Pequeno Príncipe



Pequeno Príncipe


Ter você em meus sonhos

Escolhas fazem parte do momento. Em alguns, permite-se pensar; em outros, permite-se unicamente agir.
Ela teve de agir.
Amar não é exatamente ter de sempre beijar alguém à boca e imaginar um futuro de vida à dois.
Amar pode ser apenas olhar e sentir uma explosão, ascendente, dentro do corpo só com um pequeno toque. Um toque de cinco dedinhos de falanges minúsculas. O toque de Harry.
As mãozinhas esticadas para o alto, os olhos grandes, tão verdes como os seus, um sorriso banguela, bochechinhas rosadas e o rosto melecado de papinha. James podia até reclamar, dizer que aquele treco não era saudável para a aparência do filho.
Mas ele não entende.
Ele é incapaz de compreender que aquela visão era magnífica. Ver ao seu filho, sentado da cadeirinha, todo lambuzado, sorridente e pedindo por colo, era a única imagem que poderia querer guardar dentro da memória.
Um laço maior há entre mãe e filho – ou mamã, como o pequenininho já balbuciava. Um laço mais resistente que aquele criado quando Harry era impassível de ser tocado por ela. Meu pequeno Harry.
“Ele falou papa!”
James sempre ao lado, a tirar fotos e mais fotos, a querer ouvir qualquer sinal de sílabas desconexas que pudessem sugerir que chamava pelo pai. Mas não. Harry só conseguia esticar os bracinhos gordinhos e com algumas dobrinhas para ela.
“Ele sempre falou ‘papá’, querido – e sabemos bem que isso significa comida.”
James sempre cruzava os braços e fazia bico quando ouvia aquela resposta. Ela, sorria. Não, queria sempre ter aqueles momentos em si. Os momentos em que James mostrava ciúmes e amor.
Me falando coisas de amor

Amar alguém, um amor preso à essência, querendo ou não, é um amor mais forte – que não corre riscos de rompimentos ou findos. Esse amor é a única explicação para as escolhas.
Ela escolheu prevalecer viva nesse amor.
“Ele já dormiu?”
Apenas meneou a cabeça, ainda embalada no ritmo constante da grande poltrona branca. Sorria, abertamente, sentindo a respiração lenta e compassada sobre o peito, os dedinhos tocando-a levemente, como plumas que apenas roçam na pele e causam cócegas.
Cócegas de seu menininho.
Harry já estava crescendo. Em pouco tempo teria um ano, já estava querendo a andar, já queria correr atrás dela. Sempre dela.
Tão pequeninho e tão habilidoso em fazer seu coração pulsar de alegria sem mudar os impulsos. Habilidoso em fazê-la sorrir belamente, encantando o marido, os amigos, a si mesma.
O pedaço que faltava para completar sua vida. Agora pertencia a ele, e sempre teria de senti-lo pertencente a si.
Se antes acreditava que existia um príncipe a sua espera, agora já não ligava mais para ele. Acreditava, de forma tão pura, que uma mulher só poderia ansiar por aquele momento: o exato momento em que se sentiria fragilmente forte, para proteger, tocar, ninar um filho.
Um filhinho... filho seu e de James, seu príncipe encantado.
Ambos príncipes encantados – encantados por ela.
James olhava-a com um brilho diferente presos aos orbes castanho-esverdeados enquanto ela mimava o seu pequeno príncipe. E ele, seu anjinho, olhava-a como se só existisse ela no mundo: a sua mamã.

Só para ter você nos meus sonhos

Amor como aquele que sentia era apenas parte dos outros sentimentos que surgiam. Ou seria que o amor era o conjunto deles? – Não importava. De uma forma ou de outra, a sensação era boa.
Sensação de ser eterna.
“Deixa que eu vou.”
“Não, amor.”, debruçou-se sobre o marido e encostou os lábios aos dele. “Eu vou”.
Ao adentrar o quarto exatamente ao lado do seu, o choro cessou-se. Ele equilibrou-se nas grades do berço e arregalou suas esmeraldas cintilantes. “Mamã! Mamã!”, chamava, esticando um dos bracinhos.
Ascendeu a luz.
Não soube se queria ou se era o efeito do pequeno sobre si. Mas quando o viu sorrir-lhe com dois dentinhos ponteando as gengivas avermelhadas, o seu sorriso foi apenas conseqüência já inerente.
Segurou-o no colo e sentiu a cabecinha castanha pousar sobre seu ombro. Os bracinhos gordinhos cingiram seu pescoço e o cheiro de neném invadiu-lhe a alma.
“Ué?! Cadê o xixi desse neném?”, riu com o mimo do menininho. “Já ‘tá aprendendo a fazer manha como o papai, é?”.
Tê-lo consigo era... plenitude.
“A mamãe te ama, Harry.”
“Ama mamã.”
para ter você nos meus sonhos.

Lilyyyy!!!!”
Ela não teve tempo para pensar. Apenas para se perpetuar no coração do seu pequeno príncipe encantado.




Relaçãoes entre mães e filhos sempre me encantou exatamente por eu não conseguir entender como esse laço nasce, fortalece e concretiza sem nunca se romper de fato.
É lindo e intenso.
Lily & Harry.

E aí, o que acharam? Mereço uma review?

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