Coração Partido, Amor Intacto

Coração Partido, Amor Intacto



Eles haviam chegado a um lugar aparentemente deserto, onde o ar cheirava a maresia e ao longe era possível ouvir o barulho de ondas se chocando contra grandes rochas.
Bella estava com o rosto sujo, cheio de cortes, descabelada e tinha um ferimento (o pior) enorme na região do fígado, onde o feitiço de Lestrange a acertara.
Sirius tinha os dois olhos roxos e inúmeros sangramentos pelos braços e rosto. Fazia força para ficar de pé.
Ela olhou em volta, de olhos arregalados. Não tinha a menor noção de onde estavam.
- Que lugar é esse? – Ela parecia preocupada e ao mesmo tempo curiosa, apertava o ferimento para diminuir a dor.
- Longe. – Ele parecia um pouco tonto, e se largou sentando no chão, fazendo cara de criança que tomava um remédio ruim.
Ela achou melhor não continuar aquela discussão, os dois estavam feridos e precisavam cuidar daquilo.
- Tem varinha? – Ela tinha a dela, mas a dele ela imaginou que se perdera quando ela caiu em cima dele.
- Não teria desaparatado se não tivesse, não é? AI! – Ele gritou de dor com uma enorme ferida nas costas que ela não tinha visto. Mais uma vez, obra de Lestrange. – Sabe arrumar isso?
- Não! – Comensais da Morte não curavam, matavam. Ela não sabia nenhum feitiço de cura ou coisa parecida.
- Como vocês se concertam? – Sirius se deitou de costas no chão, o que causou mais dor ainda.
Bella já não sabia mais o que fazer, ela também estava com muita dor e sangrando muito. Ela se abaixou ao lado dele.
- Comensais não aprender a curar, e sim a matar. Não nos preocupamos se vamos nos machucar, sempre achamos que vamos nos sair melhor do que os outros e...
- Você não sabe nada?!
Ela sabia alguns encantamentos, e faria tudo que conseguisse.
- Vou precisar que fique quieto. Você vai precisar tirar a camisa. E vai doer. – Ela sustentava uma expressão séria no rosto, mas por dentro era outra coisa. Tá, ela já vira Sirius sem camisa, grande coisa! E como ela podia estar pensando nisso numa hora dessas?!
Voltando ao presente, ele se virou de barriga para baixo no chão. Ela passou a mão no rosto dele, depois pelas costas e começou a murmurar frases em uma língua estranha. Com certeza eram velhos encantamentos das Artes das Trevas, um assunto que ela dominava.
Ele gemia de vez em quando, mas a pele, antes aberta e em carne viva, começava a se fechar e formar cicatrizes que pareciam ter semanas.
- Pronto, acho que deu certo. – Ela olhava com uma expressão desconfiada para as cicatrizes nas costas de Sirius.
- É, acho que dá. Já estou melhor! – Ele acrescentou quando tentou se levantar e ela o empurrou de volta, mandando-o ficar quieto no lugar. – E você? Não espera que eu deixe você com esse buraco aí não é? – E olhou para a blusa dela, ensangüentada na região da barriga.
- Não preciso disso, eu vou fic...
- Deixa de ser metida, vai. Dá licença, eu sei arrumar isso. – Se levantou, a empurrou contra o chão, e sem a menor cerimônia virou-a de costas e começou a desabotoar a parte de cima da blusa dela.
Ela queria evitar isso, estava mesmo com dor, a ferida só piorava, mas... Era melhor não, pelo menos por enquanto. Não sabia nem onde estavam, ou o que fariam da vida!
Como se tivesse lido os pensamentos dela, ele falou, ainda deixando-a de costas para ele:
- Não, eu tenho todo o direito de fazer isso. E você não pod...
- Quem disse? – Ela se virou para olhar para ele.
- Eu.
- E o que te faz pensar isso? Eu disse alguma coisa?
- Não discuta com o seu marido. – Ele fez uma cara de indignação que chegava a ser cômica.
- Como? – Ela nem estava pensando direito.
- É, é isso mesmo que você ouviu. Agora deixa de ser implicante me deixa arrumar isso. – Ele a virou de novo, e terminou de tirar a blusa dela, e a deitou meio de lado.
Pronunciou alguns feitiços que ela não conhecia, e depois de algum tempo (que ela sabia que ele a olhava em silêncio) passou a mão pelas costas dela e virou seu rosto para lhe dar um beijo.
- Pronto, terminei, Madame.
- Tá. – Ela respirou devagar, e realmente, a dor parara. Ficara apenas uma cicatriz no lugar, mas que ele disse que sairia com o tempo: “-É, seria lamentável uma marca aí.”. – Então?
- Então... O que? – Ele fez uma pausa - Bem, vou resumir os acontecimentos: o Ministério da Magia e quase todo o Departamento de Aurores invadiram a Mansão dos Malfoy, onde nós sabíamos que estavam todos os Comensais foragidos, incluindo Voldemort. – Ela nem tentava fazê-lo parar de dizer o nome de Voldemort – Como eu sabia que nós acabaríamos nos enfrentando, preferi lhe avisar, mesmo correndo o risco. Eu sabia que a informação da busca vazara. No meio da confusão, você deve ter percebido que Voldemort caiu fora depois de nocautear o Ministro, que você matou seu ex-marido e que quase me beijou quando caiu em cima de mim. – Ele balançava a cabeça, se divertindo com o jeito dela. - Então, quando aquele maluco tentou lançar uma Maldição da Morte tripla em cima de você, eu fui mais rápido e desaparatei com você até o lugar mais longe que eu consegui pensar, ou seja, aqui. – E vendo e que ela ia perguntar onde, acrescentou: - Um vilarejo do litoral da Inglaterra, onde Merlin perdeu as folgadas cuecas. Nem eu lembro o nome desse lugar! – Ela sabia que era mentira.
- A esse ponto todos devem estar nos procurando. Ou nos amaldiçoando, o que é mais provável. – Ela imaginou Rebastan, furioso, chamando-a de palavras que ela nem sabia existir. Ela precisou se concentrar para não rir.
- Danem-se. Ninguém mais vai atrapalhar a nossa vida. – Sirius olhou nos olhos dela, com cara de pensativo.
Na falta do que dizer, ela chegou mais perto dele (os dois estavam sentados no chão) e o estudou por um momento. Deu-lhe um beijo que custou certa dor, por causa de um machucado no canto da boca.
E para piorar, ele a puxou para cima de si mesmo, e quase tocou na porcaria da Marca Negra.
- Cuidado, não encosta nisso! – Mas ele nem a deixava falar, e colocou a mão na boca dela, para fazê-la ficar quieta.
- Me escuta. – E foi um pouco para trás para que ela pudesse olhar para ele. – Você vai casar comigo, Bellatrix Black.
Ela ergueu as sobrancelhas e se sentou de volta.
- Isso é uma pergunta?
- Não, é uma afirmação. Eu não quero saber a sua opinião. – Ele não se segurava, ria mesmo. Para que perguntar o que ela queria? Ele já sabia mesmo!
Ela suspirou e olhou para cima.
- Eu te amo, sabia? – Disse depois de algum tempo. Ela estava sendo mesmo sincera, e já tinha uns 20 anos que ela precisava dizer aquilo.
- Uhum, você já disse isso umas... Cinqüenta e três vezes. – Ele fez cara de que tentava fazer uma conta mentalmente.
- Ah, tá reclamando de quê? – Ela queria mesmo provocá-lo.
- De que você disse pouco. De novo vai, aí vão ser cinqüenta e quatro.
- E por que cinqüenta e quatro?
- Porque é o número de filhos que agente vai ter. – Ele ficou sério.
- Te amo. – Ela nem conseguia falar, estava no meio de uma “crise de riso”. 54? Coitada dela...!
- Eu também, Bella. – Fazia tanto tempo que não a chamava assim! – Você sabe que sim.

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