Livre Arbítrio



Como um balaço, o peso da realidade o atingiu no peito, e ele a soltou.
- Bellatrix... – Ele não sabia o que dizer a ela. Como explicar que gostava muito dela, mas não podia ficar com ela? – Eu gosto muito de você, mas...
- Eu não gosto de você. – Ela fez uma pausa – Eu amo você. – E continuou olhando para ele, com muita certeza do que fazia.
- Nunca pensei que fosse ouvir isso de você. – Ele tinha o ar sarcástico que se comparava ao dela, quando ela queria. – Logo você, “Srta. Black”? Uma Sonserina tão orgulhosa, conhecida nas detenções por azarar os alunos mais novos? – Agora, ele tentava aparentar um ar de quem dá “lição de moral”.
- É - Respondeu ela com simplicidade.
- Pois bem, então. Até que ponto você estaria disposta a ir por essa... Loucura? – Seu tom agora era desafiador.
- Que quer dizer? – Ela franziu a testa, intrigada.
- Se pretende levar isso adiante...
- Claro que pretendo, não estou brincando! – Ela balançava a cabeça, incrédula.
- Então se prepare para virar órfã de mãe, de pai, erradicada da família, ser conhecida por traidora do próprio sangue, e talv...
- Como assim? – Agora ela não entendia nada mesmo.
Talvez fosse um erro contar o que a mãe dela lhe dissera, pensou ele.
Mas não, “dane-se o mundo!”.
- Sua querida mamãe já me disse, depois daquele feliz evento na sua casa, que mataria a mim e a você, caso aquela cena se repetisse. – Ele estava muito sério.
Como se não fizesse a menor diferença a grave informação que ele acabara de lhe dar, ela assumiu aquele bendito tom de deboche:
- Eu já disse a ela, faço o que quiser da minha vida. – Ela quase ria.
Ele levou alguns segundos para responder:
- Hmmm, decidida, não? – Ele estendeu o braço e a puxou pela mão para perto de si mesmo – Então, Bellatrix Black, comporte-se, você não é mais uma mulher solteira. Ah, eu não gosto daquele seu amiguinho, o Amico, aquele lá daria um belo Comensal da Morte... E ele te olha diferente... – Outro beijo, só que desta vez menos... “Desesperado”.
Ela se deixou levar, estava incrivelmente... Feliz!
- Hum, esqueci de um detalhe importante! – Ele parou. Tinha mais uma vez uma expressão séria, mas seus olhos o entregavam. – Esqueci de perguntar se você aceita esse... “Cachorro idiota tentando pegar um pomo enfeitiçado, que nem um imbecil” – E fez uma péssima imitação da voz dela, e começou a rir.
- Seu idiota... – Ela apenas sorria.
O sinal anunciando o fim do tempo livre tocou.
-... Tenho que ir, Defesa Contra as Artes das Trevas... – Ela explicou, se soltando dele. – Mas... Isso responde sua pergunta? – E deu um selinho nele, depois um beijo rápido.
Os alunos começavam a lotar o corredor, antes vazio.
- É... Talvez... – Mas ela já saíra andando em direção à escada para o andar de baixo. – Ele continuava parado observando-a se afastar. Custou um pouquinho soltar a mão dela para deixá-la ir. – Isso é loucura... – Disse a si mesmo.

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