jantar. Deteve o olhar sobre um livro enorme, muito grosso e de aparência muito antiga. O título fez o estômago de Hermione se embrulhar: “A PESTE DE DRACON” por Draconiatus Malfoy.


Hermione retirou o livro e colocou-o sobre uma mesa de madeira perto dali. Tentou abri-lo, mas não conseguia. Provavelmente era protegido com magia. Ah, se tivesse a sua varinha ali. Hermione esforçou-se novamente para abri-lo. Já suava na tentativa quando escutou uma voz atrás de si:


- Somente um Malfoy pode abri-lo – disse Malfoy, serenamente, enquanto Hermione parecia nervosa. – Eu estava imaginando que não levaria muito tempo até você descobri-lo.


- Foi daqui que tirou a idéia de espalhar uma peste no mundo? – Hermione perguntou, curiosa.


- Draconiatus Malfoy foi meu ancestral. Ele era um importante poçólogo que trabalhou para o Ministério nos seus primórdios, há mais de mil anos atrás. Ele não criou a peste. Ninguém sabe quem a criou, mas meu ancestral descobriu como desenvolvê-la e como curá-la. Nesse livro, há diversas curas. A que eu distribuo agora ao Ministério é apenas uma das curas que ele desenvolveu.


- O que quer dizer com isso? Há outras curas?


- Sim. Há diversas curas e diversas mutações da peste.


- E há uma cura definitiva, não é? Por isso, você não sofre dos sintomas.


- Sim, eu fui imunizado com ela, Hermione. Não podia ficar a mercê de meus próprios planos diabólicos.


- É mesmo um plano diabólico! – falou Hermione, chateada, devolvendo o livro no seu devido lugar.


- Eu calculei tudo muito bem, Hermione. Há anos que venho planejando isso. Mas nunca imaginei que eu me apaixonaria por você, no processo. Se eu pudesse voltar, talvez mudasse tudo o que fiz.


- E porque não muda agora? – perguntou Hermione, querendo brigar com Malfoy e ao mesmo tempo, temendo despertar a sua fúria. – Por que você não distribui a cura definitiva? Por que não acaba com tudo isso?


- Se eu fizer isso, não haverá nada que poderá nos proteger, Hermione. No minuto que Harry e o Ministério não precisarem mais de mim para fabricar a poção, nós dois iremos para Azkaban. Você quer isso...?


- Não, eu não quero isso. Deus sabe que não quero. Mas eu não posso ficar indiferente a tudo o que acontece. Pessoas morreram, Draco. Pessoas inocentes. Você consegue imaginar o que elas sofreram? O que as pessoas que as amam sofreram com a perda? Você não consegue pensar no quanto sofreria se perdesse alguém que ama?


Draco deu um passo na sua direção. Parecia sério, os olhos brilhavam.


- Eu sofreria muito se eu te perdesse... – falou ele, num tom sério, grave, levando uma das mãos ao rosto de Hermione. . – Eu morreria se eu te perdesse....


- Dê a cura para as pessoas, Draco. Você pode fugir. Nós podemos fugir... juntos... mas dê a cura para as pessoas... – disse Hermione, segurando a sua mão e levando-a aos lábios. – Eu poderia aprender a te amar... Draco... – disse ela, beijando suavemente a sua mão.


- Você só está tentando me convencer... – disse Draco, tirando a mão das mãos de Hermione. – Não vou voltar atrás... eu não posso. Não vou viver como um fugitivo... Não estou disposto a abandonar tudo o que eu conquistei. Já lhe disse que sou um homem cruel... e não vou mudar...


Hermione abaixou a cabeça, decepcionada. Achou por um minuto que talvez pudesse convencê-lo. Estava fora de si se achava que podia manipular um homem tão perigoso como Malfoy.  Envergonhada por ter tentado, Hermione fez menção de sair da Biblioteca, mas Draco a segurou pela cintura.


- Hermione... – disse ele, parecendo querer lhe dizer algo.


Hermione levantou a cabeça com medo de encarar aqueles olhos azuis profundos.


- Não tente me manipular...


 


Hermione e Malfoy jantaram em silêncio. Hermione ressentia-se por ter tentado convencer Draco daquele jeito. Sabia que ele era perigoso, mas não podia ficar indiferente como havia dito. Ela sabia que havia pessoas sofrendo lá fora com as ações de Draco e precisava fazer alguma coisa.  Sabia que ele tinha razão, que no momento que a cura definitiva fosse distribuída, Harry prenderia os dois. O destino de Draco e Hermione seria passar os últimos dias em Azkaban. Mas sua índole gritava para que ela tentasse algo. E se fugisse com o livro de Malfoy? Se desse o livro a Harry, talvez ele pudesse fazer algo, tentasse abri-lo. Hermione iria para Azkaban, mas pelo menos, as pessoas ficariam curadas.


Mas tarde, naquela noite, Hermione escreveu um bilhete a Draco e colocou-o sobre a sua cama, esgueirando-se para fora do seu quarto. Em silêncio, desceu um lance de escada e foi até a Biblioteca. Apesar de ser muito escuro, Hermione tateou até achar a estante, mas quando pôs a mão no lugar onde o livro estaria, não encontrou nada além de poeira em seu lugar.


Malfoy o pegara. Com certeza, ele imaginou que ela tentaria algo e o escondeu. Mas onde? Talvez no seu quarto. Era arriscado demais ir até lá, agora. Esperaria ele sair e tentaria pegá-lo.


Decepcionado por seu plano ter dado errado, Hermione saiu da Biblioteca, subiu as escadas e já ia entrando no quarto, quando alguém a segurou pelo pulso.


- O que estava tentando fazer, Hermione? – perguntou Draco, abrindo a porta do quarto dela e a empurrando-a para dentro. – Acha que pode tentar passar a perna em mim? Acha que pode me trair dessa forma? Eu não a tenho protegido por acaso? Você acha que se levar o meu livro a Harry, ele vai perdoá-la?


- Eu preciso fazer algo, Draco. Não poderia ficar observando você aterrorizando o mundo inteiro, alheia às suas maldades. Eu precisava fazer algo.... precisa tentar algo... eu ia mesmo levar o livro até Harry.


Hermione se arrependeu no mesmo instante de ter tido aquilo, porque Malfoy parecia possuído pela raiva.


- Eu fui paciente com você, Hermione, fui paciente demais com você.


Malfoy puxou-a para si, envolvendo-a com seus braços fortes. Dominou-a em segundos e tomou seus lábios para si. Hermione ainda tentou resistir. Mas ele tomou-a nos braços e a colocou sobre a cama.


- Se não posso ter a sua alma, ao menos terei o seu corpo, Hermione... – falou ele, desamarrando o seu robe, deixando-a apenas de camisola.


- Malfoy, por favor... – Hermione suplicou, chorando, embora sabia que não houvesse muito o que fazer. Malfoy parecia completamente tomado pela paixão.  Arrancou-lhe a camisola, deixando-a de sutiã e calcinha. Mas quando ele jogou a camisola no chão, o papel com o bilhete de Hermione caiu sobre a camisola. Com o cenho franzido, Draco o pegou e o abriu:


 


“Querido Draco...


Você me protegeu quando o mundo inteiro me abandonou e por isso eu te agradeço, com todo o meu coração. Mas não posso deixar o mundo sofrendo em suas mãos. Eu entregarei o livro a Harry e enfrentarei o meu destino em Azkaban.


Fuja... e tente ser feliz noutro lugar...


Espero que um dia possa me perdoar por essa traição...


Acho que amo você...


Hermione.”


 


Draco olhou para Hermione que respirava com dificuldade, encolhida, com medo, as lágrimas escorrendo por ambos os lados do rosto. Ela mantinha os olhos fechados e as mãos cobriam o peito, claramente envergonhada. Ele amassou o bilhete com raiva de si mesmo.


- Hermione, olhe pra mim... – disse ele, acariciando suavemente a testa da garota.


- Não me machuque, Draco... por favor... – disse ela, abrindo os olhos para contemplá-lo.


- Eu li o seu bilhete! – disse ele, aproximando para beijar-lhe o rosto. – Eu li o seu bilhete.


Hermione percebeu que Draco tinha os olhos brilhantes, como se estivesse emocionado.


- Você acha que me ama? – perguntou ele, com um olhar intenso.


- Eu não sei... – disse ela, espalmando o peito dele, sentindo o coração de Malfoy. O peso do corpo dele corpo sobre o seu. – Eu juro que não sei... Você não sabe o quão difícil isso é para mim. Você é homem mau, Draco. Você machuca pessoas... pessoas morreram por sua causa... eu não sei se posso amá-lo. E tenho medo de amá-lo. Tenho medo que me machuque... que machuque o meu coração...


Draco segurou o rosto de Hermione entre as mãos, parecendo firme e decidido.


- E se eu mudasse, Hermione...? Você poderia me amar se eu mudasse...? Se eu desse a cura para o mundo... se eu enfrentasse meu destino em Azkaban, você me amaria?


- Draco... – falou Hermione, abraçando seu inimigo. – Eu não quero e nem posso ver você em Azkaban. Eu só quero que fuja... eu... eu... sofreria muito se você sofresse...


Draco a beijou novamente. Ternamente. Um longo beijo. Sua mão deslizou para as costas de Hermione e a puxava para si. E Hermione não resistia mais ao contato de Malfoy. Era perigoso. Era um jogo muito perigoso. Estava dando a sua alma, mas não podia resistir. Sentia algo por ele. Se era amor, nem mesmo ela o sabia. Mas era algo inegável. Estava pronta para ele. Estava pronta para entregar seu corpo e sua alma a Draco Malfoy, mas ele subitamente a largou.


- Não... não... – disse ele, levantando-se, cobrindo-a com o robe que havia atirado ao chão. – Eu vou fazer o que preciso fazer, Hermione. Vou dar a fórmula da cura definitiva a Harry, vou dizer que você é inocente, você não precisa pagar por minhas ações, querida, você é mesmo inocente e vou enfrentar Azkaban. Eu preciso fazer isso, Hermione. Só assim serei honesto o suficiente para merecer você... mesmo sabendo que nunca a terei.


- Draco, não... – Hermione levantou-se deixando cair o robe. – Por favor, não faça isso. Eu quero você... Eu quero que fiquemos juntos... Draco... por favor... não faça isso. Deixe que eu o faça. Você pode fugir.


- É preciso, Hermione. – falou Draco, decidido. – Agora você precisa dormir. Não sei como será o dia de amanhã.


 


Hermione ainda tentou. Tentou seduzi-lo, agarrá-lo, dissuadi-lo, mas Draco parecia seguro de si e saiu do quarto. Ela ficou ali, trêmula, imaginando o destino que o aguardava. Precisava fazer algo. Iria convencê-lo a fugir. Era isso o que ela faria. Draco precisava fugir...


 


 


Quim observou Harry surgindo envolvo de uma fumaça esverdeada numa das lareiras do saguão principal do Ministério. Ele mesmo havia acabado de tomar uma dose da poção de Malfoy. Havia sido infectado dois dias antes. Fora quase um dos últimos nascidos bruxos a ser contaminado no Ministério. Mas quando viu o sorriso nos lábios do chefe dos aurores e antigo amigo, Quim não pode deixar de sorrir também.


- E então, Potter? Conseguiu? – perguntou o ministro, corroído pela curiosidade.


Harry colocou um pequeno papel nas mãos do ministro.


- Mandei uma coruja para Skeeter e outra para você, mas tive a sorte de chegar antes delas. Foi fácil agora que eu sabia o que estava procurando. Tive que invadir três dos laboratórios clandestinos de Paschenko até conseguir a fórmula da poção. O pior mesmo foi enfrentar a viagem de avião novamente. O Profeta Diário publicará isso pela manhã.


- Muito bem, muito bem! – falou o Ministro, batendo nas costas do amigo para parabenizá-lo. Aquilo era a libertação de todos.


- Amanhã, todas as pessoas terão a formula para a poção em suas mãos. Só é necessário a tal da erva Anágoras Silfas. – falou Harry. Sabia que a responsabilidade do Ministro era providenciar essa parte.


- Quanto a isso, não se preocupe. Longbottom está fazendo uma grande plantação no Castelo de Hogwarts. Ele distribuirá as sementes para que as pessoas as plantem em suas casas e, por enquanto, ele tem ervas suficientes para distribuir ao povo. Não precisamos mais de Malfoy, Harry... graças a você, não estamos mais nas garras de Malfoy.


- Então, é hora de agir. Se formos rápidos, nós o pegaremos antes que ele leia o Profeta Diário e fuja levando consigo a Hermione. Precisamos ser rápidos se a quisermos salvar...


 


 

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