Capítulo 1



Capítulo 1


Era tudo uma questão de escolhas, não destino. Na opinião de Ronald não
havia destino, se escolhia seu próprio caminho, e ele tinha escolhido o dele.


Correndo os olhos pela paisagem ele sentiu o vento frio do norte bater em seu
rosto. As nuvens do entardecer anunciavam chuva, era preciso achar um abrigo.


Ronald Weasley, filho de Lord Arthur e um dos sete herdeiros das terras do
sul da Cornualha, subiu em seu cavalo enquanto ouvia um distante trovão.


Cavalgando lentamente pela planice verde ele pôde ver luzes distantes. Era
uma pequena vila à beira mar e que com certeza teria comida e abrigo.


Em um trote lento, como se ele estivesse esperando pela chuva cair, o cavalo
de Ronald avançou, pisando firme na grama.


O sol encostava-se no horizonte e as primeiras estrelas começavam a emanar
seu brilho. Se não houvesse tantas preocupações ocupando a mente do jovem
cavaleiro ele teria apreciado aquele céu antes que as nuvens de chuva o
encobrissem totalmente.


Talvez por estar concentrado demais Ronald não percebeu a primeira gota que
molhou seu cabelo ruivo, nem a segunda e nem a terceira. Quando o frio lhe
chamou a atenção a chuva já estava caindo. Sem muita cerimônia ele apressou
seu companheiro de viagem.


Agora as luzes tinham se transformado em tochas erguidas por soldados parados
em um pequeno forte de madeira que rodeava a vila, em uma fraca tentativa de
proteção contra a horda de saxões que enchia o litoral da Inglaterra.


- Quem vem lá? - gritou um dos homens na direção do cavaleiro ruivo.


- Apenas um viajante procurando abrigo. - respondeu na forma mais simpática
que pôde.


Após alguns segundos o guarda ficou satisfeito com a resposta e o portão de
madeira se abriu.


A vila não era grande, ele provavelmente teria que dormir em um celeiro. E
foi o que fez.


Caiu em cima do monte de feno que lhe parecia menos sujo. Largou sua espada e
escudo no seu lado depois de amarrar seu fiel cavalo a uma das colunas de
madeira que tentavam sustentar o velho celeiro.


A chuva caía lá fora e o som não o deixava dormir.


Mentira.


Ele não conseguia dormir e era totalmente sua culpa.


Ele respirou fundo, tentando espantar seus pensamentos ruins.


***


Ela respirou fundo, tentando espantar seus pensamentos ruins mas nem o cheiro
das flores podia acalmar Hermione naquele momento. Já fazia semanas que ele
tinha partido para uma batalha com um dos inúmeros lordes traidores. Ambiciosos
demais para aceitar o novo rei.


E como sempre ela tinha sido deixada para trás, incapaz de ajudar seu
rei...seu noivo.


- Minha senhora, algo te perturba... - chamou Eloise, uma de suas damas de
companhia, vinda de dentro do quarto.


Hermione respirou mais uma vez procurando sentir o cheiro das rosas da
varanda de seu quarto. Ainda se sentindo miserável ela se virou para Eloise:


- Nenhuma notícia ainda?


- Não, minha senhora. Mas o rei não tardará.


- Espero que esteja certa, Eloise. - ela disse se virando para encarar o
longínquo portão de Camelot, mais uma vez, na esperança que ele se abrisse.


Enquanto seus olhos se fixavam na paisagem e no horizonte que se escurecia,
Hermione pôde ouvir Eloise saindo do quarto.


E, procurando mais uma vez esquecer o portão com o cheiro das rosas, ela
fechou seus olhos lentamente.


***


Seus olhos se fecharam lentamente.


Apenas o som da chuva, cada vez mais forte, podia ser ouvido. Os animais do
celeiro tinham se acalmado e parecia não haver se quer uma alma viva do lado de
fora.


Suas pálpebras se fecharam por completo.



Crack



Ele entreabriu seus olhos, alerta.



Crack



Seus olhos estavam totalmente abertos agora. Algo se movia lá fora.



Crack Crack



Sua espada estava em suas mãos e o som estava cada vez mais alto. Devagar
ele se levantou e foi na direção da porta do celeiro, onde encostou seu ouvido
na tentativa de descobrir mais.


Havia uma grande movimentação do outro lado. Pelo menos cinco pessoas
andando silenciosamente, Ronald podia ouvir alguns sussurros.


"Quem poderia estar conversando há essa hora?"


Pressionando mais sua audição ele conseguiu ouvir algo mais definido, uma
voz de um homem. Esse falava em uma língua que Ronald não compreendia mas
conhecia muito bem. Era um saxão, e seu sotaque fortemente nórdico.


Provavelmente haveria cem saxões do outro lado daquela porta e mais
inúmeros em seus barcos na praia...A vila estava condenada. Não haveria tempo
para fugir e um grupo de fazendeiros não teria chance em uma luta contra os
machados dos invasores.


Ronald se virou e correu em direção a seu cavalo, retirando a corda que o
prendia a uma coluna de madeira.


Devagar levou o cavalo para o outro lado do celeiro, onde havia uma outra
porta. O mais silenciosamente que pôde a abriu e saiu.


A vila estava na penumbra e Ronald seguiu sozinho para a direção dos sons
das vozes, pronto para atacar.


Ele provavelmente não teria chance, mas tinha que tentar. Tinha que impedir
o ataque surpresa.


Se escondendo atrás de alguns barris, ele observou a movimentação do
inimigo.


Havia no mínimo dez saxões, todos armados com machados e escudos pequenos.
Porém não pareciam estar prontos para atacar, esperavam algum sinal.


Mais adiante Ronald viu tochas perto da praia. O mar estava violento graças
à chuva que estava cada vez mais forte. Os sons das ondas e do vento não eram
os únicos, o cavaleiro reconheceu o som de madeira e do tecido de velas...Havia
barcos, e neles, como já esperado, mais saxões.


O som da voz de um homem levou Ronald a olhar novamente o grupo que estava na
frente do celeiro.


Um deles agora segurava um arco enquanto outro incendiava uma flecha.


Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, a flecha atravessou uma abertura
no teto do celeiro e em segundos o lugar estava em chamas.


Os animais, desesperados e presos, soltavam urros e os saxões se preparavam
para atirar mais flechas em chamas no resto das casas da vila.


Sem ao menos pensar, Ronald pulou por cima dos barris, segurando em sua mão
direita sua espada e na esquerda seu escudo.


Em segundos ele estava cercado por dez saxões.Seu primeiro golpe arrancou a
mão do arqueiro, seu segundo abriu o estomago do homem.


Defendendo-se como podia, Ronald desviava dos machados e protegia seu corpo
com seu escudo.


Três saxões já tinham caído pela espada do ruivo. E o quarto, um saxão
grande com o rosto escondido por tatuagens grotescas, estava prestes a ter o
mesmo destino.


Ronald tinha vantagem sobre o pesado corpo deles, tinha uma agilidade enorme
e suas longas pernas o deixavam realizar vários saltos evasivos.


O escudo pequeno que carregavam também era uma proteção inútil, já que
quebrava ao se chocar com o aço da espada.


Mas talvez pelo calor do fogo, talvez por fadiga causada pelas noites em
claro, Ronald começou a se cansar.


O quinto saxão caiu no chão com sua garganta cortada, mas ao tentar golpear
o sexto, Ronald sentiu uma forte dor em seu ombro direito.


A dor foi tão grande que ele soltou um grito, deixando a guarda aberta para
o chute de seu adversário em seu estômago.


Perdendo o equilíbrio ele caiu no chão de terra. Com o impacto a flecha que
atingira seu ombro entrou mais fundo ainda em seu corpo.


Ronald viu dezenas de saxões descendo de barcos e correndo aos berros em sua
direção.


E então ele não viu mais nada.


***


E então ela viu.


Seu coração pulou ao som do trote de vários cavalos. Ele tinha chegado!


Atravessando seu quarto como um furacão, ela desceu a escada da torre sem se
preocupar com o cansaço. Correndo pelo salão do trono, ela saiu do castelo
para o pátio apenas parando ao ver os primeiros cavaleiros entrarem pelo
portão.


Ela não era a única a comemorar a volta do rei. As trombetas soavam e já
havia dezenas de pessoas, dos fazendeiros mais pobres aos membros mais ricos da
corte, esperando os cavaleiros.


Logo suas damas de companhia já estavam ao seu lado, com sorrisos abertos.


O primeiro a surgir em seu cavalo branco, foi Sir.Cedric. Ele segurava o
estandarte do leão vermelho, símbolo da família de Harry.


Logo atrás vieram Sir Vicent e Sir.Gregório, em seus cavalos negros. O povo
aplaudia a cada cavaleiro que passava.


Os grandes cavalos negros estavam puxando algo, e ao passar pela multidão
muitos paravam de comemorar e colocavam as mãos na boca, em choque. Hermione
estava mais uma vez preocupada, o que teria acontecido?


Quando Sir.Vincent e Sir Gregório passaram por ela, ela pôde ver o que seus
cavalos puxavam: uma carroça e nela um corpo coberto por uma manta negra. Uma
pequena parte da cabeça podia ser vista e Hermione reconheceu o familiar cabelo
ruivo.


Algo de terrível tinha acontecido.


Nota: Espero que alguém tenha gostado desse primeiro capítulo!
Tradução do título: A Lua que nasce, o Sol que se deita.

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