Cap. único



O menino, ao perceber que ela o procurava, aproximou-se da cama, respirou fundo e disse com voz arrastada:
- Bem vinda de volta, Weasley!

- Weasley? – ela perguntou sem entender – Scorpius, eu não estou entendendo...

- Isso sim é um milagre, você não entender alguma coisa... E ah, de hoje em diante só me chame de Malfoy! – ele exibiu um sorriso cínico e aproximou-se da garota com um olhar desafiador – Os velhos tempos voltaram Weasley!... Chega dessa coisa melosa de romance, agora sou novamente o Malfoy, o garoto arrogante, e você a Weasley, a sabe tudo...

Rose não conseguiu conter as lágrimas de tristeza. Não era possível que Scorpius estava lhe falando aquelas coisas!

- Sco... Malfoy, eu...

- Divirta-se com a família, “sabe-tudo” – Scorpius, assim que se virou para ir embora deixou uma lágrima solitária cair em seu rosto. Merlin, como ele sentia nojo de si por ter tratado a menina daquela forma. Como se odiava, como queria morrer aquele momento...



1º dia...

Rose acordou aquela manhã um pouco assustada. Sentou-se em sua cama e aliviada concluiu que não estava mais na enfermaria, e sim em seu dormitório. Sentia-se tão cansada... Talvez fosse resultado das horas que passou dormindo e dos momentos de nervosismo do dia anterior... Tudo havia despencado, literalmente! Seu pai a odiava, seu irmão e seus primos talvez estivessem zangados por ela ter escondido o romance por tanto tempo, e Scorpius... Ah o Scorpius simplesmente tinha agido feito um imbecil, mas ela compreendeu! Provavelmente seu comportamento foi resultado dos olhares feios que seu pai, Draco Malfoy, lhe lançava, e ele não quis contrariá-lo, já que todos estavam com os nervos à flor da pele. Levantou-se, e depois de um longo banho e de vestir as roupas da escola, saiu do dormitório. Esperava não encontrar ninguém na sala comunal, mas era impossível já que àquela hora, todos já estavam de pé e sem dúvida conversavam animados sobre alguma inutilidade da vida...

- “Eis nossa Campeã!” – uma voz gritou no meio do salão comunal – “Viva Rose Weasley!!!”.

- “Vivaaaaa!” – os alunos que estavam por lá começaram a gritar, bater palmas e ir em direção à menina, na intenção de comemorar a vitória da Grifinória sobre a Sonserina.

- Não! Eu não fiz nada! Esperem!!! Me coloquem no chão! – Rose protestava, enquanto a multidão de Grifinórios a carregava. – Me soltem! ALVOOO!

- SE NÃO QUISEREM ENCRENCA COM UM POTTER, ACHO MELHOR COLOCÁ-LA NO CHÃO! – a voz de Alvo sobressaiu entre a gritaria – O que estão esperando? Coloquem Rose no chão agora ou terei o prazer de azarar um a um! – disse furioso – Acreditem quando digo, que eu não puxei apenas a semelhança física do meu pai!

Todos pareciam ter entendido o recado de Alvo e quase instantaneamente colocaram Rose no chão, e se afastaram para que o moreno pudesse se aproximar.

- Respeito é bom e é uma coisa que deve ser exercitada por todos vocês! – Alvo olhava a sua volta com uma expressão bastante irritada.

- Nós só queríamos comemorar a vitória da Weasley! – um garoto magrelo e alto, que Alvo reconheceu ser Ernesto Bolton, tentava se justificar.

- Uma comemoração só é bem vinda, quando todos estão dispostos a festejar, o que não é o caso da minha prima! – o moreno disse e seu tom de voz era frio – Você está bem, Ro?

- Uhum! – ela respondeu tímida – Vamos sair daqui? – sugeriu.

- Claro! – ele se aproximou da prima e segurou em sua mão – E aviso desde já, que qualquer um que fizer uma gracinha que seja, vai se ver comigo! – Juntos, Alvo e Rose saíram do salão comunal e rumaram direto para o salão principal, para tomarem café da manhã.

O salão principal já se encontrava bem cheio. Os alunos da Corvinal, Lufa-Lufa, Sonserina e alguns da Grifinória, pareciam ter despertado mais cedo que o normal. Na mesa da Sonserina, um loiro acompanhado de um casal de amigos, conversava tranquilamente, tentando ignorar os cochichos e risinhos tolos, à sua volta.

- Fala sério, Scorpius! Era por isso que você dava um jeito de defender aquela Weasleyzinha, sempre que íamos zuar não?! – Mike provocava. – Queria proteger a namoradinha.

Scorpius respirou fundo, precisava manter o controle, não iria deixar um imbecil como Mike o tirar do sério tão cedo. Pensou em mil coisas para responder, mas qualquer uma que dissesse o levaria direto a detenção, então, com muito custo decidiu ignorar a provocação do colega.

- Nosso amigo, o tão temido e prestigiado, Scorpius Hyperion Malfoy, dava uns pegas na ruiva Weasley... Olha, tirando o fato dela ser uma sabe-tudo nojenta e uma grifinória, aquela ruiva até que é gostosinha.

Pronto, aquilo foi o suficiente para fazer Scorpius se levantar e num movimento rápido, sacar sua varinha e apontar para os demais colegas. Seu rosto expressava uma fúria jamais vista antes.

- Entendam de uma vez, seus erros da natureza... – a voz de Scorpius ia assumindo um tom frio e cruel. Sophie e Vincent que estavam próximos e prontos para intervir em qualquer situação observavam apreensivos – Há pouquíssimas coisas que eu desprezo em um ser humano, e uma delas é essa mania ridícula de se meter na vida alheia com comentários patéticos e opiniões tão absurdas, quanto à existência de quem comentou. – Mike, que encarava o loiro, poderia jurar que viu faíscas passarem pelos olhos azuis acinzentados do colega – Sim, eu namorei a Weasley! Sim, escondi isso de todos por um tempo considerável! E sim, eu perdi aquele duelo de ontem!... Tudo isso que acabei de dizer não é novidade para vocês, mas considerando o fato de que suas mentes têm a dimensão de um grão de ervilha, repeti para deixar uma coisa bem clara... – Scorpius falava exatamente como seu pai, quando estava irritado. Sua voz saía arrastada e fria. Seu rosto expressava uma fúria contida, que contrastava perfeitamente com um sorriso sarcástico que tinha nos lábios – A próxima vez que eu escutar qualquer comentário sobre a relação que tive com a Weasley vão pagar caro. E como já devem saber, não sou o tipo de cara que ameaça e não cumpre! Se ousarem falar um “ai” em minha presença, ou eu souber de qualquer boato vindo de vocês, acreditem, vou esquecer toda educação que recebi da minha mãe e farei jus à fama cruel e insensível que o sobrenome Malfoy carregou durante anos... Acho melhor considerarem aquela famosa frase que diz: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo!”... E aqui, vocês já viram quem manda em quem! – Scorpius terminou seu discurso, sentou-se e voltou a tomar seu café da manhã, como se nada tivesse acontecido. Mike e os outros colegas, por sua vez, acharam melhor não falarem mais nada durante a refeição, pois de uma coisa eles tinham certeza, o loiro nunca falou tão sério em toda sua vida.

Pouco tempo depois da ameaça, Rose e Alvo entraram dentro do salão principal. Se antes os cochichos estavam presentes nas quatro casas, só com a presença de Scorpius, agora as pessoas nem se preocupavam em esconder a conversa e os risinhos. Alguns até apontavam para menina, sem se importar com que ela poderia dizer ou pensar.

- Um dia eles vão se cansar, não liga! – Alvo disse a prima.

- Sabe o que é mais engraçado?! Antes, eu era motivo de comentários por ser filha de Hermione Granger e Rony Weasley, e é claro, por ter notas invejáveis... Bom, ao menos agora eu consigo algum tipo de atenção sem estar à sombra dos meus pais! – ela disse sarcástica e seguiu para seu lugar com o primo.

A ruiva arriscou olhar algumas vezes para a mesa da sonserina, esperando que Scorpius a encarasse ou fizesse algum sinal de que precisavam conversar, mas ao contrário disso, ele nem sequer olhou para ela. Conversava tranquilamente com os amigos. Para ele, parecia que nada havia acontecido, e isso incomodava um pouco a menina.

- Quer saber? Vou lá falar com ele! – Rose levantou decidida.

- Acho melhor não Ro! Todos estão olhando para vocês, como se fossem a nova atração de Hogwarts! Não acho seguro que conversem aqui, sob os olhares curiosos dessa gente! – Alvo alertou a menina, pois sabia que Scorpius não agiria de forma agradável, já que ele mesmo havia pedido que não contasse a ruiva os motivos de sua indiferença, pois achava que assim seria mais fácil para ela odiá-lo.

- Como se alguma coisa fosse fazer diferença agora... – ela deu de ombros e caminhando em passos firmes, foi na direção de Scorpius. Parou na frente dele, com os braços cruzados frente ao corpo, esperando uma explicação que não veio. Então, diante aquele silêncio, ela resolveu tomar a iniciativa – Será que podemos conversar ou você vai continuar agindo como se eu não estivesse aqui?

- Continuarei agindo como se você não existisse! – ele sublinhou bem a última palavra – Vincent me passe a geléia, por favor!

Rose não conteve a raiva, debruçou por cima da mesa, puxou Scorpius pela gravata e o obrigou a encará-la.

- Você vai me explicar AGORA o que está havendo! – ordenou.

- Claro que sim! – ele sorriu irônico – Você enlouqueceu, saiu da mesa da Grifinória e veio atrapalhar meu café da manhã. Caso não saiba, é meio difícil comer quando se tem uma pessoa debruçada sobre a mesa e te puxando pela gravata.

- Sabe muito bem que estou me referindo do que houve ontem à noite! – disse impaciente – Quero uma explicação!

- Ah, a Srta. Weasley quer uma explicação? – Scorpius se levantou, a fim de ficar mais alto que Rose e intimidá-la com seu tom de voz indiferente – Não há nada para ser explicado, a não ser o fato de que você voltou a ser para mim a irritante sabe tudo de antes. Agora se me der licença, voltarei a tomar meu café, que você teve o prazer de interromper. Não se dê mais o trabalho de entender minhas atitudes Weasley, elas não dizem mais respeito a você!

Rose encarou o ex-namorado, séria. Não chorou, apesar da vontade que sentia. Apenas respirou fundo e saiu dali em passos rápidos, praticamente corria. Scorpius sentiu um grande aperto no peito ao ver a mágoa passar pelos olhos da menina. Sentou-se novamente em seu lugar e abaixou a cabeça, visivelmente abalado.

- Você poderia ter sido menos frio, Scorpius! – Sophie disse com cautela.

- Não Sophie! Se eu agisse de outra forma, ela perceberia e não se afastaria de mim. E prometi meu pai, que se a salvasse eu a deixaria... – a voz de Scorpius falhava.

- Sinto muito, cara! – Vincent deu leves palmadinhas nas costas do amigo, em sinal de apoio.

- Não há o que sentir... Não agora! – Scorpius disse magoado – Vamos, temos aula agora e para meu azar, a aula Poções é junto com a turma da Grifinória!

Os três amigos saíram juntos do salão comunal, e rumaram para as masmorras, onde teriam mais uma aula chata com o professor Slughorn.

Rose já estava dentro da sala, sentada ao lado do Alvo. Mantinha sua cabeça encostada no ombro do primo. Tinha a sensação que se mudasse de posição, sua cabeça sairia do local e rolaria pelo chão da escola.

Scorpius sentou em uma das carteiras do fundo, junto com Vincent e Sophie. Era notável sua tristeza ao ver a menina tão deprimida. Queria ir até lá e dizer que tudo que havia dito era mentira. Que a amava e que não importa quanto tempo passe, ele continuaria a amando, pois ela era a única que o fazia sentir um misto de emoções inexplicável.

- Bom dia, meus caros alunos! – Slughorn entrou na sala, despertando o loiro de seus devaneios – Ho-ho, Oho, é muito gratificante para um professor saber que dois dos seus alunos favoritos, foram os do duelo final de Hogwarts. Muito emocionante, marcarei até uma pequena comemoração para isso, e enviarei para vocês um convite ainda essa semana! – ele se balançou na ponta dos pés, fazendo sua enorme barriga se mexer categoricamente – Vamos a aula! Todos fizeram o dever que pedi na última aula? Pesquisaram as propriedades das Pedras da Lua?

- Merlin, eu esqueci de fazer meu dever! – Rose ergueu a cabeça rapidamente e encarou o primo assustada.

- Não esqueceu não! – Alvo sorriu e retirou dois trabalhos de dentro da mochila – Fiz ontem à noite nossos deveres! Talvez não tenha ficado tão completo quanto os seus, mas pelo menos não ficará sem nota!

- Alvo, você é um anjo! – ela sorriu e abraçou o primo.

- Srta. Weasley, nossa grande campeã! – Slughorn se aproximou da mesa de Rose e a encarou com um grande sorriso, fazendo seus bigodes de leão marinho ficarem estranhamente mais visíveis – Quer nos dar a honra de vir aqui na frente e ler o seu trabalho?

- Professor, com todo respeito, eu acho melhor não... Não me sinto preparada sabe?! – Rose disse receosa.

- Pura modéstia, pura modéstia! Exatamente como a mãe! Venha aqui na frente e nos brinde com sua inteligência brilhante! – Slughorn pediu gentilmente, embora Rose soubesse que por mais simpático que parecesse, aquilo se tratava de uma ordem. A menina respirou fundo, se levantou e lentamente caminhou para frente da sala, e para seu desespero, pôde contemplar todos os olhares curiosos e cochichos que corriam por toda a sala. Viu algumas meninas do seu ano trocarem bilhetinhos com outras meninas e rirem sem a menor discrição.

- Er... – ela respirou fundo mais uma vez e começou sua apresentação – Bom, as Pedras da Lua, seja em sua forma real ou moída, são frequentemente usadas em várias poções, dentre elas a poção da paz... – fez uma pausa e olhou mais uma vez a sua volta – A Pedra da Lua é achada em várias cores... Seus supostos efeitos mágicos apontam para um... – ela ergueu os olhos de seu pergaminho mais uma vez e imediatamente encontrou o olhar de Scorpius. Novamente pôde se notar o belo contraste de azul mergulhando no azul. Os dois sabiam que apesar de tudo que foi dito, aquele olhar já traduzia tudo o que sentiam.

- Srta. Weasley, pode continuar com sua apresentação, por favor?! – Slughorn disse gentilmente.

- Ah sim, desculpe professor! – ela voltou a ler o pergaminho – Como eu ia dizendo, os supostos efeitos mágicos da pedra da lua, apontam para um melhor equilíbrio emocional, e... – Rose parou de falar novamente, ao ouvir vários comentários sobre a cena do café da manhã. Encarou Scorpius mais uma vez, mas ao contrário da expressão que tinha antes, agora ele sorria em aprovação as coisas que as pessoas diziam. Os olhos da menina encheram de lágrimas e ao invés de terminar a apresentação, jogou o pergaminho no chão e saiu correndo da sala.

- ROSE! – Alvo se levantou e saiu correndo atrás da prima. Todos na sala pareciam ter congelado, diante tal acontecimento. Slughorn ainda tinha o olhar fixo na porta por onde os primos passaram.

- Professor, sem querer parecer muito arrogante, mas acho que deve fazer algo em relação a isso! Estamos aqui para assistir uma aula de poções e não para presenciar as crises infantis de uma garota de 14 anos! – Scorpius disse, encarando o professor – Se não se importa, gostaria de apresentar o meu trabalho, para saber se fiz da forma que foi pedido.

- Ah sim, claro Sr. Malfoy! – Slughorn disse, e logo todos voltaram à atenção para a aula.

Fora do castelo, Alvo encontrou Rose sentada em um dos bancos do jardim, com a cabeça baixa e chorando muito. Aproximou-se dela e a abraçou com carinho.

- Por... Por quê? – ela disse com a voz embargada – Eu não entendo, não era pra ser assim...

- Calma, Ro, calma! Tudo vai se ajeitar em seu devido tempo! – Alvo acariciava os cabelos da prima.

- E o que eu faço durante esse tempo? Ele tá tão frio, tão cruel...

- Às vezes as coisas, para darem certo no final, precisam ser ruins no início e péssimas no meio... Você está na fase péssima da sua história. Acalme-se, que você vai ver que tudo vai dar certo.



***




2º dia...


Hagrid caminhava sorridente enquanto levava seus alunos para orla da floresta proibida. Embora grifinória e sonserina fossem rivais e dessem trabalho, ele gostava de ensinar aquelas turmas, e procurava sempre surpreendê-las com animais fantásticos.

- Pro... Professor Hagrid, o que tem naquelas caixas? – Alvo apontou de longe. A conversa que tivera com o seu pai, o deixava alertado quanto a não se aproximar de caixas e animais com aparências de vermes.

- Vocês vão ver! Vocês vão ver! São animais interessantes esses bichos, ah se são! – Hagrid disse animado, e todos os alunos se entreolharam assustados. Se os animais eram interessantes para Hagrid, significava que eram perigosos e muito tempo sozinho com eles, significava uma ida direto pra enfermaria.

Os alunos formaram uma roda, e em silêncio, observaram o professor se aproximar da caixa, que agora se mexia de forma estranha.

- Merlin queira que não sejam explosivins! – Alvo disse.

- Não, acho que somos muito novos para encarar criaturas tão perigosas... Talvez ano que vem Hagrid traga! – Rose sorriu.

- Fiquei bem mais tranqüilo agora! – Alvo disse e os dois riram.

- E aí, Weasley! Vai nos dizer o que tem na caixa ou precisaremos esperar até que o professor nos mostre? – Scorpius apareceu atrás da menina.

- Eu não sei o que tem dentro da caixa! – Rose respondeu impaciente.

- Como não? Você que sempre sabe de tudo... Sua capacidade mental tem se demonstrado um tanto afetada ultimamente. – ele riu em sinal de ironia.

Rose se virou e encarou o loiro, visivelmente transtornada.

- Será que você não pode parar de me irritar por um instante?

- Parar por quê? – ele se aproximou de Rose ameaçadoramente e completou – É tão bom... Te fazer chorar!

- Ótimo, então fique feliz, pois conseguiu! – uma grossa lágrima escorreu pela face da menina e ela virou para frente. Scorpius engoliu em seco, mas manteve sua postura fria e indiferente.

Hagrid voltou carregando consigo um animal fofo, que alguns alunos reconheceram imediatamente como um Pelúcio. Ia começar a explicar qual era a característica do animal, quando olhou para Rose e viu que ela chorava.

- Rose, o que há com você? – perguntou gentil.

- Nada professor! – ela respondeu de cabeça baixa.

- Sente alguma coisa? Há algo errado? – Hagrid insistiu.

- Não ligue para ela professor! Ultimamente tem sido comum a Weasley chorar e atrapalhar as aulas! Mas não vamos dar atenção a isso, se ela alagar a floresta com suas lágrimas de falsa tristeza, conjuramos barcos e saímos a salvo! – Scorpius alfinetou. Rose, por sua vez, não agüentou e explodiu de raiva:

- Tudo está errado comigo professor! Principalmente desde o dia que eu permiti que o Malfoy entrasse em minha vida! Mas graças a Merlin, tudo já acabou e quem sabe agora, as coisas voltem ao normal! – Rose saiu correndo da aula, sem saber ao certo para onde ia.

- Eu sei que precisa tratá-la mal, por causa da promessa que fez a seu pai, mas você poderia ao menos, pegar leve de vez em quando! – Alvo disse a Scorpius, antes de sair novamente atrás da prima.

Rose corria pelos terrenos da escola, sem enxergar nada a sua frente. Queria poder desaparecer naquele momento, até que esbarrou em alguém que a segurou, impedindo que ela caísse.

- O que aconteceu, Ro? – Tiago perguntou apreensivo.

- Tiago, eu... – Rose não teve tempo de completar a frase, pois logo em seguida tudo ficou escuro e ela desmaiou.



***



3º dia...


Rose se encontrava na ala hospitalar. Madame Pomfrey havia decidido que seria melhor para a menina passar a noite ali, sob sua observação, já que sua febre não baixava e que tinha constantes delírios. Embora Vic e Tiago dissessem que poderiam cuidar da prima e lhe dariam as poções na hora certa, a enfermeira se mantinha imparcial na decisão e não permitiu que a ruiva saísse dali.

Naquela madrugada, Scorpius havia conseguido sair sem ser visto, do salão comunal da Sonserina. Atravessou o castelo com cautela e só parou quando chegou à porta da enfermaria. Sabia que isso estava errado, e que estava descumprindo a promessa feita a seu pai, mas não podia simplesmente ignorar o fato de que Rose estava ali por sua culpa. Devagar, abriu a porta da enfermaria e em passos lentos se aproximou da cama que a ruiva estava, antes de ficar realmente próximo a ela, ouviu a voz da velha enfermeira, sussurrando furiosa, atrás dele:

- O que pensa que está fazendo aqui?

- Eu... É... – ele encarou a enfermeira e rendido, confessou – Vim ver como ela estava!

- Isso eu notei!

- Então para que perguntou?

- Não pode ficar aqui Sr. Malfoy, já passa do horário de estar na cama.

- Eu sei, mas... Madame Pomfrey, a senhora estava presente no dia que fiz a promessa a meu pai, provavelmente deve saber o motivo pelo qual a Rose se encontra aqui! Eu realmente não queria agir feito um completo idiota, mas é para o bem dela... Só que eu não posso agir assim e vê-la aqui na ala hospitalar por minha culpa, não ia conseguir dormir! Eu lhe peço, deixe-me ficar aqui essa noite, prometo não atrapalhar! Amanhã bem cedo eu saio e ninguém vai saber que descumpri essa regra da escola.

Madame Pomfrey parou para analisar o jovem a sua frente por alguns instantes, se perguntando intimamente se era correto deixá-lo passar aquela noite ali.

- Está bem! Mas você terá de me ajudar a controlar o horário das poções dela, certo?!

- Faço o que a senhora quiser! – ele concordou sorrindo.

- Ótimo! Daqui a 30 minutos ela precisa tomar essa poção aqui – ela mostrou o vidro para Scorpius – Uma colher e já basta! Eu vou até a cozinha comer alguma coisa enquanto você fica aqui tomando conta dela pode ser? Não pude sair daqui nem um minuto, vira e mexe, a menina Weasley acorda dizendo coisas sem sentido, graças à febre. Mas fique tranqüilo, eu já dei uma poção para ela, que parece ter feito efeito, pois a temperatura está baixando! – ela explicou, e em seguida, saiu do quarto, deixando os dois sozinhos.

Scorpius sentou-se ao lado da cama de Rose e ficou observando como ela dormia. Parecia um anjo ruivo. Seus longos cabelos vermelhos se destacavam em cima do travesseiro branco. Sua face delicada... Tão perfeita e parecia tão indefesa ali... Sabia que ela estava sofrendo demais, mas era para seu próprio bem...

- Scorpius... – ela disse com a voz fraca. Provavelmente estava delirando, pois mantinha os olhos fechados. O menino sentiu um aperto no peito enorme ao ouvi-la chamar seu nome. Aproximou-se dela, e lentamente acariciou seu rosto.

- Hei, eu tô aqui! – ele sussurrou – Talvez não possa me ouvir, mas eu estou aqui do seu lado! Talvez eu não tenha outra chance de lhe dizer isso, durante um bom tempo, então, mesmo que não possa me escutar, eu quero que saiba que eu te amo... Você é a coisa mais importante para mim, e isso não vai mudar! Eu posso parecer um idiota agora, mas um dia você vai entender e espero que me perdoe por ter agido de forma tão cruel com você!... – uma fina lágrima escorreu pelo rosto do loiro, que tratou logo de enxugá-la. Não queria ser fraco, não podia ser, ou então todo seu plano de ignorá-la iria por água abaixo. Tocou levemente na mão da menina, mas quando fez menção de se afastar, ela o segurou e o olhou.

- Por quê? – ela perguntou com uma voz quase inaudível. – O que eu fiz de errado pra você não me querer mais? Eu sei que muitas vezes sou chata, mandona e faço besteira, mas por mais que eu tente, não consigo encontrar meu erro nessa história toda...

Scorpius respirou fundo ao ouvir as palavras da ruiva. Mal pôde acreditar no que escutou. Ela estava se culpando por tudo que estava havendo e aquilo não era justo. Não poderia deixar que ela pensasse tal absurdo. Claro que a culpa não era dela, e sim dele. Unicamente dele que ao invés de enfrentar o pai, prometeu que não se aproximaria mais da menina. Sentou-se a beira da cama de Rose, e acariciou lentamente seu rosto.

- A culpa não é sua, você não poderia me fazer mal algum, jamais! – Scorpius olhou para ela preocupado. Talvez pudesse ser sincero aquele momento, pois Rose estava sob o efeito de várias poções, então provavelmente não se lembraria de suas palavras no dia seguinte – Eu não posso mais ficar com você! Não me pergunte o motivo, só quero que saiba isso, eu não posso mais! Não se culpe por isso, não procure erros em suas atitudes, pois não vai encontrar...

- Então o que eu faço?

- Eu... Eu não sei!... – ele respondeu, enquanto limpava as lágrimas que escorriam pelo rosto da amada.

- Me beija! – ela pediu.

- Rose, eu acho melhor não, e...

- Por favor!

Scorpius, movido pelo desejo de beijá-la, resolveu acatar o pedido da ruiva e lentamente aproximou-se de seu rosto. Roçou seus lábios nos dela, e delicadamente a beijou. Naquele instante sentiu-se vivo novamente. Sentiu-se completo, estava com ela e percebeu que por mais promessas que fizesse a quem quer que fosse, nunca iria estar realmente longe dela. Controlou-se ao máximo para não aprofundar demais o beijo, afinal de contas a ruiva não estava bem, e não seria muito legal explicar a enfermeira o porque dele estar agarrando a paciente ao invés de somente observá-la.

- Scorpius, eu...

- Hora da sua poção! – Scorpius disse, assim que se afastou dela. Colocou o conteúdo do frasco em uma colher e deu para que Rose bebesse. Assim que a ruiva tomou, sentiu o sono começar a invadi-la. Provavelmente essa era uma daquelas poções que agem enquanto a pessoa dorme, e lentamente, apesar dela lutar, o sono começou a vencê-la...

- Eu amo você! – Rose disse antes de ser completamente vencida pelo sono.

- Eu também te amo! – Scorpius disse, antes de dar um breve beijo em seus lábios. Definitivamente, aqueles, eram os três dias mais longos de toda sua vida...







***




N/A: E aí meus amados leitores, o que acharam? Short curtinha, eu sei, mas foi o que eu havia pensado em colocar na fic e acabei cortando.

Entenderam agora o motivo da Rose estar tão triste aquele dia? Ela sofreu muito³³³ =/

Bom, espero que tenham gostado! E aguardem, pois tentarei escrever o último capítulo até o próximo sábado!

COMENTEM HEIN!!!

Amoooo vcs x3

Bjinhos

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.