Cicatrizes de Guerra

Cicatrizes de Guerra



Ah! O riso... remédio infalível contra a tristeza, inclusive contra as dores da guerra. Mesmo penalizados como estavam, Harry, Rony e Hermione realmente precisavam ter tido aquele ataque de gargalhada logo depois que Harry pegou Rony e Hermione novamente agarrados.

Mas isso não significou que o dia foi fácil... eles tinham dormido a maior parte do dia da Vitória, pois tinham ido se deitar quando o dia raiava alto e acordaram tão tarde que, na verdade, já estava na hora de dormir. Pediram mais comida para Monstro e tombaram na cama.

Porém, finalmente descansados e saindo do dormitório dos garotos, eles descobriram que muitas coisas tinham acontecido no dia anterior... os mortos tinham sido entregues aos familiares; pessoas do Ministério estavam restaurando as partes desabadas ou destruídas de Hogwarts, outras pessoas prestavam depoimentos para outros oficiais; criaturas como gigantes e dementadores tinham sido recolhidas; Kingsley Shacklebolt já se tornara Ministro da Magia oficial e não mais interino; logo Minerva McGonagall foi nomeada a nova Diretora de Hogwarts, para a alegria e exultação dos milhares de estudantes e fãs que já estavam clamando por sua nomeação, e assim o prof. Flitwick tinha sido nomeado vice-diretor da escola; a cada momento novas capturas eram anunciadas e Azkaban já não estava “protegida” por dementadores, assim como tão pouco abrigava prisioneiros inocentes como Xenofílo Lovegood. Muitos curandeiros do St Mungus tinham sido chamados para auxiliar Madame Pomfrey a cuidar dos feridos que enchiam sua ala hospitalar. A maioria dos mortos e desaparecidos já tinham sido identificados e um memorial muito bonito estava sendo construído nos jardins da escola com os nomes de todos os heróis da Batalha de Hogwarts, os heróis sobreviventes e os heróis que tinham dado suas vidas na guerra.

De uma forma geral, as pessoas trabalhavam não apenas para voltarem a ter a vida normal, mas também para estabelecer a paz que Harry conquistara, acabando com Voldemort de uma vez por todas.

Descendo os degraus que levavam à sala Comunal da Grifinória, o trio se deparou com Gina, que lhes deu um largo sorriso indo ao seu encontro.

- Oi. – disse ela, meio vacilante – Mamãe tem dito a todos para que não os acordassem, que vocês tinham conquistado o direito de acordar e descerem na hora certa, quando quisessem. – ela contou. E então, no momento seguinte, Harry a abraçava forte e ela o abraçava de volta, ambos de olhos fechados, e Harry disse num sussurro bem audível “Eu tive tantas saudades...”. E, eles não sabem bem como, mas de repente os quatro estavam fortemente abraçados.

Depois de um momento ou dois, ou então depois de quatro lindos momentos, eles se separaram e foram tomar café-da-manhã.

- Papai, mamãe. Jorge e Percy estão em casa resolvendo algumas coisas. – contou Gina, muito abalada – Eles nos esperam depois da hora do almoço para irmos todos juntos ao cemitério de Ottery St. Catchpole aonde vamos... sabe... – lágrimas escorreram livremente de seus olhos – Onde vamos... faremos o funeral de Fred, Remus e Tonks. Eles serão enterrados lá.

Algumas horas depois, os quatro irrompiam na lareira d’A Toca, depois de uma manhã cheia onde deram seus depoimentos e visitaram os feridos. Era a primeira vez que o trio pisava n’A Toca desde o casamento de Gui e Fleur... mas mal tiveram tempo de dar uma boa olhada na cozinha tão carinhosamente familiar, quando Molly os puxou para um forte abraço ao mesmo tempo, beijando repetidamente as faces dos três, abençoando-os eternamente. Finalmente, depois de declarar que os três teriam que revelar, na hora propícia, por onde andaram e o que fizeram esse tempo todo, Molly sossegou e os deixou a sós na sala vazia, subindo a escada.

- Acho que Jorge está lá em cima no quaro deles... – disse Gina num fiapinho de voz, como se tentasse controlar o choro.

Rony, que estava abraçado com Hermione no sofá, se desembaraçou carinhosamente dela e, levantando-se, anunciou:

- Vou subir lá e ver como ele está.

Rony subiu a escada e parou na porta do quarto que costumava ser dos gêmeos. Ouviu soluços descontrolados e, por um momento, pensou em voltar pra sala, mas respirando fundo bateu na porta e entrou.

Jorge estava deitado na cama de Fred e chorava tanto que parecia uma criança, tinha os olhos vermelhos e murmurava palavras incoerentes. Rony realmente se assustou pois jamais sonhara em ver seu irmão naquele estado e teve a sensação de que invadia a privacidade dele, mas por outro lado, ele mesmo estava precisando de todo o seu auto-controle para não cair no choro exatamente como Jorge.

Rony, de súbito, se lembrou da breve hora que Voldemort concedera à Hogwarts para que cuidassem de seus feridos. Naquela ocasião, o pesar da família tinha sido muito intenso e Jorge estivera em choque, sem dizer uma única palavra. Parecia, então, que o fato tinha penetrado em seu irmão finalmente. Na ocasião, o rapaz simplesmente ficara no chão de joelhos, com a cabeça de Fred em seu colo, enquanto Molly Weasley soluçava sem consolo, debruçada sobre o corpo de seu filho.

Jorge fez um movimento, parando com os soluços instantaneamente ao ver Rony e se ergueu, sentando-se na cama. Rony caminhou lentamente até a cama de Fred e se sentou ao lado de Jorge. Eles não se encararam nem por um segundo inteiro, pois logo se abraçaram muito forte e Jorge soluçou no ombro do irmão. Rony sentiu que as lágrimas também corriam soltas de seus olhos agora e ele deu umas palmadinhas carinhosas no ombro de Jorge.

Eles ficaram assim por muito tempo, ambos se permitindo demonstrar o sofrimento naquela hora. Rony, talvez mais consciente do que Jorge naquele momento, se pegou pensando o quanto amava seus irmãos e como os gêmeos tinham sido seus “heróis” por tantas vezes, mesmo apesar das implicâncias, por serem seus brincalhões irmãos mais velhos que sempre se davam bem em tudo. Abraçou Jorge mais forte, de repente.

Alguns minutos depois a porta tornou a bater e Gina entrou, deixando a porta abeta ao passar. Ela tinha o rosto molhado de lágrimas e se encaminhou em linha reta até os irmãos, que se separaram lentamente. Jorge fez sinal para que Gina sentasse em seu colo e a garota obedeceu, abraçando o irmão. E bem naquele momento, Molly Weasley passou pela porta aberta e viu seus três filhos mais novos abraçados, juntos no pesar.

Ela entrou no quarto e, com os olhos cheios de lágrimas, abraçou e beijou os filhos.

- Sabem... – disse ela, no meio dos três – Essa noite eu não dormi e fiquei pensando... ser mãe em tempo integral foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Se eu tivesse um vira-tempo e pudesse voltar mil vezes no passado, mil vezes teria feito da minha vida o que ela se transformou.

“Sempre sonhei em ser mãe... acho que eu tinha 9 anos quando a idéia passou pela primeira vez em minha cabeça, embora é claro, eu não soubesse...” – Molly deu uma risada vacilante – “... na época, que ser mãe nos proporciona os melhores e mais felizes momentos de nossas vidas. Isso sem contar no amor indizível que é o mor de uma mãe por seus filhos.

“Ah! Eu sou abençoada... tive sete filhos absolutamente lindos e incríveis... cheios de sonhos, ideais e objetivos. Cada um de vocês me proporcionou mais orgulho do que é possível caber dentro de meu coração... a menos que seja levado em conta o quanto o meu coração aumentou de tamanho com o nascimento de cada um de vocês.

“ Uma mãe jamais pode superar totalmente o que é a perda de um filho.” – disse Molly, subitamente se entregando novamente as lágrimas – “Quando você e Fred nasceram” – continuou, fazendo um carinho no rosto de Jorge – “Foi um dia cansativo pelo parto duplo, mas foi um dia duplamente alegre, radioso e abençoado...e meu coração foi duplamente inchado pelo amor em dobro... oh! Sinto que arrancaram uma parte de mim!” – soluçou Molly, chorando copiosamente, enquanto os filhos a abraçavam.

- Porém – continuou ela, mais controlada – eu cheguei na conclusão que onde Fred estiver agora, ele não aprovaria toda a nossa dor... era ele quem sempre tinha uma piada na ponta da língua para descontrair o ambiente. Ah! Meu Freddy... Fredinho querido! Morreu lutando pelos seus ideais, me fazendo mais orgulhosa do que sou capaz de expressar. – e Molly caiu no choro novamente, tremendo todo o corpo.

Quando a tarde estava descendo, bem na hora em que os raios de sol tingiam de vermelho e laranja o céu ainda azul claro no alto, o cemitério do povoado de St Cachpole estava cheio. Molly, Arthur, Percy, Gui, Fleur, Sr e Sra. Delacour, Gabrielle, Carlinhos, Jorge, Gina, Harry, Ronny, Hermione, Hagrid, McGonagall, Andromeda Tonks com Teddy Lupin nos braços, Luna e o Sr Lovegood (ainda abalado pela temporada em Azkaban e pela destruição parcial de sua casa), Neville e sua avó, Kingsley Shaklebolt, Lino Jordan, Angelina Johnson e cerca de um dúzia de outros amigos e/ou admiradores de Fred, Lupin ou Tonks, entre os quais Vera, a ajudante da loja Gemialidades Weasley, estavam escutando um certo homenzinho bufonídeo falar o quanto era doloroso perder aqueles três guerreiros que tinham lutado por uma vida melhor para todos lá presentes.

Enquanto o homem falava, soluços ainda eram audíveis e muitas lágrimas ainda escorriam pelas faces de todos. Quando o homem terminou e os caixões desceram para suas covas, algumas flores mergulharam junto com eles e, com mágica, os caixões foram enterrados. Com um repentino fogaréu triplo, três lajes apareceram lado a lado.

Aos poucos os presentes foram se dispersando e, num canto, a Sra Tonks brincava com o neto em seu colo, apesar da fisionomia triste, enquanto conversava com Augusta Longbottom.

- Ah querida, meus sinceros pêsames. – dizia Augusta Longbottom – Eu ouvi dizer que esse ano foi difícil pra você e, não faz muito tempo, seu marido também morreu... mas acredite em mim, um dia eu me vi sozinha com um bebê pra criar como você. Eu ainda era casada, mas meu esposo morreu pouco depois. Sabe, meu filho e a mulher Alice foram torturados até enlouquecer por uns Comensais da Morte na época que Você-Sabe-Quem caiu pela primeira vez. E meu neto tinha pouco mais de um ano de vida.

- Eu... e-eu ouvi falar disso. – disse Andromeda, tentando controlar a voz e o choro – Mas... imagino... bem... pelo menos eles me deixaram esse presentinho, sabe... uma razão para continuar a viver e ter esperanças.

- É claro. – replicou Sra. Longbottom – Isso vale por tudo. Nesta guerra, por exemplo, meu neto me deu tanto orgulho quanto meu querido filho. E eu tenho certeza que, se Frank e Alice estivessem em condições de entender o que aconteceu, se encheriam de orgulho de Neville também.

- É... você tem razão... somos mães de heróis. – disse Andromeda meio sonhadora. – Sabe... pelos depoimentos, descobriram que a assassina de minha filha foi Bellatrix Lestrange – o rosto de Andromeda Tonks de repente ficou meio selvagem – minha desprezível irmã! A mesma que matou meu querido primo há uns dois anos...

- Eu sei quem ela é... foi a quem mais gostou de torturar meu filho e minha nora. – comentou Augusta, numa voz fria.

- Jura? – exclamou Andromeda – eu... eu não sabia.

- Não se sinta responsabilizada. – disse Augusta carinhosamente, sem se deixar enganar pelo tom da Sra. Tonks. – Você e aquele abutre são a prova viva de que a verdadeira família é aquela com a qual temos laços de carinho e amor... e não o sangue. – e a Sra. Tonks sorriu lagrimosa, a Sra. Longbottom continuou – E, pelo que soube, Bellatrix não poderá mais despedaçar famílias.

As duas mulheres olharam em direção a Molly Weasley, que estava cercada pelos filhos.

- E, além de parte de mim estar grata e aliviada, sentindo que devo algo à Sra. Weasley em troca – começou Andromeda – agora vamos ter, talvez, uma relação maior de amizade. Sabe, meu genro era muito amigo de Potter e seus dois melhores amigos... um deles, o garoto ruivo, é filho dela. E parece que o próprio Potter é como se fosse filho dela... o fato é que Potter é padrinho de meu neto. – concluiu ela, cheia de orgulho.

Um pouco antes do funeral, quando as pessoas estavam chegando ao cemitério, Harry, Rony e Hermione perceberam Andromeda Tonks chegando com um bebê de cabelos roxo-azulados e foram ao encontro dela.

- Sra. Tonks, boa tarde – disse Harry – Não sei se a senhora lembra de mim, mas eu sou...

- Harry Potter. – completou a bruxa por ele – Todo o mundo o conhece, Sr Potter. – e ela estendeu a mão. – Sr Weasley – cumprimentou ela, apertando a mão de Rony – Srta Granger - cumprimentou ela, apertando a mão de Hermione e concluiu – Hoje em dia estão tão famosos quanto Harry Potter.

- Sra. Tonks... – começou Hermione.

- Oh queridos, me chamem de Andromeda, por favor.

- Claro, er... Andromeda – continuou Hermione – nós... er... conhecíamos Remus e Dora... e os amávamos muito mesmo.

- Querida, os dois falavam muito de vocês três, tenho certeza que eram todos muito amigos. – comentou Andromeda com os olhos marejados.

- Sra. Tonks... quero dizer, Andromeda – disse Harry - Remus Lupin foi um dos melhores amigos de meu pai.

- E Dora costumava nos divertir muito. – completou Rony – Muito brincalhona e engraçada.

Houve uma pausa tristonha.

- Eu... er... posso pegá-lo um pouquinho? – perguntou Hermione, indicando o bebê nos braços da Sra. Tonks.

- Mas é claro. – disse Andromeda, oferecendo o bebê para a moça. – Afinal, agora vocês são... er... por falta de uma palavra melhor... tios dele, não é?

- Eu sou o padrinho. – disse Harry, com um quê de orgulho na voz, se debruçando em cima de Hermione para ver melhor o pacotinho que ela segurava.

- Sim, eu sei. – respondeu a senhora.

- É tão fofo e bonitinho, né? – comentou Rony, que também se debruçava sobre Hermione pra vê-lo melhor.

O comentário de Rony fez Hermione levantar os olhos para ele, cheia de amor e ela fez menção de falar, mas naquele momento, Gina apareceu com uma máquina fotográfica bruxa e disse:

- Ai gente, essa pose está linda, eu preciso bater uma foto. Olhem pra cá. – e assim a primeira foto do trio com Ted Lupin foi batida.

- Quer segurá-lo um pouco? – ofereceu Hermione para Rony, de repente.

- Q-quê? – perguntou ele – E-eu?

- É claro, Rony, com cuidado. – foi dizendo Hermione, depositando o menino nos braços desajeitados de Rony que se inclinava para receber o bebê.

- Oh... olha o titio aqui! – disse Rony, quando o bebê estava em seu colo.

Andromeda, Gina, Harry e Hermione riram. E então, o bebê deu uma risadinha. Todos se derreteram.

- Oh... – suspiraram.


Enquanto a Sra. Longbottom e a Sra. Tonks conversavam depois do funeral, os filhos de Molly foram se afastando aos poucos, até que ficou somente o Rony e a Sra. Weasley. A boa senhora via lágrimas escorrer pelo rosto do filho e o puxou para um forte abraço. Depois de um momento abraçados, Sra. Weasley sussurrou para o filho:

- Roniquinho, meu amor... mamãe teve tantas, mais tantas saudades.

- Eu também, mamãe... – murmurou Rony, meio sem graça – muitas saudades da senhora.

- Eu estou tão orgulhosa de tudo o que você tem feito. – suspirou Molly, quando eles se separaram. Rony olhou para o chão. – Eu não aprovei que vocês fugissem do casamento de Gui daquele jeito, mas você me orgulhou muito por ter estado com o Harry o tempo todo, lutando contra as Artes das Trevas tão corajosamente.

Rony estava apenas conseguindo se lembrar de ter abandonado Harry e Hermione no acampamento. Não estava suportando as palavras da mãe. Mas Molly continuou falando.

- Querido, eu te amo tanto... você me fez a mãe mais orgulhosa do mundo! Nem acredito como você cresceu... ainda ontem você era meu bebê.

- Mamãe! – disse Rony envergonhado – Eu não sou tudo isso que a senhora acha de mim... e-eu... – ele se interrompeu, será que pretendera por um minuto se quer em contar pra mãe que tinha abandonado os amigos?

- Você é sim, Rony. – disse Molly – Você é mais corajoso e bom do que admite. Independente de suas falhas, filho.

- F-falhas, mamãe?

- Sim. Você se prende, muitas vezes, àquilo que você não gosta em si mesmo. Já pensou em se olhar no espelho e ver quanta coisa linda você tem? – Molly não esperou resposta – Provavelmente o seu maior defeito é o ciúmes, querido. – concluiu ela, rindo e acariciando o rosto do filho. Rony tornou a olhar para o chão. – Lembro-me que você tinha uns ataques de ciúmes de seus irmãos quando era criança... principalmente de Gina, que nasceu depois de você. – Molly riu. Rony arregalou os olhos para ela, lembrando-se vividamente da horcrux-medalhão. – Mas espero que hoje em dia você siba que não é possível para um coração de mãe amar mais um filho do que outro. Eu amo todos vocês na mesma intensidade, mesmo que de forma diferente, já que cada um de vocês é uma pessoa diferente...

- Mamãe... eu não acho... eu não achava... – Rony não conseguia acreditar que sua mãe estava lhe dizendo tudo isso no dia do enterro de Fred, mas por outro lado, esse tipo de cerimônia mexia muito com as emoções das pessoas e, soma-se a isso que Molly não via seu filho mais moço há quase um ano, sem saber onde estava e o que estava fazendo. Rony continuou – sabe... é que a senhora sempre quis uma menina e...

- Rony! – exclamou Molly, de repente mais ríspida – Eu sempre quis ter uma menina mesmo, todos vocês sabem disso! Sabem que eu quis ter filhos até nascer uma garotinha... mas isso só fez da minha vocação de mãe mais forte e uma nova alegria a cada nascimento... você não me ouviu hoje mais cedo? Rony... ter desejado uma garota não significou nunca que eu amasse mai a Gina do que você. Não estou te falando o quanto você tem me orgulhado? Cada menino que eu tive foi bem-vindo, Rony. Tire isso da sua cabeça, pelo amor de Deus!!

- E-eu... mamãe... eu não quis dizer... me desculpe. – sussurrou Rony.

Mas Molly não precisava ouvir isso, já puxava Rony para outro abraço apertado.

- Meu amor, não precisa se desculpar. Graças a Deus vocês três voltaram vivos da missão. – e a voz de Molly engrolou mais um pouco – E gora Percy voltou para nossa família... Gui já é homem feito e, tal como Carlinhos, é um guerreiro da Ordem. Meu filhinho Fred se-se... se foi combatendo por um mundo melhor. Todos os meus filhos são guerreiros. E você foi uma peça fundamental na destruição de Você-Sabe-Quem. – concluiu ela, bondosamente.

- Mamãe, eu abandonei Harry e Hermione depois de uma discussão durante a nossa viagem.- disse ele de supetão, tentando aliviar o peso que machucava seu coração com todo o orgulho de Molly.

A mãe se desembaraçou carinhosamente de Rony e o olhou fugaz. Rony não suportaria olhar pra ela... abaixou seus olhos novamente.

- Rony... – começou a Sra. Weasley, segurando o rosto do filho pelo queixo, fazendo-o olhar para ela. – Eu te conheço melhor do que imagina! Oras, você é meu filho.

- Que quer dizer?

- Eu sei que você é cabeça-quente e impetuoso e pouco provavelmente estava cem por cento pronto para enfrentar tudo o que passaram. Eu tinha certeza de que, se vocês brigassem, você faria algo que te arrependeria, como deixá-los. Mas a minha certeza ainda maior é que eu criei um rapaz bom e justo que reconheceria o que fez e faria de tudo para se redimir.

- A senhora não está decepcionada comigo?

- Decepcionada?! – perguntou ela, chocada – Você não me ouviu dizer que você me fez a mãe mais orgulhosa do mundo? É claro que não estou decepcionada, Roniquinho... muito pelo contrário, eu vejo que um menino estava no casamento do irmão e agora um jovem homem está na minha frente. – e com isso Molly se emocionou de novo.

- Eu te amo, mamãe. – disse Rony.

- E falando de coisas mais agradáveis, você e Hermione se entenderam finalmente? – perguntou a mãe com um olhar profundo.

- Co-como a senhora...?

- Como eu sei? – Molly sorriu. – Eu sempre soube, Rony... sempre soube de vocês dois. E de Harry e Gina, mais recentemente.

Houve mais uma pausa incômoda e Rony desabafou:

- Ela me beijou no meio da guerra. – e ficou vermelho feito pimentão, olhando para as mãos, mas sem conter um grande sorriso.

- Não quero que conte isso a nenhum de seus irmãos, Rony... mas você provavelmente vai me dar a nora mais querida que eu poderia desejar. – Rony sorriu radiante para a mãe. – Hermione tem sido uma filha pra mim desde pequenininha quando ela começou a freqüentar nossa família. – Molly o beijou mais uma vez no rosto e acrescentou – Vamos pra casa... acho que Arthur quer dizer algumas palavras.

A Toca ficou cheia aquela noite e, quando Arthur serviu uísque de fogo para todos e disse:

- A Fred Weasley, morto aos 20 anos lutando pela paz de hoje. – dezoito taças se ergueram para brindar: Arthur, Molly, Gui, Carlinhos, Percy, Jorge, Rony, Gina, Hermione, Harry, Lino Jordan, Fleur, Sr e Sra. Delacour, Gabrielle (brindando com cerveja amanteigada), Hagrid, Kingsley e Andromeda Tonks. Todos beberam e Arthur tornou a falar:

- A Remus Lupin, morto em combate por um mundo sem preconceitos. – Todos beberam.

- A Ninfadora Tonks Lupin, que morreu procurando justiça, liberdade e amor. – Todos beberam.

- A Todos que deram suas vidas na guerra pela melhoria do mundo bruxo e trouxa. – Todos beberam.

- A todos os valores de nossa causa, pelos quais vale a pena lutar. – Todos beberam.

- A Harry Potter, que conquistou a vitória de tudo aquilo pelo qual estivemos lutando. – Novamente todos beberam e Harry sentiu o rosto queimar.

Algumas pessoas pareciam achar que os brindes tinham acabado. De fato Arthur não tinha mais nenhum. Porém, Harry pigarreou, levantou a própria taça disse alto e em bom tom:

- A Rony Weasley e Hermione Granger, sem os quais eu não teria conseguido chegar nem na metade do caminho. – e ele olhou profundamente para aquelas duas pessoas que tanto amava e sentiu tudo o que aqueles olhares penetrantes de ambos diziam.

“A Rony e Hermione.” – disseram todos, sem hesitarem e beberam.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.