Capitulo Único



Capitulo Único





Musica: Legião Urbana – Vento do Litoral




De tarde eu quero descansar, chegar até a praia e ver



Se o vento ainda está forte



E vai ser bom subir nas pedras



Sei que faço isso pra esquecer



Eu deixo a onda me acertar



E o vento vai levando tudo embora






Respirou fundo quando fechou a porta de seu carro e colocou as mãos trêmulas sobre o volante de couro.





Jogou a cabeça para trás, enquanto apreciava, com um doce sorriso sobre seus lábios, a brisa marítima balançar seus longos cabelos onde roçavam sobre o seu colo nu.





Abriu os olhos fazendo com que os fracos e calorosos raios de sol das cinco da tarde iluminassem seus olhos cor de âmbar. Aqueles olhos onde a fizeram enxergar pela primeira vez a pessoa que nunca mais sairia de sua mente e de seu coração.





Já se fazia três anos que fora morar longe de casa. Aprendera a se virar com suas próprias mãos e todo o suor que escorrera por sua testa valera a pena, pois foi graça a cada gota que podia se considerar uma mulher de verdade, onde amadurecera com a vida e com as dores que lhe proporcionara.




Cerrou com mais força a mão sobre o volante e, com um único assopro, o carro ligou, a fazendo soltar uma doce risada. Nunca perdera as suas habilidades com a magia, mesmo que não as usasse com freqüência.




Colocando o pé no acelerador, o carro começou a andar, devagar, onde a faziam ter o prazer de observar tudo ao arredor naquela pequena cidade no meio do oceano.




Oakdale, não era um lugar tão ruim, muito pelo contrário. Era simplesmente maravilhoso!




As ruas de asfalto e areia eram lisas e cobertas pelas sombras das enormes árvores verdes, onde dividiam a calçada da bela praia. As casas eram de estilo barroco e todas muitas bem pintadas onde a faziam lembrar da cidade de uma boneca, tamanha a delicadeza de cada enfeite sobre as portas de madeira ou as janelas onde eram contornadas por arranjos de flores silvestres.




Colocando a mão para fora da janela do automóvel, sentiu a brisa fria passar entre seus dedos.




Acenou para os conhecidos que andavam no calçadão, apreciando o belo espetáculo das ondas se quebrando sobre os bruscos e perigosos rochedos.




Voltando a colocar a mão para dentro, ligou o rádio, que já estava sintonizado na única estação que havia na ilha e logo, uma música animada com uma letra romântica começou a soar. Balançando os ombros gentilmente e batendo os dedos sobre o volante acompanhou o ritmo da música.




- Eu só queria que você me enxergasse como eu na verdade sou...- cantou animada, colocando o pé sobre o freio quando o farol ficou vermelho – Tudo fora apenas um sonho bom, onde acabou num pesadelo que me persegue até hoje...- fechou os olhos e deslizou os braços sobre o ar, os colocando sobre seu colo coberto apenas por uma canga branca, onde fazia conjunto com o seu tope do biquíni – É tão difícil entender meu amor, que eu não quero apenas sua amizade, mas sim o teu amor?




Seus olhos marejaram e sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando a brisa da calada da noite tocou em sua pele acetinada, insinuando a ela que já era seis horas da tarde. O horário onde o sol começava a se pôr.




Olhou para o mar, entre os troncos das árvores e tudo ao arredor pareceu sumir sobre seu campo de visão numa rapidez como a de um verdadeiro raio.




As ondas, onde pareciam serem de fogo graças aos raios alaranjados, faziam suas formas graciosas para logo deslizarem sobre a areia branca e fofa da praia.




- Três anos sem você meu amigo... Meu amor. – disse a si mesma, respirando fundo e não conseguindo mais conter a lágrima que instintivamente percorreu o seu semblante e lhe penetrou sobre os lábios.




E, como se fosse trazia por uma violenta onda daquele mar, a lembrança ecoou na escuridão em frente aos seus olhos. A mesma que por todos aqueles anos não a deixava em paz.




---Passado---


Cinco anos atrás...


Inglaterra, campo de Batalha.





O som metálico das espadas se chocando foram abafadas por mais um grito de dor.




- Mione, dê cobertura ao Rony!!! – gritara com força tentando chamar a atenção da amiga que acabara de desacordar mais um comensal, enquanto se esquivava de mais um golpe mortal de seu adversário que rodara a espada no ar na tentativa de lhe cortar a cabeça.




Hermione assentiu com um gesto de cabeça e foi ajudar o noivo, onde era encurralado por mais três adversários vestidos por uma capa preta e o capuz sombrio escondia seus semblantes pálidos e o brilho sanguinário dos olhos.




- Desista garota, você não pode comigo. – a voz fria e arrastada do comensal se fez ouvir sobre o forte barulho da chuva.




Gina deu uma longa risada no mesmo tom que ele usara.




- Quer uma dica? – falou, colocando a lamina da espada embaixo de seus olhos enquanto erguia uma sobrancelha – Nunca subestime uma mulher. – e num piscar de olhos, se colocou atrás do comensal numa velocidade incrível, e num gesto rápido cravou a espada nas costas do homem, atravessando-lhe o corpo.




O comensal caiu ajoelhado e a espada que carregava nas mãos calejadas e frias escorregou entre seus dedos e logo caiu sobre uma poça de lama no chão.




Gina suspirou e assim deu as costas no momento que o corpo do homem caiu no chão, morto, espirrando as grossas gotas de lama ao ar.




Jogando uma mecha ruiva parta trás de sua cabeça assobiou e não demorou muito para que um belo cavalo aparecesse, saindo da relva escura e sombria que circulava o campo.




Sorrindo para o cavalo segurou-lhe na sela no momento que o animal se aproximou de si e com força nas pernas, pulou para cima, montando-o com uma certa graciosidade.




- Vamos lá Sumner, leve-me onde aquela besta do seu dono esta. – falou para logo soltar uma leve risada.




O cavalo marrom começou a cavalgar em grande velocidade entre os corpos dos comensais e Aurores pulando alguns algumas vezes, caídos sobre aquela terra já avermelhada graças a grande quantidade de sangue.




O céu nebuloso foi cortado por um forte raio de luz branca e logo um som oco e estridente ecoou ao arredor.




Ah, como odiava os trovões!




- Gina! – ouviu alguém chamá-la.




Puxando as rédeas com força fez com que o cavalo parasse e se virasse, lhe dando a chance de ver outros dois animais de aproximarem e sobre estes estava Sirius e Lupin.




Fazendo o próprio cavalo dar alguns passos, sorriu para o professor e o padrinho de seu melhor amigo.




Aquela besta! Homens, por que têm de serem tão orgulhosos e não ouvirem, uma única vez na vida, a opinião de uma mulher?, Pensou consigo mesma, lembrando-se que pedira a Harry para esperá-la que iria o acompanhar até o castelo onde, provavelmente, Voldemort o esperava. Mas ele a ouviu?




- Aquele não escuta nem mesmo a própria consciência. – revirou os olhos – Como se tivesse alguma. – suspirando pesadamente, encarou os dois homens que se colocaram ao seu lado.




- Gina, onde está o Harry? – Lupin perguntou, olhando ao arredor, na tentativa de ver algum sinal do garoto.




- Eu estava indo procurá-lo agora mesmo.




- Mas por que ele tem que ser tão burro a ponto de não obedecer a uma ordem direta? – Sirius falou num tom revoltado – Eu o mandei ficar dentro da cabana. Mas não, ele sempre está querendo bancar o Herói do Mundo Mágico, balançando aquela espadinha no ar – ironizou, ignorando o olhar de repreensão de Lupin.




- Eu tenho uma idéia. – Gina disse, cerrando os olhos levemente para tentar enxergar entre a densa neblina branca e as fortes gotas de chuva – Eu vou para o lado Norte, você Sirius para o Sul e Lupin vai para o Leste, peçam ajuda a um Auror para ir procurar Harry ao lado Oeste e quem encontrá-lo faça algum sinal avisando que o achou.




- Ótima idéia, mas... Que sinal podemos usar? – Lupin perguntou, arrumando-se sobre a sela.




Gina riu e simplesmente deu os ombros, antes de fazer o cavalo se colocar sobre as patas traseiras e assim, voltar a cavalgar ainda mais rápido.




A brisa fria daquela noite a fazia lembrar-se de verdadeiros espinhos de uma rosa que cortavam algumas partes de seu corpo á mostra. Sua veste estava rasgada e um pouco manchada de sangue graças a seus ferimentos.




Harry onde você esta! Pensou, já começando a entrar em pânico. Num gesto defensivo segurou entre os dedos a pequena corrente de ouro em forma de coração onde dentro havia uma foto dela e dele abraçados.




Sorrindo sentiu uma lágrima escorrer pelo seu semblante ao se lembrar que ela e Harry eram apenas melhores amigos e que na verdade, ele não a amava. Oh Merlin! Como a vida podia ser cruel. Ela que o amava desde seus onze anos, sabia que nunca seria correspondida, mas mesmo assim, tola como era, continuava esperando, acreditando e sonhando com o dia que Harry Potter falaria que a amava.




Bateu os pés na barriga do cavalo e se curvou sobre este, o fazendo aumentar ainda mais a velocidade de sua corrida.




Arregalou os olhos surpresa ao ver a imagem de um comensal sentando, também, em um cavalo vir em sua direção, com uma espada estendida de modo que acertaria seu coração num golpe fatal e exato.




Fechando os olhos respirou fundo, sentindo o odor forte e enjoado dos corpos, que a fez ficar tonta por alguns segundos.




Aguçou os ouvidos e pôde escutar os passos do animal do adversário se aproximarem cada vez mais; perigosamente.




Gina sabia perfeitamente que não era uma bruxa comum. Sendo a única mulher de seis irmãos, ganhara um dom divido de feiticeira por ser a sétima filha.




- Incanttamen Soliente Sonrins. – murmurou e no momento que abriu os olhos suas íris se transformaram num tom de azul claro quase hipnotizaste, e, fixando-os sobre a espada do comensal, pôde ver uma luz branca englobá-lo por completo aos poucos, circulando-lhe o corpo como um cosmo, para logo o fazer cair do cavalo, desmaiado.




Balançou a cabeça e fez com que seus olhos voltassem a sua cor âmbar normal. Sorriu triunfante ao passar pelo corpo do homem.




- Senhor, como eu sou demais.




Voltando a sua atenção para o caminho de barro a sua frente, entrou na floresta e percorreu a orla do riacho Lancaster. Vários troncos de árvores estavam caídos sobre a estrada de terra dificultando a sua passagem com o cavalo, que desviava dos buracos e chegava a pular algumas fezes.




Sentiu um calafrio percorrer sua espinha.




- Oh, por favor, Deus, faça que não seja tarde de mais. – murmurou, abaixando-se ainda mais sobre o corpo do cavalo, mas não a tempo de conseguir se esquivar de um galho de árvore que cortou o seu rosto num corte comprido e profundo.




- Maldição!




Um novo estrondo ecoou sobre o campo de batalha, e uma forte luz prateada iluminou tudo ao arredor, para que logo o raio descesse sobre a terra e atingisse uma árvore em cheio, fazendo o cavalo se assustar e voltar a se pôr sobre as patas traseiras, num gesto defensivo.




- Ei calma garanhão, calma. – Gina gritou, puxando com forças para si as rédeas do animal que balançando a cabeça e emitindo som como se estivesse bufando, voltou a correr. – Cavalos! – disse num suspiro. Erguendo os olhos e podendo ver entre os troncos caídos à frente um castelo negro no alto de uma colina escondida pela neblina avermelhada.




- O castelo de Voldemort. – murmurou, engolindo em seco.





---Presente---





Vários sons de buzinas atrás de si fizeram com que Gina tivesse um sobressalto sobre o banco do carro e arregalasse os olhos enquanto soltava um breve grito de susto.




Levou a mão ao coração e pôde sentir, sobre sua palma, que ele estava num ritmo disparado.




Olhando pelo retrovisor viu as pessoas continuarem a buzinar, a alertando que o farol já havia aberto.




Dando um leve sorriso e colocando a mão para fora num gesto que pedia desculpas, trocou a marcha do automóvel e o colocou em movimento.




Passou a língua sobre os lábios e virou na esquina, onde somente havia casinhas de madeira que ficavam de frente para a praia.




- Já esta na hora de você começar a parar de ficar desenterrando o passado Virginia. – disse a si mesma, pegando sua maleta médica no banco ao lado, saindo do carro e entrando em sua casa na tentativa de conseguir dormir um pouco e afastar as imagens do passado.





Agora está tão longe


Vê, a linha do horizonte me distrai:



Dos nossos planos é que tenho mais saudade,



Quando olhávamos juntos na mesma direção






Cinco anos. Cinco longos anos haviam se passado e nenhum sinal dela.




Suspirou fundo e tirou o braço sobre seus olhos e assim fitou o teto de seu quarto.




Era como uma maldição; para tudo onde olhava podia lhe ver aquele rosto tão delicado e angelical, podia ouvir a risada dela que tantas vezes fez seu peito se encher de alegria... E acima de tudo, podia sentir, ainda, aquele corpinho perfeito, apertando-se contra o seu quando ela o abraçava e o fazia sentir-se no paraíso. O aroma do perfume doce dela, a maciez da pela e a tom de voz que ela usava, sussurrando palavras certas e sensuais em seu ouvido o levava direito para o caminho da perdição.




Gina Weasley, fora à única garota que realmente amou, ama e sempre irá amar.




Virou na cama e abraçou com força seu travesseiro, sentindo os raios de sol que passavam pelas frestas de sua janela aquecerem suas costas.




Como fora covarde por não ter revelado seus verdadeiros sentimentos pela melhor amiga quando tivera a chance. De certa forma ele sabia que ela o amava, incondicionalmente. E ele também. A amava de corpo, coração... Alma.




Passou a mão pelo semblante cansado e áspero graças á barba mal feita.




Tantos anos alimentando a esperança de um dia voltar a ter aquela ruiva em seus braços. A mesma esperança que ainda continha em seu peito. Gina era dele, somente dele e assim seria. Fora escrito e trilhado assim.




Cinco anos e ele tentara esquecê-la namorando outras jovens, mas o amor que sentia por ela era como um castigo dos Deuses. Simplesmente não conseguia esquecê-la, seu coração não permitia e muito menos as lembranças tão felizes que havia passado ao lado de Gina.




Momentos inesquecíveis. Ao lado dela era como se houvesse conquistado algo, crescido e aprendido. Ela o ensinara a ser forte, corajoso e, acima de tudo, a viver. Mas onde, naquele exato momento, estava a sua coragem, sua força e a sua felicidade?




Suspirou. Em alguma parte do mundo, junto com aquela ruiva que se fora, como aqueles raios de sol que começavam a desaparecer no horizonte.




Olhou para o relógio em sua cabeceira que indicava seis horas.




- Pôr do Sol! – suspirou e sentou-se em sua cama.




E pensar que sua vida mudara radicalmente no momento exato que o sol houvera desaparecido no horizonte.




- Por um ano eu fui capaz de me esquecer...- ele disse a si mesmo, passando a mão pelos cabelos negros revoltos – Um ano com ela ao meu lado, esperando eu acordar e quando isso aconteceu, eu simplesmente havia esquecido... De tudo; até do nosso amor.




Com um gemido, levantou-se e andou até a janela, e pôde observar a bela paisagem dos raios alaranjados banhando a cidade de Londres.




Encostou a testa na janela e respirou fundo a brisa da calada da noite.




- Oh, meu amor, onde você esta...- voltou a murmurar, sentindo os olhos marejarem – preciso tanto de você... Tanto!




Abrindo os olhos observou o sol parecer que ia sendo engolido pela terra, à medida que ia se pondo, enquanto as estrelas começavam a aparecer lentamente naquele céu obscuro e a Lua banhar ao arredor com seu esplendor prateado. E foi no meio daquele crepúsculo que as lembranças voltaram a atormentá-lo.




---Passado---




“Harry onde você esta?” Essa frase ecoou em sua mente no momento em que entrou na sala onde haveria o duelo definitivo; ele versos Voldemort.




O bruxo estava sentado em sua poltrona, com uma taça de cristal de vinho tinto numa das mãos finas, de dedos longos e brancos, enquanto na outra ele girava a espada pela lâmina, fazendo a ponta desta girar rapidamente, sempre no mesmo lugar, sobre a carne fria de seu dedo.




Harry observou uma pequena gota de sangue negro brotar sobre o ferimento que Voldemort havia feito em seu dedo, e o líquido começou a escorrer pela lâmina brilhante da bela espada de Salazar.




- Vejo que finalmente parou de correr como um cão, Potter, e veio me enfrentar. – a voz gélida do bruxo fez com que as poças de água no chão frio da sala, onde foram feitas pelas goteiras do teto, tremessem.




Harry sorriu pelo canto dos lábios num gesto venenoso e deu um passo à frente, sem para de fitar nos olhos o bruxo.




Oh sim, aquele era o momento final. Tinha plena consciência que poderia morrer, mas se isso viesse a acontecer levaria Voldemort com ele para o inferno.




Iria devolver ao Demônio aquele Bruxo onde nunca deveria ter se libertado daquelas chamas do submundo.




Apertando levemente a espada entre seus dedos disse num tom baixo e perigoso entre os dentes:




- Para você ver como as pessoas mudam, não é mesmo Voldemort? – o bruxo iria responder, mas ele foi mais rápido e assim continuou, começando a caminhar em direção ao Lord – Pelo menos eu não fui covarde o suficiente de querer matar uma criança de apenas um ano de idade, ou ter passado anos controlando pessoas que você obrigou a fazer o seu trabalho sujo. Sempre mandou que comensais fossem atrás de mim, pois não tinha coragem suficiente de você próprio vir me enfrentar. – riu friamente e pôde sentir o feroz olhar vermelho de Voldemort sobre si – E agora me responda Voldemort, quem é o cão aqui?




O bruxo se levantou como uma verdadeira cobra, pronto para dar o seu bote, sem parar de observar os movimentos de sua presa que ia se aproximando de si a cada passo.




- Vejo que não perdeu o seu jeito impertinente, Potter.




- E eu vejo que você não perdeu a sua feiúra. – Harry retrucou, colocando a espada em frente ao corpo, quando viu Voldemort banir a espada de Salazar no ar.




Agora sim não tinha mais volta, naquela tarde um dos lados – bem ou mal – iria ganhar.




---Presente---




Fortes batidas na porta trouxeram Harry de volta ao presente.




Balançando a cabeça para afastar as lembranças e limpando o caminho úmido que algumas lágrimas fizeram por seu rosto, virou-se e foi em direção a porta de seu apartamento.




As batidas se tornavam cada vez mais fortes e consecutivas, como se o visitante estivesse desesperado, fugindo de algo que queria matá-lo.




- Calma, já estou indo. – falou, cortando o hall com passos rápidos e largos. Colocando a mão sobre a maçaneta, abriu a porta revelando a imagem de Rony suado e bastante cansado, mas o brilho nos olhos azuis avermelhados, onde mostrava que ele havia chorado, não o enganava que ele estava feliz como nunca.




O ruivo respirou fundo, deixando nítida a visão do peito arfante de respiração pesada, com um sorriso que poderia a qualquer minuto ultrapassar as orelhas, ele abraçou Harry com força.




- A encontramos, Harry...- ele falava, pulando sobre o moreno que piscava os olhos várias vezes. – A Encontramos, depois de cinco anos... Encontramos!




Afastando o amigo, segurou-o pelos ombros e o chacoalhou, e foi nesse momento que Rony pareceu acordar de seu transe inicial.




- Calma Rony. – Harry disse fazendo um sinal com a mão para o ruivo parar de pular – Me conte o que você encontrou?




Girando as orbes azuis, Rony passou a mão pelos cabelos antes de fitar intensamente os olhos verdes curiosos e ansiosos de Harry.




- Harry, finalmente encontramos...




- Ta, disso eu já sei. – o moreno interrompeu o amigo, impaciente. Será que era o que ele estava imaginando? Oh, Senhor! Se fosse, os seus dias escuros de solidão iriam finalmente acabar e a luz de sua vida voltaria a brilhar intensamente, dando-lhe o direito de finalmente ser feliz ao lado da pessoa que mais amava no mundo.




- A Gina, Harry. Encontramos a Gina, ela esta numa ilha em Louisiana, chamada Oakdale.




Seu arredor pareceu girar fortemente sobre seus olhos o fazendo cambalear para o lado.




Apoiando-se sobre o ombro de Rony, Harry sentiu seu peito começar a subir e a descer descompassado e seu coração ameaçava saltar de seu corpo.




Ele ouvira direito? Gina, a sua doce e meiga Gina, a mesma que roubara seu coração quando completara dezessete anos e fora capaz de consumir até mesmo a sua alma, fora encontrada.




Seus olhos se encheram de lágrimas e por alguns segundos sentiu suas pernas tremerem, ameaçando-o a se colidir contra o chão de magno do hall.




- Rony...- chamou-o de forma baixa, mas decisiva. Precisava ir até aquela ilha, ver com seus próprios olhos aquela ruiva, onde por anos ansiou terminar a frase que começará antes de cair desmaiado em seus braços, cinco anos atrás. Precisava, contudo, sentir aquele corpo sensual e erótico contra o seu, aquela boca cor de cereja carnuda e convidativa pressionando a sua boca numa força quase selvagem, lhe dando a liberdade de comprovar se o gosto que por tanto tempo imaginou era o mesmo que tinha o poder de o levar a loucura. E, acima de tudo, tinha que saber se a maciez do corpo dela era mesmo como um pano de seda cor de pérola, cheiroso como uma rosa e quente como as chamas de uma lareira.




- Harry vai com calma, não tome medidas precipi...- como Rony tinha coragem de lhe dizer aquilo, além de Gina ser a irmã dele, ela era a garota que amava, a garota que queria que fosse a última coisa que visse quando fosse dormi e a primeira quando acordasse. A queria em sua cama, ao seu lado lhe aquecendo nas noites frias de inverno, ver aqueles cabelos sedosos vermelhos espalhados sobre o travesseiro branco, ela lhe sorrindo daquela forma única, os olhos cor de âmbar o fitando com todo o amor. O interrompendo bruscamente falou:




- Não quero saber, ligue para o aeroporto e me consiga uma passagem para Oakdale para hoje mesmo.




Rony suspirou profundamente antes de estralar os dedos num gesto nervoso.




- Impossível!




- Então vamos aparatar! – retrucou logo em seguida, num tom mais nervoso.




- Harry você precisa se acalmar. – o ruivo voltou a dizer, o segurando pelo braço e o impedindo de ir até o quarto e começar a fazer as malas – Você esperou por cinco anos, acho que vai poder esperar mais uma semana...




Harry arregalou os olhos e o fitou com espanto.




- Uma semana? – Por acaso, Rony queria que ele enlouquecesse?




- É impossível chegar àquela ilha de avião, já que não tem um aeroporto, somente de barco...




- Então vamos de barco, caramba.




- Harry...- Rony fechou os olhos e soltou o oxigênio com força pela boca – O último barco para essa ilha saiu há quase três horas, e o próximo só irá sair na próxima semana. Terá que ter calma e esperar até lá.




Rindo sarcasticamente o moreno passou a mão pelos cabelos, na tentativa de não fazer seu apartamento ir para baixo, tamanha a raiva que começava o consumir.




Aquilo só poderia ser castigo. Ele deveria ter feito alguma coisa muito grave na encarnação passava e estava pagando pelo seu erro naquela.




Mordeu a própria língua para não gritar de ódio.




- Rony...- sua respiração não era mais rápida e sim calma e pesada mostrando a força que fazia para manter a calma e não cometer uma loucura – Você não sabe como foi esses últimos anos para mim. Você se casou com a Mione, teve uma linda filha, assim como todos os seus irmãos. – fitando o amigo intensamente continuou, não conseguindo mais segurar as próprias lágrimas. – Eu me mantive aqui, nesse apartamento frio, me afogando nessa merda de solidão que me consumiu a cada dia. Você não sabe como é acordar de manhã sabendo que o leito ao seu lado vai estar vazio e frio, ou até mesmo quando for dormir e saber que não terá ninguém o esperando para dormir em seus braços. Você não sabe como é a sensação de imaginar que o amor de sua vida está em alguma parte desse mundo pensando que você está morto. – chegando mais perto do ruivo e colocando a mão em seu ombro sorriu tristemente – Rony, eu amo a sua irmã de uma forma que chega a, até mesmo, doer, eu esperei tempo de mais para dizer isso a ela. Não me tire essa dádiva meu amigo, me ajude a chegar até ela hoje mesmo, senão a loucura que tentou me dominar vai conseguir nesta semana. Eu preciso dela Rony, para respirar, para ser feliz... Pra viver. A sua irmã é simplesmente a força que faz o meu coração continuar batendo. – respirou fundo tentando controlar as próprias lágrimas – Eu passei todo esse tempo, somente a vê-la por fotos do passado, somente Deus sabe como ela está hoje... Eu tenho que saber se ela está bem. Eu tenho que saber Rony se ela ainda me ama.




O ruivo mordeu o lábio, numa forma que a dor de seus dentes prensado em sua carne o fizesse pensar com a razão e não com os sentimentos. Claro que estava morrendo de saudades da irmã. Respirou fundo, se deixasse se levar pelos impulsos seria capaz de até mesmo pegar a sua vassoura, ir até aquela ilha e dar umas boas palmadas em Gina, por ter abandonado; ele, a família e principalmente Harry.




Céus! Sabia que ia se arrepender mais tarde, mas ali, naquele momento vendo os olhos verdes ainda mais claros de Harry por causa das lágrimas deixou que a sua saudades e a compreensão falassem mais alto.




Ele faria a mesma coisa se tudo aquilo houvesse acontecido com ele e Hermione.




Sorriu com sinceridade e assim falou:




- Tudo bem Harry, eu vou te ajudar. – o moreno deu um sorriso tão luminoso que Rony temeu que ele deslocasse o maxilar – Mas eu não sei como vou fazer.




- Mas eu sei! – uma voz feminina, passando pela porta do apartamento cortou o ar tenso da sala, fazendo Harry e Rony se virarem para encararem uma sorridente Hermione.




- Mi? – Rony murmurou incrédulo, observando a esposa caminhar até ele e lhe dar um leve beijo nos lábios e um reconfortante abraço em Harry.




- Olá, garotões. – ela disse num tom divertido, fazendo-os sorrirem. Depois que eles haviam, no sétimo ano, passado com notas surpreendentes, ela havia ganhado essa mania de chamá-los daquela forma carinhosa. Fitando Harry alegremente, continuou: - Eu sei como se sente querido, por isso eu tive a liberdade de ligar para o meu pai e como ele tem um amigo muito bem conceituado na marinha americana...- ela deu os ombros e fez uma cara que fez Rony lembrar-se de um anjo travesso – É bom que corra e vá fazer a sua mala, pois daqui exatamente quarenta minutos eu e o Rony iremos levá-lo ao porto, onde um barco particular estará o esperando para levá-lo em direção a sua ruivinha.




Harry piscou várias vezes e permitiu que seu queixo caísse, como se fosse capaz de atravessar o chão.




- Você ta me dizendo que...- a gargalhada alegre de Hermione interrompeu sua frase.




- Sim Harry, foi o que você entendeu...- ela olhou para o relógio em seu pulso e ergueu uma sobrancelha castanha – Agora você tem trinta e seis minutos.




Harry abriu ainda mais o sorriso e assim segurou a amiga nos braços e a rodopiou no ar, antes de lhe dar um afetuoso beijo na bochecha.




- Mione, eu te amo. – e voltando a colocá-la no chão, ao lado de Rony que colocou seu braço ao arredor da cintura dela, correu para seu quarto para fazer sua mala.




Merlin! Iria rever Gina, e não esperava a hora para poder senti-la novamente perto de si.




Rony encostou a testa na cabeça da esposa e lhe beijou os cabelos encaracolados e cheiroso.




- Você é realmente uma mulher brilhante, meu amor. – murmurou ao pé do ouvido dela a fazendo abraçá-lo pelo pescoço e assim roçar seus lábios nos dele.




- Eu sei. – Hermione respondeu divertida – Por isso que nos damos bem, querido. Como diz a velha frase; os opostos se atraem.




Rony abafou uma risada e aproximou seu corpo atlético do sensual do da morena que estremeceu ao sentir seu calor.




- Mas nós não somos opostos. – retrucou, embriagado pelo perfume de jasmim que ela usava.




- Somos sim...- ela deu um risinho doce, enquanto a boca do ruivo começava a deslizar pelo seu pescoço, a provocando – Enquanto eu sou uma pessoa brilhante – sua voz era fraca e continha um quê de ironia, graças à chuva de arrepios que sentia sobre a extensão de seu corpo. Por que Rony tinha que lhe conhecer tão bem a ponto de ter um conhecimento perfeito sobre as partes de seu corpo que a deixava entorpecida e com as pernas bambas. O abraçou com mais força, temendo cair no chão – Você é um vegetal.




Rony parou de lhe beijar o pescoço e jogou a cabeça para trás, soltando uma sonora e gostosa gargalhada.




- Oh meu bem, não foi isso que você disse ontem à noite enquanto dormia nos meus braços.




Hermione abriu a boca para responder, mas logo a fechou quando percebeu que sua voz se recusava a sair. Corando levemente, abaixou a cabeça e olhou para os lados, fazendo o marido rir ainda mais.




- Mas ontem já era outra estória. – respondeu, fazendo bico.




Rony lhe deu um carinhoso beijo antes de murmurar:




- Então vamos combinar uma coisa... Quando levarmos aquele doido-apaixonado para o porto, vamos jantar fora e depois iremos para casa, aí...- sorrindo daquela maneira que sabia que deixava a esposa enfeitiçada, sussurrou com o tom de voz rouco e sensual. – Eu vou lhe contar outra estória que você vai amar e vai chegar até pedir para que lhe conte de novo, e de novo, até que a noite passe, e o sol nasça para iluminar esse seu corpo esculpido por Deus, nu, ao meu lado na nossa cama quente, assim como nossos corpos.




Respirou fundo para manter a sensatez e tentar controlar o impulso de se entregar ao marino ali, naquele hall, no apartamento de Harry, Hermione murmurou provocante, passando a pontinha da língua sobre os lábios, sentindo os olhos azuis do ruivo seguirem seu movimento e ficar com a boca seca:




- Lembre-se, amore mio... – Oh sim, ele amava quando ela falava em outra língua, naquele tom tão sensual – Que eu não sou uma leitora que se impressiona fácil.




Rony sorriu e a trouxe ainda mais para perto de si.




- Então se prepare, daragaia mayá...- disse em russo, enquanto lhe mordia o lóbulo da orelha e logo voltava a fitar nos olhos - Por que hoje eu irei fazer você ficar com os olhos arregalados de tão impressionada que você irá ficar.




Hermione estava preste a responder, quando Harry chegou com um casaco num braço e uma mala pequena na outra e um sorriso radiante.




- Vamos? – disse ansioso, já andando em direção a porta, parecendo nem ter se tocado que havia acabado de atrapalhar o clima romântico e provocativo do casal.




Rony abafou uma risada e abaixou a cabeça, enquanto Hermione suspirava e logo também ria baixinho.




- Vamos logo Rony, antes que ele tenha um ataque cardíaco. – ela disse, fazendo o mesmo caminho que o Harry fizera.




Rony respirou fundo pela última vez antes de sair do apartamento, trancando a porta e murmurando:




- Depois ela tem a coragem de falar que eu sou o vegetal aqui.





Aonde está você agora


Além de aqui dentro de mim?


Agimos certo sem querer


Foi só o tempo que errou


Vai ser difícil sem você


Porque você está comigo o tempo todo





Um novo facho de luz cortou a extensão do céu, fazendo um rouco barulho ecoar sobre a ilha.




O vento era violento e fazia as árvores se inclinarem e as folhas secas caídas no chão voarem sobre o ar numa dança frenética e feroz, assim como o mar, com suas águas agitadas e violentas, onde ondas grandes e perigosas começavam a se formar.




Colocando a sua caneca amarela flamejante de chocolate-quente sobre a mesinha de vidro ao seu lado, ergueu seus olhos do livro que lia, enquanto sua rede de balanço, que estava na varanda de seu quarto onde lhe dava uma belíssima visão do oceano, balançava graciosamente.




Nuvens carregadas e cinzentas que vinham do horizonte, começavam a engolir o céu, fazendo a noite chegar mais cedo naquele dia de começo de outono.




Respirando fundo, apoiou sua cabeça sobre seu braço estendido acima de sua cabeça e assim fechou os olhos, sentindo a brisa fria da calada da noite tocar em seu rosto como se alguém estivesse o acariciando com os lábios. Seus cabelos vermelhos caídos para fora da rede também balançavam graciosamente, fazendo algumas mechas deslizarem sobre seu corpo, moldando a forma firme e volumosa de seus seios.




- Mais uma tempestade. – murmurou já ao meio do sono, que chegou a si como se houvesse sido trazida pela forte ventania. Dando um último suspiro se permitiu perder-se na terra das lembranças, cambaleando a cabeça ainda mais para o lado.




---Passado---




Seria muita ironia se dissesse que se Voldemort não acabasse com Harry, ela acabaria?




Com um revirar de olhos, Gina entrou no castelo, deixando o cavalo malhado dentro do hall.




Podia sentir os últimos raios de sol que começavam a se perder no horizonte escuro a suas costas.




Olhando ao redor, fez uma careta. Aquele castelo era muito mais assustador de como imaginava.




- Tudo bem, agora é só procurar aquela besta. – disse a si mesma, empunhando a própria espada e a varinha fortemente nas mãos. Começou a caminhar pelos grandes e escuros corredores, sentindo algumas goteiras de água caírem sobre seu semblante.




A cada passo um som metálico de espadas se chocando, junto com uma gargalhada fria ficava mais alto, a fazendo sentir um calafrio.




E se for tarde de mais e Harry já estiver morto?, Pensou sentindo seu coração ao seu peito parecer encolher, a sufocando.




Balançou a cabeça e afastou a idéia.




Se ele morresse, poderia dizer adeus a sua própria vida, pois morreria junto. Ele era à base de sua existência.




- Aonde pensa que vai pirralha? – uma voz fria e maliciosa disse a suas costas a trazendo para o momento presente.




Com um revirar de olhos, parou de andar e continuou de costas antes de responder com sarcasmo:




- Sabe que eu não sei... Pra casa da vovozinha talvez. – aguçando seus sentidos pôde perceber que o Comensal estava armado e acabara de empunhar sua espada para logo erguê-la num golpe mortal.




Por que eles nunca podem ser educados e deixarem uma dama passar pacificamente?. Ela se perguntou bufando para logo se abaixar, colocando a mão que empunhava a varinha espalmada no chão de pedra frio ao lado de seu corpo e com uma das pernas, girou fortemente fazendo a forma de um circulo, dando uma rasteira surpresa do comensal.




O homem não teve tempo de gritar, pois quando suas costas bateram fortemente contra o chão, pôde sentir a lâmina de uma espada ser cravada sobre seu peito o fazendo perder o ar e a força de sua voz para ser proferida.




O negro capuz que lhe escondia o semblante escorregou. Gina pôde ver uma pele bastante pálida, nariz fino e arrebitado, olhos incrivelmente azuis-acinzentados e cabelos platinados, como os raios de sol numa manhã de primavera.




- Lucios Malfoy? – disse a si mesma com os olhos arregalados. Oras, nunca pensou que fosse tão fácil acabar com um velhote daqueles – E eu pensando que esse cara seria um verdadeiro osso duro de roer. – riu friamente – Mas pelo menos ele vai servir para alguma coisa. – sorriu pelo canto dos olhos e tirou a capa negra do comensal e a vestiu, fazendo com que a veste escorregasse sobre seu corpo como um verdadeiro mando e o capuz como um véu, tampando-lhe por completo, como um vulto escondido nas sombras.




Guardando a espada dentro da capa a colocando na bainha em sua cintura, voltou a caminhar pelo corredor, onde o som de espadas se chocando voltou a ecoar.




Mordeu a própria língua para segurar um grito em sua garganta quando o som da voz de Harry percorreu a extensão do castelo num berro abafado de dor.




- Isso Potter, grite diante de meus pés. – a voz de Voldemort também acompanhou o berro do garoto, a fazendo sentir seu coração pulsar sobre suas veias.




- Harry... Não! – murmurou com os olhos já marejados e assim começou a correr. Não se importando em empurrar os Comensais que encontrava em seu caminho fortemente para o lado, obrigando-os a lhe dar passagem.




- Mas que cara estressado...- alguns diziam e com um dar de ombros voltavam a caminhar.




Mas Gina não prestava a atenção. Pois nada ao redor fazia mais sentindo, nada mais estava em seu campo auditivo, somente os gritos de Harry e a voz fria do Lord das Trevas e a porta alta e grossa de madeira a sua frente que estava aberta para um escritório onde o chão estava banhando em sangue.




- Oh não, não, não. Por favor, Merlin, faça que não seja dele. – pediu baixinho, sentindo a primeira lágrima escorrer pelo canto de seus olhos e deslizar até seu pescoço.




Colocou suas mãos para dentro das escuras vestes e segurou entre os dedos sua varinha e a espada. Se fosse preciso entrar para salvar Harry ela não iria hesitar.




Com passos silenciosos adentrou no escritório e a cena que viu a fez perder o fôlego por alguns minutos.




Harry estava repleto de cortes pelo corpo, que lhe escorriam pelo corpo como uma manta vermelha. Empunhava a espada fortemente em frente ao seu peito, esquivando dos golpes de Voldemort, enquanto este também se encontrava bastante cansado, graças à respiração pesada e o peito arfante. Pôde ver uma bela quantidade de sangue sobre o chão que escorria por de baixo do sobretudo do Lord, sem esquecer que o manto negro estava banhado em sangue.




- O que é isso Potter? Pensei que seria mais excitante lutar contra você, mas só estou vendo que é um bastardo como outro qualquer.




Harry sorriu maldosamente pelo canto dos lábios.




- Eu sei que você está morrendo de medo, pois eu sou o único que pode matá-lo e mesmo que eu morra hoje Voldemort – colocou-se em posição mortal – Você irá junto comigo.




Gina sentiu um arrepio percorrer sua espinha fazendo-a ficar ereta quando viu Harry correr até Voldemort, pular sobre o ele e assim lhe cortar as costas num ferimento da nuca até o fim da coluna vertebral.




Voldemort gritou de dor e jogou o corpo para frente como se fosse cair no chão, mas colocando uma perna a sua frente brecou o forte impacto.




- Muito bom. – foram às primeiras palavras a serem ditas depois de alguns minutos em silêncio, onde somente as respirações pesadas ecoavam ao redor das paredes frias – Mas eu sou melhor, bastardo. – e num girar de corpo, o Lord deslizou a lâmina da própria espada pela costela de Harry, jogando-o longe contra o chão e gemendo de dor.




Gina teve o impulso de sair das sombras onde se mantinha escondida e correr até o amado para ajudá-lo.




Mas naquelas circunstâncias não poderia fazer nada, era um pedido para ser morta.




Sentiu os ferimentos em seu corpo junto com as cicatrizes arderem como se alguém as cobrisse com brasa pura. Mordeu o lábio sufocando um gemido de dor.




Oh Senhor, ela não poderia desistir naquele momento. Harry precisava dela.




- Não vou desistir Voldemort, todos contam comigo. – as palavras do moreno foram num tom igual ao som das goteiras do teto caindo sobre as poças de sangue sobre a sala.




Gina sorriu. Oh sim, ele era muito forte. Ergueu os olhos para Harry e viu aquele mesmo brilho intenso e cheio de coragem nos olhos verdes dele, fazendo-os brilharem intensamente.




- Então a história irá se repetir. – Voldemort disse – Parece que a última coisa que verei será seus olhos antes de matá-lo. Assim como foi com a sua mãe. – o semblante de Harry enrijeceu – Oh, Potter, escutar os gritos de suplica de sua mãe e vendo-a correr até você, é o sonho de meu sono.




- Maldito!




O Lord jogou a cabeça para trás, soltando uma sonora e fria gargalhada.




- E, mais lindo ainda, foi ver aquele velho do Dumbledore o proteger nesses dezenoves anos de sua medíocre existência.




Harry arqueou uma das sobrancelhas e cerrou os olhos. Oh sim, ele estava muito, muito, bravo.




, Essas palavras ditas num tom de brincadeira ecoaram em sua mente, fazendo-a arregalar os olhos, surpresa. Prestando bem atenção, Gina pôde ver Harry sorrir pelo canto dos lábios e mover os olhos num gesto bem rápido para o lugar onde ela estava escondida nas sombras e voltar sua atenção para o adversário. Permitir que mais uma lágrima escorresse pelo seu rosto. Senhor, ele sabia que ela estava lá, senti-a, e escutava seus pensamentos assim como ela os dele.




- Harry...- murmurou, começando a sentir aquele brilho de esperança brotar em seu peito. Sim, naquele dia Voldemort seria morto, e ela e Harry voltariam juntos para a casa dos Weasley e comemorariam a vitória da Ordem da Fênix.




Voldemort segurou com mais firmeza a espada entre suas mãos pálidas e fitou Harry com os olhos vermelhos brilhando.




- Pronto para morrer, Potter? – Harry sorriu e, como o Lord, se colocou em posição de duelo.




- Estou pronto para ver de camarote sua cabeça voar alto.




A seguir tudo aconteceu muito rápido, não deixando nem mesmo que Gina pudesse sequer respirar.




Harry já ia para cima de Voldemort, que sorriu maldosamente.




- Meu Deus, é uma armadilha. – ela falou, empunhando a própria espada. Mas já era tarde de mais.




No momento que Harry iria perfurar o estômago do Lord num golpe mortal, este pulou sobre ele e com a varinha proferiu um feitiço. Harry se virou e um jato forte de uma luz vermelha chocou-se em seu peito o fazendo voar longe e bater as costas na parede e deslizar sobre esta até o chão.




Sem se importar com a própria vida, Gina jogou o capuz para trás, revelando seus chamativos cabelos ruivos e gritou enquanto corria em direção a Harry:




- HARRY NÃÃÃÃÃÃÃO! – pôde sentir o olhar maldoso e surpreso de Voldemort sobre si, quando ela saiu de seu esconderijo e correu até o moreno.




- Harry, por favor, fala comigo. – pediu, se rendendo as lágrimas e ajoelhando ao lado do moreno e lhe segurando a mão; fria e sem movimento.




- Ora, ora, o que temos aqui? – Voldemort murmurou friamente – Uma Weasley chorando sobre o corpo morto de Harry Potter, mas onde esta uma maquina fotográfica para eu tirar uma foto e colocar ao lado de minha cama.




Gina se virou furiosamente para o Lord, o fazendo recuar um passo, assustado, sobre a força daquele olhar âmbar onde um brilho vivo de assassino brilhava mais do que os seus próprios.




- Cale a boca e pense muito bem em suas palavras antes de proferi-las a minha pessoa, ou eu vou aí e o faço engoli-las de uma maneira Voldemort, que você iria passar o resto de sua existência no inferno, ouvindo o som das risadas dos demônios. – e sem mais dar atenção ao Lord ela se voltou para Harry, que começou a abrir os olhos, lentamente. Um filete de sangue escorreu pela boca do moreno, o fazendo tossir.




- Harry. – disse num tom amável – Por favor, fale comigo meu amigo.




O moreno virou a cabeça e a fitou com aquelas íris verdes que se encontravam opacas e sem brilho. Oh não, ele não poderia estar...




- Gi...- ele murmurou, apoiando a cabeça em seu colo – Não... Chore... minha... pequena...- a respiração era pesada e a força que ele fazia para falar mostrava que eram as suas últimas. Mas ele precisava dizer uma coisa antes de morrer, teriam que ser suas últimas palavras – Olha só... Na ultima vez... Era... Eu quem estava...- arqueou o corpo em dor e levou a mão ao peito – te salvando... Naquela câmera... Lembra?




Gina sorriu e abraçou o corpo do amigo.




- E como iria me esquecer? Foi lá que eu soube que te amava. – Harry arregalou os olhos e ela pôde ver que aquele brilho nas íris claras voltava a aparecer – Mas não podemos esquecer que você também me salvou daquele lobisomem, quando eu fui me vingar do Malfoy, por ter feito meus cabelos ficarem num tom de verme florescente.




Harry riu levemente.




- Você... Estava... Ridí... Cula.




- Sim, estava. – tirou a capa preta e cobriu o moreno, no momento que ele começou a tremer. – Harry, por favor, você vai ter que agüentar um pouco; terá que ser forte. – pediu, vendo-o fechar os olhos. – E NÃO SE ATREVA AFECHAR ESSES OLHOS. – gritou.




O moreno voltou a sorrir e abriu os olhos. Com certa dificuldade, Harry ergueu uma de suas mãos e acariciou o rosto da ruiva, limpando as lágrimas que por este escorria.




- Gi...- voltou a murmurar, vendo-a balançar a cabeça em negativa, parecendo não acreditar no que estava acontecendo – Eu... Preciso... Te... Falar... Uma... Coi... Sa.




A sensação era pior do que um Cruciatus lançado sobre seu coração.




Gina mordeu o próprio lábio para segurar o soluço, quando os dedos frios de Harry voltaram a deslizar pelo seu rosto, como se com o toque ele quisesse decorá-lo em sua memória.




- Eu... Não... Vou... Po... Der... Te...- ele voltou a falar, levando a mão para a nuca dela, sentindo os sedosos cabelos entre seus dedos, e assim a puxou para si, aproximando os lábios um do outro – Te... Acom... Panhar... No... Baile... Do... Minis... Tério.




Gina sorriu e lhe acariciou o rosto também, com a pontinha dos dedos trêmulos. Não podia perdê-lo. Não podia perder a única pessoa que amou e desejou por todos aqueles anos.




- Não seja bobo. Você vai ficar bom. – para o seu desespero ele balançou a cabeça num gesto negativo.




- Eu... Est... Ou... Mor... Ren... Do. – falou – nem... Sin... To... Mais... Dor.




A pele dele estava gelada, como se houvesse acabado de sair de um lago feito de gelo.




- Você não pode me deixar... O que eu vou fazer sem você, Harry? Eu te amo!




Ele sorriu e fechou os olhos novamente, como se quisesse gravar em sua mente aquelas palavras. – EU JÁ FALEI PARA VOCE NÃO FECHAR ESSA MERDA DE OLHO!




Ele riu levemente e mais um filete de sangue escorreu pelos seus lábios.




Gina também pôde sentir o gosto do próprio sangue na boca e quando viu, havia o ferido pela tamanha força que o mordeu.




- Eu... Te... Nho... Que... Te... Fa... Lar... Uma... Coi... Sa. – a respiração estava cada vez mais lenta e forte, levando a mão ao peito dele, Gina pôde sentir as batidas fracas e demoradas do coração, pulsando em sua palma.




- Shhh... Não fale mais nada meu amor, você vai ficar bem. Vai sim. – Tem que ficar! Pensou, em meio às lágrimas. Era como se estivessem lhe arrancando o próprio coração e sua alma, e assim afogá-la em meio a águas violentas do mar. Sentir seu corpo estremecer, como se facas estivessem o perfurando lentamente, fazendo com que cada ferida fosse profunda e dolorosa.




- Eu... Não... Te... Nho... Muito... Tem... Po. – Harry murmurou, fazendo um último esforço para encará-la e de apertar a mão dela – Gi... Eu te...- mas já era tarde de mais. Foi como um filme em câmera lenta para os olhos da ruiva; a mão dele em sua nuca escorreu sobre sua pele como uma manta gelada, a outra mão que apertava a sua, afrouxou, as batidas do coração sobre sua palma parou, os brilho dos olhos verdes sumiram e estes se fecharam, antes de por fim a cabeça dele cambalear para o lado, sobre seu colo.




Seu mundo escureceu sobre seus olhos e a sensação de dor e de afogamento também desapareceu deixando-a num mundo mais doloroso e sombrio; a solidão.




Sentiu as lágrimas pararem de escorrer sobre seu rosto. Seus olhos se tornaram frios assim como seu corpo, que começou a tremer.




- Harry...- murmurou, balançando o corpo dele; frio e inerte, entre suas mãos na tentativa de acordá-lo – eu te pedi para não fechar os olhos. O que você queria me dizer, meu amor? Acorda! – um soluço baixinho fugiu de sua garganta, ela o balançou com mais força – ACORDA, CARAMBA, EU TO MANDO VOCÊ ABRIR OS OLHOS! – apoiou sua testa na dele e começou a soluçar compulsivamente – Por favor, fala comigo. Você me disse antes de virmos para cá que iríamos juntos para o baile. Você me prometeu Harry, me prometeu que sairíamos vivos dessa. – tocou-lhe na bochecha pálida com os lábios – Como eu vou viver sem você. – murmurou, deslizando seus lábios pelo rosto do moreno até que eles se tocaram com só dele, frios e sem vida. E nesse momento o sol no lado de fora do castelo de pôs, se rendendo à noite que chegava.




Gina gemeu, quando seu ferimento se chocou contra o de Harry e seus sangues se misturaram junto com suas lágrimas. O beijo fora sem vida, mas ela levaria consigo o sabor dele. Pelo menos, poderia dizer a qualquer um que no leito de morte, que havia sentido o sabor dos lábios de Harry Potter, aquele que amou e iria levar aquele sentimento consigo até a própria morte.




Mas já estava morta. Seu coração, sua alma... Iria vagar sobre aquele mundo como uma carcaça velha e sem vida. Algo imprestável. Pois a única coisa em sua vida que valia a pena, estava sobre seu colo, parada, inerte e... Morta!




Oh Merlin, se pudesse trocar de lugar com ele, não iria hesitar nem um segundo. Pelo menos não iria sentir aquela dor que lhe apertava o peito.




Queria-o de volta. Somente mais uma chance.




Uma voz fria a suas costas a trouxe de volta ao momento presente.




- Mas que cena cativante. – a voz fria lhe penetrou nos ouvidos como se um punhal houvesse se cravado em seu peito.




Fora ele! A culpa de toda aquela dor que ela estava sentindo fora causada por ele, que acabara de lhe tirar a coisa mais importante em sua vida.




Respirou fundo e fechou os olhos. Harry tentou matar Voldemort naquela noite, mas infelizmente não conseguira... Então ela faria aquilo por ele.




Abriu os olhos e duas íris vermelhas apareceram no lugar daquele mar castanho alaranjado.




Uma aura percorreu seu corpo na velocidade de um raio, e sua mão que estava repousada sobre o peito de Harry deslizou até o chão e num piscar de olhos a espada de Griffindor, que estava perto dos pés do Lord das Trevas, começou a tremer furiosamente antes de percorrer a extensão da sala como uma verdadeira cobra e ir parar em sua mão.




Pôde sentir que os olhos de Voldemort começaram a brilhar de uma forma alem de surpresa em alegria, ao imaginar que estava preste a matar mais uma pessoa, agora a namoradinha de Potter.




Gina se colocou sobre seus pés antes de se levantar devagar, numa precisão quase felina.




- Ora, essa vai ser realmente uma noite maravilhosa. – a voz de Voldemort, fria e arrastada, ecoou. Gina ainda se encontrava de costas, mas podia vê-lo sobre o reflexo do sangue em seus pés. Ele se movia para a sua cadeira – Esqueça Virginia, nós sabemos que o único que poderia me matar era esse verme insignificante que esta morto agora sob seus pés. – com gestos irônicos e delicados, o Lord pegou uma garrafa de vinho e a sua taça e balançou-as – Quer um gole?




Gina soltou uma sonora gargalhada nesse momento e se virou, fazendo com que seus olhos vermelhos fitassem os de Voldemort. Ela sorriu pelo canto dos lábios quando a taça e o vinho escorregaram das mãos dele e se quebraram no chão, a cor escura da bebida começou a deslizar pelo chão de pedra frio e logo se misturou com o sangue.




- Sabe, Tom. – ela falou irônica, girando a espada na sua frente num gesto que mostrava que ela estava somente brincando – Acho que você se esqueceu do episodio na Câmera Secreta há mais ou menos...- franziu o cenho e logo deu os ombros – Oito anos atrás.




- Como eu poderia esquecer de algo tão divertido? – Voldemort retrucou, começando a caminhar com passos rasteiros e deslizando os dedos pela lâmina de sua espada empunhada em sua cintura – Você não sabe como foi linda a visão de você Virginia desenhando em sangue nas paredes, ou até mesmo quando estava na Câmera, morrendo sob meus pés. – ele riu – Só estava faltando você implorar para tudo ter ficado perfeito. Mas você era fraca de mais.




Gina fez uma leve carinha de dó, mas o brilho obscuro de seus olhos mostrava nitidamente um ódio mortal que crescia dentro dela cada vez mais; como uma chama negra que começava a consumi-la.




Ele iria pagar. Iria pagar por cada dor que fez Harry sentir, por cada dor que estava fazendo-a ter que passar, por ter-lhe tirado a coisa mais importante de sua vida.




Banhou a espada no ar na sua frente mais uma vez.




- Oh sim, tenho que concordar. – falou sarcasticamente. Seus passos estavam em sintonia com os de Voldemort, e ambos se aproximavam um do outro lentamente – Só faltou eu implorar por misericórdia não é mesmo? – somente cinco passos, cinco passos e poderia passar suas mãos ao redor do pescoço do miserável e cravar a espada naquela coração feito de pura maldade – Mas sabe de uma coisa Tom... Você se esquecer de um pequeno detalhe.




- O quê?




Ela sorriu maldosamente, como uma onça negra que havia acabado de decidir sua presa e estava preste para atacá-la.




- Seu sangue... O meu...- disse, balançando a cabeça como se estivesse pouco se importante com aquele assunto – Minha alma... A sua... Tudo Tom!




Ele franziu o cenho e deslizou o dedo com mais força pela lamina da espada, cortando-se.




Gina sorriu.




- Ora, não vai me dizer que você esqueceu? – fez bico – Nossa, me senti rejeitada agora...- girou os olhos e assim levou sua mão a um de seus braços e cravando as unhas na manga a puxou para baixo fortemente, rasgando-a e deixando a mostra os vários ferimentos em sua pele. Voldemort a fitava com incrível interesse, com os olhos cerrados parecia que estava gravando cada um de seus gestos. Gina afastou seus cabelos vermelhos de seu ombro e ali estava, a marca que ele deixara há oito anos atrás, a mesma marca que dava a ela a chance de matá-lo.




Pronto, o jogo havia terminado e ela havia saído como a vencedora.




- Você se lembra Tom, como fez essa marca em mim? - deslizou as unhas pelo formato da cobra cravada em fogo pelo seu ombro e braço. O rabo do animal fazia um único contorno ao arredor de seu braço e deslizava até seu ombro, onde a cabeça dela estava repousada, com a boca aberta e os dentes amostra, numa forma como se ela estivesse acabado de dar seu bote.




Voldemort estremeceu. Oh sim, ele se lembrava muito bem no dia que a pegara pelos cabelos e a arrastara até uma sala ainda mais fria e escura do que aquela Câmera, jogará-a no chão e assim, cortou-lhe a pele com uma faca em brasa, sorrindo, parecendo gostar de vê-la gritar de dor. Mas ela não pediu para ele parar, agüentou firme até o final da tortura. E tinha apenas onze anos.




Por fim, ele riu e cortou a palma da própria mão e assim apertou o ombro marcado pela tatuagem em fogo, misturando os sangues.




“Somos agora um único ser, Virginia, você tem o meu sangue correndo em suas veias e eu tenho o seu nas minhas”. Foram às palavras dele, antes de desacordá-la com um soco no rosto.




Voltando ao momento presente, Voldemort fitou a própria mão; a cicatriz estava lá. Fizera aquela marca dela por pura diversão e se esquecera do mais importante; como o maldito bastardo, aquela Weasley também poderia matá-lo, pois tinha um elo com ele... Pior, um elo de sangue!




Gina sorriu vitoriosa e assim continuou:




- E também não se esqueça da alma. – o Lord ergueu a cabeça e a fitou friamente – No momento que você tentou roubar a minha alma, convertendo-a para você, veio Harry e me salvou devolvendo-a para mim, mas teve um problema...- sorriu ainda mais e os olhos brilharam – No momento que minha alma voltou para o meu corpo, saindo do seu, pedaços de sua alma vieram para mim. Dando-me o mesmo poder que você Tom... Eu também posso fazer muitas coisas sem o uso de varinha ou simplesmente... Falar a língua das cobras.




O Lord gritou de raiva e empunhou a varinha.




- Eu não irei permitir que uma Weasley pobretona e miserável...




- O que Tom... O mate? – Gina ergueu uma das sobrancelhas em desafio – Você já está morto. – ela riu e apontou para o ferimento que ele tinha no meio do peito. Harry fora rápido o suficiente para dar o seu golpe final, antes de morrer.




Voldemort segurou a varinha dele entre as mãos e tentou tirá-la de seu corpo. Impossível.




- Mas o que...- a varinha começou a brilhar emitindo uma luz dourada, como se ele mesmo houvesse despertado aquele poder nela.




- Muito bem Tom, você iniciou o feitiço final. – Gina falou com o semblante sério, enquanto fitava Voldemort ser consumido pela aquela luz e gritar de dor.




Gritos, pedidos de piedade e choros ecoaram pela sala, atingindo somente ele, parecendo o fazer ouvir tudo o que fizera no decorrer de sua vida.




Imagens começaram a aparecer; mulheres sendo torturadas, Aurores mortos, crianças sendo terrivelmente abusadas... No fim Gina pôde ver a imagem de Lílian e Tiago Potter, aparecendo entre aquela multidão de lembranças sorrindo para ela e para o corpo inerte de Harry no chão.




Os dois se abraçaram e murmuraram um obrigado, antes de assim uma luz se abrir no teto da sala, emitindo uma luz branca, onde mostrava para todos os espíritos o caminho para a liberdade.




Gina franziu o cenho, onde estaria o espírito de Harry para se despedir dela e terminar aquela frase que começara antes de morrer?




Voldemort voltou a gritar e se permitiu cair no chão.




- Você nunca aprendeu não é mesmo? – Gina perguntou amargamente, cravando a lâmina da espada no chão e empunhando a sua varinha – Você pode ser forte Tom, mas nunca será mais do que o amor que os humanos têm uns pelos outros. E o seu ódio é feito disso... Você nunca foi amado. Nunca amou. As pessoas sempre te desprezaram e o odiaram, por isso você se tornou assim, frívolo, frio e ingênuo sobre esse assunto. – se aproximou e apontou a varinha para o coração dele – Descanse em paz Voldemort nas chamas do inferno, e leve para lá uma lição; o amor não pode ser vencido. – respirando fundo, ela lhe deu um sorriso antes de gritar – Avada Kedrava! – o jato verde saiu na velocidade da luz da ponta de sua varinha atingindo o bruxo em cheio.




A ruiva correu em direção a ele e saltando no ar girou o corpo, dando o último golpe; chutou a varinha de Harry ainda mais para dentro do corpo do Lord, cravando-a por completo enquanto o seu feitiço o atingia ainda mais, percorrendo seu corpo e queimando-o aos poucos. Uma fumaça negra começou a sair do corpo de Voldemort, assim como o sangue que escorria por debaixo das vestes escuras, espalhando-se sobre o chão.




Mas, antes de morrer, e permitir que seu corpo esfarelar-se, ele pôde ouvir as últimas palavras da ruiva que começou a caminhar em direção ao corpo de Harry.




- E também leve para o inferno, Tom, a vergonha de ter sido derrotado por uma Weasley e...- ela se voltou para ele e sorriu – Mulher! – e assim, com um último grito, ele se consumiu em chamas negras e desapareceu, fazendo com que as vestes caíssem no chão se perdendo na cor do líquido preto, como se ninguém nunca houvesse as vestidos.




Gina suspirou fundo, colocou a mão para frente de seu corpo e fechou os olhos, murmurando palavras numa língua antiga, a varinha de Harry começou a se formar diante de si.




Abriu os olhos por fim e sorriu tristemente, ela tinha a varinha dele e a espada, mas não o tinha vivo ao seu lado sorrindo e a girando no ar feliz por ter ganhado a batalha contra o mal.




Assobiou alto e em segundos o cavalo malhado dele apareceu pela porta.




Gina guardou as armas na bolsa que estava sobre o animal, antes de pegar o corpo de Harry e flutuá-lo, colocando-o sobre o cavalo, antes de por fim montá-lo e começar a cavalgar para fora daquele castelo.




As nuvens cinzas haviam desaparecido quando saiu, assim como a neblina fedida e densa. O céu agora estava azul escuro cheio de estrelas e uma lua cheia brilhava no céu, iluminando o campo com seu esplendor prateado.




Lágrimas voltaram a lhe escorrer pelo semblante; estava voltando para casa, ela e Harry, mas somente um deles estava vivo.




E no momento que um soluço escapou de seus lábios e adentrou na floresta em direção para as cabanas onde estariam os componentes da Ordem na Fênix, o castelo atrás de si, onde fora planejado todas as maldades, se alto demoliu.




---Presente---




Piscou as pálpebras várias vezes antes de abrir os olhos e se deparar com a forte tempestade que já havia tomado conta da ilha. Suspirando se ergueu e limpou as gotas de chuva que haviam caído sobre seu semblante.




Levantou-se, pegou o livro e sua caneca de chocolate quente e entrou em seu quarto, fechando a porta de vidro atrás de si com o pé.




Olhou ao redor e sorriu tristemente, tinha tudo o que uma garota em sua idade sonhava, menos um verdadeiro amor.





Quando vejo o mar


Existe algo que diz:


- A vida continua e se entregar é uma bobagem


Já que você não está aqui,


O que posso fazer é cuidar de mim


Quero ser feliz ao menos


Lembra que o plano era ficarmos bem?





Balançava as pernas freneticamente e apertava as mãos umas nas outras.




Por que aquela ilha tinha que ser tão longe? Seria quase um dia inteiro de viagem.




Passou a mão pelos cabelos e colocou a cabeça entre as pernas. Provavelmente estaria chegando em Oakdale lá pelo pôr do sol. Além do mais, com aquela tempestade talvez houvesse um atraso em sua chegada.




- Gina. – murmurou, fechando os olhos e encostando-se no acento do barco na cabine do tripulante. Podia ver e ouvir a chuva batendo e deslizando sobre o vidro frio ao seu redor e o mar tenebroso e violento com suas ondas enormes que chegavam algumas vezes quase virar o barco.




Sorriu ao se lembrar que algumas vezes quando chovia muito forte em Hogwarts, com trovões e raios, Gina ia para o seu dormitório e se deitava com ele em sua cama, e assim dormiam abraçados.




Não pôde deixar de engolir em seco com aquela lembrança, era uma verdadeira tortura ter o corpo perfeito daquela ruiva contra si e não poder tocá-lo, senti-lo sobre o seu, ou... Amá-lo sobre as cobertas que pareciam queimar a sua carne.




Enquanto ela adormecia em seu peito o abraçando com os braços e pernas, ele tinha que ficar respirando fundo, para tentar controlar o desejo.




Não era segredo para ninguém que ambos se adoravam e eram melhores amigos, e também que ele, o Grande Harry Potter, era o garoto mais bonito e desejado de Hogwarts, sem esquecer de galinha naquela época.




Riu e colocou um pé sobre o acento e o abraçou, deliciando-se com as lembranças que compartilhou ao lado da amada.




Quantas vezes ele não havia a provocando quando ela lhe dizia que nunca havia beijado e ele beijava umas cinco por dia, mas Gina, com a língua afiada como tinha, sempre retrucava: “Eu não gosto de ser uma dessas que fica se dando no meio do corredor, o primeiro beijo de uma garota tem que ser inesquecível e especial assim como a sua primeira vez com um garoto. Eu quero esperar até a hora certa Harry, diferente de você que já anda com o zíper da sua calça aberto e nas aulas só pensa com a cabeça de baixo”. Merlin! Eles brigavam feito cão e gato, pior que os próprios Rony e Hermione, que às vezes brincavam dizendo que agora havia concorrência contra eles.




- Mas ela também era a culpada com aqueles ataques de ciúmes quando me via com alguma garota. – disse a si mesmo, permitindo que seus olhos se perdessem em algum ponto do oceano cinzento.




- Cinco anos! – voltou a dizer a si mesmo, num lamento.




Cinco longos anos...




De repente um calafrio percorreu sua espinha ao imaginar que Gina já havia perdido sua virgindade. Um ódio o assaltou. Ela era dele e de mais ninguém, somente ele tinha o direito de beijá-la, amá-la e fazê-la conhecer os verdadeiros caminhos para o prazer. Somente ele!




Pôde ver diante de seus olhos uma imagem dela, sorrindo e correndo entre o campo da A’Toca, com os cabelos ruivos sendo iluminados pelos raios de sol naquela manhã de verão, o vestido leve e solto moldando com perfeição o corpo bem delineado, os olhos cheios de um brilho de vida assim como o sorriso que tantas fezes o fizera perder o fôlego.




O som estridente de um trovão o fez acordar de seus devaneios.




Sorrindo, relaxou o corpo. Estava indo a caminho para sua felicidade, para a mulher que roubara seu coração.




Não pôde deixar de esquecer de tudo o que Hermione e Rony haviam lhe contado; misteriosamente ele havia saído com vida depois de quase dois anos em um coma profundo no hospital, como Dumbledore chegou a lhe dizer “Você sobreviveu Harry graça a força do seu amor”. Quando finalmente acordara, era como se houvessem lhe operado o cérebro tamanha a dor, não fora nenhum mistério para descobrirem logo que ele havia perdido a memória. Fora meses de tentativas, mostrando-lhe fotos ou até mesmo o levando até Hogwarts para rever alguns professores, mas nada o fazia se lembrar era tudo novo e estranho. Até que depois de um ano, numa festa dado pelos Weasley’s na Toca, ele sentou-se na sala e viajou os olhos por esta e foi nesse momento que suas íris se fixaram numa foto de uma jovem de cabelos ruivos sorrindo, somente ela estava na foto. Ele, hipnotizado, se levantou num impulso e se aproximou, como se alguma força estivesse o puxando para lá, e no momento que seus dedos tocaram no belo porta-retrato vários flashs vieram em sua mente, o fazendo relembrar aos poucos, depois disso desmaiou e só foi acordar no dia seguinte e o seu primeiro impulso foi abrir os olhos e chamar por Gina. Sua Gina.




E depois disso, depois de lhe avisarem que ela havia ido embora e ninguém sabia de seu paradeiro, ele começou a procurá-la, com ajuda de todos.




E agora estava ali, indo até ela para descobrir se o amor deles ainda tinha uma chance ou não. Estremeceu com a idéia. Lógico que tinha. Eles foram feitos um para o outro. Além do mais, aquela ruiva sempre o amara, mas ele fora tapado ao extremo de só ter percebido que a amava também quando a perdeu.




Dando um último suspiro, relaxou ainda mais sobre o banco e fechou os olhos na tentativa de dormir, aquela seria uma longa jornada, mas faria de tudo somente para ter Gina Weasley em seus braços.




- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos


Sei que faço isso pra esquecer


Eu deixo a onda me acertar


E o vento vai levando tudo embora.





Os primeiros raios de sol iluminaram o mar, banhando-o com o seu jogo de cores claras, fazendo como se fosse um verdadeiro espelho de fogo.




Gina abiu os olhos e soltou um longo bocejo antes de se espreguiçar como uma gata manhosa.




Esfregando os olhos, ainda sonolenta, olhou para o relógio em sua escrivaninha que indicava sete e meia da manhã.




Com um gemido abafado pegou as cobertas e se jogou do outro lado da cama que estava intacto e frio. Olhou para o vazio e deu um sorriso triste.




- E mais um dia sozinha. – murmurou, antes de seu despertador começar a tocar num barulho estridente e irritante.




Segurando o travesseiro entre as mãos fortemente, jogou-o de encontro ao despertador, fazendo este cair contra o chão e parar de tocar.




- Graças a Deus!




Jogando a sedosa cabeleira de fogo para trás se levantou e andou até sua varanda de vidro. Afastando as cortinas brancas, abriu a porta e sentiu a brisa refrescante do amanhecer jogar algumas mechas de seu cabelo enfrente ao seu rosto. Sua camisola branca também balançava em ritmo com a brisa, moldando seus quadris com perfeição a cada passo.




Colocando uma mecha atrás da orelha, Gina se apoiou na mureta e fitou o belo mar, com suas ondas brancas e suaves que iam e vinham. As árvores balançavam calmamente assim como as nuvens brancas que começavam a ir para alem do horizonte, deixando o céu cada vez mais azul profundo.




Olhou para baixo e sorriu ao ver algumas crianças saírem de casa carregando seus baldinhos e pás, usando somente à parte de baixo do biquíni.




Riu ao ver a mãe colocar um chapéu rosa na cabeça da filha, que soltou uma sonora gargalhada.




Fechou os olhos e ficou sentindo os raios de sol penetrarem sobre sua pele, enquanto a brisa brincava com seus cabelos. Ficou ouvindo o barulho das ondas que se desfaziam nas areias brancas da praia ou se chocando contra as pedras. Respirou fundo o ar cheiroso e sorriu tranqüila.




Em breve.




Abriu os olhos, surpresa, ao ouvir aquela frase sussurrar ao pé de seu ouvido causando-lhe um arrepio pelo corpo. Olhou para os lados e não viu ninguém.




Com o cenho franzido deu mais uma olhada no horizonte e entrou em seu quarto.




- É o estresse, só pode ser isso. – disse a si mesma, deixando a porta da varanda aberta, mas fechando as cortinas, deixando-as se movimentarem em balanço com o vento.




Andando até o banheiro, se apoiou sobre a pia e molhou o rosto com a água fria na tentativa de acordar por completo. Escovou os dentes e penteou os cabelos para assim se olhar no espelho a sua frente. Sua imagem não estava tão cansada como nas outras vezes, seus olhos brilhavam deixando o seu tom alaranjado ainda mais claro, quase indo para um tom de verde.




Rolou as orbes e voltou para o quarto, quem a visse daquela maneira diriam que ela estava pulando de alegria.




- Não tenho motivos para ficar feliz. Nunca tive. – falou, abrindo seu guarda-roupa e pegando uma calça larga branca que ia até o meio de sua canela, à parte de cima de um biquíni vermelho e uma blusa branca que deixava um de seus ombros a mostra.




Fechando a porta do guarda-roupa, tirou a camisola e se vestiu.




Batendo palmas, num passe de mágica, todo o quarto arrumou-se automaticamente e satisfeita com a organização calçou suas sandálias rasteiras bege e saiu do quarto, indo até a cozinha para tomar café.




Desceu as escadas e percorreu a saleta e assim entrou na cozinha onde a mesa já estava posta.




Sorrindo se inclinou sobre o suco de laranja e o despejou num copo e comendo junto com uma maça, tomou-o.




Depois de alguns minutos com tudo arrumado, Gina saiu de casa e começou a caminhar pelo calçadão até o centro da ilha.




O vento brincava com suas vestes e seus cabelos, enquanto seus lábios contorcidos num doce sorriso eram iluminados pelo sol, assim como seus olhos escondidos atrás das lentes grossas de um óculos escuros.




- Ei, Gina! – escutou alguém chamá-la em um grito extenso.




Parando de andar a ruiva se virou nos calcanhares e pôde ver sua amiga, Hellen, vir correndo da sua direção como um raio.




- Calma mulher, aonde vai com tanta pressa? – ela perguntou rindo pela auferia da morena.




Hellen deu-lhe um leve sorriso travesso e quando recuperou o fôlego respondeu:




- Eu estou indo ao bar Bloom, para ajudar a Mirian com os preparativos do lual de hoje.




- Lual? – Gina franziu o cenho – Não estou sabendo de nada.




A boca da amiga pareceu que a qualquer minuto iria ultrapassar pelo chão, tamanho seu susto.




- Como assim você não sabia? É a ultima noticia que esta correndo pela ilha inteira nas últimas duas semanas.




Gina riu e colocou uma mecha ruiva atrás da orelha.




Como ela poderia saber de algo se nas ultimas semanas sua cabeça estava a mil e seus sentimentos aflorados graças as suas lembranças de Harry.




Dando os ombros disse:




- Bem, não importa, mas agora eu já sei. – Hellen deu os ombros e assim começou a caminhar bem rápido enquanto ia dizendo:




- Será hoje à noite, às oito horas. – olhando-a por cima dos ombros enquanto virava na esquina, gritou: - NÃO SE ATREVA A NÃO IR, SE NÃO EU VOU NA SUA CASA E TE ARRASTO PARA LÁ PELOS CABELOS! – e assim sumiu, deixando para trás uma Gina Weasley bastante alegre e risonha.




- Cada amiga que eu arrumo nos dias de hoje. – murmurou, balançando a cabeça e indo até a pracinha ali perto para tomar um sorvete.




Chegando na refrescante cabana de frente para o mar, colocou a bolsa e os óculos sobre o balcão e respirou fundo a brisa marítima.




Acenou para Ken de modo alegre e pôde vê-lo corresponder o gesto e vir até si em menos de três passos longos e rápidos.




Sorrindo para um de seus melhores amigos, Gina o cumprimentou.




- Olá, garanhão. – ele riu gostosamente e jogou para trás uma mecha dos cabelos castanhos.




- Olá, pequena. – Gina deu-lhe um beijo na bochecha e assim murmurou ao pé do ouvido dele, causando-lhe um arrepio na espinha:




- Eu só sou dois anos mais nova que você, bobo.




- Por isso mesmo é uma pequena. – ele a provocou, deslizando os longos dedos pelo braço dela. Era incrível como se entendiam tão bem. Se não fosse por Gina, eles provavelmente já seriam marido e mulher, mas ela já deixara bem claro que não queria se envolver com ninguém por um tempo.




Claro que ela tinha plena consciência que Ken Marchal era um homem e tanto; alto, forte, cabelos castanhos, olhos azuis e uma boca de fazer qualquer uma perder o fôlego. Mas também sabia que sua amiga, Hellen, era completamente apaixonada por ele desde a adolescência.




Sorriu carinhosa, aqueles dois pareciam, ela e Harry com uma mistura de Rony e Hermione, Ken só via Hellen como sua amiga, e os dois brigavam como cão e gato. Quando será que ele iria abrir os olhos e perceber que a amava? Suspirou fundo e relaxou os ombros.




Olhando ao redor, observando o bar, pediu o seu sorvete.




- É para já, princesa. – ele falou antes de ir atender ao seu pedido.




Naquele momento três senhoras entraram no bar e se sentaram nas cadeiras ao lado de Gina, enquanto esta parecia bastante interessada em suas unhas.




- Souberam da última? – uma das senhoras perguntou a outra, fazendo a ruiva apurar os ouvidos.




- O que, Margaret? – outra perguntou interessada.




- Estão falando as redondezas, que um barco esta vindo para cá.




Uma das velhas assobiou e com um gesto de mão pediu para que a outra continuasse.




- Pelo que falam as línguas, nesse barco esta um jovem que acha que nesta ilha esta o amor de sua vida. – Gina teve vontade de rir, até mesmo naquela idade aquelas velhas ainda acreditavam em contos de fadas.




- Nossa... Eu até ouvi algo no caminho para cá, estão o chamando de Pirata, não é mesmo?




Margaret sorriu.




- Sim, sim. Esse é o nome que os jovens deram a esse rapaz. – respondeu a senhora - Sabe, eu admiro o Pirata, ele mesmo sobre o sol escaldante e as fortes tempestades do mar não desistiu de encontrar a sua amada. Algo bastante honrado.




- E lindo.




Comovente!, Gina pensou girando os olhos e fazendo suas íris se perderem em algum ponto do mar.




Desde o incidente com Harry, seus sonhos e ilusões de garota foram perdidos dentro de si como uma ventania, que havia a levado para longe.




Merlin, como ela daria tudo em sua vida para que aquele Pirata fosse o seu amor, indo até ela somente para lhe abraçar e dizer que nunca havia morrido, que tudo foi um engano e que ele estava vivo para amá-la, como deveria ter feito a muitos anos atrás.




Mas ele não estava vivo. Harry Potter estava morto. Ela sentiu o coração dele parar de bater sobre sua palma e o viu fechar os olhos, aqueles mesmos olhos que a enfeitiçaram desde a primeira vez que se vira a fitá-los e a mergulhar naquele mar verde e brilhante.




“Eu te...”




Até hoje aquela frase ecoava em sua mente, e Gina tentava não se iludir pensando que ele iria dizer que a amava.




Fechou os olhos e respirou fundo.




Estava na hora de começar a caminhar para frente e não mais para trás ou ficar parada no mesmo lugar. Cinco anos já se passaram e o espírito de Harry não parara de assombrá-la. E naquele momento, tudo o que ela queria era paz.




Brincando de rodar o anel em seu dedo anelar, pode ver Ken se aproximar com um pote de sorvete nas mãos.




- Aí esta o seu pedido, Gi. – com um sinal de gratidão a ruiva simplesmente sorriu e abriu o pote, antes de dar uma bela colherada no sorvete e prová-lo com gosto.




Gemeu de prazer. Nada que algo bem gelado e doce para lhe refrescar naquele dia escaldante de verão.




Respirou fundo e olhou para seu relógio. Vendo que este indicava nove e meia, levantou-se e quando fez questão de pagar pelo sorvete, Ken a deteve com um gesto de mão.




- Hoje deixe que seja por minha conta, ruiva. – Gina sorriu e pegando seu pote de sorvete no balcão, se despediu do amigo com um aceno de mão e começou a correr pela orla da praia.




Estava atrasada para o seu turno no pequeno pronto socorro da cidade. Havia marcado com alguns pacientes em atendê-los às nove horas e para seu azar já havia se passado meia-hora.




Mordeu a língua e enquanto corria percorreu os olhos pelo oceano, onde sobre a superfície cálida deste, pôde ver a imagem de Harry refletida, sorrindo para ela de uma forma que fizeram seus pelos se arrepiarem.




- Me esqueça Harry. Deixe-me em paz e seja feliz no lugar onde quer que você esteja. – murmurou, antes de subir a escada que a levaria em direção ao calçadão.





De tarde eu quero descansar, chegar até a praia e ver


Se o vento ainda está forte


E vai ser bom subir nas pedras


Sei que faço isso pra esquecer


Eu deixo a onda me acertar


E o vento vai levando tudo embora





- Senhor Potter... Senhor Potter. – pôde ouvir alguém chamá-lo de uma forma distante.




Remexendo-se de uma maneira inquieta sobre o banco, sentiu uma mão quente e forte sobre seu ombro, chacoalhando.




- Senhor Potter, acorde, já estamos chegando. – abrindo os olhos sonolentos, Harry soltou um longo bocejo antes de coçar as pálpebras.




- Que horas são? – perguntou ao capitão do barco que lhe sorriu de forma terna.




- São quase cinco horas. Daqui uma hora o Sol começara a se pôr. – informou, voltando sua atenção para a direção de madeira. – Veja...- apontou – Ali é Oakdale.




Harry se levantou num pulo e tirando os óculos do bolso de seu short, colocou-os em seu rosto. Piscou os olhos várias vezes antes que pudesse ver a ilha que era coberta por uma fina neblina.




- Quanto tempo mais? – perguntou impaciente. Só de pensar que agora faltava tão pouco para reencontrar Gina, seu coração ameaçava parar.




- Nem vinte minutos. – o capitão informou, enquanto virava o barco, impedindo que este se chocasse contra uma pedra - É bom que nesse tempo que se resta para chegarmos à ilha, o Senhor arrume suas coisas e tome um banho. Não sabemos se lá terá um hotel para hospedá-lo.




Harry sorriu. E quem disse que ele tinha planos em se hospedar num hotel? Se desse tudo certo como planejava, quando chegasse naquela ilha pediria informações sobre sua ruiva, iria revê-la e assim passaria a noite com ela.




E que noite. Somente de pensar no que poderia acontecer, sua mente lhe fazia o favor de lhe mandar imagens nas quais começava a fazer seus hormônios aflorarem e deixá-lo numa situação um tanto constrangedora.




Passando a mão pelos cabelos mais desarrumados do que o normal sorriu para o velho capitão e assim falou num tom de voz onde deixava bem nítida a sua ansiedade:




- Seguirei seu conselho capitão. Com licença. – e dando a volta nos calcanhares, desceu as escadas para o subsolo do barco, onde estava seu quarto e suas coisas.




Abrindo a pequena porta de madeira oca entrou em seu dormitório. Pegando uma toalha e sabonete foi até o banheiro tomar uma bela ducha.




Quando a água fria tocou em seus músculos das costas, não pôde deixar de soltar um leve gemido. A água percorreu a extensão de seu corpo como uma cobra, rastejando-se sobre sua pele deixando um caminho gelado por onde passava.




O calor era infernal, mas graças à madeira fria do barco, fazia com que o ar ficasse refrescante, numa temperatura ambiente.




Começou a deslizar o sabão pelo seu corpo, começando pela nuca e foi descendo aos poucos.




Sorriu do nada, de uma forma onde ele próprio se considerou louco, antes de soltar uma gostosa risada de pura felicidade. Ele estava finalmente indo até seu amor, onde por anos havia lutado sem descansar encontrá-la, e quando finalmente esse dia chegara o que ele queria? Que ficasse sério, de braços cruzados sobre o sofá na cabine do capitão, somente esperando a hora para saltar daquele barco e sair gritando que nem um louco por Gina?




Ah não. Com ele as coisas tinham que ser perfeitas.




Colocando-se embaixo do forte jato de água, permitiu que a ducha eliminasse todo o sabão de seu corpo, antes de fechar o registro, se enrolar na toalha e assim sair do boxe.




Balançou a cabeça de um lado para o outro tirando o excesso de água de seus cabelos, fazendo gotas espirrarem ao arredor e assim fitou-se no espelho.




Foram cinco anos, mas que para ele fizera uma bela diferença; de um garoto bem alto, corpo normal e bem delineado e com apenas dezenove anos, aqueles anos todos vieram somente para melhorar sua fisionomia. Harry não era mais um adolescente e sim um homem de vinte e quatro anos que crescera e amadurecera com a dor que a vida havia lhe trazido. Os cabelos negros antes curtos estavam longos e lhe caiam sobre a nuca, tampando-lhe a tão famosa cicatriz e os olhos verdes brilhantes que eram escondidos pelas mechas revoltas, dando-o um ar sensual que fazia qualquer mulher cair a seus pés. O corpo então parecia que havia sido esculpido; os ombros haviam se alargado, os braços haviam ficado mais fortes, o peito másculo e a barriga perfeitamente delineada por quadradinhos.




Sorrindo orgulhoso do próprio corpo, saiu do banheiro e começou a se secar.




Olhou para o relógio; cinco e quinze.




Só mais alguns minutos e finalmente chegaria a seu destino.




Começou a se vestir.




- Falta pouco. – disse a si mesmo, enquanto passava pela cabeça a sua camisa branca. – Só espero que você não tenha me esquecido Gi... E o nosso amor. Por que eu não me esqueci de você e muito menos desse amor que você me ensinou a conhecer.





Quando vejo o mar



Existe algo que diz:


- A vida continua e se entregar é uma bobagem




Já que você não está aqui,


O que posso fazer é cuidar de mim


Quero ser feliz ao menos


Lembra que o plano era ficarmos bem?





Não, nunca mais iria permitir que um homem na faixa de seus quarenta anos lhe desse uma ordem.




Michael Kirt era o nome do infeliz. O seu miserável chefe no pronto socorro, onde vivia a vigiando como se a qualquer minuto ela iria cometer um atentado àquela ilha. E tudo isso somente por que numa reunião no começo do ano ela havia provado que ele estava errado sobre a teoria do câncer de mama, e que somente com processo de ervas medicinais o uso da retirada do seio era desnecessária para a cura.




- Cada louco que me aparece. – falou, colocando suas coisas sobre o sofá na sala e subindo as escadas para o seu quarto.




Abrindo a porta de seu dormitório a primeira coisa com o que se deparou fora o seu relógio; cinco e meia.




Suspirou e tirou o elástico de seu cabelo, fazendo com que uma cascata de fogo caísse sobre seus ombros, enquanto se despia e abria o registro do chuveiro.




- Eu juro que se ele me der mais uma única ordem ou me chamar atenção por alguma coisa que eu esteja fazendo errado, o cortarei com o bisturi do umbigo ao nariz. – reclamou enquanto se colocava debaixo do jato de água morda do chuveiro.




Nunca tivera um dia tão exaustivo como aquele. Parecia que os minutos haviam se tornado horas e as horas em dias. Por acaso o mundo já havia trocado de década e ela não sabia?




Encostou-se na parede fria do banheiro, enquanto lava os cabelos, massageando seu coro cabeludo com a ponta dos dedos na tentativa de afastar a sua dor de cabeça.




- Ah! Como eu quero sair logo daqui e ir para a minha cama. – murmurou, se enxaguando.




Estava preste a sair do banheiro já enrolada em sua toalha branca felpuda quando a campainha soou, percorrendo as paredes da casa, fazendo um irritante eco.




Definitivamente tinha que trocar o som daquela campainha ou simplesmente; quebrá-la.




Apertaram novamente o botão e o som irritante e fino da campanha voltou a soar.




- Já vou! – Inferno!, Sentiu vontade de gritar, enquanto jogava sua toalha no chão e se cobria com os eu roupão de seda branco transparente, onde com o corpo molhado não ajudava nada em cobri-la.




Desceu as escadas com passos largos.




A campainha voltou a soar no momento em que o relógio em sua sala deu sua primeira badalada informando que era seis horas e que o sol começava a se pôr no horizonte do oceano alaranjado.




Tocaram novamente a campainha.




Passando a mão pelos cabelos na tentativa de segurara sua vontade enorme de pegar sua varinha e matar o infeliz que estava a impedindo de ter uma bela noite de sono, segurou a maçaneta com força entre os dedos e abriu, finalmente a porta.




- Mas quem é o filho duma mãe que esta me enchendo o sa...- parou de falar bruscamente quando o homem a sua frente ergueu a cabeça e fitou-a com os olhos verdes mais lindos que ela já vira em toda sua vida.




Mas... Somente uma única pessoa tinha aqueles olhos, onde a fazia sentir as pernas bambearem, seu coração disparar em seu peito e sua boca ficar seca.




Segurou-se na batente da porta para não cair.




O sol começava a se esconder, dando lugar à noite. Os fracos raios que ainda restava iluminavam a pose alta, musculosa e incrivelmente masculina daquele homem a sua frente.




Ele vestia uma camisa branca onde moldava com perfeição o corpo e o short preto cobria com sua cor escura as coxas fortes onde tinha uma virilidade incrível.




Engoliu em seco quando ele deu um passo à frente, fazendo-a sentir o perfume cítrico que emanava do corpo dele.




Seus olhos marejaram.




- Não me diga que eu acabei de morrer e você veio me buscar? – perguntou num fio de voz, vendo o homem lhe sorrir amavelmente. Seu coração disparou.




Não podia ser... Simplesmente não podia.




Viajou os olhos pelo semblante dele e contrastou; cabelos negros rebeldes, olhos verdes, lábios firmes e sensuais e o maxilar quadrado, e quando sorria uma covinha aparecia.




Tremendo, ergueu a mão e afastou uma mecha negra da testa do homem.




- Oh meu Deus! – gritou, e deu um passo para trás, bruscamente, como se houvesse acabado de receber um feitiço. Ali estava... Bem ali, na parte exposta da testa do homem estava a cicatriz em forma de raio.




Piscou os olhos várias vezes e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.




Mas como era possível alguém renascer de baixo de sete palmos de terra?




Naquele momento o sol já havia desaparecido por completo no horizonte, e o cair da noite já havia chegado, com o céu banhado em brilhantes estrelas e o esplendor da lua cheia iluminado o homem a sua frente, que parecia tão pasmo quanto ela.




Gina deu mais um passo para trás, quando ele entrou dentro de sua casa e fechou a porta sem ao menos tocá-la.




- Mas... Que... brinca... Deira... É... Essa?




Seu coração parecia que iria saltar de sua boca. E imagens do passado apareceram em flash em sua mente; Harry sorrindo para ela. Harry morto em seu colo. Harry em um coma profundo na cama de hospital... E ela partindo para o mais longe da Inglaterra. Longe de seu amor.




E agora ele estava ali, mais lindo do que nunca, com as mãos no bolso do short, os olhos verdes não mais escondidos atrás daquelas lentes redondas do óculos brilhando de uma forma incrível e aquele mesmo sorriso que roubara seu coração.




- Acredite... Isso não é uma brincadeira. – ele falou e Gina fechou os olhos para gravar em sua mente o tom de voz; rouco, arrastado e sensual.




Respirando fundo, levou a mão em seu peito e sem poder controlar o tom de sua voz gritou:




- NÃO É UMA BRINCADEIRA? – lágrimas agora escorriam pelo seu semblante livremente – ENTÃO COMO ME EXPLICA ISSO? – viajou a mão pelo corpo dele, mostrando-o como se fosse um cavalo num leilão - TODOS NESSA PORCARIA DE ILHA SABEM COMO É DOLOROSO PARA MIM FICAR REVENDO O MEU PASSADO. TODOS AQUI SABEM COMO EU SOFRO SOMENTE DE LEMBRAR DO ÚNICO HOMEME QUE AMEI E AINDA AMO, E AGORA DE VER ELE AQUI NA MINHA FRENTE...- respirou fundo – Como acha que eu me sinto ao ver que o amor de minha vida esta aqui, bem a um palmo de distância de mim, onde me dá a chance de tocá-lo e saber que tudo isso não passa de uma brincadeira?




O homem sorriu e ela pôde ver uma lágrima escorrer pela lateral do rosto dele.




- Não é uma brincadeira. – ele voltou a confirmar, dando um passo em sua direção. A brisa fria da noite entrou pela janela da sala e fez com que o ar ficasse terrivelmente gelado, fazendo Gina estremecer, mas não de frio. – Eu sei que é difícil de você entender isso, nesse exato momento... Mas eu posso te provar que isso não é uma brincadeira.




Gina riu forçadamente e cruzando os braços entre o peito o desafiou:




- Como?




Harry sorriu e deu mais um passo na direção da ruiva.




Gina estava ainda mais bela do que em todos os seus sonhos aparecera.




Os cabelos estavam ainda mais longos e sedosos, sem esquecer que agora eram cacheados e no passado eram lisos como uma seda feita a fios de fogo. Os olhos eram ainda mais brilhantes e claros. A boca mais sensual e carnuda e a pele brilhante... Merlin, a pele era como um convite para suas mãos deslizarem sobre ela, sentindo a testura acetinada e alva. Graças ao sol daquela ilha, Gina não era mais branca como um dia fora, estava bronzeada e com as bochechas ainda mais vermelhas dando-a um ar tão delicado como o de uma rosa.




Engoliu em seco quando seus olhos pousaram sobre os seios firmes e cheios, que eram tampados pela fina camada transparente do robe. O céus, ele nunca pensou que poderia vir a algum dia sentir inveja de uma roupa. As pernas eram longas e bem torneadas assim como o restante.




Gina não era mais a adolescente que um dia conhecera e se apaixonara loucamente, era uma mulher que acima de tudo o fascinava, o fazia ficar sem ar e esquecer do mundo a fora.




Balançando a cabeça tentou recuperar a sensatez que ameaçava bater as asas e ir para o mais longe possível de si, e piscando os olhos algumas vezes disse, com a voz mais doce que conseguia:




- Você se chama Virginia Weasley e tem mais seis irmãos...




- Novidade, todos nesta ilha sabem disso. – Gina interrompeu o moreno bruscamente, ignorando o caminho de fogo em seu corpo que ele havia feito com os olhos quando a observava, media e a clamava.




- Você sempre sonhou em ser médica, mesmo que sua verdadeira vocação fosse para artilheira em um time de Quadribol. – o homem continuou, cada vez mais se aproximado dela onde recuava um passo, pasma – Você também esteve há cinco anos atrás no campo de batalha, onde a Ordem da Fênix lutavam contra comensais de Voldemort, o mesmo que me fez essa cicatriz...- apontou para a marca na testa, onde fez a ruiva ficar ainda mais pálida. Não podia ser. Harry estava morto. – Eu lhe dei esse colar no seu aniversario, como prova de nossa amizade, éramos melhores amigos no colégio. – apontou para o colar que ela usava no pescoço. O homem respirou fundo e assim tocou-lhe no braço, sentindo a testura de sua pele contra a seda. Gina fechou os olhos ao sentir os dedos ágeis deslizarem para a curva alva de seu pescoço e a respiração pesada do moreno sobre seus lábios – Eu sou real Gina, tanto que estou aqui te tocando...- abaixando o tom de voz murmurou: - te sentindo.




- Não pode ser verdade... Você morreu há cinco anos atrás. – respondeu abrindo os olhos e se perdendo naquele mar esverdeado.




- Eu voltei... Eu renasci, somente para amar você. – ele continuou, agora prensando o corpo dela contra a parede – minha pequena.




Gina soltou um grito abafado pelas lágrimas que banhavam o seu rosto no momento que ouviu aquelas palavras; minha pequena. Somente uma única pessoa no mundo a chamava daquela forma...




- Harry. – murmurou, tocando o homem com seus dedos trêmulos.




O homem sorriu e assim fechou os olhos.




- Sim meu amor sou eu. – ele respondeu, abraçando a ruiva pela cintura – Se você soubesse o tanto que esperei por esse momento.




Gina começou a soluçar, sentindo seu corpo ceder a seu peso.




- Harry...- voltou a murmurar, agora com a respiração ofegante. Estava preste a pular nos braços daquele homem quando o breu da noite pareceu atingi-la em cheio como uma onda violenta a fazendo perder os sentidos.







Era como se estivesse saindo de águas tenebrosas e o ar voltava para seus pulmões fortemente, dando-lhe a chance de voltar à vida, quando sua cabeça chegou à superfície.




Sentiu algo gelado sobre seus lábios, umedecendo-os. Algo escorreu pelo canto de sua boca, deslizando pelo seu pescoço e assim se perdendo entre seus cabelos vermelhos.




Abriu os olhos lentamente, enquanto levava sua mão a sua testa. Gemeu baixinho e tentou enxergar melhor a imagem embasada a sua frente; a pessoa era alta e mostrava ter um belo corpo, graças aos braços fortes e os ombros largos. Tinha um sorriso leve sobre os lábios e olhos incrivelmente verdes brilhantes, que a observavam como se fosse a mais bela obra de arte já feita.




- Ah! – gemeu. Sua cabeça rodopiava fortemente, e não conseguiu ter forças para agradecer quando os braços daquele homem passaram em volta de seu corpo, fazendo-a sentir o calor dele.




Respirou fundo e pôde sentir o perfume cítrico dele aguçar seus sentidos, e foi nesse instante que os momentos que passara algum tempo atrás voltaram como em flash em sua mente, relembrando-a.




Piscou os olhos várias vezes até que sua visão retornou ao normal, lhe dando a chance de vê-lo novamente e comprovar que estava realmente ali, ao seu lado.




- Você... Não era um sonho...- murmurou, engolindo em seco, quando sentiu o cubo de gelo que Harry tinha em mãos, começar a passear pela sua nuca e ir caindo em direção ao seu peito e se perder no ninho entre seus seios. Harry sorriu e ergueu os olhos, encontrando os dela.




- Não meu amor, não era um sonho. – a voz dele era rouca e sedutora a fazendo fechar os olhos para gravar as sensações arrebatadoras que a invadiam como uma onda violenta. – Eu estou aqui...- ele aproximou-se, roçando a ponta do nariz contra o seu – E sempre vou estar, agora que a encontrei.




Sorriu entre as caricias que ele fazia em si; começou com a ponta dos dedos gelados que haviam segurado o cubo de gelo, deslizando pelo seu braço e se enroscando entre seus cabelos, para logo acariciar a sua nuca. Com a outra mão, Harry brincava com o laço do robe, a fazendo estremecer. Os lábios dele movimentavam-se contra os seus, de uma forma provocativa, fazendo a chama que tinha dentro dela começar a queimar cada vez mais.




Ele começou com um leve roçar, parecendo querer sentir seu gosto e marcar seu território ao poucos, antes de aprofundar o beijo tão esperado por eles.




Gina gemeu e com as unhas arranhou o peito viril com força, apertando a camisa dele entre suas mãos.




Harry se ergueu e assim sentou-se na ponta do sofá de modo que seu corpo ficasse ainda mais perto do dela.




Olharam-se de modo que pudessem se perder um nos olhos do outro.




- Eu não consigo acreditar que você esta aqui. – Gina disse num sussurro, enquanto aproximava sua boca da dele.




- E eu não consigo crer que demorei todos esses anos para encontrar você e dizer uma coisa que eu esperei por muito tempo para te revelar – a ruiva franziu o cenho de modo que pedisse para ele continuar – Eu te amo, Gina! Te amo mais que tudo nessa vida... Te amo, te desejo...- a voz dele agora era rouca, mostrando o tanto que ele necessitava dela – desejo estar em seus pensamentos, desejo o seu coração, a sua alma...- desviando os rostos, ele mordeu-lhe o lóbulo da orelha com a pontinha dos dentes – desejo o teu corpo, mergulhar nele de modo que possa me afogar. Desejo estar ao seu lado meu amor, e nunca mais me afastar.




Gina sentiu seu coração acelerar um batimento, fazendo-a ficar sem ar. Seus olhos se encheram de lágrimas e seu corpo começou a tremer.




Merlin, há quanto tempo havia esperado para ouvir aquelas palavras. Sua vida inteira praticamente.




Respirou fundo e abraçou o moreno com força, o aconchegando em seu peito, sentindo a respiração dele, pesada e descompassada, em ritmo com a sua.




- Se você soubesse como eu sonhei para ouvir isso... Para você corresponder os meus sentimentos. – falou num tom baixo, como o som do vento que trazia consigo a noite.




- Shhh...- Harry colocou os dedos sobre seus lábios e deslizou a ponta da língua pelo seu pescoço, parando em seu queixo e o mordendo, enquanto seu corpo pressionava o dela para deitar sobre as almofadas creme do sofá – vamos esquecer o passado e como fui um tolo a não enxergá-la antes. – ergueu os lábios em direção aos dela – Eu te amo... E é somente disso que precisamos entender... O nosso amor que nunca esquecemos.




Naquele momento eles souberam que palavras não seriam mais necessárias.




Gina acariciou o rosto de Harry com a mão num toque carinhoso antes de sorrir e assim fechar os olhos.




Harry sorriu ao ver o que ela estava esperando. Voltou a roçar seu nariz no dela, e fechou os próprios olhos antes de inclinar sua cabeça e fazer seus lábios se encontrarem com os dela num toque que o fez sentir como se sua vida houvesse voltado para dentro de seu ser.




Foi como se um raio chocasse contra si, o fazendo tremer e trazer o corpo daquela ruiva ainda mais para perto de si, como se ela fosse a base da sua segurança, da sua sanidade e da sua vida.




Os lábios se pressionaram com uma força mais ousada, onde fez com que o sabor deles se misturassem assim como o calor.




Gina não pôde deixar de permitir que uma lágrima escorresse pelo canto de seus lábios enquanto correspondia aquele beijo que por tantos anos havia ansiado... Sonhado... Desejado.




Abraçou Harry com mais força, e permitiu que seu corpo despencasse para trás, ao mesmo tempo em que era pressionado contra o sofá pelo corpo do moreno.




Sentiu a língua dele deslizar sobre seus lábios agora ardentes, como se houvessem jogado brasa sobre eles, pedindo passagem para um toque ainda mais completo.




As línguas se buscaram com calma, para depois se pressionarem com força, roçando em um mesmo ritmo. Elas se buscavam de uma forma faminta, selvagem, e Gina pôde sentir por aqueles simples movimentos o tanto que Harry a desejava.




Sentimentos que se arrebataram sobre seu corpo, enquanto suas unhas se cravavam nos ombros dele, puxando-o para si, buscando-o em um busca onde as vestes se faziam como barreiras.




- Harry...- murmurou entro beijo, enquanto ele mudava a direção da cabeça e voltava a se apossar de seus lábios, enquanto as mãos firmes e fortes deslizavam pelo seu corpo e paravam sobre o robe, desafivelando-o lentamente.




- Eu...- Harry começou a dizer, enquanto roçava uma última vez sua língua da dela, de modo que pudesse sentir como se uma serpente percorresse toda a extensão de seu corpo, enviando-lhe uma carga eletrizante de choque. – Quero...- as palavras se perdiam em sua garganta, enquanto sua boca saboreava a pele dela; ora mordendo-a, ora a chupando lentamente para que logo no fim desse em leve beijo. – Você. – conseguiu terminar a frase, enquanto sua boca deslizava pelo pescoço e o ombro da ruiva, onde com os dentes fez o leve tecido do robe deslizar deixando a mostra uma tentadora parte do seio dela, onde se arqueou graças à pesada respiração.




Se tudo o que estivesse fazendo com aquela ruiva tivesse ocorrido há cinco anos atrás ele poderia ter sido considerado um garoto morto, e com certeza seria uma bela reportagem de primeira página; Harry Potter morto pelos seis integrantes da família Weasley.




Mas agora, ele não era um garoto e nem Gina uma simples menininha. Já eram adultos e sabiam tomar suas próprias decisões e naquele momento ele só queria amá-la... Afogar-se e esquecer dos anos de inferno que passara longe dela.




Ergue-se sobre os joelhos e retirou sua camisa branca num gesto rápido antes de voltar a se deitar, pressionando com mais força o seu corpo contra o de Gina sobre o sofá.




Gina não pôde deixar de prender a respiração quando o corpo másculo e perfeito, nu, de Harry ficou a vista de seus olhos. Oh Senhor, definitivamente ele não mais era o mesmo.




Os músculos eram mais definidos e de certo ponto, maiores. Os ombros mais largos e o peito liso e definido, assim como a barriga cheia de verdadeiros músculos. E a pele... Pele bronzeada onde satisfazia seus dedos a cada caminho que eles faziam sobre aquele corpo.




- Passei no teste, ruiva? – ele perguntou divertido, enquanto tentava afastar uma mecha negra que lhe caia sobre os olhos. Ela ergueu a cabeça e assim sorriu, passando a mão sobre sua testa e lhe colocando a mecha atrás da orelha.




- Você sempre passou. – respondeu, erguendo o rosto e assim voltando a beijá-lo sem pudor.




Não tinha lugar para vergonha, tudo ali parecia ser tão natural, como se ela já tivesse alguma vez ficado despida na frente de algum homem. Mas a questão era; ela nunca havia ido tão longe com um homem em caricias como estava indo com Harry. Permitia que ele a tocasse, a beijasse, a provasse de uma maneira que a fazia se sentir no paraíso, e o melhor de tudo; ela queria mais. Muito mais!




Gemeu quando sentiu novamente a língua dele contra a sua, onde a fez acompanhá-lo naquele mesmo ritmo, aquela dança sensual onde se buscavam com fervor.




Estava preste a enlaçar suas pernas ao redor da cintura dele quando batidas fortes em sua porta a fizeram acordar daquele mundo de sonhos.




- Gina! Gina! Você ta aí? – uma voz aguda do outro lado gritava, batendo ainda mais na porta – Abre a porta Gi!




Gina respirou fundo e encostou sua testa no peito de Harry que a abraçou e riu.




- Nem tudo é perfeito. – ele murmurou ao pé de seu ouvido num tom brincalhão.




Gina sorriu também e assim o encarou, enquanto se sentava.




- Então porque você é perfeito? – falou maliciosa, viajando os olhos pelo corpo dele antes de empurrá-lo para trás e cair sentado sobre as almofadas, enquanto arrumava o robe sobre o corpo e os cabelos despenteados – Agora fique aí, quietinho. – disse, indo até a porta, mas Harry a segurou a tempo.




- Só se me der um beijo. – Gina riu e assim se inclinou para lhe dar um beijo estralado nos lábios. Mas Harry a prendeu pela cintura e a fez ficar sentada sobre seu colo, com as mãos sobre o encosto do sofá, enquanto ele devorava sua boca e logo deslizava língua sobre seu pescoço.




- Gina, abre a porta. Gina! – Hellen gritou e voltou a bater na porta com os punhos fortemente.




A ruiva se afastou de Harry por um leve gemido.




- Eu já volto. – murmurou, dando mais um beijo no moreno e saindo correndo, a tempo de impedir que ele voltasse a enlaçá-la. Rindo de modo divertido, abriu a porta – Oi! – disse à morena que cruzou os braços e esgueirou os braços para dentro de sua casa, sobre seus ombros.




- Por que demorou tanto para atender? – Hellen perguntou olhando-a de modo malicioso, fazendo Gina engolir em seco.




- Eu estava...- mas antes que pudesse terminar a frase, braços fortes rodearam sua cintura e lábios firmes tocaram cedentes a curva de seu pescoço.




- Olá. – Harry disse a Hellen que piscou os olhos várias vezes, pasma – Sou Harry. – Harry lhe estendeu a mão, onde a morena aceitou, ainda pálida e trêmula – Desculpe pela demora, e pela Gi tê-la feito esperar, mas...




- Por favor, não precisa continuar. – Hellen se opôs, antes que Harry terminasse a frase, mas pelo sorriso malicioso que ele lhe mandou a fez entender muito bem o que eles estavam fazendo, a deixando vermelha e sem graça. – Eu só vim ver se a Gi estava bem, é porque ela disse que iria aparecer na festa que ia ter hoje no...- Gina abriu a boca e soltou um grito.




- Meu Deus eu esqueci completamente da festa. – Também, com um pedaço de mau caminho como Harry a tocando, beijando e a despindo daquela forma, uma festa seria a última coisa que iria passar por sua cabeça.




- Bem... Mas você não precisa ir Gi...- Hellen começou ainda sem graça.




- Que nada, é lógico que iremos a essa festa. – Harry falou sorrindo de uma forma animada.




- Então, eu vejo vocês lá. – Hellen disse rápido, dando um beijo no rosto da amiga e outro em Harry para sair logo correndo.




Gina mal fechou a porta quando os braços de Harry a prensaram contra a parede e deslizaram para seus quadris.




- Onde paramos? – ele sussurrou com a voz rouca.




Gina rodopiou entre os braços e assim o abraçou pelo pescoço, enquanto ficava na pontinha dos pés.




- Acho que eu estava lá em cima pronta para me arrumar e você aqui em baixo...




- Pronto para te amar. – ele interrompeu-a para logo os dois rirem pela péssima rima. – Okay, vai indo para o seu quarto que eu vou pegar a minha mala. – a ruiva arregalou os olhos.




- Mala? – Harry sorriu e se afastou dela, enquanto ia para a sala e pegava sua camisa para vesti-la – Bem, se você não me quiser aqui eu posso ir para um hotel e...




- NÃO! – Gina gritou por impulso antes de tampar a boca com as mãos. Harry sorriu triunfante antes de correr até ela e a rodopiar no ar lhe segurando pela cintura.




- Mesmo que você dissesse que sim eu não iria embora mesmo que me expulsasse a ponta pés. – Gina gargalhou.




- Nem louca, meu amor. – voltou a por os pés no chão e assim abraçou o moreno pelo pescoço - você começou uma coisinha ali, naquele sofá e mais tarde vai ter que terminá-la. – os olhos verdes de Harry brilharam intensamente mostrando o tanto que o fogo ainda estava bastante forte.




- Tenha certeza que vou terminar sim. – ele sussurrou, trazendo-a ainda mais para perto de si – E vou fazer você queimar ainda mais.




Gina passou a língua sobre os lábios e sorriu satisfeita ao ver a cara abobalhada de Harry, mostrando que havia visto o gesto sensual.




- Então vamos para a festa, para que mais tarde possamos continuar. – riu divertida e assim correu para o andar de cima, ciente do olhar quente de Harry sobre si. Oh sim, ela estava mais feliz do que nunca. Não somente por ter Harry ao seu lado novamente, mas sim por saber que seria dele; de coração, alma e corpo.




Respirou fundo quando entrou em seu quarto e ouviu a porta de sua casa ser fechada mostrando que ele havia ido buscar as próprias malas.




Rindo que nem uma criança se jogou na cama e abraçou os travesseiros, sentindo o seu próprio perfume neles.




- Parece que o pôr do sol vai parar de me assombrar. – disse a si mesma ainda sorrindo e indo até o seu armário, para se vestir e aproveitar melhor aquela noite que viria a seguir onde ela iria conhecer o verdadeiro prazer nos braços daquele que tanto amava.




Fim!




Nota da Autora: Não, não acabou. Ainda terá mais duas partes essa song, mas enquanto essas outras partes não chegam... :D Espero que esta tenha sido do agrado de vocês, pois a escrevi bastante inspirada... :P


Não esqueçam de comentar galera... E não percam a continuação; No Cair da Noite.


Ate a próxima... Beijinhos!!!


PS: A sim, a tradução da fala do Rony para a Mione daragaia mayá é: Minha adorada, eu te amo.


Xauzin! =**************

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