Granger-Lestrange



- Tá bom, não estou entendendo mais nada, não que eu tenha entendido em hora alguma! - Ela conversava consigo mesma no caminho para seu quarto.- Primeiro Ron e Harry saem cedo do Largo e me deixam só um bilhete dizendo que saíram para pegar Luna. Luna não precisa de escoltas até aqui. Ela sabe aparatar e desaparatar, não?

Ela parou quando ouviu vozes da sala lá em baixo:

- Para de conversar sozinha, Granger! - Era Malfoy. - Te dou 15 minutos pra estar pronta com suas coisas!

- Tá, Malfoy! - Respondeu ela com raiva. Ele e essa mania de ficar mandando nela... Desde que a guerra havia acabado e Malfoy entrado na Ordem que ele mandava nela. Granger cala boca! Granger pega isso, Granger, pega aquilo...

- GRANGER, ANDA MAIS RÁPIDO! - Berrou ele no pé da escada, se apoiando no corrimão de madeira entalhada. - Eu vou ir sem você e vou deixar aquela Weasley acabar com você!

- PARA DE BERRAR COMIGO, MALFOY! QUEM VOCÊ PENSA QUE VOCÊ É? - Ela estava furiosa, já tinha que receber a ajuda de um sonserino como Draco Malfoy, ainda tinha que ouvi-lo berrando com ela? Era muito, não tinha lógica uma coisa dessas!

Ele procurou reunir todas as suas forças para se manter calmo e disse com forçada tranqüilidade:

- Olha, Hermione, estamos começando novos tempos difíceis. Se você não cooperar, vai ser morta. O Weasley e o Potter estão seguros e esperando você. Por favor, não me faça te levar com um Feitiço do Corpo Preso.

- Desde quando você se dirige a mim como Hermione? - Perguntou ela, sua voz escorrendo sarcasmo.

- Desde que você começou a me chamar de lindo. - Ironizou Malfoy.

- Eu não te chamei de lindo, além disso, você não tem esse direito. É Granger para você, Sr. Malfoy!

E dizendo isso ela se virou e foi correndo se aprontar, deixando um Malfoy meio irônico, meio aturdido no pé da escada.

"Ótimo!", pensou ela. "Agora ele pensa que sabe alguma coisa. Ora essa, lindo? Foi só uma besteira! E quem ele acha que é pra me chamar de Hermione?"

Quando chegou ao seu quarto, arriscou uma rápida olhava pela janela. Viu muitas pessoas, homens, mulheres e até alguns adolescentes, todos trajando capas pretas, que lembravam as dos Comensais da Morte de Voldemort. Se o Lord das Trevas havia sido aniquilado, como poderia haver seguidores vivos ainda para contar história? Absorta em seus pensamentos, ela não viu quem se materializou ali, na frente dos Comensais, como se fosse uma líder. A moça bonita de longos cabelos ruivos ergueu a varinha e sua voz saiu alta e clara:

- Bom dia, Mione! - Com sua voz carregada de ironia e sarcasmo. - Como vai? Espero que bem! Quero que tenha curtido os últimos momentos da sua vida antes de eu te matar, sangue-ruim!

Aquelas palavras surtiram um efeito em Hermione que ela não esperava, seu corpo pareceu congelar, enquanto ela escutava a porta de seu quarto sendo escancarada, enquanto barulhos estranhos vinham da sala, e só escutou a voz de Malfoy berrar ao fundo:

- GRANGER! - E se sentiu rodopiando no ar, o ar comprimido em seu pulmão, achando que não ia conseguir agüentar, só tendo a certeza dos braços de Malfoy agarrados a sua cintura, quando ela pousou os pés no chão e desabou, só se lembrando das vozes de Luna e Ron...

- Mione!

- Hermione!



--------------------------------------------------------------------------------


Sua cabeça estava doendo muito, mas pelo menos esse era um sinal de que ela havia sobrevivido e estava ali, dolorida.

- Ai, minha cabeça... - sua voz estava vacilante e rouca, parecia que a cada letra pronunciada, sua cabeça doía mais.

- Calma, Granger, tá tudo bem. - a voz que ela ouviu não a agradou muito, mas foi a primeira depois de acordar, dando a ela certo alívio. - Potter! Venha cá mais o Weasley!

- Harry? - Começou ela, mas Malfoy a fez se calar.

- Agora, o seu Potterzinho e o seu Weasleyzinho vão te explicar tudo, Granger. Espero que melhore. - Disse ele com certa dificuldade. Levantou-se e saiu, falando sozinho. - Fedelha teimosa, se não fosse eu... Rrr...!

Harry observou Malfoy sair do alcance e, só então, começou a falar.

- Hermione, como você está? Não esperava que você chegasse aqui no estado em que chegou e...

- Estado que eu cheguei? Qual era?

- Olha, você chegou aqui toda dura e pálida - Começou Ron-, eu e Luna achamos que você e o Malfoy tinham estrunchado, mas na verdade você foi atingida por... - ele hesitou, só depois de uma pausa continuou. - uma maldição.

Ela olhava para Ron com incredulidade. Maldição? Mas ela não esteve com mais ninguém além de Malfoy depois que eles saíram! Será que ele estava novamente com os Comensais? Mas, como? Ele era da Ordem!

- Malfoy... Ele foi o único... - ela ofegava, como se tivesse corrido quilômetros antes de estar deitada ali naquela cama. - Não vi... Mais ninguém e...

- Nós sabemos! E ele ajudou a salvar a sua vida! A maldição foi lançada por Ginny! - Ela viu que os olhos de Ron se encheram de lágrimas, parecia fúria e ao mesmo tempo tristeza, Ele virou o rosto e continuou. - Ela também era uma fiel do segredo. Sabia da localização do Largo Grimmauld. E... Ela lançou a maldição em você, não sei como, mas lançou.

- E eu e Ron já havíamos previsto isso, mas não comentamos nada com você. Você anda muito quieta e isso não seria bom para você. - acrescentou Harry ao ver a expressão confusa no rosto da amiga.

- Tá, tudo bem, isso eu vou deixar passar. - Os amigos de olharam animados e trocaram sorrisos, mas se apagaram quando Hermione fez a pergunta que eles queriam que ela não fizesse. - Malfoy comentou algo de que... "Eles" me querem, tipo quando queriam você, Harry. Algo do tipo, A Escolhida, A Eleita. Expliquem-me.

Havia severidade no tom de voz de Hermione, que mesmo estando mal, não conseguia manter outro. Olhava para os dois amigos, já homens feitos, como se pudesse ler suas mentes, penetrar no fundo de seus olhos e ver o que se passava lá dentro. O silencio deles a incomodou. Eles trocavam olhares constantes, como que ensaiando uma fala difícil. Por fim, Harry tomou coragem e num suspiro começo:

- Sabe Mione, quando eu matei Voldemort? - Ela assentiu e ele continuou. - Deixamos Yaxley, Dolohov, Lalau Shunpike e Rodolpho Lestrange vivos. Foi o nosso erro. A única falha no nosso plano perfeito.

- E não podemos esquecer daquele lá... - Começou Ron, mas Harry o calou com um olhar frio e severo. - Ah sim, desculpe. Continue, Harry.

- Obrigada, como eu ia dizendo, eles fugiram. Colocaram inocentes em seu lugar. Maldições Imperius e Poções Polissuco até agora, fizeram inocentes pagaram por eles. Inocentes que tiveram suas almas sugadas por dementadores, ou morreram nas selas de Azkaban... Terrível. Quando Dolohov resolveu voltar de seu pequeno passeio no Peru, procurou Yaxley e Lalau, mas eles haviam sido pegos. Só sobrou Lestrange.

- Tá, espera, tempo, tempo! - Ela fez com a mão um sinal de tempo, muito usado nos jogos de futebol trouxas. - Eles sobreviveram, Dolohov se foi, Dolohov voltou, Lalau e Yaxley morreram, Lestrange vivo e com Dolohov? Desculpem, mas eu devo estar muito ruim mesmo! Primeiro vocês nem ao menos tem a consideração de falar comigo disso! Preferem me isolar do mundo lá fora a me deixar participar dele e segundo, eu não estou entendendo. Vocês estão fazendo muita bagunça e minha cabeça não pára de doer!

- Mione, desculpe-nos! A gente não sabia que... - Começou Ron, querendo achar palavras para falar com a amiga, mas não foi preciso.

- Olha, tudo bem, me alterei. - Disse Hermione recuperando a calma. - Só me expliquem onde estamos e onde eu posso ficar aqui dentro!

- Estamos na mansão Malfoy e... - começou Harry, um pouco desconcertado - esse é o quarto de Draco Malfoy. - Ele apontou para uma placa média, em prata pura e bem desenhada com os dizeres: "Quarto de Draco Malfoy". - Era dos pais dele, mas desde que morreram, é seu.

- Ótimo, onde eu posso dormir?

- Bom, a distribuição dos quartos foi feita por Lilá e por Luna, que separaram os quartos por casal. - Ele engoliu seco, enquanto Ron dava risinhos nervosos. - Eu fiquei com Luna no antigo quarto de Malfoy, Ron e Lilá no de visitas e George e Angelina ficaram no outro de visitas.

- George está aqui? - Perguntou ela, se empertigando na cama. - Está mesmo?

- Sim, tá sim! - Exclamou Ron, depois de seu silencio de risinhos nervosos. - Tá e Angelina está com vontade de ver você!

Hermione sorriu, sentiu-se bem ao ouvir aquilo. O gêmeo do seu maior amor estava ali! Olhar ele seria como olhar para Fred e se lembrar de tudo o que houve entre eles... Por parte era bom, por outra, nem tão bom assim...

- Mas, pera aí, onde EU vou dormir? - Ela franziu o cenho quando viu Harry e Ron darem sorrisos marotos que lembravam aqueles de quando eram só estudantes.

- Você, Granger, vai dormir aqui, com o Malfoy! - Dizendo isso, Harry e Ron caíram na gargalhada e Hermione, continuava ali, desejando que fosse mentira.

Hermione olhava para os amigos, querendo, desejando poder rir com eles daquela brincadeira de mau gosto. Mas parte dela sabia que não era. Como assim? Eu e Malfoy? Por Merlin! Ele é M-A-L-F-O-Y! E eu sou uma "sangue-ruim!” Um de nós ainda vai sair morto de dentro desse quarto ainda. E pensando isso, sem querer deixou um sorriso lhe escapar, que não passou despercebido por Harry e Ron.

- Gostou, foi, Hermione? - Riu-se Ron. - Eu achei que não fosse dar certo, mas esse risinho seu aí, oh... Sei não!

- Cala boca Ron! - Ela voltou ao seu estado irritado. - Que Luna e Lilá tem na cabeça? Eu posso dormir até com os elfos domésticos, mas não posso dormir no mesmo quarto que Malfoy! - Falando isso, a cena se materializou na sua cabeça: ela e Malfoy dividindo a mesma cama, com as varinhas na mão, atentos para qualquer feitiço ou movimento suspeitos. Fechou mais a cara.

- Ah, Mione, melhor jeito de agradecer do que uns beijinhos? - Harry fez um biquinho em sinal de beijo e saiu jogando beijos pro ar. - Eu não acho má idéia!

Ela olhou Harry bem nos olhos como se dissesse: eu te mato, Potter! Depois abaixou a cabeça e sorriu. Após um longo tempo que ela voltou a falar.

- Adorei! - Eles a olharam assustados. - A brincadeira me convenceu! Eu acho que vocês e Malfoy tiraram o dia para brincar com a minha cara! - Ela estava rabugenta e estressada. - Esse é o seu presente Harry? Brincar comigo e...

Foi interrompida por uma dor aguda e muito forte que vinha de dentro do seu peito, perto do coração. Sem intenção, soltou um gritinho de dor, seus olhos lacrimejaram e sua visão começou a escurecer. Tudo a sua volta foi sumindo, tal como as vozes de Ron e Harry...

- Malfoy! Hermione agüente! - E tudo não passava mais de escuridão.

"Hahahahahahaha... não era ela, Hermione Granger. Era ela, Belatrix Lestrange. Ela não sentia seu corpo, mas sabia que não era mais Hermione. Sentia uma marca queimando em seu braço esquerdo. Era a Marca Negra. Pedindo para voltar a arder como antes, aquela ardência que indicava o poder, à vontade de matar... Mas como? Ela havia se resumido a menos do que um corpo! O seguidor de seu Lord havia sido pegos... E ela não tinha como ter contato com o mundo externo por meio dessa sangue-sujo!”

- Mione! Acorda! - Gritava uma voz de fora. Mas ela ainda sentia aquela dor no seu peito. Continuava se contorcendo, não agüentava nem abrir os olhos... As vozes foram sumindo novamente...

“- Qual é, sangue-ruim? Não agüenta nenhuma dorzinha? - Ria-se Granger-Belatrix, que lembrava o Riddle-Harry que muito torturou Ron antes de destruir o medalhão. - Haha... A sangue-ruim é uma fraca, muito fraca, de bom ela só tem a inteligência!!”.

A Granger-Belatrix cada vez mais ia gritando: Granger Fraca! E crescendo, sua marca pulsava em seu braço querendo ser novamente tocada, a caveira com a cobra saindo da boca tinha vontade, como se fosse uma marca que foi entranhada em sua pele e ganhava vida a cada batimento de seu coração. Era uma sensação ótima, ela sentia aquilo, como se fosse um sinal para ela voltar e poder terminar a nobre tarefa de seu Lord... Seu amado Lord..."

- Granger! Abra os olhos! - Berrava Malfoy. - Fala comigo! - Havia terror em sua voz. E Hermione berrava, a dor cada vez mais se apossando dela.

- Está acontecendo de novo, Potter. Ela quer tomar conta da Granger! Potter, se você não me ajudar, ela vai MORRER agora!

Harry estava parado ao lado de um Malfoy preocupado e nervoso, que apontava a varinha ora pro peito ora pra cabeça de Hermione, murmurando encantamentos baixo o bastante que só ele conseguia ouvir. Estava só com sua calça de pijama e mesmo no frio que estava fazendo. Ele suava muito, estava muito vermelho e procurava manter o controle da situação. Ron não se achava presente, tinha recebido ordens de chamar Minerva e Molly, caso a dor voltasse a acontecer.

“Ela não podia ver, pois os olhos de sua hospedeira estavam fechados, mas ela podia sentir que seus sentidos se expandiam por todo o seu corpo”.

- Estou tomando o controle... - Cantarolava a Granger-Belatrix. - E você não pode me...”

A voz foi sumindo, a dor passando e de repente, ela teve plena consciência de quem era, onde estava, só não sabia o que havia ocorrido. Só se lembrava de que tinha sentido uma dor tão forte como nunca tinha sentido na sua vida toda. Ainda estava dolorida, mas deveria ser conseqüência disso. Ao abrir a boca, não pensou em nada pra dizer, nem sabia se lhe restavam mais forças para falar, quando abriu os olhos e viu o rosto de Malfoy, quase colado ao seu, com a varinha apontada em direção a sua testa, e disse:

- Ah, Draco! - E chorou, sua voz estava rouca, não sabia porque, mas as palavras saíram muito fracas. Chorava, pela dor que ainda estava sentindo no seu peito. Como doía! - O que aconteceu? Tá tudo tão doído...

Malfoy apenas olhou para ela e sorriu. Sua voz rouca parecia Parseltongue, a língua das cobras. Era sombria, estranha e ao mesmo tempo engraçada. Ele continuou olhando aquelas lagrimas copiosas descerem a face da morena, que por sinal, estava muito bonita, mesmo naquele estado lamentável.

- Não fale nada, Hermione. - Não tinha acreditado que chamou ela de Hermione e ela o havia chamado de Draco. "É, amigo, as coisas mudam!" - Descanse, depois eu mando Frankie trazer comida para você. Você está muito fraca e precisa ficar quieta um pouco. Vou chamar Potter para ficar com você. - Dizendo isso, ele fechou a cara e qualquer traço de bondade que havia em seu rosto desapareceu.

- Draco, hm... Quer dizer, Malfoy... - Disse ela, vendo que ele parou e se virou para ela sorrindo, o que não parecia ser um sorriso forçado. - Obrigada.

Ele a olhou assustado, mas assentiu e murmurou um rápido "não foi nada". Logo depois que Malfoy saiu, Luna entrou junto com Frankie, o elfo domestico. O elfo trazia em suas mão uma grande bandeja de prata, com cobras como alças, com uma xícara com chá, um copo com suco de laranja, bolos, pães, biscoitos, geléias e o doce preferido de Hermione: chocolate. Ela estava deslumbrada: como tanta coisa poderia caber em uma bandeja? Coisa! Que ela não podia explicar, era simplesmente magia! Ela abriu um sorrisinho pequeno para Luna, sem fazer muita força para parecer bem, sabia que Luna era muito experta, perceberia logo.

Ela estava vestindo um vestido azul clarinho, com um laço de fita amarrado nas costas, estava descalça, com as unhas bem feitas e seus longos cabelos loiros presos em uma longa trança, que chegava a abaixo da cintura. Estava mais bonita e bem cuidada do que de costume, sorria para Hermione e trazia em seu colo um embrulho cor-de-rosa com um laço bem feito. Havia um cartão no embrulho, Hermione não pode ver o que estava escrito, mas achou que era mesmo para ela.

- Boa noite, Mione! - Exclamou Luna, sorrindo. Sua voz foi como se uma brisa soprasse no rosto de Hermione. Ficou tão feliz em ver uma amiga, que abriu um sorriso grande e, dessa vez, verdadeiro. - Você está com uma cara péssima, espero que esteja melhor, escutei seus gritos lá de cima! - Terminou ela franzindo a testa para o elfo que lhe fez uma reverencia tão grande que tocou o cão com seu enorme nariz cinza torto.

- Acho que estou melhor sim, Luna, obrigada! - Disse ela entusiasmada. - Gritos? Eu gritei? Nossa, nem percebi! - Disse ela, fingindo estar tudo bem. - deve ter sido alguma coisa boba! Não se preocupe!

O elfo se dirigiu a Hermione e perguntou com uma voz falha, mas forte:

- A senhorita gostaria de mais alguma coisa?

- Não obrigada er... Frak? - Disse ela desconcertada.

- Sim, senhorita, pode me chamar de Frank se quiser! - Dizendo isso, o elfo desaparatou para a cozinha com um estalido.

Ela sorriu, um elfo de Draco Malfoy sendo educado com ela. Além de ser um elfo de uma família de sangues-puro, ele era servo de Malfoy, no mínimo era de se esperar que fosse rude e grosso com ela. É hilário. Pra você ver como as coisas mudam. Ela se virou para Luna:

- Saudades! - Sorriu e olhou para Luna como uma criança olha pro melhor amiguinho de escola.

- Eu também, Mione! - Luna correu para abraçá-la. Ficaram um certo tempo lá, abraçadas, Hermione irradiava felicidade, enquanto Luna parecia como sempre: calma e serena. - Coma, está uma delícia! Eu acho que você vai gostar mesmo é do chocolate. Draco tirou do armário pessoal dele e colocou aí.

- Tirou do armário pessoal dele? O que deu no Malfoy? - Perguntou ela com meio sorriso se formando em seus lábios sem cor.

Luna apenas assentiu e ao entender isso como um sinal, Hermione começou a devorar seu lanche. Estava faminta. O dia passara tão rápido! Não sabia quanto tempo tinha ficado amaldiçoada, ou quanto tempo dormira e quanto tempo tinha ficado inconsciente, só com aquela dor que ainda sentia de leve no seu peito. Estava tudo muito delicioso, ela comia um pedaço de bolo ao mesmo tempo em que tomava o suco, e depois de comer um pouco de tudo, ela se arriscou a falar alguma coisa, ainda com a boca cheia:

- Bas, entom. Quê tó aconteçondo? - Alguns dias antes ela acharia punível falar de boca cheia, mas agora nada importava. Precisava saber porque era ela o alvo, por estava sentindo aquela dor e porque Ginny passou pro outro lado. Ginny... Não tinha parado para pensar nela até mais cedo quando Harry e Ron vieram conversar com ela.

- Ah, Mione... Ginny, sabe? Ela quer você. Ela acha que você está atrapalhando alguma coisa. - Ao ver que Hermione quis falar, ela fez um gesto de silencio e Hermione voltou a prestar atenção nela. - Eu não sei dizer o que. Isso é a única coisa que eu sei. E eu sei também que Draco é a única pessoa que é capaz de proteger você dela, porque ele conhece os segredos desse tipo de arte das Trevas. Ele foi Comensal, lembra?

Luna olhou para uma Hermione atônita e incrédula. Luna tinha a certeza de estar escutando as engrenagens do cérebro de Mione girando e funcionando e trabalhando em busca de algum argumento. Ela estava, pela primeira vez, sem nada para falar. Ainda estava processando as informações que acabara de receber. Malfoy, Ginny e Artes das Trevas. É, ela estava 'pirando legal', como disse Draco. Rrr, Malfoy! Ela estava pensando nele!

- Tá tudo bem, Mione? - Perguntou Luna.

- Sim, sim Loony. Obrigada por ficar aqui comigo e me contar essas coisas! - Disse ela com um sorrisinho. Elevou sua voz pro alto e disse, forçando a voz para não sair rouca: - Frank!

Com um estalo surdo o elfo apareceu no quarto e novamente fez uma reverencia exagerada as duas, com o seu nariz torto encostando no chão. Ele olhou de Luna para Mione e quando a viu apontar para a bandeja, a recolheu e perguntou se queriam mais alguma coisa. Elas disserem que não e o elfo se retirou, deixando no ar o barulho daquele estalido. Luna consultou o relógio de pulso e depois de levantou da cadeira em que estava sentada.

- Mione, eu vou me deitar. O Harry já deve estar me esperando! - Ela foi em sua direção e a abraçou de novo, deu-lhe um beijo na bochecha e foi em direção a porta. Quando ia fechar, virou-se e disse: - Boa noite, Mione! - E abafando um risinho com as mãos, ela fechou a porta. Seus passos ecoaram até o final do corredor, que dava na escada para o terceiro andar da Mansão Malfoy.

Hermione, com muito custo se levantou da cama ainda muito fraca. Foi em direção a janela e olhou para fora. Podia ver Ron se despedindo de Minerva e de Aberfoth. Sorriu. Estava feliz por pelo menos ver que seus amigos estavam bem. Olhou em volta do quarto a procura de uma toalha e de seus pertences, roupas e (seus amados) livros. Enquanto procurava, ouviu a porta ranger as suas costas. Pensou que Luna tivesse esquecido algo e também esqueceu que aquele quarto era de Malfoy. Disse sem se virar:

- Esqueceu algo?

- Não esqueci nada não, Granger. - Disse Malfoy com um tom ríspido. - Tomar banho e dormir. Posso?

- Ah, desculpa, er... Eu não vi que era você! - Ela disse ruborizando e sem graça, com um sorriso torto nos lábios. - A propósito, você pode me mostrar onde estão minhas coisas? Eu nem peguei nada, e também não acho nenhuma toalha. Preciso de um banho...

- Tudo bem. Você não tem pertences mais. E tem toalhas no banheiro. - Respondeu ele com um sorriso malicioso no rosto. - Eu te dou uma camisa minha e você veste até amanha poder sair para comprar roupas. Tudo bem se eu tomar banho primeiro?

- Ah, tudo sim... - "eu acho" acrescentou ela mentalmente.

Escutando isso, Malfoy tirou a blusa e entrou no banheiro, deixando Hermione pasma. Como ele era mal...

Maldosamente lindo...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.