Capitulo 11



CAPÍTULO ONZE





Harry viu a expressão atônita do pastor. Segundos depois, os noivos sé voltavam para encará-lo com igual surpresa.


A primeira coisa que Harry percebeu foi que a noiva não era Hermione, ao que relaxou os músculos, que estavam preparados para o pior. Não era Hermione que estava se casando com o imbecil...


Só então, Harry percebeu que o noivo também não era Wayne.


Procurando entre os poucos convidados, imaginou se Wayne e Hermione estivessem apenas assistindo à cerimônia. Mas não viu nenhum dos dois.


— Me desculpem — murmurou ele, enrubescendo. — Foi engano. Continuem com a cerimônia. Sinto ter interrompido.


Girando nos calcanhares, saiu tão rápido quanto entrou, fe­chando a porta cuidadosamente atrás de si. Depois de correr os três quarteirões até ali e entrar na igreja como um louco, precisava recuperar o fôlego. E reorganizar os pensamentos em caos. Ausentara-se por três dias apenas. Hermione não teria conseguido preparar de novo o casamento, conclusão a que teria chegado se tivesse parado para pensar logicamente.


Mas não conseguia agir logicamente no que se referia a Hermione. Ela significava muito. Eis a razão de ter voltado a Greely tão logo foi possível. Agora, tinha que encontrá-la.


Erguendo o olhar, viu-a de pé no vestíbulo lateral. Pela ex­pressão de seu rosto, percebeu que ela presenciara ao menos parte da sua tentativa de impedir o casamento em andamento.


— O que está fazendo aqui? — perguntou ela.


— O que você está fazendo aqui? — rebateu ele, sem dar importância ao papel de tolo que fizera.


— Estou organizando os livros para a venda da biblioteca que vai ocorrer amanhã. Já que não temos espaço lá, estivemos ar­mazenando as doações na igreja. Eu estava lá embaixo separando os livros de bolso dos de capa dura — completou, apontando para as escadas. — O que está fazendo aqui? — repetiu.


— Alberta me disse que você e Wayne estavam na igreja.


— Alberta sabia que eu estava aqui, tratando dos livros. — Hermione ficou imaginando se a Beasley mais velha mandara Harry ali por vingança ou por algum outro motivo, mais precisamente, para reuni-los de maneira dramática. Por algum motivo, preferia a segunda hipótese. E, se era esse o plano de Alberta, certamente funcionou!


— Ela disse que um casamento estava ocorrendo, um que a cidade esperava — grunhiu Harry.


— Está correto — confirmou Melissa. — O casamento de Wayne Powalski. Não o meu. E certamente não o meu com Wayne Turner. Não importa o que Wayne queira.


— Ele a quer de volta, não é?


Hermione assentiu. Nos dois últimos dias, Wayne tentara con­vencê-la de todas as maneiras a reassumir o compromisso.


— Ele e Rosie terminaram.


Harry soltou uma praga.


— Não, é a melhor coisa que poderia ter acontecido — opinou Hermione, com um sorriso largo.


Harry congelou, sentindo que envelhecera dez anos nos últimos dez minutos. Obtivera a resposta. Sua vida e esperança para o futuro acabaram. Só escuridão. Sozinho. Desprezado. Novamente.


— Eu já sabia que amava você antes que ele rompesse com Rosie — prosseguiu Hermione —, mas você deve ter imaginado que eu só gostava de você porque não podia ter Wayne. Agora sabe que não é esse o caso. Eu poderia ter Wayne se quisesse. Não quero. Não estou interessada. Não mais.


— Não mais? — repetiu Harry, confuso.


— Não mais. O que eu sentia por ele não se parece em nada com o que sinto por você. Eu amo você. Você me ama pelo que sou. Não tenho que fingir ser quem não sou.


Harry ouviu um zumbido na cabeça e rezou para não desmaiar ali mesmo. Hermione pegou seu braço e o encostou num lambri de madeira.


— Você está bem? — perguntou, a voz rouca de preocupação.


— Do começo, mais uma vez — pediu ele.


— A partir de "o que está fazendo aqui"?


— Depois disso.


— Eu amo você — repetiu ela, suavemente. Viu-o fechar os olhos, a tensão em seu rosto substituída pelo alívio.


— Pensei muito depois que você partiu — confessou ela. — Sobre muitas coisas. E descobri que a verdadeira razão de ter me comprometido com Wayne foi a respeitabilidade que a união me proporcionaria. Eu queria a vida que ele representava. Não as coisas materiais que ele representava. Wayne não tem tanto assim... Quero dizer, quanto à segurança que pensei que ele ofe­recia, ou respeitabilidade, Agora percebo que eu mesma sou res­peitável. Não preciso que Wayne me proporcione isso.


— Está certo — concordou Harry, orgulhoso.


— Sou dona de mim mesma — concluiu ela, com algum des­lumbramento ante a descoberta. — Não à filha de uma escandalosa que fugiu com o carteiro há mais de vinte anos, não a noiva de um treinador de futebol que fugiu dias antes do casamento.


— Como chegou a essa conclusão?


— Por você — respondeu ela, tranqüila, estendendo-se para tocar em seu rosto. — Você foi o responsável.


— O que foi que eu fiz?


— Fez com que eu acreditasse em mim mesma. Essa foi sua intenção e conseguiu. Finalmente — acrescentou ela, com um sorriso — Só sinto ter levado tanto tempo. E que as coisas se embaralharam na minha mente...


Ele pressionou a mão dela em seu rosto, murmurando:


— Que coisas?


— Coisas que têm a ver com minha infância. Quando me deixou há três dias, você disse que sua volta dependia de mim.


— Eu não devia...


Ela levou a mão a sua boca, bloqueando suas palavras.


— Não, você fez bem. Porque me fez encarar novas coisas. Como o fato de me sentir responsável por minha mãe ter partido anos atrás. Então, quando ela morreu num acidente de carro há poucos anos, não foi mais possível perguntar a ela sobre esse assunto.


— Nunca me disse que ela estava morta. — Harry agarrou-lhe a mão, entrelaçando seus dedos. — Por que se achava responsável por ela ter partido?


— Porque, quando criança, ouvi minha madrasta dizer isso. Que minha mãe tinha ido embora porque eu era impossível.


Harry murmurou algo severo e ameaçador, nada elogioso à ma­drasta.


— Então comecei a pensar sobre isso... e você sabe... meu pai... bem, ele não é exatamente o homem mais afetuoso do mundo — admitiu Hermione. — Posso entender agora por que minha mãe teve de deixá-lo. Nunca saberei por que não me levou com ela, mas não acho mais que tenha sido culpada por ela ter partido.


— Você não foi culpada — garantiu Harry, enfaticamente.


— Não sabia disso naquela época. Minha madrasta achava que eu enlouquecia qualquer um. Lembra-se do meu gênio naquele verão que minha mãe partiu?


— Lembro que me salvou em mais de uma ocasião — retrucou ele. — Você tinha espírito, Mione. E estava passando por dificul­dades com a partida de sua mãe.


— Depois daquele verão, tentei me adaptar à nova família de meu pai. Realmente me esforcei.


— Tenho certeza. Tentou se ajustar, anulando a si mesma.


— Mas não funcionou. Nunca fiz parte daquela família. E nunca farei. E por isso que quero ter minha própria família. Era isso que eu queria de Wayne, tanto que fiz tudo o que esperavam de mim, fui a "boa menina", mas isso não fez diferença nenhuma no final. Wayne me deixou, assim como todo mundo.


— Sentiu-se uma desajustada — concluiu Harry, atento. — Uma alienígena.


— Temos isso em comum, não é? — respondeu Hermione. — Você cresceu do mesmo modo, sentindo como se não fizesse parte da sua família.


Harry assentiu.


— Sem saber o que era ser amado — continuou ela.


— Impossível alguém não amá-la — murmurou ele, terno. — Gostaria de ter estado aqui para espantar seus temores. Em par­ticular sua madrasta.


— Você me ensinou que posso enfrentar meus temores... com a sua ajuda, segui o seu conselho.


— Que conselho?


— Estou vivendo para mim mesma, fazendo o que me faz feliz. E você me faz feliz, Harry. Mais feliz do que jamais me senti em toda minha vida.


— Eu também — disse ele, rouco. — Sempre fui um solitário. Nunca precisei de mais ninguém, nunca pensei que fosse destinado a ser amado por alguém.


— Oh, Harry, você merece ser amado. Jamais encontrei homem mais digno de ser amado.


— Ainda tentando me colocar do papel de cavaleiro andante — comentou ele, divertido.


— Você é meu campeão. Assim como sou sua campeã. E você é meu amigo. Assim como eu sou sua amiga. Você faz coisas tolas às vezes, como ir para Chicago — comentou ela, com um sorriso irreverente. — Eu faço coisas tolas, também, às vezes, como ficar noiva de Wayne. Só estou grata por ter encon­trado você.


— Você e eu. Quando penso no que podia ter acontecido se não tivesse voltado a Greely neste verão... — Ele ajustou as mãos às dela.


— Estávamos predestinados a ficar juntos.


— Falando de destino, não vai acreditar no que aconteceu quando cheguei em Chicago — disse Harry. — Um colega de faculdade esteve tentando entrar em contato comigo. Parece que ele sabe de uma colocação que possa me interessar. Na capital do Estado.


— Springfield fica a duas horas daqui.


— Fica mais perto que Chicago — ponderou Harry. — E eu trabalharia numa fundação que realiza trabalhos de preservação histórica. Protege velhos edifícios ao invés de destruí-los.


— Você foi preso por esse motivo — comentou ela.


— Isso foi há muito tempo. E perdi o rumo. Mas agora estou de volta. Também me interesso por projetos especiais, nos quais poderia trabalhar aqui mesmo. Trabalho ocasional, não a correria do dia a dia. Com um computador e um fax posso basear meu escritório aqui. Meu colega disse também que o custo de vida numa cidade pequena é muito menor do que em Chicago. Com o emprego de meio-período em Springfield mais os trabalhos free-lance, acho que dá para viver. Não vai chegar nem perto do que ganho em Chicago, mas...


— Isso incomoda você? — perguntou ela.


— Estou mais preocupado se isso incomoda você.


— Eu pareço como alguém da lista dos ricos e famosos? — questionou ela indignada. Uma pouco mais séria, disse: — Prefiro vê-lo feliz a rico, Harry.


— Você é mesmo especial.


— Você também. Mas está esquecendo de uma coisa.


— O quê?


— Ainda não disse que me ama.


— É claro que amo você! Acho que sempre amei. Sei que sempre amarei.


Um segundo depois, Hermione estava era seus braços, aos quais sempre pertencera. Ele cobriu seus lábios com um beijo, que expressava a fé recém-descoberta nesse final feliz e um deslum­bramento ante o poder da paixão. Hermione se sentiu completa.


Harry preenchera o vazio de sua alma com amor. A declaração dele fez tudo parecer mais intenso e pleno.


O beijo dele se tornava mais exigente, impetuoso, acariciante. Hermione reconheceu a sensação, pois só pensava em trazê-lo mais para perto, enterrando os dedos em seus cabelos escuros. Era como se só agarrando-o com força pudesse ter certeza de que aquele momento era real, que eles estavam juntos, e que seria assim para sempre.


O momento de ternura só foi interrompido pela saída dos recém-casados em meio a uma chuva de arroz.


Pegando Hermione pela mão, Harry apressou-a.


— Vamos.


— Aonde?


— Falar com o pastor e marcar a data do nosso casamento!


Ante a expressão atônita de Hermione, ocorreu a Harry que talvez ela não quisesse se casar na igreja após o desastre com Wayne. Hesitante, murmurou:


— A menos que queria apenas fugir para casar.


Ela sorriu intensamente.


— Não me importo com os detalhes, desde que fiquemos jun­tos.


— Então, vamos falar com o pastor.


Saíram bem a tempo de Harry receber no peito o buquê da noiva, no ponto exato em que já levara uma torta antes.


— Boa pegada — comentou Hermione com um sorriso.


Ela me ensinou tudo o que sei! — revelou Harry à multidão risonha.


Então, deu o buquê a Hermione e, só para ela, detalhou:


— Você me ensinou tudo o que sei sobre o amor.


Hermione não tinha palavras para expressar a felicidade em seu coração. Encontrara o arranjo perfeito para aquela melodia de amor. O amor verdadeiro.



FIM!!!!



Obs: Oiiii pessoal!!!!Espero que tenham gostado da fic como eu gostei...Logo logo tem fic nova na área...Bjux!!!!



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