Capítulo 10



[24 de Outubro de 2005]/o/


------------------------------------




Aquela língua quente deslizava pelo meu pescoço, me arrancando suspiros baixos, culposos, fazendo meu coração acelerar a cada segundo. Um surto de insanidade se assomava à toda minha embriagues, eu agarrava em seus cabelos, sua camisa, agarrava o lençol da cama e o que mais estivesse disponível.


Ele tinha os lábios mais quentes e mais ousados que já haviam se aproximado de mim, e sabia usá-los, sabia me provocar, me envenenar com seus fluídos ardentes. Era dessa forma que eu desejava minha morte, em seus braços, calada em seus beijos, em seu prazer.


Frases ousadas e gemidas escapavam de meus lábios, ele tentando contê-las, no desespero de me beijar.


Frases não bastavam. Sua mão aberta tomava a iniciativa de me silenciar, a pele queimando entre o atrito de palma e face não me impedia de expressar o que ele me fazia sentir.


Ele me fazia sentir mulher. Única. Completamente desejada.


Havia uma definição clara para aquilo tudo: Loucura. Era a mais pura e mais luxuriosa das Loucuras existentes. E era bom. Muito bom...


Tão bom que eu tive que virar pro lado e cair da cama.


Uma pontada aguda em minha nuca indicava que eu havia batido-a em algum lugar. Isso me deixara zonza, incapaz de levantar do chão frio do cômodo em que eu me encontrava.


No meio de uma massagem que pouco adiantava eu me dei conta de que aquilo tudo fora apenas mais um sonho.


Outro sonho...


Já estava começando a me cansar viver com todos aqueles sonhos. Acordar do jeito que eu acordava – arfando, transpirando, totalmente vulnerável ao toque -, e ter que encarar a dura realidade.


Me dava crises de confusão. Eu já não sabia distinguir sonho de realidade.


Até que momento minhas lembranças eram reais?!


O retorno dos sentidos ajudou-me a levantar. Segurando a barra do vestido e olhando a volta constatei que estava num lugar desconhecido.


Era uma sala praticamente vazia, se não fossem por duas ou três mesas velhas encostadas perto das grandes janelas ao lado direito do cômodo.

Havia também uma estante com taças vazias e cobertas de pó e a cama em que eu estivera deitada, essa não parecia se encaixar no conjunto de coisas que compunham o ambiente, como se tivesse sido conjurada.


Certo. Eu não sabia onde estava. Cinco minutos de observação me ajudaram a constatar isso.


Caminhei até a única porta que havia ali. A saída me guiava a um corredor.


Andando vagarosamente à procura de um caminho conhecido tentava me lembrar do que havia acontecido.


Bem... Se eu estava naquele vestido de festa de fato ocorrera o tal Baile da Virada.


Uma escada surgiu em meu caminho, me indicando que eu deveria descer, isso me trouxe a lembrança de ter subido escadas na noite anterior, de ter sido carregada.


Ah, sim... A única pessoa que me trazia essa recordação era Draco Malfoy. Idéia absurda. Descarte-a.


- Droga Gininha. Como você pode se esquecer de algo importante?


A vontade que me dava era de bater a testa na parede até as coisas fazerem sentido.


Eu havia bebido.


Verdadeiramente dizendo essa era a única explicação racional para minha crise de aminésia.


Nossa mente é tão curiosa quanto irritante, parece criança chata em consultório médico. Aos poucos minha memória me dava o desprazer - seria mesmo? - de recordar a noite passada. As imagens vinham-me à mente como flash-backs de filmes, uma a uma, intercaladas pelas eventuais pausas para decidir o caminho a ser seguido.


... Harry estava de mãos dadas com Parvati Patil...


Outro pequeno lance de escadas, aqueles corredores todos se familiarizavam às masmorras.


... Tudo girava...


As paredes de pedra tomavam decoração, um quadro aqui ou ali retratando paisagens e velhos bruxos se destacava.


... Malfoy...


De repente o caminho ao Saguão de Entrada. O caminho para a cama. O céu pálido lá fora revelava que não passava das nove da manhã.


... Um par de lábios finos geladinhos, com gosto refrescante de pasta de dente...


Escadas. E lá ia eu subindo os intermináveis lances de escadas que me guiariam para minha queria cama.


... Uma língua que ousava correr atrás da minha como num pega-pega, um delicioso pega-pega...


Eu nunca tive paciência para esperar a boa vontade das escadas que se movem.


Paciência esgotada, grande amiga do desânimo. Lá estava Gina Weasley sentada no chão, esperando a boa vontade da Senhora escada, que não levava ao andar desejado.


Sentada, desocupada, e cheia de recentes lembranças, as coisas fizeram um sentido perturbador.


Não fora um sonho, aquele beijo...


~~~~


N/A: huhuhu.. desisti de fazer um capítulo 11 descente, por isso vou publicar logo esse capítulo 10, pra provar pra mim mesma que tem certas promessas que eu consigo cumprir..


Questione - Critíque - Palpite


Quem tem medo de opiniões não sabe viver no mundo real...



Preview: E o que é que acontece quando a gente sente que poderia ter feito melhor? O que acontece quando a gente sabe que o futuro é incerto? O que acontece quando a gente não pode manipular os sentimentos alheios? Quando a gente não pode manipular os próprios sentimentos...


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.