Cap. Único



“Estrelas não têm sentimentos. Ah, como queria eu ser como as estrelas!” Suspirou, cansada. É, realmente se alguém pudesse viver sem sentimentos, as coisas seriam mais simples. Ela invejava as estrelas. Sabia que não existia nenhum ser no mundo sem sentimentos, pois até Voldemort os sentia. Negava, mas sentia. Bellatrix invejava as estrelas por não poder ser como elas. Ficar distante dos problemas, do mundo, das dores e ficar exatamente no meio do nada, lá devia ser perfeito. Melhor do que qualquer idéia que Voldemort jamais teve. As estrelas não amavam, não odiavam, não sentiam nada, apenas brilhavam, e chamavam a atenção; tinham poder e brilho próprio. Era assim que Bella queria ser, iria ser apenas um complemento do que já era. Ela tinha alguma ligação com as estrelas. Todos na Família Black tinham nomes de estrelas, constelações e galáxias. E na constelação de Órion, a estrela de Bellatrix era a mais brilhante, assim como a própria Bella, que se destacava entre todas as mulheres. E como queria ser uma estrela, para saber onde seu adorado Lorde estava. Ela queria ser imortal... mas nem as estrelas duram para sempre. E debaixo deste mesmo céu, uma vez, Voldemort dissera à Bella que a amava. Não, não com essas palavras. Ele disse: “Bella, tu tens sido minha fiel e mais leal servidora durante todos esses anos. E tem algo novo acontecendo aqui. Eu não falo, não ouço, não aspiro, não vejo e nem sinto. Mas eu não consigo evitar”. E ele a beijou. Ele teve que fazer isso, não foi algo que partiu dele, mas talvez do velho Tom, que escondia, mas possuía sentimentos. Bellatrix nunca poderia dizer que o amava. Ele riria dela. “Uma mulher forte como você não deve amar, Bella”. É verdade, ela ainda era a velha Bellatrix Black, a intocável. Mas deveria ser assim? Não, não deveria, mas ela percebeu que deveria apenas obedecer à ordem de Voldemort, que praticamente impôs à ela a renúncia ao amor. E ela obedeceria. Porque orgulhava-se de ser uma das poucas pessoas no mundo a conhecer o verdadeiro Lord das Trevas. Orgulhava-se do que era. E não voltaria atrás. Não agora, não desse jeito. Mas depois que Voldemort sumiu, ela sentiu uma coisa nunca sentida antes: tristeza. Não, ela não podia sentir nada. Tristeza era um sentimento. Vazio não. Então era melhor sentir vazio à tristeza. Ela não queria sentir, ela queria ser tudo e nada. Ela queria apenas ser uma mulher que serviria de modelo para outras, todas as outras que não quiseram dedicar suas vidas à servir Voldemort. Então Bella não era mais Bellatrix Black, nem tampouco Lestrange. Era Bellatrix Riddle, ou a melhor amante de Tom, e única, para dizer a verdade. Porque nenhuma outra mulher olhava Voldemort além do que ele era fisicamente. E certas coisas agora ela não podia mais guardar só para ela. Desejos e ódio reprimidos, sonhos não vividos, palavras não ditas ou sensações não sentidas. Estava em seu limite. Se continuasse guardando tudo isso, iria explodir. E ele não estava aí para amparar sua dama. Porque era isso que Bella significava para ele. Sua serva, sua dama, sua Black. Ela já havia tirado vidas, por ele; e quase perdera a sua, por ele; desperdiçou 14 anos de sua vida na prisão, por ele. Não, não foi em vão. Para ele, ela fazia. Por ele, não era sacrifício. Ela sempre esperara o dia em que ele viria, e ele veio, ele não se esqueceu de sua dama. Mas e se o perdesse? Aí então não haveriam motivos para viver. Ela não vivia. Ela era apenas uma sombra do que já havia sido algum dia. Mas ainda era cedo para pensar em derrotas e perdas, ou talvez era tarde; porque talvez ele já havia sucumbido, mas doía pensar nisso. Então Bella pestanejou, fixando seu olhar em Betelgeuse, aquela de cor avermelhada, que se destacava no céu do sul. E incrivelmente essa estrela lhe lembrava Voldemort, até porque era um enorme destaque escarlate no céu. Se ao menos soubesse onde ele estava, as coisas seriam mais compreensíveis. Levou a mão ao peito, e lá estava o belo colar da pedra rubra que Tom lhe dera. Até o colar perdeu seu brilho, e, no céu, uma nuvem negra cobriu Bellatrix e Betelgeuse. Bella sentiu-se impotente, sem ter com o que lutar, porque aquela força era maior que ela, e a batalha já estava perdida. Era tão poderoso que nem as Artes das Trevas seriam capazes de arrancar isso dela. Sim, aquilo era um sentimento. Ridículo, na opinião dela, mas inevitável. Era o amor. Mas ela tinha um propósito firmado em sua vida, ela iria servi-lo por toda a eternidade, onde quer que estivessem, em qualquer situação. E Bellatrix iria atrás disso, e conseguiria. Porque força de vontade ela tinha de sobra. Não, não...que raios era o amor? Ela não tinha que passar por isso, ela nasceu para brilhar, para ter poder e ser rica, poderosa. Não para sofrer por amor. Isso era para fracos. “Esqueça o amor, mas lembre-se de Voldemort, porque ele ainda vem.” “Volte, meu Senhor!” Bellatrix pronunciava essas palavras vãs todas as noites, todas as noites em que sentia falta dele. Agora ela sabia o que era solidão, porque o que estava sentindo e passando agora era mil vezes pior do que o que sentira e passara em Azkaban, durante 14 anos, na esperança eterna de ser salva por ele. E foi por causa dessa esperança que ela estava viva neste momento, por causa desse fiozinho de esperança que ela conservou dentro de si, por todo esse amor que ela negava sentir, mas que no funda sabia que hora mais, hora menos, seria descoberto. Essa seria apenas mais uma mentira de Bellatrix Black. Fazia diferença ? E neste mesmo dia, semi- morta, Bellatrix ainda teve forças para ver Tom regressar, e ele a tomou em seus braços com um doce e verdadeiro: “descanse, Bella”, essa mesma força que a manteve viva longe dele, porque ela sempre soube que ele tardaria, mas não falharia. Ela acordou pensando ser apenas mais um sonho. Mas não. Não era. Era muito mais do que real. Era real aquilo que ela considerava a maior utopia de sua vida... Ali estava Voldemort, sem preocupações ou talvez obrigações, com o tempo todo para ser gasto ao lado de sua amada dama. Ele se deitou na grama gélida e os dois olharam para o céu, aquele mesmo céu de anos atrás... Voldemort queria dizer que Bella sempre seria eterna para ele, seria sempre sua amante e doce serviçal, ou talvez até mais do que isso, um dia. - Vê as estrelas? Vê como elas cintilam? - Vejo, meu senhor. - É assim que você será para mim, Bella. - Assim como? - Eterna. - Mas nem as estrelas duram para sempre, nem elas são eternas, Milorde. Ele a abraçou e disse: - Para mim, a estrela de Bellatrix será sempre a mais brilhante. ... Espero que tenham gostado! :D comenteeem ! BeeeijosComSabón :*

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