O principe e a princesa

Era nosso sétimo ano em Hogwarts, após a batalha final eu, Rony e Harry voltamos à escola para terminarmos nossos estudos.

O clima no mundo bruxo era de total euforia graças a nossa vitória, e a partir de então nós três viramos verdadeiras celebridades: Mal podíamos colocar nossos pés pra fora dos dormitórios que já éramos abordados por inúmeros estudantes querendo autógrafos, fotos e mais um monte de coisas que eles inventavam de pedir.

No começo confesso que achei o máximo ser tratada como heroína, eu e meus amigos Rony e Harry até ganhamos figurinhas, daquelas que vem nos sapos de chocolate, com os nossos rostos (homenagem que Rony não parou de comentar durante um mês inteirinho!). Mas depois, quando a fama deixou de ser novidade, tudo isso logo perdeu completamente a graça e eu confesso que até invejei Harry algumas vezes, por ele ter uma capa de invisibilidade todinha pra ele e poder sumir quando quiser.

Eu e Rony continuamos naquele “vai não vai” que já é característica nossa, e, até então, ainda não tínhamos dado nosso primeiro beijo.

Eu gosto do Rony, na verdade, sempre gostei, desde pequena, desde os meus primeiros anos em Hogwarts, mas nunca tive coragem de dizer isso a ele, e, pra ser sincera, acho que ele sente o mesmo por mim.

Nós brigávamos muito, não sei se era por sermos tão diferentes, no que diz respeito a maneira de ser, ou por sermos tão parecidos, no que diz respeito aos sentimentos.

Bom, fosse o que fosse já não importava mais, pois a nossa situação mudaria completamente a partir daquela noite.

Era primavera, o clima era fresco e agradável e as flores, coloridas e perfumadas, enfeitavam o castelo e os campos ao redor dele.

Era noite e eu estava na sala comunal, estudando para os meus NIENs, estava realmente empenhada em conseguir o maior número de “Ótimos” possível, então, quando sentava para estudar era sinal de que só levantaria muitas horas depois, nada nem ninguém conseguia me tirar de lá, ou melhor, quase ninguém, pois naquela noite seria diferente, naquela noite eu iria viver o conto de fadas de sempre sonhei.

Já era bem tarde e a sala comunal estava quase vazia, habitada apenas por uma meia dúzia de pessoas aqui e ali. Eu estava compenetradíssima lendo meu livro Padrão de Feitiços- sétima série quando uma voz conhecida quebrou minha concentração:

-Psiu... Psiu! Mione! – ouvi Rony sussurrar

Levantei depressa os olhos, a procura do dono daquela voz, mas para minha surpresa, não havia ninguém ali. “Meu Merlin, a que ponto estou chegando? Agora além de sonhar estou ouvindo a voz do Rony”, “Tenho que parar de pensar tanto nesse ruivo, ando tão distraída que daqui a pouco periga eu estar assinando minhas provas como Ronald Weasley” pensei dando uma risada contida. Mas, quando fiz menção de voltar a ler meu livro, ouvi aquela voz mais uma vez:

-Mione... Aqui!

Apertei os olhos na direção da voz, na esperança de enxergar alguma coisa e, por uma fração de segundo, eu o vi: Corpo magro, mas nem tanto, delineado pelo quadribol (Rony era goleiro do time da Grifinória), vários centímetros mais alto que eu, cabelos ruivos bagunçados que caíam por cima de olhos profundamente azuis e um rosto qualhado de sardas. Ronald Weasley: Meu príncipe encantado.

Ele estava coberto pela capa de invisibilidade e parecia realmente empenhado em não ser visto por mais ninguém. Eu não entendi.

-Ron... – tentei começar a falar, mas ele me interrompeu

-Shhh... Não faz barulho... Entra aqui em baixo – ele me pediu em um tom de voz quase inaudível

-Mas...

-Shhh! Quer que todo mundo nos ouça? – ele me perguntou apontando para as pessoas que ainda habitavam a sala comunal - Depois eu te explico, vem logo!

Eu continuei sem entender. “O será que ele está querendo?” Mesmo assim, resolvi não contrariar. Larguei meus livros ali mesmo e pulei discretamente para dentro da capa.

Como nós já não éramos mais crianças, a capa de Harry era um pouco curta de mais pra nós dois, o que nos forçava a ficarmos bem agarradinhos. Pra ser sincera, eu bem que gostei.

Quando senti os braços de Rony me envolverem em uma espécie de abraço e me aconchegarem em seu peito, senti meu coração bater mais forte e minhas pernas bambearem de leve... Tá legal vai, eu admito, eu adorei!

-Abraça a minha cintura – ele me pediu ainda aos sussurros

-O que estamos... – tentei perguntar novamente enquanto passava meus braços ao redor da barriga dele

-Shhh... Vem comigo – ele limitou-se a me dizer, lançando um sorrisinho enigmático pra mim e se encaminhando para o buraco do retrato

-Ron, não podemos sair a essa hora! – eu sussurrei – Já é tarde, se nos pegarmos...

Ele se virou para mim, me encarou nos olhos, na mesma hora minha voz morreu.

-Você vai ou não vir comigo? – ele sussurrou já meio impaciente

Eu hesitei, dividida entre a vontade de ir e o fato de quebrar as regras. “O que eu estou dizendo?” “Se o Ron está me chamando... É claro que eu vou!”. Eu sorri em resposta e ele entendeu, retribuindo o meu sorriso.

Passamos pelo buraco do retrato e começamos a subir. Eu não fazia a menor idéia de onde estamos indo, mas isso estranhamente não estava me incomodando, só o fato de estar com Rony era o suficiente pra mim e eu deixava ele me guiar sem o menor problema.

Os corredores do castelo estavam desertos, devido ao adiantado da hora, e após alguns minutos de subida achei seguro perguntar:

-Para onde você está me levando? – sussurrei olhando para os lados para checar se não havia ninguém por ali

-Eu tenho uma coisa pra te mostrar – ele me disse com um misto de ansiedade e nervosismo na voz – Uma surpresa – completou sorrindo pra mim

Aquele sorriso me derreteu toda por dentro e me encheu de curiosidade também “O que será que ele tinha pra me mostrar?”. Não resisti e perguntei:

-O que é?

-Se eu te contar deixa de ser surpresa – me disse carinhoso

Eu dei um suspiro, que até hoje não sei bem ao certo se foi de impaciência ou de paixão, e continuei subindo.

Após uns quinze minutos de escadas e corredores sem fim eu finalmente percebi para onde ele estava me levando.

-O que tem na torre de astronomia? – perguntei curiosa

-Como você sabe que estamos indo pra lá? – ele me perguntou parecendo um pouco surpreso

-Até parece que você não me conhece né Rony, eu estudo aqui nesse colégio há sete anos, igualzinho a você. – eu disse dando uma risada

-Ok, ok, por um momento eu esqueci que estava falando com a super “sabe tudo” Hermione Granger – ele brincou

-Ron! – eu ralhei tentando parecer brava, mas foi inútil, ele me lançou mais um daqueles olhares (Um daqueles sabe? Que só o Rony sabe fazer) e eu não pude deixar de sorrir em resposta – Agora é sério, o que tem na torre de astronomia que você quer me mostrar? – eu perguntei morrendo de curiosidade

-Você já, já, vai saber

Curiosidade: Este é meu ponto fraco, e Rony sabia disso, sabia como me manter interessada, se bem que quando se trata de Rony Weasley eu SEMPRE vou estar interressada.

Finalmente chegamos ao topo da torre de astronomia, a mais alta do castelo, e só lá de cima eu pude perceber o quão estrelado estava o céu naquela noite.

-Nossa! – eu exclamei ao ver aquela imensidão de pontinhos prateados reluzirem na escuridão da noite

Estrelas: este é meu segundo ponto fraco, eu as adoro, pra mim, elas são a coisa mais magnífica de todo o universo.

Por um momento me esqueci da supressa, fiquei ali parada, observando-as por um longo tempo, como alguém que entra em transe, hipnotizada pelo brilho intenso que elas emanavam. Um barulho as minhas costas me despertou, virei pra trás rapidamente, como alguém que leva um susto, e me deparei com Rony estendendo alguma coisa no chão.

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