A Runa Desconhecida



. . . “Antes de se deitar ele enfiou a mão no bolso interno do casaco de viajem que estava usando, retirou o ultimo objeto que se encontrava lá, e o analisou por vários instantes: Uma pequena caixinha feita de rubi, com diversas runas gravadas na parte de cima.”

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Rony se olhava no espelho pela milésima vez na manhã. Vestiu-se com cuidado, sua melhor calça e sua melhor camiseta... E apesar do calor, o casaco de viagem.

“Eu sei que é só um almoço entre amigos... Mas não custa nada causar boa impressão não é mesmo?” dizia para si mesmo. Ele desceu apressado, e estava prestes a chegar ao jardim quando ouviu a voz da senhora Weasley saindo da cozinha.

- Onde você pensa que vai Ronald Weasley? – Ela disse aparecendo, o avental amassado com a varinha tombada no bolso da frente. – Você não vai a lugar nenhum com o braço enfaixado desse jeito! Você precisa descansar...

- Eu tenho umas coisas pra resolver mamãe...

- E vai sair sem almoçar? – Disse a matriarca com uma das sobrancelhas erguidas.

- Não se preocupe... – As orelhas de Rony coraram e ele desviou os olhos da mãe. – Eu vou almoçar com a Mione... - A mãe do garoto sorriu, e deu um aceno de cabeça ao filho antes de voltar à cozinha.
Rony seguiu até os jardins e aparatou num beco escuro, alguns passos depois se encontrava numa rua trouxa extremamente movimentada. Ele olhou ao redor por uns bons quinze minutos antes de encontrar o que procurava: Um pequeno prédio de cor perolada no finalzinho da rua.
Ele entrou cumprimentando uma família trouxa que subia as escadas, algum tempo depois estava no terceiro andar, de frente ao apartamento que procurava. Ele bateu timidamente na porta algumas vezes, até que ouviu a voz de Hermione dizendo um “já vai” do lado de dentro. Algum tempo depois Hermione abriu a porta, usava uma blusinha preta com alças pequenas e uma calça jeans. O ruivo percorreu com os olhos o corpo todo da garota, não de uma maneira vulgar, e sim com um desejo quase infantil.
Hermione ruborizou imediatamente quando reparou no olhar dele. Rony pareceu se dar conta de que encarava a garota sem dizer nada, e tratou de dizer alguma coisa. - Recebeu minha coruja essa manhã?

- Recebi sim... – respondeu a garota – Avisando que você iria me buscar aqui... Nem tive muito tempo pra me arrumar...

- Você está linda assim... – Quando Rony percebeu o que havia dito, suas orelhas atingiram um tom avermelhado intenso. Ela também sentiu um calor na face, e teve certeza de que estava vermelha.

“Assim fica difícil me eu manter afastada Rony...” Pensou Hermione, decidindo que deveria mudar depressa de assunto. – Então? Aonde vamos almoçar?

Rony coçou a cabeça com a mão que não estava enfaixada, lançou um sorriso torto típico – Espero que você não se importe, mas eu adoraria comer no Três Vassouras... Faz muito tempo desde a ultima vez em que estive lá...

Ela assentiu com a cabeça, trancou a porta e os dois saíram do prédio. E assim ambos foram andando pela movimentada Rua de Londres em direção a o beco de onde Rony havia vindo; Assim eles aparatariam em Hogsmead. Ambos se sentindo realmente, realmente estranhos. Era esquisito estarem assim tão perto um do outro como se nada tivesse acontecido. Andaram alguns minutos sob aquele incomodo silêncio. Rony com as mãos enfiadas nos bolsos, lançando olhares de esguelha para Hermione. Ele estava perdido em devaneios, o destino havia lhes pregado uma grande peça. Como podiam ser tão cínicos a ponto de fingirem que nada havia acontecido? Já havia se passado tanto tempo... Tempo suficiente para esquecer a magoa, então porque ainda sentia dor ao pensar nos dias do passado? Ele ainda pensava na época de namoro dos dois, ele ainda lembrava da época de Hogwarts dos dois... Mas esses pensamentos sempre o faziam lembrar como tudo havia acabado.

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Harry abriu os olhos lentamente, piscou varias vezes tentando focalizar o quarto. O Cheiro floral dos cabelos de Gina encheu as narinas dele, e ele sorriu bobamente ao se lembrar da noite anterior. Ela ainda dormia um sono tranqüilo envolta pelos braços de Harry. Ele se levantou com cuidado e plantou um beijo na testa da esposa, vestiu uma calça qualquer e os óculos, e seguiu escada abaixo em direção a cozinha, desviando-se das diversas roupas jogadas de qualquer maneira no chão do quarto.

- Bom dia meu Senhor – Disse Monstro, fazendo uma reverencia quando Harry entrou na cozinha.

- Bom dia... – O moreno respondeu – Monstro, prepare alguma coisa para o café, eu vou levar para a Gina lá em cima...

- Sim meu Senhor. – Monstro disse alegremente enquanto preparava o café. Dentro de alguns minutos ele havia produzido uma gostosa refeição. Harry agradeceu, e desajeitado levou a comida para cima numa bandeja de prata. Ele deixou a bandeja próxima à esposa na cama, e se sentou na beirada, de frente para ela. Com delicadeza ele afastou uma das mechas ruivas do rosto de Gina, ela suspirou e piscou varias vezes.

- Bom dia dorminhoca. – Disse Harry ainda admirando a beleza da esposa.

- Bom dia... – Ela respondeu com a voz fraca.

- Eu te trouxe o café... – Ele apontou a bandeja de prata ao lado dela. Ela sorriu e puxou o marido pela nuca, para um beijo, um pequeno encontro de lábios. Os dois ainda tinham um sorriso maroto brincando no rosto quando se afastaram.

- Sabe... – Harry começou a dizer enquanto a ruiva ia se servindo do café – Hoje eu não vou trabalhar... Talvez pudéssemos fazer alguma coisa, quando você chegar da loja... Faz tanto tempo que não saímos juntos... Podíamos sair para jantar...

Ela assentiu com a cabeça – Eu adoraria... Você pode passar na loja e me buscar? – Ela começou a atacar vorazmente a comida, e Harry não pode deixar de pensar que talvez o apetite fosse uma coisa genética dos Weasley.

- Claro... – Uma batida tímida na porta do quarto fez com que Harry parasse de falar. – Entre...

- Meu Senhor... – Monstro enfiou a cabeça pela porta, as orelhas caídas de morcego balançando – Têm vistas para o Senhor lá embaixo...

- Visitas? – Harry perguntou confuso, não era costume aparecer alguem no Largo Grimauld sem aviso, ainda mais num domingo. Ele olhou para Gina, que estava com umas das sobrancelhas erguidas e uma expressão confusa igual à dele próprio. – Diga que vou recebê-los num instante. Vestiu-se de qualquer maneira, deu mais um beijo na esposa e desceu as escadas, somente para encontrar Nigel Benjamin, um rapaz alto e magro, com um longo cabelo loiro brilhante, com o qual ele trabalhava na sessão de Aurores, esperando na sala com uma expressão preocupada no rosto.

- Nigel? – Harry disse – Aconteceu alguma coisa?

- Infelizmente sim... – Ele respirou profundamente, Harry notou que ele aparentava estar extremamente cansado. – Precisamos de você no escritório imediatamente...

- O que houve? – Harry perguntou preocupado.

- Não seria prudente falar sobre isso aqui... – Ele olhou para os lados, como se procurasse alguém – Seria melhor se você visse por você mesmo Harry...

- Ok... – Ele assentiu com a cabeça – Me de só um instante... Nigel concordou, e se sentou num sofá para esperar. Harry subiu rapidamente para o quarto, Gina ainda comia a comida da bandeja.

- Problemas no escritório... – Harry disse se dirigindo ao banheiro – Tenho que ir até lá imediatamente...

O rosto da ruiva se encheu em desapontamento. – Mas hoje é domingo! – Ela falou de uma maneira que a fez parecer com uma garotinha pidona.

- Eu sei meu amor... – Ele se aproximou e deu um selinho na esposa – Eu vou tentar sair de lá cedo... Nós podemos jantar durante noite...

- Tudo bem... – Ela falou ainda com cara de pidona.

Harry tomou um banho rápido e vestiu depressa algumas roupas limpas. Desceu as escadas indicando para Nigel que já estava pronto. Ele fez menção a usar a lareira, chegar ao ministério usando pó de flú... Mas Nigel o impediu.

- Não vamos usar pó de flú... – Ele disse enquanto os dois saiam da casa. – Vamos aparatar direto para o lugar... – Ele estendeu a mão para Harry, olhou para a rua diversas vezes, como não havia sinal de trouxas, aparataram.

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Hermione observava distraidamente Rony comendo atrapalhadamente devido ao braço enfaixado. Ela já estava satisfeita; o ruivo porem, não pode deixar de repetir a refeição três vezes. O almoço havia sido relativamente bom, haviam passado a maior parte do tempo relembrando os tempos de Hogwarts, fazendo piadas bobas um com o outro, agindo como... Amigos.
“Amigos” ela pensou. “É estranho... depois de tudo, apenas amigos”.
Ela pensou na amizade dos dois, Rony sempre fora seu completo oposto, mas isso jamais foi um problema, muito pelo contrario, Rony a completava. Ela se lembrou do fim da guerra, de namoro dos dois, que durou um ano... Rony era o único capaz de fazê-la perder a razão, e deixar-se guiar pela emoção.

- Que foi Mione? Por que esse sorriso? – O ruivo havia notado o olhar dela sobre ele, e o sorriso bobo no rosto da garota.

- Você – Disse a garota antes que pudesse se conter – Quero dizer... Tem uma sujeira da comida na sua bochecha... Rony levou a mão depressa em direção a face.

- Do outro lado Rony... – Riu Hermione, quando o ruivo esfregou a bochecha errada com o indicador – Deixa-me fazer isso...

Ela se aproximou com a mão estendida. Lentamente ela esfregou usando o polegar uma mancha de molho próxima à boca do ruivo.
Rony sentiu o toque de Mione. Era como gelo, ao mesmo tempo como fogo... As maos da garota estavam frias, mas faziam o corpo inteiro dele queimar. Eles se encararam, e foi como se Hermione tivesse acabado de perceber o que estava fazendo. Ela sentiu um calor subir-lhe pelo pescoço, afastou a mão depressa e olhou imediatamente em outra direção. Rony ficou por alguns instantes, estático, sem perceber havia levado a mão ao lugar onde a garota o havia acabado de tocar.

- Mione... – O ruivo disse um tempo depois, Hermione arriscou um olhar rápido para ele, e viu que ele procurava alguma coisa no bolso interno do casaco – Tem um motivo pelo qual eu te chamei para almoçar hoje... Eu preciso da sua ajuda.
Hermione agora observava intrigada, Rony havia tirado uma caixinha vermelha de dentro do bolso, ele olhou diversas vezes por toda a extensão do Três Vassouras antes de entregar a caixa nas mãos dela. - Tem runas na parte de cima da tampa... Eu não tenho idéia do que significam – Ele olhou novamente em todas as direções – Como você é a pessoa que eu conheço que entende melhor de runas e a única a quem eu confiaria isso, achei que deveria te mostrar...

- Rony... O que é isso? – Ela observava atentamente a caixinha nas mãos dela, perfeitamente quadrada, feita totalmente de rubi, a tampa fortemente lacrada por magia.

- Consegui isso numa viagem... Faz parte de um caso que estou resolvendo na sessão de Aurores...

Hermione começou a analisar as runas talhadas na tampa da caixinha, ela nunca havia visto símbolos como esses antes, especialmente um que lembrava um circulo com um sete invertido no meio. Rony observava não a caixa, mas sim a garota. Hermione tinha o cenho franzido, e mordia levemente o lábio inferior, exatamente da mesma maneira como ela costumava fazer quando se concentrava na leitura de algum livro de Hogwarts... Da mesma maneira que Rony costumava achar irresistível.

- Rony? – Hermione o chamou – Você me ouviu? Como se tivesse acabado de acordar de um transe, ele percebeu que Hermione falava com ele.

- Desculpe, me distrai... O que você disse?

- Vou precisar do meu silabário para traduzir isso... Podemos ir até minha casa e traduzir isso agora...

Mas a atenção de Rony estava voltada para um casal que acabara de entrar no Três Vassouras. O homem era moreno e forte, era pouco mais alto que Rony; e a barba por fazer lhe dava um tom ameaçador. A mulher que o acompanhava era baixa e extremamente magra tiha olhos azuis vivos e um longo cabelo loiro que esvoaçava enquanto ela andava. De certa forma ela lembrava uma das primas Veela de Fleur.

- Esconda a caixa Mione... – Ele disse levando o braço enfaixado para dentro das vestes, onde Hermione sabia se encontrava a varinha de Rony. Ela empurrou a caixa para dentro do bolso da jeans, mas era tarde de mais.
A loira havia visto a caixinha vermelha, e já estava sacando a varinha.

- ESTUPEFAÇA! – berrou Rony mais rápido que ela. A loira foi atingida no meio do peito pelo feitiço, ela voou pelo ar derrubando varias mesas, e atingiu a parede ao fundo, deslizou desmaiada para o chão em seguida.
O que aconteceu em seguida foi muito rápido. Rony se atirou sobre Hermione no mesmo momento em que o homem disparou diversos lampejos verdes em direção aos dois, errando por pouco. - BOMBARDA! – o ruivo gritou, fazendo uma das mesas próximas explodir em vários pedaços. Isso fez com que o homem se distraísse, se aproveitando disso, Rony segurou Hermione firmemente pela cintura e correu em direção a uma das janelas do Três Vassouras. Com um salto eles atravessaram a janela em direção da rua de Hogsmead, eles caíram pesadamente sobre os estilhaços de vidro, Rony se ergueu velozmente, ele ainda segurava firmemente cintura de Hermione.
- Temos que sair daqui! – Ele disse desesperadamente. Eles começaram a correr, o homem reapareceu na janela que havia sido quebrada, apontando a varinha diretamente para os dois ele disse:

- Avada Kedavra! Ao mesmo tempo os dois se jogaram no chão. O feitiço passou direto por eles, acertando uma cerca que explodiu em vários pedaços em todas as direções. O grito de dor vindo de Rony foi a ultima coisa que Hermione escutou antes de aparatar.

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Harry correu os olhos pelos moveis quebrados da mansão onde se encontrava. Haviam pedaços de papel amassados, gavetas retiradas de suas cômodas, as cortinas haviam sido rasgadas e todos os quadros haviam sido retirados das paredes.

- O que aconteceu aqui? – Harry perguntou a Nigel que caminhava ao lado dele.

- Alguém invadiu a essa casa e fez essa bagunça... – ele indicou o andar de cima – O problema de verdade está no escritório... Quem quer que tenha invadido a casa, matou alguém lá em cima... O corpo ainda está lá em cima, o pessoal do departamento achou que seria melhor você dar uma olhada antes de removerem.

Harry ficou muito sério e começou a subir as escadas com Nigel. – Já sabem quem era o dono dessa casa?

- Não... Mas já tem um grupo de Aurores verificando esse endereço no ministério...

Por todos os quartos pelos quais eles passavam Harry notava a mesma bagunça dos cômodos anteriores. - Quem quer que tenha feito isso estava procurando alguma coisa... – Disse mais para si mesmo do que para Nigel – Vocês têm idéia de quem poderia invadir isso e matar o dono?

- Todos no escritório acreditam que seja obra de algum dos comensais que ainda estão foragidos...

Harry respirou fundo. Odiava a idéia de que ainda havia seguidores de Voldemort a solta, mas era fato que diversos deles haviam fugido e se escondido após a queda do bruxo durante a batalha de Hogwarts há quase cinco anos atrás.
Quando Nigel abriu a porta do escritório Harry não pode evitar se espantar, o corpo estava sem a camisa, vários cortes fundos espalhados pelo peito dele.

- Parece que ele foi torturado antes de morrer... – Nigel falou baixo. A mente de Harry trabalhava rápido. Fazia total sentido, alguém invadiu a casa a procura de alguma coisa, havia torturado a vitima para fazê-la falar onde estava. Talvez ele não tenha dito por isso morreu... Talvez tenha dito, e foi eliminado para não deixar pistas.
Harry desviou os olhos do cadáver para observar melhor o escritório.

- O que é isso? – Disse ele apontando para a parede.

- Ninguém sabe... - Nigel assentiu - Tem um grupo de Aurores tentando descobrir o que isso significa.

Na parede, gravado a fogo, um símbolo que Harry jamais vira na vida: Um circulo com um sete invertido no centro.

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