O retorno dos Dursley



Cap. 4


O retorno dos Dursley



Alguns dias se passaram após a festa de aniversário de Rose Weasley, que foi bastante comentada, não só pelo jornal de fofoca “Elite de Hogwarts”, como também, pelo “Profeta Diário”, que fez uma nota elogiando o bom gosto da decoração e parabenizando a filha de Ronald Weasley, por ter atingido a maioridade. Essa era a conseqüência de ser filha de alguém, que na juventude, passou por diversos problemas que o tornou famoso. Rose, assim como seu irmão e primos, era vista como filha de um dos heróis da guerra, e às vezes acabava pagando pela fama herdada dos pais. Mas, a essa altura do campeonato, os jovens Weasley e Potter, já estavam mais que acostumados com toda essa atenção exagerada que os rondava, e faziam até piada com o assunto.

Na casa dos Potter, cada membro se encontrava em um local diferente, fazendo coisas distintas. Gina, estava no escritório, escrevendo uma matéria sobre o jogo do Harpias de Holyhead que aconteceria nos próximos dias. Harry, não fazia nada, apenas lia uma revista, distraído. Alvo estava no quintal dos fundos da casa, brincando com o cachorro da família, enquanto arquitetava um plano para se aproximar de vez da Alice. Agora ele já tinha conhecimento do namoro da castanha, e isso o deixava péssimo. Tiago não se encontrava em casa. Havia viajado com Ted para Irlanda, a mando do Ministério, mas voltaria dentro de poucos dias. Lily estava na cozinha, se servindo de torta e suco de abóbora, quando ouviu a campainha tocar.

- Eu atendo! – disse, largando o prato de bolo e o copo de suco em cima do balcão e correndo em direção a porta de entrada – Pois não?! Posso ajudá-lo? – perguntou educada, ao homem que estava parado a porta.

- Quem é você? – o homem perguntou sério.

- Lílian Potter, mas sou eu quem deveria fazer essa pergunta, já que é o senhor que está parado a minha porta, me encarando com esses olhos gordos e aflitos! – ela respondeu esperta – Quem é o senhor?

- Harry... Harry Potter está? – o homem perguntou.

- Está, mas eu não posso deixar o senhor entrar, já que não me disse quem é! Mas tudo bem, podemos continuar aqui, batendo um papo amigável na porta da minha casa! Eu realmente não me importo, afinal de contas, tô pro lado de dentro mesmo! – Lily debochou.

- Lily, quem está aí? – a voz de Harry ecoou pela casa, e o homem sentiu uma sensação estranha. Fazia anos que não ouvia aquela voz, e tinha certeza que nunca mais ouviria novamente.

- Eu tô tentando descobrir pai, mas o senhor não colabora! – a ruivinha respondeu e se voltou para o homem – Eu sei que nossa conversa está bastante construtiva, mas será que pode logo me dizer quem é? Tô começando a me irritar! – revirou os olhos. Ao ouvir os passos do pai vindo em sua direção, se virou.

- Entre filha, deixa que eu atendo! – Harry disse gentil.

- Ok papai! Boa sorte com o porco ambulante! – Lily disse divertida e correu de volta a cozinha.

Harry se aproximou da porta em passos firmes e a abriu sem fazer cerimônia. Ao se deparar com a imagem do homem que estava a sua porta, quase caiu para trás. A última vez que havia visto Duda Dursley, foi na noite que abandonou a casa dos tios, na Rua dos Alfeneiros, nº 4, e saiu para sua missão. Piscou várias vezes para ver se não estava tendo uma alucinação, ou coisa do tipo, mas não. Aquele era realmente Duda Dursley, seu primo trouxa, que tanto implicou com ele na adolescência. Mais alto, mais gordo, com os cabelos mais escassos, mas ainda sim com a mesma cara redonda e rosa, que quando criança, o fazia lembrar irresistivelmente de um leitão.

- Du... Duda? – Harry perguntou chocado, embora soubesse que a pergunta era completamente inútil, já que havia reconhecido o primo – Pelas calças de Merlin, o que faz aqui?

- Bom... Eu... É... Me convida para entrar? – Duda disse sem jeito.

- Claro, claro! Entre! – Harry abriu espaço para que o primo entrasse, e fechou a porta assim que ele passou. – Mas, como soube onde eu morava?

- Minha esposa havia guardado uma carta, que me enviou há anos, quando minha filha nasceu. Apenas supus que ainda morasse no mesmo local, e decidi arriscar! – Duda explicou, enquanto seus olhos percorriam pela grande casa do primo – Vejo que está muito bem, e constituiu família!

- Obrigado... Eu acho! – o moreno estava confuso. Nunca imaginaria na vida, que em uma noite quente de verão, seu primo Duda fosse bater a sua porta e pedir para ser convidado a entrar – Não quer se sentar? – Harry apontou para o sofá.

- Oh sim! – Duda esboçou um sorriso e se sentou. Harry fez o mesmo, e durante alguns segundos, ficou observando o primo, que parecia lutar internamente, para lhe dizer algo.

Gina, que antes estava no escritório, ao ouvir outra voz em sua sala de visitas, saiu e foi conferir de quem se tratava. Parou estática ao ver quem era. Nunca teve a oportunidade de conhecer o primo de Harry, mas pela descrição que o marido sempre fizera, aquele só poderia ser Duda Dursley, o filho mimado de Válter e Petúnia, que sempre infernizou a vida do moreno, enquanto morava com seus pais. A ruiva sorriu, tentando parecer simpática e o cumprimentou.

- Boa noite! – ela disse e encarou Harry com um ar confuso. O marido nada fez, a não ser corresponder o olhar da mesma forma. Ambos se perguntavam, por que diabos, aquele homem os havia procurado.

- Boa noite! – Duda respondeu no mesmo tom. Mexia compulsivamente as mãos, e não encontrando outra saída, resolveu logo falar o que havia o levado até a casa do primo – Sei que parece estranho para você, eu aparecer na porta de sua casa, a essa hora da noite...

- Ah sim, com certeza é muito estranho! Mas não quis dizer nada, pra não quebrar o clima de surpresa familiar! – Harry respondeu com um sorriso no rosto, e Gina se esforçou para não cair na gargalhada.

- Pois bem... – Duda, que ao natural já tinha as bochechas rosadas, quando começou a falar, o tom avermelhado assumiu todo seu rosto. – Hoje de manhã, eu estava verificando o correio, e...

- Olha, o senhor “não digo meu nome a ninguém” é seu amigo pai? – Lily interrompeu Duda sem nenhum constrangimento, e riu ao ver a expressão do homem, que mesclava irritação e vergonha.

- Sim filha! É meu primo, Duda! Você lembra? Já contei a você e a seus irmãos sobre meus adorados tios e meu querido primo! – Harry respondeu divertido.

- Aquele que ganhou um rabinho de porco, do Hagrid? – Lily sustentou o ar surpreso, embora estivesse com vontade de gargalhar – Ohh, agora entendo por que Hagrid escolheu um rabinho de porco... Enfim, tô indo comprar sorvete com o Alvo! Sabe, ultimamente ele anda pra baixo! – ela suspirou – Vou indo!

- Não demorem! – Gina alertou, mas a filha já havia sumido porta a fora. – Desculpe por Lily, ela é muito... Espontânea às vezes! – a ruiva disse descontraída.

- Tudo bem! – Duda respondeu – Como eu dizia, hoje de manhã, ao ver meu correio matinal, encontrei isso entre minhas cartas, e imaginei que você pudesse reconhecer! – ele esticou a mão e entregou uma carta para Harry, que pegou.

- É uma carta de Hogwarts! E está endereçada a...

- Luiza! Sim, está endereçada a minha filha! – Duda disse, com um ar de assombro na voz – E imaginei que você me pudesse explicar, porque ela recebeu uma carta dessas, já que nós somos... É... Bem... Não somos...

- “Gente da minha laia”? – Harry completou a frase e sem esperar resposta do primo, continuou – Bom, eu procuraria outra forma de lhe dizer isso, mas como não há, serei direto! Parabéns Dudiquinho, sua filha é uma bruxa!

No instante seguinte as palavras de Harry, Duda tombou no sofá, desmaiando sobre as almofadas.

- Merlin, que aconteceu? – Gina correu de encontro ao homem, que parecia relutante em acordar.

- Eu sabia que ele ficaria assustado, mas não imaginei que seria tanto! – Harry respondeu, e convocando um copo de água da cozinha, jogou o líquido gelado, sobre o rosto do primo, que acordou na mesma hora – Cara, eu sei que a emoção é grande, mas não precisa tanto!

- Não pode ser... – ele falava em choque – Deve haver um engano! Minha filha não pode ser... Ela não é uma... Uma... Uma...

- Bruxa?! – Gina completou – Sinto lhe informar, Duda, não há engano nenhum! Hogwarts jamais comete esse tipo de erro, e se sua menina recebeu a carta, significa que no dia 1º de setembro deve comparecer a estação de King Cross para embarcar no trem que a levará direto pra escola.

- Eu não vou permitir que minha filha entre num trem, repleto de crianças que sabem fazer truques com varinhas, e fique em uma escola para malucos! – Duda praticamente cuspiu as últimas palavras, e isso irritou bastante o casal Potter.

- Escute aqui, seu Porco de Peruca loira, não me venha com ofensas, não na minha casa! – Harry se aproximou ameaçadoramente do primo – Ao contrário de quando éramos adolescentes, já posso usar magia fora da escola, e quem saiba eu não resolva por um belíssimo par de orelhas rosadas para combinar com aquele rabinho que Hagrid colocou em você quando tinha 11 anos?! – ele sorriu debochado – Você vem a minha casa, mostra uma carta de Hogwarts endereçada a sua filha, e esperava que eu dissesse o que? “Oh Dudinha, Minerva se enganou e sua filha é uma trouxa, incapaz de fazer magia”? Pois bem, Duda, se é nisso que quer acreditar, sinta-se a vontade, mas informo, que com o passar do tempo, os poderes da sua filha vão se manifestar, e você irá se arrepender por não ter permitido que ela fosse para Hogwarts, aprender a controlá-los.

No mesmo instante, Duda se encolheu no sofá e ficou encarando o primo com uma expressão confusa e assustada.

- Eles já se manifestam... – ele disse num fio de voz, mas para si, do que para Harry.

- Desculpe, o que foi que disse? – Gina perguntou, embora tivesse escutado perfeitamente bem.

- Disse que os poderes, ou seja lá como chamam, já se manifestam. Uma vez, estava passando em frente ao quarto dela... Minha filha estava em cima da cadeira, próximo a janela de seu quarto, quando se desequilibrou e caiu... Eu gritei e corri em direção a ela para tentar segurá-la, já que iria bater direto no chão, mas algo aconteceu... Almofadas apareceram embaixo dela, e Luiza caiu sobre elas, em velocidade tão lenta, que só não a segurei, pois estava espantado demais com aquela cena! – Duda despejou essas palavras, horrorizado. Nunca havia contado isso, nem mesmo a sua esposa, e havia combinado com a filha de que aquele seria um segredo apenas dos dois.

- Você quer dizer que sua filha conjurou almofadas para amparar a queda? – Harry perguntou com um misto de curiosidade e felicidade. Afinal de contas, embora não conhecesse a filha de seu primo, percebeu que ela tinha um forte dom pra magia.

- Sim, e não foi só isso! Luiza é capaz de mover objetos, se estiver bem concentrada, e também quebrá-los, quando está com raiva! – Duda se acalmava aos poucos. Sentia-se aliviado em dividir toda aquela preocupação com alguém.

- Não deve se assustar! – Gina tentava tranqüilizá-lo – Os bruxos, quando ainda crianças, não têm controle sobre o próprio poder, e muitas vezes acabam extrapolando os limites! – ela explicava como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo – Passamos por isso com Tiago, Alvo e Lily, e garantimos que é uma coisa absolutamente normal!

- Pra vocês, que também são bruxos! Como vou explicar a meus pais e o pior, a minha esposa, que minha filha faz mágica, como um daqueles homens que se apresentam em circos? Imagina na escola... Minha filha seria a atração, pois seus coleguinhas se reuniriam a sua volta e pediriam pra tirar coelhos da lancheira, nos intervalos!

- Antes brincar com coelhos, do que falar com cobras... – Harry pensou alto.

- Cobras? Quem aqui falava com cobras? DEUS ME ACUDA! – Duda voltou ao seu tom desesperado.

- Eu falava com cobras! – Harry revirou os olhos – Dom esse que desapareceu, quando venci Lord Voldemort, há mais de 20 anos... Por Merlin, Duda! Pare de fazer tempestade em copo d’água! Sua filha é uma bruxa, e não uma dançarina de programas de auditório! Pare de bancar o desesperado e aceite logo o fato de que agora, você é pai de uma bruxa!

- Se você quiser, pode trazer sua esposa e filha para almoçar no domingo, e chamaremos minha cunhada e meu irmão também! Hermione, assim como a sua filha, é nascida trouxa, e hoje é uma bruxa extraordinária, famosa pelos seus feitos e muito respeitada! – Gina dizia de maneira tranqüila.

- Como eu vou explicar isso pra minha família e pros meus amigos? – Duda disse exasperado, colocando as mãos na cabeça.

- Cara, com a sua família, a gente pode até ajudar, mas com os seus amigos, é com você! Só te aconselho uma coisa: Não diga que sua filha foi para um reformatório, pois por mais que seja bruxa, ela continua sendo sua filha, e merecendo todo seu respeito. Não deve ser tratada como uma maluca e escondida por ser diferente de você ou da sua esposa!

- Eu nunca pensei em esconder minha filha! Como pôde imaginar uma coisa dessas?

- Não sei... Talvez pelo fato de seus pais tentarem me esconder durante todo o tempo que morei com vocês, alegando que eu fosse uma aberração, por estudar em um local que ensina os alunos a controlarem e desenvolverem seus poderes mágicos! – Harry respondeu como se fosse o óbvio – Por falar em seus pais, como tia Petúnia e tio Válter reagiram à notícia de terem uma netinha bruxa?

- Eles... Bom, ainda não sabem! – Duda respondeu envergonhado – Eu não tinha certeza disso, não queria assustá-los! Mas agora não vejo outra solução, a não ser contar a eles e... – respirou fundo – E aceitar isso!

Os três se encararam em silêncio durante algum tempo, apenas maquinando qual seria a melhor coisa a se falar naquele instante. Mas, infelizmente ou felizmente, palavra nenhuma foi encontrada, e os olhares significativos que um lançava ao outro, pareceram responder todas as questões que pudessem surgir naquele momento.

- Então no domingo, a que horas eu devo vir com minha família? – Duda quebrou o silêncio e falou um pouco mais otimista.

- Lá pelas onze, se tiver bom pra você! Enquanto estivermos preparando o almoço, conversaremos com sua esposa e filha, para tentar amadurecer a idéia de que nem tudo que dizem por aí sobre os bruxos é verdade! – Harry respondeu sorrindo.

- Sim, pois afinal de contas, como pôde perceber, não temos um caldeirão no meio da sala, não usamos chapéus absurdamente grandes e pretos, e não temos cara de malvados! – Gina disse divertida – Se formos com calma, tenho certeza que sua família aceitará tudo muito bem!

- Está combinado então! Domingo, às onze horas, estarei aqui com minha esposa e filha! Harry, obrigado! – Duda agradeceu humilde – E obrigado você também, Sra. Potter!

- Ah, por Merlin, sem formalidades! Me chame de Gina! – a ruiva sorriu – E de nada!

- Está bem, Gina! Bom, vou embora, já está tarde! – ele anunciou, caminhando para a porta – Até domingo então! – se despediu do casal e saiu.

- Até! – Harry e Gina disseram juntos, parados a porta de casa. Observaram Duda entrar em seu moderníssimo carro, dar partida, e desaparecer de suas vistas, assim que fez a curva.

- Será que ele vai aceitar numa boa? – Gina perguntou, enquanto observava a rua.

- Bom, isso só o tempo dirá, mas acho que sim! E se não aceitar logo por bem, vai ter que aceitar por mal, afinal de contas, não poderá controlar Luiza por muito tempo! – Harry respondeu – Lily e Alvo não deveriam ter voltado?

- Sim, deveriam... E olha, eles vêm vindo! – Gina apontou para o final da rua, quando os filhos apareceram.

- Então, o que o porco ambulante queria? – Lily perguntou, quando se aproximou dos pais. Ainda carregava sorvete na mão.

- É pai, o que seu primo, personagem do seu passado assombroso e macabro com a família Dursley, queria com você? – Alvo perguntou.

- É uma longa história! – Harry respondeu – Entrem que eu conto!



***



Alguns dias se passaram desde a visita surpresa de Duda e o dia marcado para o almoço havia chegado. Era domingo, e a casa dos Potter estava cheia. A família Malfoy, a família Weasley, Vincent e Alice, se dispersavam pelo jardim e interior da casa. Apesar da animação, os Potter estavam ansiosos, na expectativa da chegada da família Dursley.

Apesar de toda animação, havia duas pessoas que pareciam não compartilhar do clima festivo das famílias. Alice e Alvo, não trocavam um olhar sequer. A conversa que tiveram no dia anterior, parecia ter sido definitiva. O brilho dos olhos verdes de Alvo agora estavam apagados, e o mesmo acontecia com os olhos azuis de Alice. Tinham se magoado tanto, se ferido tanto, que agora só queriam distância um do outro.

- Então, vai nos contar o que aconteceu ontem, ou prefere continuar com essa cara emburrada pro resto da vida? A gente pode esperar, sem pressa ok?! – Vincent falou a Alvo, que parecia não estar nem um pouco afim de mudar de humor – Eu, particularmente, não tenho nada pra fazer! Minha loira foi almoçar na casa de uns parentes, meus pais viajaram pra visitar meus tios, e eu estou acolhido na casa dos Malfoy, como um sem teto... E sabia que ser assim, me deixa com tempo sobrando?! Como é bom ser vagal! – ele terminou, e viu Scorpius e Rose segurarem uma gargalhada. Alvo, porém, não mudou a expressão.

- Pra ser sincero, prefiro esquecer o que aconteceu ontem! Não quero tocar no assunto, e agradeceria se vocês três parassem de me encarar como uma pessoa doente, que está sofrendo em seus últimos dias de vida! – Alvo disse aos amigos e seu tom de voz era sério – Eu estou bem! Muito bem! Estou ótimo, e vou ver se meu pai precisa de ajuda! – o moreno se levantou e rumou para o interior da casa. Vincent, Rose e Scorpius, se encararam assustados.

- Ele é sempre assim, ou às vezes é mal-humorado também? – Vincent debochou.

- O Al tá arrasado! Ele ainda não quis me contar o que aconteceu, mas deve ter sido algo sério! Dá pra ver nos olhos dele que está arrasado! – Rose respondeu preocupada.

- Bom, não podemos forçá-lo a falar né?! O jeito vai ser esperar pra que ele venha até nós e nos conte o que aconteceu! – Scorpius comentou – Agora me diz, é verdade essa história de que uns parentes do seu tio vão vir almoçar conosco?

- É sim! Parece que o Duda, filho dos tios que criaram o tio Harry, veio aqui desesperado, porque a filha dele recebeu uma carta de Hogwarts, e ele acha isso a coisa mais absurda do mundo!

- Eu nem sabia que seu tio tinha parentes vivos! Nossa, teremos uma reunião familiar, com parte da família do tio Harry...

- Tio Harry? – Rose interrompeu o moreno.

- Sim, eu costumo me apossar da família alheia! – ele respondeu de forma simples – Como ia dizendo, essa reunião familiar com os parentes, que devem nos achar malucos, talvez seja... muito divertida! – Vincent sorriu. Rose e Scorpius apenas se entreolharam.

No interior da casa, Alvo estava sentado sozinho no escritório, quando Alice entrou, a procura da amiga.

- Lily, onde você se... – ela disse descontraída, mas ao notar a presença de Alvo, sua expressão logo mudou para uma mais séria – Desculpa, pensei que Lily pudesse estar aqui!

- E por que ela estaria? Lílian não é muito fã de escritórios, achei que soubesse, já que são melhores amigas! – ele falou seco.

- Eu... Eu sei que não, mas como não a encontrei em lugar nenhum, pensei que...

- Pensou errado! E ela foi à casa do vizinho, levar o filhote de cachorro que fugiu e veio parar no nosso jardim!

- Ah... Obrigada então!

- Pelo que? Por informar onde minha irmã está, ou por não te questionar sobre as coisas que me disse ontem? Sabe, ultimamente suas atitudes me deixam com certa dúvida!

- Olha Alvo, eu não quero brigar ok?! Já pedi desculpa por ter entrado aqui, agora não queira tocar no assunto de ontem, pois aquilo já me rendeu dores de cabeça demais! – Alice disse nervosa, e se virou para sair.

- Por que é tão difícil acreditar em mim? – ele finalmente perguntou exasperado.

Alice parou a porta do escritório e abaixou a cabeça. Por um momento, Alvo pensou que ela estivesse chorando. Lentamente ela se virou e o encarou. Estava triste, e aquela pergunta do rapaz não contribuiu para melhorar seu ânimo.

- Você quer saber por que é difícil acreditar em você? Simples! Nunca se interessou por nada e nem por ninguém, e quando supostamente se apaixona, diz coisas absurdas, como se pudesse me fazer sentir culpada por estar sofrendo. Você me fez sofrer primeiro Alvo! Não pensa nas suas atitudes, age por um suposto “ciúme” e quando a ficha cai você se arrepende, e tenta voltar atrás... – ela disse tudo pausadamente, tentando manter-se firme – E você ainda pergunta por que não acredito em você? É simples, eu não acredito, porque seu amor é uma mentira! É simplesmente uma mentira enorme!

- Mentira? – Alvo perguntou incrédulo – Você não sabe o que está falando! Ontem engoli meu orgulho e fui falar que te amava, e o que você fez? Não acreditou!

- Ah claro! Eu deveria mesmo acreditar em uma declaração que veio seguida de brigas e insultos... – ela disse sarcástica – Aham, eu costumo mesmo acreditar nesses amores estranhos!

- E o que você queria que eu fizesse?

- Se me amasse, como diz que ama, teria se dado ao trabalho de fazer uma declaração romântica! – ela disse um pouco mais alto que o normal.

- Eu estava com ciúmes! Queria que eu fizesse o que?

- Me pedisse desculpa pelo menos!

- Eu pedi!

- E depois começou com as grosserias novamente!

- Eu comecei? Quem foi que gritou e disse um monte de absurdos? – Alvo praticamente gritava.

- Você mereceu! – Alice gritou e bateu a porta atrás dela, para que não ouvissem os absurdos que estavam sendo ditos.

- Claro, eu digo que te amo, e em troca recebo ofensas! Eu realmente merecia... – Alvo riu irônico.

- Você não disse que amava! Praticamente jogou todas as informações em cima de mim ao mesmo tempo e começou a dar ataques, segundo você, porque estava com ciúmes!

Alvo respirou fundo, na tentativa de manter o controle. Estava nervoso por tudo que aconteceu, e não queria descontar nela sua raiva. Passados alguns segundos, ele encarou Alice de forma profunda, como se tentasse ler o que se passava em sua mente, que naquele momento deveria estar a mil.

- Você tem razão... – o moreno disse de forma controlada e arrependida – Talvez eu tenha feito tudo errado, mas não foi com a intenção de te ferir! – Alvo saiu do lugar que estava e caminhou em direção a menina – Alice, eu realmente não sei como tudo aconteceu, a única coisa que tenho certeza é que te amo! E isso é verdade! Eu amo seu sorriso, seu jeito de menininha, sua voz... E não podia esconder isso de você pro resto da vida!

- Você... – ela disse num fio de voz – Não sabe o que está dizendo! – abaixou a cabeça.

- Os sentimentos são meus, e acho que sei, melhor do que ninguém, o que eles significam! – Alvo levantou o rosto da menina, e fez ela o encarar – Acredite em mim, eu te amo!

Os dois se encararam por mais alguns instantes e lentamente, os rostos foram se aproximando... Iam se beijar naquele momento, até que uma voz, vinda da porta da frente da casa, os despertou.

- “Boa tarde, Sra. Potter! A Alice está?”

Alvo não acreditou no que ouviu, e encarou Alice, que parecia tão surpresa quanto ele.

- Convidou o Moss pro almoço? – perguntou indignado.

- Não! – ela respondeu rapidamente – Não fazia idéia de que ele viria!

- Ah não?! – Alvo deu uma risada seca – E como explica o fato dele estar na minha sala, conversando com a minha mãe?

- Alvo, eu... Por Merlin, não sei! – a castanha disse nervosa – Eu vou... Vou ver o que ele... O que ele quer!

- Ah claro! Fuja, e vá se esconder nos braços de Moss, seu falso amor! – ele debochou. – Me diga, como consegue fingir que o ama, e pensar em mim ao mesmo tempo? Talvez seja uma tarefa fácil, não?! Você a desempenha tão bem!

- Como... Como ousa falar assim comigo? Tá vendo, é por isso que não posso acreditar em você!

- Não pode acreditar? Então vem cá, talvez isso ajude você a perceber que estou falando a verdade! – Alvo puxou a castanha pelo braço e a beijou, ignorando todos os protestos dela de se soltar. Uma de suas mãos estava perdida entre os longos cabelos castanhos de Alice, enquanto a outra segurava sua cintura. Beijava a menina de maneira possessiva, e ao mesmo tempo apaixonada. Era como se desafiasse Alice, a dizer que tudo que ele e principalmente, ela sentia, era falso. – Agora diz que não acredita em mim! – ele ordenou, quando seus lábios se separaram. Ao ver que a castanha não respondeu, completou – Você não consegue dizer, porque sabe que estou falando a verdade! – ele balançou a cabeça, ao ver que ela se afastava – Isso, vá encontrar com o Moss! Aproveita e tenta fingir pra ele que nada aconteceu nessa sala, talvez consiga enganá-lo! Você faz isso tão bem!

Ao ouvir aquelas palavras, Alice se virou furiosa e foi até o moreno. Parecia que tinha enlouquecido. Batia forte contra o peito de Alvo e ao mesmo tempo chorava... Como ele podia fazer isso com ela? Como sabia que apesar de dizer que não, de tentar se afastar, de tudo que havia sido falado no dia anterior, que ela o amava? Como ele podia estar tão certo? Alice sentia tanta raiva de Alvo, que precisava extravasá-la de alguma forma.

- Por quê? – ela perguntava com a voz embargada pelo choro, enquanto ainda batia nele, apesar de não ter forças – Por que diz essas coisas e faz tudo isso? POR QUÊ?

Alvo respirou fundo. Estava com as mãos no bolso e não tentava impedir o ataque de fúria de Alice. Ao ver que ela havia parado e encostado a cabeça em seu peito chorando, Alvo retirou as mãos do bolso e a abraçou.

- Porque simplesmente te amo, e me machuca saber que você está com outra pessoa! Apesar de não acreditar em mim, essa é a única verdade, e não vou desistir até provar isso a você! – ele finalmente respondeu a pergunta da menina.

- Fica longe de mim, por favor! – ela suplicou – Me deixa em paz! Eu já sofri demais por amar você! – Alice se afastou de Alvo e finalmente, o deixou só no escritório.

O rapaz abaixou a cabeça, e se jogou na poltrona que havia no local, rendido ao cansaço e ao sofrimento.

- Alvo Potter, eu sei que você é um idiota, mas te proíbo de desistir da Alice! – ele falou para si.

- Eu ia dizer a mesma coisa, mas já que teve consciência suficiente para falar isso, me poupou um grande trabalho! – Harry disse, entrando no escritório e se sentando ao lado do filho.

- Pai?! O senhor ouviu tudo? – Alvo ergueu a cabeça e ao ver o pai balançar a cabeça num sinal positivo, completou – Me sinto tão perdido!

Naquele momento, Harry encarou o filho e pela primeira vez, depois de anos, pôde ver nele, a mesma expressão triste e confusa, que fazia quando criança. Sorriu bondosamente, e passou a mão nos cabelos do rapaz.

- Alvo, apesar de parecer o contrário, a vida não é fácil pra ninguém! Tenho certeza que agora se sente perdido e confuso, afinal de contas, se ela te ama, por que não aceita seu amor e ficam juntos?! – Harry explicava com calma ao filho – Mas, você precisa entender, que Alice também sofreu durante anos por você! Imagina como foi pra ela conviver com alguém que amava, e saber que essa pessoa, a cada dia estava com outra menina diferente?

- Eu fiz tudo errado...

- Sim, você fez! Deixou-se levar pelo ciúme e não compreendeu que ela está confusa!

- E será que posso dar um jeito nisso? – Alvo perguntou triste.

- Felizmente sim! Talvez vocês ainda briguem um pouco, mas toda história de amor, pra ter um final feliz, precisa passar por momentos difíceis! – Harry sorriu – Agora aconselho a você, que dê um tempo a ela!

- Certo! – Alvo concordou – Obrigado pai!

- De nada filho! Agora vamos, se levante e venha comigo, Duda e a família já estão chegando e precisamos fazer uma recepção descente, se não ele vai ter certeza do que desconfia!

- E do que ele desconfia?

- De que não somos pessoas normais! – Harry respondeu e os dois riram. Juntos saíram do escritório e foram para o jardim dos fundos, onde havia sido posta uma bela mesa, para acomodar todos que estavam na casa. Pensou em ampliar magicamente a sala de jantar, mas ao se lembrar que a família de Duda é trouxa, achou melhor não fazer, pois não conseguia pensar num jeito de explicar em como sua sala de jantar era enorme por dentro, e pelo lado de fora, parecia uma sala comum. No trajeto do escritório para o jardim dos fundos, Alvo, ainda teve tempo de ouvir, enquanto cruzava a sala com o pai, a voz do Moss, se despedindo de Alice, e avisando que dentro de um mês retornaria da viagem que faria com os pais.



***



Não demorou muito, para que finalmente, a família Dursley chegasse. Harry logo reconheceu o carro do primo, enquanto estacionava e tratou de dar os últimos avisos aos demais.

- E por fim, lembrem-se que...

- Os caras são trouxas, nos acham seres de outro planeta por praticarmos magia e provavelmente será um choque para a esposa do seu primo, descobrir que a filha deles é bruxa e tem uma vaga em Hogwarts! – Draco completou. – Cicatriz, nós já sabemos disso!

- Valeu Doninha! Mas não custa repetir! – rindo, Harry se virou para o lugar que Duda havia estacionado o carro. Gelou, ao ver que não trouxe consigo apenas a esposa e a filha. Junto com ele, trouxe também, Válter e Petúnia Dursley, seus tios tão cheios de manias e críticas anti-bruxos.

Petúnia e Válter não haviam mudado muito, desde a última vez que Harry os viu. É claro que estavam mais velhos e mais enrugados. Os bigodes de tio Válter estavam grisalhos, seus cabelos estavam ralos, e sua grande barriga... Bom, essa era a única coisa nele que continuava a mesma! Tia Petúnia, por sua vez, ainda sustentava aquele corpo magro, e aquele pescoção, que Harry sempre atribuiu ao fato dela viver esticando ele pela janela, para espiar a vida alheia.

O casal vinha na frente, acompanhado por uma pequena garotinha loira, que Harry concluiu que fosse Luiza, a filha de seu primo. Um pouco mais atrás, Duda vinha acompanhado de uma mulher alta, com os cabelos claros e olhos castanho-escuros. Apesar de não conseguir visualizar bem o rosto da esposa do primo, percebeu que era uma bela mulher e parecia simpática, a julgar pelo sorriso que sustentava no rosto.

Ao verem seus tios se aproximarem o portão de entrada, Harry puxou Gina pela mão e juntos, caminharam até eles, para recebê-los da forma mais simpática que pudessem.

Assim que ficaram frente a frente, tios e sobrinho se encararam. Harry queria dizer alguma coisa, mas como ser simpático com pessoas que sempre detestaram sua presença? Foi forçado a concluir que esse almoço daria mais trabalho do que imaginava.

- Sejam bem-vindos! – Gina cortou o silêncio que havia se instaurado ali – Devem ser o Sr. e a Sra. Dursley não?! – ela estendeu a mão para cumprimentá-los.

Petúnia e Válter se entreolharam. Os dois pensavam a mesma coisa naquele momento. Será que valia a pena, todo aquele esforço pela neta? A muito contra gosto, eles se renderam àquela situação incômoda, e apertaram a mão de Gina.

- Então moleque! Não fala conosco? – Válter vociferou, mas Harry simplesmente colocou as mãos no bolso e encarou os tios com um sorriso maroto.

- Se houvesse algum moleque aqui, talvez ele se intimidasse com esse seu tom falsamente ameaçador, e com essa veia pulsante em seu pescoço! Eu já passei dessa fase, não pense que vai me assustar, bancando o fortão e o dono da razão! – disse de forma simples – Ah, suponho que você deva ser a pequena Luiza! – Harry disse com um sorriso bondoso e se abaixou para ficar da altura da menina.

- Suponho que acertou! – ela respondeu sorridente – Você é o primo do papai?

- Sim, sou eu mesmo! Seu pai me falou de você, mas não disse que era tão bonita!

- É verdade! – Gina foi até o marido e assim como ele, se abaixou em frente à garota – Sou Gina, esposa do Harry!

- Oi Gina! – a garotinha respondeu, e se adiantou para abraçar o casal Potter. – Vocês têm filhos também?

- Temos sim! Três filhos! Dois meninos e uma menina! – Gina respondeu simpática.

- E eles têm a minha idade? – perguntou na esperança de ter companhia para conversar e brincar, enquanto seus pais e seus avós almoçavam e conversavam.

- Não! Eles são um pouco mais velhos que você, mas tenho certeza que adorarão brincar e conversar com uma garotinha tão simpática! – Harry respondeu – E onde está Duda? O vi descer do carro com vocês!

- Papai voltou ao carro! Mamãe esqueceu a bolsa, e... Olha, eles estão vindo! – Luiza apontou para os pais, que caminhavam em silêncio.

Harry e Gina se colocaram de pé, para receber o casal. E foi com certa surpresa e choque, que olharam para esposa de Duda.

- Sr. e Sra. Potter! Prazer em conhecê-los! – a mulher se adiantou para cumprimentá-los, antes que eles o fizessem.

Gina e Harry se entreolharam confusos, e entraram no jogo da mulher.

- O prazer é nosso, Sra. Dursley! – eles responderam.

- Melanie! Me chamem apenas de Melanie, ou simplesmente Mel! Duda disse que vocês nos convidaram para o almoço de hoje! Fico muito feliz em saber que estão retomando os laços familiares!

- Eu não chamaria de “retomar laços”, um almoço de domingo, cheio de gente que não conhecemos! – Válter exclamou, e sua esposa o apoiou com um aceno de cabeça.

- Pai já conversamos sobre isso e o senhor prometeu ser levemente simpático! – Duda revirou os olhos.

- Não esquenta Duda, a palavra simpático, foi excluída do dicionário do meu tio, há séculos! – Harry disse, e a pequena Luiza riu – Vamos para os fundos! O pessoal tá ansioso para conhecer vocês!

Duda, Válter, Petúnia e a pequena Luiza caminharam com Gina um pouco mais a frente. Melanie, ao passar por Harry, apenas sussurrou:
- Diga a Gina que depois explico tudo, agora finjam que não me conhecem!

Harry apenas confirmou com a cabeça, e seguiu com os demais, para o jardim dos fundos, onde todos conversavam animados. Ao avistarem a família Dursley, eles se empertigaram, e adotaram uma postura mais formal. Rony ouviu Draco sussurrar algo para esposa como “Eu mereço”. Em um canto, Vincent fez uma pose pomposa, em deboche, obrigando Rose e Scorpius a segurarem uma gargalhada enorme.

Assim que os Dursley pararam em frente ao restante da família, Harry se colocou mais a frente, olhou para todos e fez as apresentações.

- Galera, esses são Válter e Petúnia Dursley, meus tios! Esse é Duda, meu primo; Essa é sua esposa, Melanie Dursley, tenho certeza que é uma surpresa para todos conhecê-la! – o moreno enfatizou a palavra “todos”, pois sabia que assim como ele, Hermione, Rony, e provavelmente Draco, também conheciam a mulher – E essa pequena, é Luiza!

- Olá! – todos cumprimentaram a família.

- Bom, agora vou apresentar minha família! – Harry falou – Aquele casal ali são Rony e Hermione Weasley, meus melhores amigos e também cunhados; o casal de loiros mais a frente são Draco e Astoria Malfoy, grandes amigos, e sogros da filha do Rony; aquele é Ted Lupin, meu afilhado, e ao lado, meu filho Tiago e a namorada Claire; Aquele perto da árvore, é meu filho Alvo e mais a frente, vocês podem ver minha filha Lily, meu sobrinho Hugo, filho do Rony e da Hermione, e a amiga deles, Alice; os outros três, quase escondidos ali no canto, são Scorpius, filho único de Draco e Astoria, Rose, que também é filha de Rony e namorada do Scorpius, e aquele ali é o Vincent, melhor amigo deles e também... O que mais você é, Vincent?

- Eu? Ah tio, eu sou o penetra da família, acolhido pelos Malfoy, que estão pensando seriamente em me adotar, já que minha vida é viver pela Mansão Malfoy, pois meus pais viajam mais que aqueles políticos trouxas, que a gente escuta falar... Eu sei, minha vida é triste, mais eu supero! – Vincent respondeu e nessa hora todos gargalharam. Todos, exceto Válter e Petúnia, que pareciam detestar aquela união familiar.

- Bom, como puderam ver, essa é minha família! – Harry disse, assim que se recuperou da crise de risos – Ou melhor, nossa família! – ele abraçou Gina.

- Um pouco grande, não?! – Petúnia perguntou com seu típico ar superior, que fazia todos se enojarem com sua presença.

- Grande? – Gina perguntou divertida – Ainda não viu nada! Se eu fizer as contas, falta no mínimo, mais umas 15 pessoas!

- Isso sem contar os cachorros, gatos, corujas, galinhas e outros animais que provavelmente a gente tenha, mas no momento não se lembre! – Lily respondeu, fingindo-se de séria.

- Não podemos esquecer o vampiro, poxa! – Hugo disse – Ele também é parte da família!

- Ah sim, como pude me esquecer? O vampiro também é parte de nós! Embora ele não diga nada e só balance a cabeça!

Petúnia e Válter se encararam horrorizados. Eles haviam escutado bem? Um deles criava um vampiro? Tinham gatos, cachorros e corujas em um mesmo lugar? No mesmo instante, suas mentes maquinaram e formaram a mesma imagem horrenda, de um castelo sombrio, com animais soltos e um vampiro perambulando pelos corredores. Aquilo era demais para que eles compreendessem.

- Meninos, parem de falar assim ou vão assustar a família do Harry! – Rony falou, contendo a vontade de rir – Por favor, se sentem!

Um pouco relutantes, a família Dursley se sentou, exceto Luiza, que sentada na grama, travava uma conversa animada com Ted. Ele sempre teve muita paciência com crianças, coisa que deixava Vic abobada, já que ela não tinha nenhum jeito!

Alguns minutos se passaram, nos quais a família Dursley, conversou civilizadamente com os outros membros. Válter e Petúnia, embora tentassem disfarçar, estavam muito desconfortáveis com aquela situação. Sem contar as visitas de Dumbledore, do Sr. Weasley e de alguns outros aurores e membros do Ministério, eles nunca estiveram cercados por tantos bruxos na vida. Tinham medo que a qualquer momento um feitiço passasse por cima de suas cabeças, ou pior, os acertassem, transformando-os em patos ou qualquer outro animal patético com penas.

Gina e Harry, assim como os outros, vez ou outra se entreolhavam curiosos. Como a esposa de Duda poderia explicar aquela situação, ou melhor, como ela conseguiu, durante mais de dez anos, fingir algo que não era verdade? Percebendo aquela dúvida passar nos olhos dos demais, Melanie pediu que Gina a acompanhasse ao banheiro. Assim que as viu sair, Harry inventou a desculpa de que precisava ir a cozinha verificar o empadão que Gina havia deixado no forno, e seguiu as duas mulheres até a sala.

Assim que se sentiu segura e percebeu que não havia ninguém, além do casal a sua frente, que pudesse escutar a conversa, Melanie respirou aliviada e os encarou.

- Quanto tempo! – ela disse indo abraçar os velhos amigos – Céus, eu jamais imaginei que você fosse primo do Duda!

- E eu jamais imaginei que você, fosse esposa dele! – Harry disse no mesmo tom de surpresa.

- Gina, você está tão linda! Continua a mesma, desde quando nos vimos! Aliás, vocês dois continuam iguais! Céus, o tempo não os mudou em nada!

- Nem a você, tenha certeza! – Gina respondeu no mesmo tom agradável.

- Agora que já matamos um pouco a saudade, quero que nos conte, como foi que conseguiu mentir para Duda durante todos esses anos? Melanie, você é tão bruxa quanto nós! – Harry perguntou e encarou a mulher a sua frente, com uma expressão curiosa.

Melanie apenas riu, sabia que o amigo estava se referindo ao fato dela ser uma bruxa e de que claramente, a família Dursley abominava esse “tipo” de gente.

- Conheci Duda em um pub irlandês, quando ele foi, a mando do pai, se encontrar com um sócio da empresa. Eu não costumo ir a locais trouxas, mas aquele pub era especial, já que serve o melhor chocolate quente de toda Irlanda. – Melanie sorriu. Ela não sabia, mas escondido, próximo a porta que levava a sala, Duda ouvia tudo. Havia ido levar o celular para esposa, pois sua vizinha estava telefonando para confirmar o local da festa de aniversário de seu filho, que era muito amiguinho da Luiza.

- E Duda foi simpático com você no primeiro encontro? – Gina perguntou – Pelo que Harry costumava falar, ele nunca foi uma pessoa tão... Como posso dizer...

- Sociável?! É, ele nunca foi mesmo! – Harry completou e todos riram.

- Comigo a coisa não foi tão diferente, eu entrei no pub, carregada de pastas e com uma bolsa na mão, e sem querer o esbarrei e o fiz derrubar metade do café em cima de seu belo terno! – Melanie sorriu novamente, ao visualizar em sua mente aquele dia – Nem preciso dizer a quantidade de impropérios que ele disse, e como me conhecem, eu não deixei passar, e o chamei de grosso, durão, dentre outras coisas... Depois desse dia pensei que nunca mais o veria, mas pra minha surpresa, o encontrei nos três dias seguintes aquela confusão. Daí vocês já podem imaginar o que aconteceu, ele me convidou pra sair, eu aceitei, começamos a namorar, nos casamos e hoje somos pais da Luiza.

- Certo, mas a pergunta que não quer calar é como você conseguiu bancar a trouxa durante todos esses anos? Sendo que é uma bruxa muito talentosa! – Harry perguntou.

- Eu também adoraria saber disso, Melanie Hurd Dursley! – Duda entrou na sala com uma expressão que mesclava raiva e choque. – Que história é essa que você é bruxa?

- Du... Duda eu posso explicar! – a mulher olhava para o marido, completamente nervosa. Esperava um dia contar a Duda toda a verdade, mas não daquela forma.

- Pois explique! – Duda vociferou.

- Explicar o que? – Valter e Petúnia perguntaram, assim que entraram na sala.

- Ótimo, o barraco tá feito! – Harry exclamou, e encarou Gina, que assim como ele, estava preocupada.

Melanie respirou fundo, e andando de um lado para o outro na sala, começou a explicar, tentando se manter tranqüila.

- Ele quer que eu explique o motivo pelo qual escondi que sou uma bruxa! – ela falou, e ao ver a cara de horror dos sogros, completou – E a expressão de vocês, em relação a isso, já responde a dúvida do Duda!

- Isso não justifica uma mentira! – Petúnia gritou.

- Não, não justifica! Eu quis contar a ele, durante todos esses anos, quem realmente era. Tentei, de todas as formas, encontrar uma forma de explicar que sou uma bruxa, mas não conseguia achar uma forma de falar isso, sem o deixar chocado, já que eu sabia que vocês odeiam pessoas como nós!

- Como você sabia disso, se nunca conversamos a respeito? – Valter perguntou. A veia em seu pescoço pulsava furiosamente, e seu rosto estava roxo de raiva.

- Uma vez escutei vocês comentarem a respeito de um sobrinho que era bruxo e como sentiam repugnância por isso. Não fazia idéia de que esse menino fosse o Harry, mas pela forma como se referiam a ele, percebi como tinham raiva dele ser diferente de vocês!

- Então, você quer dizer que durante todos esses anos mentiu para mim com medo de que te rejeitasse por isso? – Duda perguntou controlado – Todas as vezes que dizia que ia viajar a trabalho, para escrever matérias para revista que trabalhava, era mentira? – ele viu a esposa fazer um sinal positivo com a cabeça – VIVI COM UMA MULHER DURANTE 15 ANOS, E TUDO ERA UMA FARSA?

- NÃO! – ela gritou – Por Merlin, o amor que sinto por você é real!

- Será? – Valter perguntou – Talvez você tenha enfeitiçado o pobre Dudoca para se casar com você e lhe fazer todas as vontades!

- E para que eu faria isso?

- Para ser rica, é claro! – Petúnia respondeu – Para ser influente e de boa família, e...

- JÁ CHEGA! – Harry gritou, assustando a todos – Céus, qual o problema da Melanie ser bruxa? E não venha nos dizer que ela pode ter enfeitiçado o Duda, pois pro governo de vocês, esse tipo de feitiço é proibido pelo Ministério, e poções do amor não duram mais que algumas horas!

- É isso! Ela pode dar uma dessas coisas pro Duda, todo dia durante o café da manhã! – Valter disse, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Duda já teria morrido envenenado, se esse fosse o caso! – Gina respondeu tediosa.

- Mas o Dudinha,...

- CALADOS, TODOS VOCÊS! – dessa vez, Duda quem gritou – A vida é minha e tenho consciência que Melanie não seria capaz de fazer algo do tipo. Como Harry mesmo disse feitiços para amor são proibidos, e as tais poções, não têm duração eterna! – ele falou – E além do mais, confio em Melanie o suficiente, para saber que não faria uma coisa dessas! – todos encararam Duda, surpresos. Não esperavam tal reação. Ele se virou para esposa e perguntou: - Então, em que você trabalha?

- Eu sou uma inominada do Ministério Irlandês! – Melanie respondeu.

- E o que isso quer dizer?

- Quer dizer que trabalho em uma área, que somente os inominados têm acesso, e infelizmente, não posso dar detalhes, pois tenho um contrato mágico assinado, e ele não pode ser quebrado!

- Não pode contar nem pra família? – Petúnia perguntou incrédula – Acho que temos direito de saber o que você faz!

- Petúnia, como eu já disse, só os inominados têm acesso as informações desse departamento, é algo muito secreto, e para que o Ministério tenha certeza de que nada sairá dali, somos obrigados a assinar um contrato mágico, que vale por toda nossa vida! A única coisa que posso dizer, é que trabalhamos com um setor que envolve segurança mágica de nível elevado, e por isso, precisamos manter sigilo total.

- O que acontecesse se esse contrato ou bruxaria, seja lá qual nome vocês usam, for quebrado? – Valter perguntou.

- Simples, eu morro! O contrato é estabelecido, como as regras de um voto perpétuo! Além de jurarmos, precisamos assinar também!

- Voto perpe... o quê? – Duda perguntou curioso. Já não sustentava mais a expressão de raiva, e parecia estar gostando do assunto.

- Voto perpétuo! – Gina respondeu a pergunta – É uma espécie de contrato mágico, não escrito, feito por dois bruxos. Só quem propõe o Voto que pode liberar o outro da obrigação! Caso quem fez o juramento descumpra o que prometeu, paga com a vida!

- Exatamente! – Melanie sorriu para amiga e se virou para sua família – Os contratos dos inominados são feitos para garantir que nada do que fazemos possa sair do controle do Ministério. Somente o Ministro e dois assessores de sua inteira confiança, sabem com que nós trabalhamos. E eles também são obrigados a assinar tal contrato!

- Tudo bem! – Duda falou – Já que não pode contar, não vou mais perguntar sobre isso! Agora vamos lá pra fora, Luiza deve estar deixando o pessoal louco!

- Espera aí! – Valter falou furioso – Quer dizer que é assim? Essa mulher mente por 15 anos e você age como se nada tivesse acontecendo? Duda, ela é... Ela é gente... Ela é gente da...

- Gente da minha laia? – Harry perguntou divertido – Merlin, depois de tantos anos ainda não encontraram definição melhor pra palavra “bruxo”? Tentem usar, sei lá, “feiticeiro”, “mago”, até “mágico” estamos aceitando, se os fazem sentir mais tranqüilos! – ele disse, e viu Gina e Melanie prenderem risadas.

- Anos se passaram e você continua insolente, moleque! – Valter disse vermelho como um pimentão e se virou para o filho – Duda, você não pode simplesmente fingir que ela é gente como nós!

- Não estou fingindo nada, pai! Melanie é como nós sim, e o fato de ser uma bruxa não muda o amor que sinto por ela! Se não conseguem aceitar isso, também terão dificuldade para aceitar o fato de que a neta, tão querida por vocês, também é uma bruxa e tem vaga garantida na melhor escola de Magia e Bruxaria da Inglaterra! – Marvin!

- Acho que você quis dizer Merlin – Gina o corrigiu sorrindo.

- Isso mesmo! Merlin, como podem agir dessa forma? Me diga, durante todos esses anos, viram Melanie representar algum perigo? Aliás, vocês viram algum bruxo representar algum perigo para vocês? NÃO!

- E o que me diz daquele lá? Que perseguia o Harry? Ele queria nos matar, caso não se lembre! – Valter falou.

- É, mas não fez, porque bruxos de coragem e bom coração, como Harry, Gina, Melanie, e outros tantos que existem pelo mundo, concordaram em nos proteger! Passamos um ano sob a segurança de bruxos, que o senhor e a mamãe, hoje condenam! – ele viu os pais se entreolharem e continuou – Se para vocês, importa o fato de Melanie e minha filha serem bruxas, peguem a chave do meu carro e vão embora, sabendo que esta é a última vez que olho para vocês! Gente como eles, – Duda apontou para os três bruxos da sala – merecem nosso respeito e admiração, pois poderiam muito bem quebrar as leis da magia e atacarem pessoas que não possuem o mesmo dom!

- Mas, mas...

- Sem “mas” mamãe! Se não podem aceitar mais duas bruxas na família, não há porque continuar com essa conversa! – Duda finalizou o assunto e encarou os pais, como se os desafiasse a qualquer reação.

- Eu acho...

- Acha que devemos agradecer a Melanie, por nos dar uma neta tão linda, e que vamos aceitar perfeitamente o fato delas terem o mesmo dom que minha irmã! – Petúnia interrompeu o marido, que a encarou de forma surpresa – Valter, se quer bancar feito o “cabeça dura”, vá em frente, mas posso ver nos olhos do nosso Dudinha, que ele ama a Melanie, e tenho absoluta certeza, de que se ela não nos contou sobre isso antes, é porque tinha medo! E eu lhe devo desculpas, pelo que falei!

- Não se importe com isso, Petúnia! Entendo perfeitamente! E Valter...

- Não precisa dizer nada, Melanie! Eu também peço desculpas a você, e também a Harry e a esposa, pelas coisas que disse!

- MERLIN OPEROU UM MILAGRE IRMÃOS! – Harry brincou e ergueu as mãos pro céu, fazendo todos rirem.

Depois daquela conversa reveladora, conturbada e engraçada, todos voltaram para o jardim, e puderam observar Luiza gargalhar com as brincadeiras de Vincent.

- Filha, venha cá um instante! – Duda chamou a menina, que não pensou duas vezes e correu na direção do pai – Você se lembra, do nosso segredinho? – ele perguntou, se abaixando em frente a menina.

- Aquele de que eu faço as coisas voarem, aparecerem, e... Ops! – ela levou as mãos a boca, e encarou o pai, com um olhar de quem estava arrependida de ter falado demais.

- Não, não tem problema, eles já sabem! – Duda riu, e segurou as mãos da filha.

- Ufa! Vocês não me acham maluca né?! – ela encarou os avós, a mãe, Harry e Gina, espantada.

- Porque acharíamos você maluca, se também podemos fazer isso? – Harry perguntou sorrindo – Veja! – ele sacou a varinha, apontou para o copo que estava sobre a mesa, e ordenou – Accio copo!

Luiza observou maravilhada, o copo sair de seu lugar e ir em direção a Harry. Seu sorriso não poderia ser mais radiante, naquele momento.

- Você acha isso legal? – Ted perguntou divertido e foi na direção da menina – Tio Harry é amador, olha o que faço com meus cabelos! – no mesmo instante, os cabelos de Teddy ficaram loiros, como os de Luiza.

- Que legal!!! – ela exclamou feliz – Viu vovó? Viu vovô? Os cabelos dele ficaram iguais aos meus!

- Ah, vai me dizer que você se surpreendeu com isso? – Vincent entrou na brincadeira – Olha o que sou capaz de fazer! – com um giro rápido da varinha, ele mudou a cor da toalha que cobria a mesa para roxo berrante.

- Que gosto patético! – Scorpius sacudiu a cabeça e se levantou – Poderia ter colocado a toalha, com as cores da Sonserina! – ele sacou a varinha, e no instante seguinte, a toalha estava verde e prata.

- Heeeeei! – Rose protestou – Somos uma família de Grifinórios, e por isso, todos têm que aderir as cores vermelho e dourado! – ela apontou a varinha para a toalha de mesa, e mudou sua cor. Assim como também trocou a cor das roupas de Scorpius e Vincent.

- Vocês tão parecendo aquelas bolas de natal que a vovó costuma pendurar no pinheiro! – Alvo falou rindo, ao ver os amigos com casacos dourados – Bom, se você gostou de toda essa demonstração, veja o que sou capaz de fazer! – sorrindo, Alvo fez sair da ponta de sua varinha, faíscas coloridas, que encantaram Luiza. Desde pequena, sempre foi fã de fogos de artifício, adorava os mais coloridos e chamativos, e sempre pedia seu pai para soltar em suas festas de aniversário.

Duda e Melanie sorriam abertamente ao verem a felicidade da filha. Até Petúnia e Valter, que antes estavam preocupados com a idéia, agora compartilhavam daquele momento.

- Eu vou poder fazer isso também? – Luiza perguntou a mãe.

- Vai sim, irá aprender a fazer isso na escola! – Melanie respondeu.

- Tem uma escola que ensina isso? – ela perguntou surpresa.

- Sim! – Rose respondeu – E se chama Hogwarts! É a melhor Escola de Magia e Bruxaria da Inglaterra!

- Espera, magia e bruxaria? Papai, isso quer dizer que eu...?

- Sim, você é uma bruxa! Assim como sua mãe!

A reação da menina foi tão rápida, que todos a sua volta, mal tiveram tempo de respirar. Num segundo, ela os encarou assustada, no outro, já estava correndo e gritando de felicidade.

- É normal essa reação? – Duda perguntou divertido.

- É claro! Ou já se esqueceu de quando eu descobri que também era bruxo? Não precisei pensar muito para sair correndo com Hagrid e ir pra escola! – os dois riram.

Pouco tempo depois da revelação feita a Luiza, todos se sentaram à mesa, e desfrutaram de um delicioso almoço em família, onde os Dursley, puderam conhecer um pouco mais dos sobrinhos e primos, e saber melhor como funcionava Hogwarts.



***



O almoço correu bem. O fato dos Dursley estarem presentes no meio de uma família de bruxos, não alterou o clima agradável da ocasião. Depois de anos, finalmente, eles compreenderam, ou ao menos se esforçavam pra compreender, que o fato de alguém fazer magia, não significava que essa pessoa era uma aberração ou coisa do tipo.

Assim que a mesa foi retirada e o jardim ficou livre de pratos, cadeiras e jarras de suco, o ambiente ficou ainda mais descontraído, e todos conversavam como pessoas civilizadas. Em um canto, próximo a uma das árvores dispostas no quintal, Lily, Rose, Scorpius e Alvo, conversavam a respeito da família. A ruivinha Potter sorria e demonstrava simpatia a todos, exceto a uma pessoa, que atendia pelo nome de Claire Lively. A namorada de Tiago, por mais que se esforçasse, não conseguia obter a simpatia de Lílian, que muitas vezes deixou claro seu desgosto com o namoro do irmão. Tentava, sempre que possível, ignorar a presença da jovem, mas por algum motivo, que Lily não compreendia, Claire sempre arrumava um jeito de tentar lhe agradar.

- Boa tarde! – Claire se aproximou do grupo – Trouxe suco pra vocês! Está quente, achei que...

- Obrigada, não estamos com sede! – Lily respondeu.

- Mas é de uva! Sua mãe disse que você...

- Já disse que não, Claire! Não quero suco, e Uva, nesse exato momento, deixa de ser minha fruta favorita! – a ruivinha saiu do local. Claire respirou fundo, e fez menção de sair, quando Alvo a chamou:

- Hei, não ligue pra ela! Além do mais, você acertou, estamos com sede! – ele sorriu, e imediatamente, a cunhada serviu suco para os três.

- Acho que nunca vou conquistar a Lily! – Claire disse cabisbaixa.

- Claro que não, está agindo errado! – Rose advertiu.

- Como assim? – ela perguntou.

- É como assim? – Vincent perguntou, se aproximando dos amigos – Aliás, do que estão falando?

- Da Lily! – Rose respondeu e se virou para Claire – Escute, preciso ser sincera, também não ia muito com sua cara, mas hoje, durante todo o almoço, percebi o quanto se esforça pra ganhar a simpatia de Lily, e isso me obrigou a admitir que você é uma boa pessoa! Agora, não vai conseguir conquistá-la, enquanto não deixar claro que não quer tirar o Tiago dela!

- Mas eu realmente não quero! Merlin, eu nunca quis que o Tiago deixasse a irmã de lado para ficar comigo! – Claire defendeu-se.

- Sei que não, mas é o que ele tem feito! Por exemplo, ano passado, na estréia da Lily no time de quadribol da Grifinória, Tiago havia prometido ir. Ela estava cheia de esperanças, pois aprendeu a maioria das coisas com ele! Nós percebíamos que do alto, os olhos dela vagavam pela arquibancada a procura do irmão, e nada! No início, ela imaginou que ele estivesse enrolado com alguma coisa do trabalho... Daí, quando descobriu que ele havia faltado porque havia saído com você, ficou furiosa!

- Mas eu... Eu não tinha idéia desse jogo! Aliás, não sabia que a Lily era jogadora de quadribol! – Claire falava totalmente arrasada. Agora estava compreendendo a raiva de Lily por ela.

- Também não é só isso! – Alvo comentou – Tiago tem deixado de fazer muitas coisas com ela, pra agradar você! Te levar pra sair, essas coisas sabe?! E a Lily não entende que ele não faz isso por mal! Na verdade acho que Tiago nem percebe que tem a deixado de lado, pra ficar a maior parte do tempo com você!

- Céus! Desse jeito, até eu me odiaria! – Claire exclamou – Preciso conversar com Tiago, ele não pode continuar agindo assim! Não estou aqui tentando roubar o lugar de ninguém, pelo contrário! Se ele tiver de escolher entre um passeio comigo e um com a irmã, ele sabe que vou preferir que escolha sair com a Lílian! Sempre deixei bem claro isso pra ele... – ela olhou para os outros e sorriu – Obrigada por me explicarem o que está havendo!

- De nada! – Rose respondeu pelos demais – A propósito, bem-vinda a família!

- Obrigada! – Claire respondeu e saiu.

No interior da casa, uma pequena discussão começava. Não tinha nada a ver com as outras que haviam acontecido mais cedo. A briga daquele momento envolvia dois irmãos, que há algum tempo, já não estavam tão próximos. Lílian e Tiago se enfrentavam na cozinha, e desabafavam toda raiva que estavam sentindo.

- Será que você não pode deixar de ser infantil uma vez na vida e aceitar o fato de que estou namorando, e nada do que faça vai me fazer desistir desse relacionamento? – Tiago vociferava.

- Infantil? INFANTIL? Quem tem agido como uma perfeita criança idiota aqui é você! E eu aceito perfeitamente o fato de que você está namorando, mas isso não me impede de continuar detestando aquela garota! – Lily falava no mesmo tom que o irmão.

- NÃO GRITE COMIGO!

- GRITO O QUANTO QUISER! VOCÊ NÃO É MEU PAI PARA ME DAR UMA ORDEM!

- Graças a Merlin! Se fosse o papai, não teria paciência pra aturar uma pessoa tão irritante como você! – Tiago encarou a irmã, furioso, e pôde ver os olhos dela brilharem de raiva.

- Irritante? Há algum tempo você não achava isso! Interessante como muda de opinião! – Lily sustentava o olhar do irmão sem se intimidar. – Você esquece que eu existo por culpa da sua namorada, e quer me cobrar ótimo comportamento? Corta essa!

- Não, eu esqueço que você existe, por SUA culpa! Se tornou uma pessoa insuportável de se conviver, e com esse comportamento patético, está ainda mais intragável! Lílian, definitivamente, suas atitudes me envergonham!

- ÓTIMO! – Lily gritou tão alto, que seu pai e sua mãe correram até a cozinha para ver o que estava acontecendo. Ela ignorou a presença deles – ÓTIMO! SENTE VERGONHA DE MIM? QUE BOM! PARABÉNS PRA VOCÊ TIAGO! ME ACHA INSUPORTÁVEL? UHHH, QUE FELIZ! SINTO-ME HONRADA! – a ruiva sentia os olhos queimarem, devido às lágrimas, mas se recusava a deixá-las cair e demonstrar fraqueza para o irmão – E quer saber o que mais?

- O QUE?

- Me esquece de vez, EU NÃO ME IMPORTO MAIS!

- EU JÁ ESQUECI FAZ TEMPO! – Tiago gritou, praticamente cuspindo as últimas palavras. Ao ver a expressão de choque da irmã, se deu conta do absurdo que tinha dito.

- Tiago Sirius Potter, peça desculpas a sua irmã! – Gina ordenou.

- Não mamãe, deixa! – Lily falou, tentando aparentar tranqüilidade – Isso que ele acabou de dizer não me afeta, afinal, ele já demonstrava que tinha me esquecido, só faltava falar... E bom, agora ele falou! – ela riu e saiu da cozinha praticamente correndo.

Tiago abaixou a cabeça. Estava arrependido das últimas palavras. Por Merlin, ele nunca havia esquecido sua irmã! Podia estar em falta com ela, mas esquecê-la? Ah, ele não era capaz de fazer isso! Lílian sem dúvida era a garotinha mais especial de sua vida, e ninguém poderia tomar seu lugar! Sabia que estava errando com ela, por desmarcar alguns passeios e não ir a alguns lugares, mas nada disso o fizera esquecê-la.

- O que deu em você, Sirius? – Harry se aproximou do filho, com uma expressão zangada. Tiago sabia que ele iria chamar sua atenção, pois o chamou pelo segundo nome – Lílian sente uma profunda admiração por você, como ousa dizer que a esqueceu?

- Pai, eu... DROGA! – Tiago esmurrou o balcão da cozinha, e dois copos que estavam na beirada, caíram e se quebraram.

- Reparo! – Gina sacou sua varinha e com o feitiço, os cacos espalhados pelo chão, se uniram, deixando o copo inteiro novamente – Sei que ela tem agido errado tratando Claire de forma fria e mal-educada, mas isso não lhe dá o direito de fazer essas coisas.

- Eu sei, eu não queria, e...

- Seus pais têm razão! – Claire entrou na cozinha.

- Ótimo, mais uma pra me condenar! Vamos Claire, comece seu discurso de como fui cruel e insensível!

- Ah sim, claro! Obrigada por me dar a palavra! – a morena sorriu em ironia – Escute Tiago Sirius, por mais que você tente me agradar, tem que por na cabeça, que sua irmã deve vir em primeiro lugar! Merlin, que história é essa de esquecer a garota, para sair comigo? Você sempre soube que nunca, NUNCA, quis que você deixasse sua família em segundo plano, para me acompanhar nos lugares! – ela encarava o namorado, com uma expressão séria e decidida. Gina e Harry observavam calados e admirados, a atitude da garota – Lílian tem apenas 15 anos, e te ama demais! Tem você e o Alvo, como uma espécie de herói! Você não deveria agir dessa forma, não com ela! E sinceramente, se eu estivesse no lugar dela, também me odiaria, afinal de contas, eu não iria gostar de ver meu irmão dar atenção para namorada e me esquecer!

Tiago ouviu tudo calado. Queria revidar as acusações contra ele, mas nenhuma palavra lhe vinha a mente, então preferiu apenas escutar. Assim que Claire acabou o discurso, se virou para os demais, com a mesma expressão zangada de antes.

- Alguém mais quer falar alguma coisa ou já acabaram com a sessão “acusem o Tiago, ele merece!”? – ele falou sarcástico e ao ver que ninguém mais disse nada, completou – Ótimo, já que não tem mais nada a dizer, vou pro meu quarto! – saiu em passos firmes da cozinha.

Gina, Harry e Claire apenas se entreolharam. Sabiam que naquele momento não adiantaria dizer mais nada, e além do mais, Claire sozinha já havia dado bronca pelo casal Potter. Preferiram então, voltar ao jardim, onde estavam o restante dos familiares.

Apesar das confusões e dos pequenos desentendimentos daquele dia, o domingo havia sido bom, e todos ficaram satisfeitos, pois o objetivo principal, que era convencer os Dursley que Luiza deveria ir para Hogwarts, havia sido alcançado. Pouco a pouco, a casa foi se esvaziando, até que restaram apenas os Potter e Ted.



***



Alguns dias se passaram depois daquele jantar. Lílian e Tiago ainda não se falavam. O moreno sentia falta da irmã, principalmente durante as manhãs, pois ela costumava sempre pular e se jogar em sua cama para acordá-lo. Apesar de ser considerado o mais nervoso dos filhos de Harry, com a irmã, Tiago costumava ter uma paciência absurda. Claro que estava arrependido de ter sido tão rude com a menina, mas não tinha idéia do que faria para se desculpar.

Naquela tarde de quinta, porém, Tiago parecia disposto a fazer as pazes com a ruivinha. Não havia ido trabalhar aquele dia, e também não tinha nenhum compromisso marcado. Apenas esperava que a irmã saísse do quarto, para convidá-la para um passeio com o cachorro, em que poderiam andar pelas ruas do bairro, conversar, e quem sabe até, tomar sorvete. Não demorou muito para ouvir a voz dela vindo das escadas.

- Mamãe, vou levar o Zeus para passear! – Lily anunciou.

- Vai passear com o cachorro? – Tiago achou aquela pergunta completamente estúpida, já que ela havia acabado de dizer que estava saindo com ele.

- Parece que sim, caso contrário, não estaria segurando a coleira! – ela respondeu e atravessou a sala, sem falar mais nada.

Tiago a seguiu e observou calado, ela chamar o animal e prendê-lo na coleira. Assim que a viu fazer menção de sair, ele a chamou.

- Lily, espere!

A ruiva parou no meio do caminho e se virou para ele, com uma expressão indiferente.

- Posso ir com você?

- Não! Prefiro ir sozinha, obrigada! – respondeu e não chegou a caminhar mais que dois metros, quando ouviu novamente a voz do irmão.

- Mas eu vou mesmo assim! Tô cansado de ficar em casa já!

- Faça o que quiser! Não me importo! – ela deu de ombros e caminhou mais a frente com o cachorro. Tiago veio um pouco atrás, maquinando um pedido de desculpas, mas nada do que pensava poderia ser capaz de expressar a tristeza e a falta que sentia da irmã.

Lily caminhava de cabeça baixa, e vez ou outra, brincava com o cachorro, que estava muito animado por passear. Parou em uma barraquinha onde um senhor vendia sorvete, e comprou dois: um de morango e um de flocos. Assim que o senhor lhe entregou os sorvetes, pôde ouvir o irmão pedir um de creme, mas não se virou para conferir, e continuou andando em direção a um banco próximo a praça, para se sentar e tomar o sorvete, sossegada.

Tiago, ainda em silêncio, se aproximou da menina e ficou parado, observando Lily segurar o sorvete de morango que tomava com uma das mãos, e com a outra, segurar o de flocos, que o cachorro tomava. Riu. Lily sempre teve essa mania de dividir o que comia com o cachorro, seja lá o que fosse. Se estivesse comendo biscoito, sempre tirava um e dava para ele. E toda vez que saía com o animal, e tomava sorvete, sempre fazia questão de comprar um pra ela e um para Zeus. Sorrindo, Tiago se sentou ao lado da irmã, e percebeu que ela ignorou sua presença ali.

- Sei que está chateada comigo... – ele finalmente começou a falar.

- Chateada? Por que estaria? – ela disse indiferente, mas sem encarar o irmão – Não se preocupe comigo Tiago! Estou bem!

- Talvez... Mas eu não! – Tiago falou de maneira firme – Lily, as coisas que disse aquele domingo, foram...

- As verdades que você guardou durante esse tempo! – Lily completou a frase do irmão e finalmente se virou para encará-lo – Eu realmente não me importo com aquilo! Pelo contrário, foi até bom ter falado pelo menos eu desisti de ter a esperança de que um dia você se lembrasse que eu ainda existia!

Tiago não disse nada, apenas abraçou a irmã o mais forte que conseguiu e chorou... Chorou por ter dito coisas que não queria, por ter magoado sua única irmã, e principalmente, por fazê-la pensar que não se importava.

Lílian, pela primeira vez em dias, permitiu que as lágrimas caíssem pelo seu rosto. Amava tanto o irmão, e se sentia péssima por não falar com ele... Sentiu-se tão aliviada com aquele abraço, e pôde sentir que, ao contrário do que pensava, Tiago ainda a amava, e não havia se esquecido dela.

- Me desculpa! – Tiago falou, depois de um bom tempo que permaneceram abraçados.

- Só se você me desculpar primeiro! – a ruiva disse e se afastou para encarar o irmão. – Não devia ter tratado a Claire daquela forma!

- E eu não devia ter dito a você que te esqueci! Oras, é impossível esquecer você Lily! Justamente você, a baixinha mais peste da família! – os dois riram. – Eu realmente não queria ter dito aquelas coisas!

- Tá tudo bem! Vamos esquecer! – Lily sorriu e deu um beijo no rosto do irmão.

Até o cachorro, que observava sentado os donos, pareceu ficar feliz com aquela reconciliação, pois tratou de pular em cima deles e lamber seus rostos, que agora exibiam sorrisos radiantes.



***



Duas semanas depois



As coisas estavam corridas para os membros do Ministério da Magia Inglês. Haveria uma convenção que aconteceria na França e reuniria grande parte da corporação de todos os Ministérios do mundo. Inomimáveis, Ministros, Aurores, todos seriam obrigados a comparecer aquele evento, que também contaria com grande parte da imprensa. Harry, Rony e Hermione, que eram funcionários do Ministério, se viram a beira da loucura com aquela notícia. Não estavam preparados para viajar. Gina, que era uma das melhores jornalistas do Profeta Diário também havia sido convocada para cobrir tal evento. E era sobre esse assunto, que os quatro amigos conversavam, sentados a mesa da cozinha do casal Weasley.

- Como vamos fazer para viajar e deixar as crianças aqui? Molly e Arthur viajaram junto com Jorge e a família para visitar o Carlinhos na Romênia. – Hermione falava mais para si do que para os outros – Poderíamos pedir ao Gui e a Fleur que cuidassem deles, mas eles já têm 3 filhos para se preocupar, mandar os nossos para lá seria injustiça... Talvez o Percy, mas não... Ele enlouqueceria, e...

- Hermione! – Gina exclamou, e a cunhada levou um susto – Quer parar de falar sozinha, e se lembrar que existem mais três pessoas sentadas nessa cozinha? – a ruiva riu.

- Ah sim, desculpa! – Hermione sorriu um pouco sem graça – Por mais que eu pense, não consigo pensar num local em que poderíamos deixá-los em segurança e só assim, viajarmos tranqüilos!

- Hermione, você fala como se nossos filhos tivessem 6 anos de idade! – Harry disse divertido – Acho que eles não se importam em ficar sozinhos por uns dias!

- Claro que não se importam! Eles fariam a festa, e quando chegássemos, iríamos morar embaixo da ponte, já que eles teriam demolido a casa! – Rony debochou e os demais riram.

Naquele momento, Alvo e Rose entraram na cozinha com sorrisos nos rostos. Seus pais os encararam com as sobrancelhas arqueadas, pois a expressão dos jovens era um tanto suspeita.

- Papai, mamãe, titio e titia! – Rose começou a falar docemente – Já encontramos a solução para seus problemas!

- Qual deles? O de sermos obrigados a ir à convenção ou o de não sabermos aonde vamos largar vocês? – Gina perguntou.

- A segunda opção mamãe! – Alvo falou no mesmo tom que a prima – Recebemos essa carta hoje do Scorpius! – ele entregou a carta ao pai – É um convite!

- Que tipo de convite? – Rony perguntou curioso, e Harry começou a ler o pergaminho em voz alta.

“Rose, Alvo, e você que com certeza pegou o pergaminho para ler também, meus pais também vão viajar para França. Um dos amigos dos meus pais está promovendo parte do evento que o Ministério inventou de fazer, e convidou meu pai para ajudar! Enfim, não entendi bem do que se trata, pois como sabem, não sou ligado nessa coisa de empresas e sociedades que o Sr. Draco Malfoy inventa... O que realmente interessa nisso tudo, é que comentei com eles a respeito de vocês e da confusão que estavam em suas casas para saber onde iriam ficar.
Daí, sugeri que todos nós fôssemos pra fazenda que meu pai tem no sul do país. Poderíamos passar essa semana lá, enquanto eles estão na convenção! O Vincent e a Sophie adoraram a idéia, e viajam comigo nesse final de semana! Se seus pais deixarem, me mandem uma carta avisando!
Seria bem legal, todos nós, na fazenda! Pelo menos lá a gente se distrai, e nossos pais, não correm o risco de viajar com a preocupação de que quando voltarem, talvez não tenham mais casa pra morar!
É isso aí! Aguardo resposta!

Rose, te amo!
E Alvo... Bom, pra você eu digo apenas tchau!

S. Malfoy.”


Harry terminou de ler a carta e ergueu os olhos para encarar a esposa e os amigos. Todos quatro refletiam se era ou não, uma boa idéia deixar os filhos viajarem para tal fazenda.

- Essa é uma boa opção! Estaríamos seguros lá! – Alvo arriscou falar.

- Não haverá nenhum adulto por perto! – Rony retrucou sério.

- E nós somos o que? – Rose fingiu-se de ofendida – Tudo bem, que atingimos a maioridade agora, mas não somos completos irresponsáveis! E pensem, na fazenda há todos os elfos domésticos, e também uns empregados que o pai do Scorpius faz questão de contratar para que dêem ordens corretas aos elfos e cuidem bem de toda propriedade! E vocês têm que concordar que estaremos mais seguros por lá, do que aqui, sozinhos! – o argumento que a menina usou foi tão bom, que nem sua mãe pareceu ter como contradizê-la.

- Eu acho que vai ser uma boa mandá-los pra fazenda! – Gina disse – Lá, como o próprio Scorpius falou, eles poderão se distrair, e não cairão na tentação de destruir nossas casas! Por mim, Alvo e Lily estão liberados!

- Por mim também! Só precisamos falar com os pais da Alice, e sei que eles também a deixarão ir! – Harry concordou com a esposa.

- Papai, mamãe, e vocês dois? Deixam Hugo e eu, irmos pra fazenda? – Rose perguntou esperançosa.

- Bom, eu acho...

- Você não acha nada, Rony! – Hermione interrompeu o marido, pois sabia que ele arranjaria mil e uma desculpas para não deixar os filhos sozinhos em um lugar distante – Vocês também podem ir!

- Ahh obrigada mamãe! – Rose exclamou feliz – Vou agora mesmo mandar uma carta a Scorpius, informando que nós vamos! – saiu da cozinha, seguida pelo primo.



***




Alguns dias depois


A fazenda da família Malfoy, era sem dúvida, a maior que havia no Sul da Inglaterra, isso se não fosse a maior de todo país. Ostentava uma belíssima vista, que era completada pela presença, não só de criaturas mágicas, como também de animais comuns. Havia uma criação de cavalos alados e a maioria pertencia a Scorpius, que desde pequeno, sempre teve paixão por voar em animais mágicos. Uma vez, pediu a seu pai que comprasse um dragão, e ficou muito, mais muito chateado, quando seu pai disse não. Ora, que mal um dragão faria a uma criança de 7 anos? Se ele soltasse fogo, Scorpius costumava dizer que poderia muito bem apagá-lo com um baldinho d’água!... Hoje, o rapaz entende perfeitamente os motivos que levaram seu pai a dizer não, e se sente feliz por ele não ter cedido àquela sua vontade. Talvez, essa tenha sido a única vez que Draco tenha dito um “não” para seu filho.

Naquele sábado, Scorpius, Rose, Sophie, Vincent, Alvo, Alice, Lily e Hugo, chegaram através da rede de flu, a fazenda. Scorpius, particularmente, se sentia muito feliz em retornar ali. Fazia mais de três anos que não ia àquela fazenda, e ficou satisfeito em ver que as coisas continuavam exatamente iguais as da última vez que a viu. Seus amigos e a namorada, observavam tudo admirados. Aquele lugar era lindo e eles tiveram certeza de que não se arrependeriam de estarem ali.

- Liberdadeeee! – Vincent gritou, e ao ver os amigos o olharem intrigados, completou – Ah, qual é! Vi uma vez um adolescente gritando isso num filme trouxa, sempre tive vontade de fazer o mesmo!

- Amor, você às vezes me assusta! – Sophie disse entre risos.

- Só às vezes? Que saco! Vou ter que trabalhar mais meu lado amedrontador! – ele zombou, e junto com a loira, foi caminhando para fora da mansão – Não nos esperem, Sophie e eu estamos ansiosos para conhecer o local, que já conhecemos, afinal de contas a gente já tá cansado de vir aqui!

Todos riram com o comentário de Vincent e depois, fizeram o mesmo que o moreno, e foram conhecer o local, acompanhados de perto por Scorpius, que fez questão de mostrar tudo.

- Enfim, lá em cima ficam os quartos! Venham comigo, vou lhes mostrar e...

- Scorpius, meu senhor, meu menino, que honra lhe ver! – Willy, o elfo doméstico da família Malfoy, apareceu na frente do loiro com um estalo.

- Willy? Que está fazendo aqui? – Scorpius perguntou curioso. O elfo deveria estar na casa em Londres, e não na fazenda.

- Meu senhor Draco e minha senhora Astoria pediram que Willy viesse pra cá e cuidasse do menino Scorpius! Eles pediram que o servisse da maneira que desejasse, e Willy assim fará, porque Willy, meu senhor, vive para...

- Servir a nobre casa dos Malfoy! – Scorpius completou o discurso do elfo, e sorriu – Bom, por enquanto eu não quero nada, está bem? Assim que precisar, o chamarei! Pode ir agora, Willy! – atendendo as palavras do mestre, o elfo fez uma reverência engraçada, que fizeram suas grandes orelhas balançarem, e com outro estalo, desapareceu. – Às vezes eu me assusto com a forma que ele aparece e desaparece! – Scorpius comentou, e os demais riram – Venham comigo, vou mostrar os quartos!

Alvo, Lily, Alice, Rose e Hugo, seguiram o loiro, rumo ao segundo andar da mansão, que era muito bem decorada, com as cores da Sonserina. Scorpius parou em frente a porta de um quarto e abriu.

- Eu havia pedido pra colocarem cada um de vocês em um quarto, mas a mamãe, exagerada que só ela, achou mais seguro que dormissem em pares, já que a maioria não conhece o lugar e poderiam se sentir sozinhos aqui! – Scorpius riu – Esse é o quarto do Alvo e do Hugo! – o loiro abriu a porta e todos tiveram a belíssima visão de um quarto amplo e confortável. Apesar de haver duas camas enormes, o espaço que sobrava ainda era gigante. As amplas janelas dispostas na parede, davam visão para os montes e montanhas, que cercavam a fazenda. – Venham meninas, vou lhes mostrar seus quartos!

As meninas seguiram Scorpius pelo grande corredor, e pararam junto com ele, em frente a outra porta.

- Esse é o quarto que mamãe mandou arrumar para Lily e para Alice! – Scorpius abriu a porta e as meninas ficaram encantadas com a decoração. O quarto era praticamente igual ao dos meninos. A única coisa que mudava, eram as cores das cortinas e dos lençóis. Astoria havia pedido para decorar tudo em rosa, na esperança de agradá-las.

- É lindo! – Lily disse, se jogando na cama.

- Sim, muito! – Alice se jogou ao lado da amiga.

- Mamãe ficará feliz em saber que gostaram! – ele sorriu sincero – Venha Rose, vou lhe mostrar o seu! – juntos, o casal deixou o quarto e andou mais um pouco pelo corredor. – Esse aqui é o seu e o da Sophie! – Scorpius abriu a porta do quarto, e assim como as outras meninas, ficou maravilhada com a decoração meiga e juvenil, que sua sogra havia providenciado.

- Como ela sabe que uma das minhas cores favoritas é lilás? – Rose perguntou divertida, enquanto entrava no aposento.

- Ela é sua sogra, é função dela saber!... Eu também a informei, só pra garantir! – os dois riram. – Depois vou levar você pra conhecer o restante da fazenda! Você precisa conhecer meus cavalos alados, e...

- Você não pretende que eu voe em cima de um daqueles animais né?! – Rose perguntou assustada. – Nem por um decreto eu subo em um daqueles cavalos!

- Calma amor, eu disse que só ia te levar pra conhecer e não que seria obrigada a andar neles! – Scorpius riu – Eu sei que você morre de medo de altura!

- Eu não morro de medo! – a ruiva protestou – Só não me simpatizo com a idéia de ficar a metros de altura do chão!

- Ah claro, e isso não é ter medo? – o loiro debochou e se aproximou da namorada – Talvez tenha razão, você não tem medo... Tem pânico mesmo!

- Scorpius! – a ruiva exclamou, mas logo acabou rindo – Tá bom, eu admito, altura não combina mesmo comigo! – ela envolveu os braços pelo pescoço do namorado – Mas vou adorar conhecer tudo aqui! – o beijou.

- Venha, vou lhe mostrar o meu quarto! – Scorpius falou, assim que se separaram, e puxando Rose pela mão, a levou até o final do corredor, onde havia uma porta, com uma gravação feita em prata, com uma caligrafia fina, bem no alto, que se lia: Scorpius Hyperion Malfoy. Ele abriu a porta, e revelou a Rose, um quarto tipicamente sonserino.

Duas camas estavam dispostas no local. Todas duas cobertas por lençóis de seda pretos, com uma grande serpente prateada no centro. As camas eram de dossel, e tinham em suas extremidades o símbolo da casa que os dois rapazes pertenciam. No chão, entre uma cama e outra, havia um tapete, em forma de serpente, na cor verde-escuro. As grossas cortinas, também eram verde-escuras e davam um toque luxuoso ao local. No canto direito, havia uma escrivaninha, com penas, livros e pergaminhos. No canto esquerdo, havia uma grande lareira, trabalhada com pedras de mármore.

No aposento, havia ainda mais duas portas. Uma levava até um banheiro amplo e bem decorado. A outra dava acesso ao closet, onde ficavam as roupas e os sapatos do rapaz.

- Preciso me acostumar com toda essa decoração sonserina! – Rose brincou – Mas já aviso que quando casarmos e tivermos nossa própria casa, o leão é que vai ser o animal predominante! E nem pense em protestar!

- Eu? Protestar a respeito de uma idéia sua? Jamais! Seria suicídio! – Scorpius riu – Eu também acho certo exagero toda essa decoração sonserina, mas fazer o que? São ordens de Draco Malfoy, então é melhor nem contestar! – os dois riram – Vincent vai dividir esse quarto comigo, embora ele e a Sophie tenham quartos separados aqui! Enfim, minha mãe deve ter achado injusto, nós três dormimos sozinhos, enquanto vocês dividiam quartos!

- É por isso que amo minha sogra, sempre tão compreensiva! – a ruiva sorriu – Agora me tire uma dúvida, você sabe o motivo do Vin ter arrastado a Sophie daqui, assim que chegamos?

- Talvez ruiva, talvez...



***



Afastados da mansão da fazenda, Vincent e Sophie caminhavam pelos campos verdes, abraçados.

- Você é louco! Como me arrasta assim de dentro da mansão, sem dar nenhuma explicação? – Sophie disse sorrindo – Imagina o que eles vão pensar de nós!

- No mínimo vão pensar que sou um pervertido que não consegue ficar um minuto longe de você... O que não deixa de ser verdade, e...

- Vincent!

- É brincadeira! – ele riu – A parte deu ser um pervertido, claro! A de não conseguir ficar longe de você é totalmente verdade!

- Bobo! – Sophie riu – Você sabe que também não consigo ficar longe de você! – ela o encarou, ainda sorrindo – Já não consigo me imaginar sem você e seu humor altamente afetado!

- Ok, eu vou encarar isso como um elogio! – Vincent riu – Até porque, como costumo dizer, ser altamente palhaço, irônico e debochado, são coisas que nascem com a gente, e é um dom difícil de negar!

Os dois riram, e andaram mais um pouco, até alcançarem uma parte alta do campo, em que puderam observar alguns animais dormindo tranquilamente, e outros sendo cuidados pelos empregados da família Malfoy.

- Então, você me trouxe aqui por algum motivo ou não?

- Ah, claro que foi por algum motivo!

- E poderia me dizer qual é? – Sophie arqueou as sobrancelhas e encarou o moreno, curiosa.

- Sim, te trouxe aqui pra lhe pedir em casamento! – ele respondeu de forma simples, e fez a menina cair na gargalhada.

- Certo! Agora é sério, por que me trouxe aqui?

- Mas quem disse que não estou falando sério? – ele encarou a menina de maneira intrigada – Tá vendo?! Quando o Scorpius pede Rose em casamento, todo mundo acha lindo, fofo, se emociona, praticamente alagam a festa de aniversário da ruiva, e acabam com todos os lencinhos floridos e bregas existentes! Quando eu faço um pedido de casamento, acham que eu tô brincando! Por quê? Só por que sou moreno? Isso é preconceito! – ele se fingiu de ofendido.

Sophie o encarou com um misto de choque e felicidade. Será que ele estava mesmo falando sério ou era mais uma de suas brincadeiras?... Se fosse sério, ela deveria começar a pular de felicidade, afinal de contas, não tinha dúvidas de que queria passar o resto da vida com Vincent! Mas... E se ele estivesse brincando, e ela começasse a comemorar? Ele provavelmente riria de sua atitude e diria que ainda é muito cedo pra pensar nessas coisas... A dúvida ficou estampada nos olhos da loira, e Vincent pôde ver perfeitamente.

- Você deve achar que estou brincando né?! – ele sorriu, e de dentro do bolso da calça, tirou uma caixinha de veludo preta – Mas não estou! Nunca falei tão sério em toda minha vida! Aliás, acho que essa é a primeira vez que falo sério, já que todas as vezes que tentei ser sério, ninguém acreditou, então... Bom deixa isso pra lá, o que realmente importa é que estou falando a verdade e realmente te trouxe aqui pra te pedir em casamento! – ele se ajoelhou na frente de Sophie e abriu a caixinha, revelando um lindo anel de ouro branco, cravado com pedras de diamante – Sophie Horowitz, você quer se casar comigo? – ele se levantou e a encarou profundamente.

A pergunta de Vincent não obteve uma resposta verbal. No lugar de um sim, a loira começou a chorar de emoção, e o beijou apaixonadamente. Não conseguia falar, embora sua mente e seu coração gritassem um sonoro “SIM VINCENT, EU ACEITO”, ela não conseguia colocar isso pra fora. Passado algum tempo, em que eles se separaram, ela o encarou com tanta ternura, que Vincent se sentiu o homem mais sortudo do mundo.

Delicadamente, ele puxou a mão da, agora, noiva e colocou o anel em seu dedo. Sorriu ao ver a felicidade estampada nos olhos de Sophie, e se perguntou mentalmente se não estaria fazendo a sua melhor cara de bobo apaixonado, naquele momento.

- Eu te amo! – Vincent falou, antes de abraçá-la.

- Eu também te amo tanto! – Sophie disse.

- Certo, agora preciso fugir do planeta, pois seu irmão vai querer minha cabeça quando souber disso! E loira, estive me perguntando, você não se importa de se casar em Marte, não é?! Podemos burlar as regras da metafísica, seja lá o que isso signifique, e aparatar no planeta junto com o juiz! – ele brincou e viu a namorada dar uma gostosa gargalhada.

- Meu irmão não te odeia, seu bobo!

- Claro que não! Ele só não simpatiza com minha presença!

- Na verdade, o Paul gosta de você! Ele sempre me diz isso... Costuma me falar que não poderia ter arrumado namorado melhor, pois tem absoluta certeza que você gosta de mim e não quer apenas diversão! Mas ele gosta de manter essa pose de “irmão mais velho malvado” porque se diverte! – Sophie explicou.

- E só agora você me avisa? Dá próxima vez que estiver com seu irmão, vou mostrar a ele que ninguém intimida Vincent Williams!

- Faça isso! – ela disse rindo – Vamos, vamos voltar pra mansão, eu quero contar a novidade pra Rose!

Sophie mal terminou de falar e saiu arrastando Vincent pelos campos, de volta a mansão. Sentia-se tão bem, tão feliz, e agora, assim como a amiga, também estava noiva do homem que tanto ama! Tudo estava tão certo, tão perfeito, que ela teve certeza de que nada poderia acabar com toda aquela felicidade.



***



Scorpius e Rose ainda estavam dentro do quarto, conversando, quando Sophie entrou, sem pedir licença, saltitando de alegria.

- Rose, adivinha o que Vincent acabou de fazer! – Sophie parou em frente à amiga, ansiosa.

- Recitou algum trecho de um filme trouxa e disse que sempre teve o sonho de encarnar tal cena? – a ruiva chutou.

- Caraca, por que ninguém me leva a sério? – Vincent perguntou incrédulo.

- Simples! Porque na maioria das vezes você está brincando, debochando ou ironizando alguém ou algo! – Scorpius respondeu divertido.

- Você tem certeza que é meu amigo?

- Quando você me responder tal pergunta, eu mato sua curiosidade! – os dois rapazes riram.

- Ahhh, chega vocês dois e compartilhem da minha alegria! – Sophie sorriu e se virou para amiga – Olha só! – ela esticou a mão com o anel, e Rose arregalou os olhos, como se tivesse visto um fantasma.

- Por que a cara de espanto? Rosecreide, apesar de não parecer, apesar de não demonstrar, apesar de sempre, em todas ocasiões, não conseguir manter a postura de um cara sério e centrado, de vez em quando, um espírito de homem maduro e inteligente, baixa em mim e eu ajo de forma correta! – Vincent disse e todos riram.

- Parabéns! – Rose abraçou a amiga e em seguida, o amigo – Fico tão feliz por vocês! – ela olhou novamente pra amiga – Merlin, podemos nos casar no mesmo dia, seria lindo!

- Sim, ia ser perfeito, e nossas famílias, sem dúvida, iriam adorar! – Sophie concordou.

- Cara, agora estamos ferrados! Essas duas aí só vão falar de festa, casamento, vestido, padrinho, igreja, decoração e bolinhos!

- É Vincent, e vamos ser obrigados a escutar tudo calados, se não quisermos deixá-las nervosas!

- Que vida!

- É, que vida... Mas nós superamos, afinal de contas, somos sonserinos!

- Sonserinos, inteligentes, já que somos noivos das mulheres mais bonitas que existem!

- E das mais exageradas também, olha, estão fazendo planos já! – Scorpius e o amigo riram, e foram se juntar as namoradas, para imaginarem como seria o tal casamento, que ainda estava muito longe de acontecer.



***



Após a chegada dos jovens a fazenda, aquela tarde passou tão rápido, que eles mal tiveram tempo de aproveitar o local. Scorpius achou melhor que não andassem sozinhos pelos terrenos durante a noite, até que conhecessem tudo, e não tivessem como se perderem.

Com o pôr-do-sol e a chegada da noite, um grande banquete foi servido para eles. Assim que terminaram de comer, se reuniram no grande salão de jogos e aproveitaram pra passar o tempo. Já estava tarde quando eles seguiram para seus quartos, na intenção de dormirem e acordarem cedo no dia seguinte para aproveitarem bem o local.

Rose estava sentada na cama do quarto, que dividia com a amiga, lendo, distraída, um livro. Sophie, por sua vez, estava em frente ao espelho, penteando os longos cabelos loiros. Tinha acabado de sair do banho e se preparava pra dormir.

Assim que escutou uma batida na porta do quarto, Rose colocou o livro de lado e se levantou da cama para verificar quem era. Imaginou que fosse Lily ou Hugo, atrás de alguma coisa. Foi com certa surpresa, que se deparou com Vincent, parado em frente ao aposento, com um enorme sorriso no rosto.

- Ah, fico feliz em não ter acordado vocês! – ele entrou no quarto e se jogou na cama de Sophie.

- Não, mas nós já estávamos nos preparando pra dormir! – Rose fechou a porta e lentamente, foi em direção a sua cama, onde se sentou e pensou em recomeçar a ler o livro.

- Hei, o que está fazendo? – Vincent perguntou. Sophie, que ainda estava em frente ao espelho, segurava-se pra não cair na gargalhada. Obviamente, a amiga não havia entendido o objetivo de Vincent, àquela hora da noite, invadir o quarto das meninas.

- Sentando na minha cama pra continuar lendo! – ela respondeu como se fosse o óbvio.

- E você pretende ler aqui? – ele se sentou e encarou a ruiva com uma das sobrancelhas erguidas.

- É claro! Onde esperava que eu fosse ler? No corredor, segurando uma vela?

Vincent riu e olhou da namorada pra amiga, com uma expressão divertida.

- Rose, minha cara Rosecreide, ruiva querida, amada, idolatrada, salve, salve! Você sabe que te adoro, né? – ele perguntou e a viu fazer um sim, com a cabeça, desconfiada – Então, deve imaginar a tristeza com que digo que você não irá ler o livro aqui!

- Ahn?! E por que não? – ela perguntou confusa. Vincent devia ter perdido o único parafuso que lhe restava na cabeça.

Nessa hora Sophie gargalhou, saiu de frente ao espelho e foi até a amiga, ainda rindo. Sentou-se ao lado da ruiva, e a encarou com uma expressão que mesclava compreensão e diversão.

- Rose, o que o Vin tá querendo dizer, é que você não vai ler aqui, porque terá que sair daqui, entendeu?

A compreensão passou pelos olhos de Rose, e imediatamente ela corou. Como não havia entendido antes o que Vincent queria dizer? É óbvio que ele e Sophie aproveitariam para ficar juntos, o máximo que pudessem. Ela se levantou da cama, guardou o livro na estante que havia no quarto, e encarou os amigos.

- Ótimo, enquanto vocês estão aqui, onde eu fico?

- No quarto do seu namorado, é claro! – Sophie respondeu como se fosse a coisa mais óbvia.

- Está bem, está bem, já entendi e tô saindo! – Rose pegou o seu ursinho de pelúcia. Havia ganhado o urso de seu pai, ainda quando criança, para que ele a protegesse durante o sono. Rony costumava dizer que se abraçasse o bichinho bem forte enquanto dormia, nada de mal poderia acontecer a ela, pois o urso, era encantado por uma magia que só os pais sabiam fazer. Até hoje, a ruiva costumava dormir com esse brinquedo, embora soubesse perfeitamente que tal encanto paterno era invenção de seu pai.

Rose caminhou para fora do quarto e bateu a porta atrás de si, deixando os amigos a sós, para que aproveitassem da maneira que achassem melhor.

- Acho que assustamos a coitada! – Sophie ria, enquanto se sentava ao lado do namorado, em sua cama.

- Sim, mas um dia ela vai nos entender! – rindo, Vincent derrubou a namorada na cama e começou a beijá-la com paixão. Definitivamente, eles aproveitariam o momento a sós, da melhor maneira possível.



***




Rose entrou no quarto de Scorpius. Seus olhos azuis correram por todo aposento, mas nem sinal do loiro. Então, ouviu um barulho vindo do banheiro, e concluiu que era ele. Sentou-se na cama, e resolveu esperar até que o loiro aparecesse.

Scorpius saiu do banheiro com os cabelos um pouco molhados, e Rose percebeu que ele tinha saído do banho.

- Vincent, o que você acha de amanhã nós levarmos a galera para... Uau, Vincent você está a cara da minha noiva! – ele brincou.

- Obrigada, saiba que me esforcei muito para arrancar alguns fios de cabelo da cabeça da Rosecreide, e preparar uma poção polissuco! Sempre quis saber como era ter cabelos ruivos! – Rose entrou na brincadeira e os dois riram.

- O que faz aqui amor? – Scorpius perguntou, enquanto fechava a porta do banheiro.

- Fui expulsa do quarto! Vincent me convidou a sair, acredita?

- Acredito, é bem a cara do Vincent, fazer essas coisas!

- Daí Sophie disse pra eu vir pra cá!

- Pode dormir aqui se quiser! – Scorpius respondeu de forma simples e se sentou em sua cama. Ao ver a expressão da namorada, tratou de completar – Mas se preferir, eu posso pedir a Willy que arrume outro quarto pra você, e...

- Eu vou adorar dormir aqui! – ela sorriu para o namorado – A cama é bem confortável! – a ruiva pulou na cama, e Scorpius riu. Adorava esse jeito de criança, que Rose às vezes demonstrava.

- Quer comer ou beber alguma coisa, antes de dormir? – Scorpius caminhou até a ruiva.

- Não, obrigada, está tudo bem! – ela viu o namorado se sentar ao seu lado e sorriu.

- Nossa, não sabia que você dormia com bichinhos de pelúcia! – Scorpius brincou e pegou o urso das mãos de Rose – Vai me dizer que ele tem nome também?

- Tem e se chama Ed, agora me devolve o coitado, por favor? – ela riu e tentou pegar o ursinho, mas Scorpius não deixou. – Dá pra devolver?

- Só se me der um beijo antes!

Rose fingiu pensar no assunto, e alguns segundos depois, se rendeu. Aproximou-se do namorado e o beijou carinhosamente.

- Agora pode me devolver?

- Agora sim! – rindo, ele entregou o ursinho pra Rose e voltou pra sua cama. – Qualquer coisa você me chama está bem?

- Uhum! – ela respondeu enquanto se deitava e se cobria com o edredom. Ao ver Scorpius fazer menção de apagar a luz, ela perguntou, levemente assustada – Você vai apagar?

- Vou, por quê? Você tem medo? – ele perguntou e se segurou pra não rir. Merlin, definitivamente, Rose era a grifinória mais medrosa que ele conhecia!

- Não, não... Pode... Pode apagar se quiser! – ela respondeu, e abraçou o ursinho tão forte, que se lembrou de seus tempos de criança.

Silêncio e escuridão. Essa combinação era tão assustadora pra Rose, quanto a idéia de voar. Aquele quarto enorme... Tudo em absoluto silêncio... Uma casa que não era a sua... Céus, por mais que tentasse afastar o medo de si, ela não conseguia. Então, não achou outra solução, a não ser se render a ele.

- Scorpius... – Rose o chamou com a voz baixa.

- Sim? – ele respondeu sonolento.

- Você tá dormindo?

- Aham!

- Então por que tá falando comigo?

- Eu falo quando tô dormindo! – ele riu, se sentou na cama e acendeu a luz – Algum problema?

- Não, não... Tá tudo bem! – os olhos de Rose vagaram novamente por aquele quarto enorme, e Scorpius percebeu que ela estava mentindo.

- Vem cá, vem! – ele chegou mais para o lado e abriu espaço em sua cama para que Rose se deitasse – E se quiser, pode trazer o Ed também! – disse divertido.

Rose parou um pouco para considerar a idéia, mas logo concluiu que não conseguiria dormir sozinha. Levantou-se da cama que pertencia a Vincent, e deitou ao lado de Scorpius.

O loiro riu e a abraçou. Rose parecia uma criança com medo de escuro e aquela visão da garotinha assustada era um tanto engraçada. Puxou a menina mais pra perto de si, e ao ver que ela deitou a cabeça em seu peito, acariciou seus longos cabelos ruivos, até que, enfim, ela pegasse no sono. Quando viu que ela dormia, apagou a luz, e antes de se render ao sono, imaginou como seria sua vida, quando estivesse casado com Rose... Fez uma nota mental, para lembrar de que a ruiva detestava escuridão, e que dormia mais rápido quando se sentia segura... Finalmente o sono o invadiu, e naquela noite, ele teve belíssimos sonhos, de uma vida perfeita, ao lado da mulher que tanto amava.





***






N/A: Olááá! Enfim, mais um capítulo!

Graças a ele, passei ontem o dia sentada em frente ao pc, maquinando idéias a respeito de como inventaria uma desculpa que deixasse Rony liberar seus filhos em uma viagem sozinhos pra fazenda. Enfim, consegui.

Gostaram? Espero que sim! Eu ia encaixar duas cenas de Alvo/Alice e Hugo/Lily, na fazenda, mas o capítulo já estava monstruosamente gigante, então preferi deixar essas cenas pro capítulo 5.

O que acharam do retorno dos Dursley? Coitados, tanto desdenharam os bruxos, tanto falaram mal, e agora tem mais DUAS bruxas na família hauahauhaua

Bom, mudando um pouco de assunto, eu venho aqui propor a vocês um desafio. Na verdade tá mais pra uma brincadeira, mas enfim, espero que gostem. Essa semana, percebi que a Maris precisaria de uma amiga na fic. Na verdade não é bem amiga né, todos sabemos que os vilões não tem amigos e sim aliados, mas enfim, vamos direto ao ponto.

Minha idéia, é de chegar ao 100º comentário, até a postagem do capítulo 5. E com isso dar de presente, a pessoa que foi o comentário de número 100, o direito de batizar a personagem com seu próprio nome, ou com algum outro que escolher.

Mas já deixo claro, que se conseguirmos esse feito de chegar até o comentário 100, a pessoa escolhida, não terá direito a intervir na história. Poderá dar palpites, assim como todos vocês fazem nos comentários, e se eu achar legal, coloco na fic, ok?! Tô explicando isso, pra depois não reclamarem comigo. E lembrem-se também que a personagem fará parte do grupo de vilões da fic, e provavelmente, terá uma paixão alucinada por algum dos meninos, que ainda não me defini.

Bom, é isso, espero que gostem da idéia! Lembrando que não valem comentários, tipo contagem ok?! Ficar comentando com nº, tipo: 57, 58, etc. Ahh e mais uma coisa, o desafio vale só até a postagem do cap. 5, que provavelmente será no próximo domingo.

Gente, eu ia responder os comentários, mas agora não vai dar! Prometo que na próxima tento responder ok?!

Continuem comentando, e boa sorte, pra quem for o nº 100!

Xoxo,

Mily.

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