Ethan Taylor



Capítulo 1 – Ethan Taylor


Os Potter chegaram a um estação de King’s Cross já completamente abarrotada de gente.


O grande relógio na entrada indicava oito e cinquenta e cinco da manhã.


Entre a multidão, que caminhava na sua maioria para o mesmo sentido, apressaram os passos e atravessaram uma parede sólida, alcançando assim a plataforma nove e três quartos.


Um comboio vermelho estava parado junto de uma plataforma cheia de gente.


Um letreiro lá em cima dizia: Hogwarts Express, 9 horas.


O fumo da locomotiva elevava-se sobre as cabeças da multidão barulhenta, sendo acompanhado pelo descontrolável ruído e inquietação de animais como corujas, gatos ou ainda sapos.


As primeiras carruagens já estavam abarrotadas de alunos que com a cabeça de fora da janela acenavam freneticamente às respectivas famílias.


Hermione apressou ainda mais os passos, controlando-se para não correr em direcção a um grupo conhecido que se encontrava próximo a uma das portas da locomotiva. Logo atrás Harry vinha-a seguindo com Lilian.


 


_Finalmente, por onde estiveram? – Ron perguntou parecendo indignado enquanto que ao lado uma mulher de imensos cabelos loiros e enormes olhos azuis afagava um garoto ruivo em abraços e beijos de despedida.


 


_Ahmf...olha quem fala, Ronald-o senhor pontualidade-Weasley. – Gina revirou os olhos largando-se do abraço de Draco, que tentava a todo o custo não rir da cara de Ron, para abraçar o sobrinho.


 


_Tivemos um contratempo. – Hermione disse disparando um olhar frio em direcção à Harry que a ignorou. O moreno virou-se pra à filha a quem pediu um beijo. Lilian estendeu-lhe os lábios num caprichoso biquinho depositando o pedido no rosto e repetiu o mesmo gesto demoradamente à mãe, e Harry teve de interferir querendo garantir que Lilian tal como Thomas estariam no comboio antes que este partisse.


Os meninos repetiram os últimos abraços, mais por insistência dos adultos que ali estavam, antes de finalmente entrarem e ocuparem um vagão.


 


_Tomem bem conta um do outro... – Luna disse.


 


_ E se tiverem alguma dúvida perguntem, não se percam... – Hermione completou.


 


_Pelas barbas de Merlim, eles vão pra Hogwarts, não para o fim do mundo. – Draco sussurrou para que só Harry e Ron ouvissem.


 


_E escrever, Lilian... mande uma carta quando chegar. – a morena disse aflita, praticamente gritando sobre o barulho da locomotiva que estava a iniciar a partida.


A menina anuiu com a cabeça e sorriu, um belo sorriso que lhe punha duas covinhas na face. Fechou por fim a janela deixando os pais e os amigos pra trás.


-


_Aff...finalmente... – Thomas suspirou vendo Lilian ajeitar as malas.


 


_Posso me sentar aqui? – uma menina perguntou parando a porta do vagão. Tinha os olhos negros, os cabelos variavam entre tons acastanhados e arruivados apanhados num esmerado rabo-de-cavalo e dona de um sorriso aberto que rapidamente desarmou Thomas, que baixou o olhar assim que Lilian disse que ela podia entrar.


 


_Merci. Os outros vagões estão todos ocupados e como eu e os meus pais chegamos à Londres esta madrugada, dormi pouco, mas aí foi de ansiedade, enfim, acabamos por chegar em cima da hora...e estava difícil encontrar um lugar vago. Mas ainda bem que este não estava, caso contrário tinha que andar até a última carruagem do comboio e quem sabe se até não acabava por fazer a viagem em pé. – a garota falou de uma vez só.- Chamo-me Bonnet, Claire Bonnet.


 


_Eu sou Lilian Potter, e ele, Thomas Weasley.


 


_Hum...prazer. – Claire disse sentando-se ao lado da garota.


Fez-se um minuto de silêncio em que apenas o barulho do motor da locomotiva era ouvida.


 


_O QUE É ISTO? - Thomas berrou levantando-se sobressaltado. Os três olharam para o lugar onde ele estivera sentado, notando uma pequena mancha negra num canto.


 


Claire riu e estendeu as mãos, trazendo para o seu colo um pequeno gato preto que miou longamente e bocejou em sinal de sono e aborrecimento.


_É apenas o Goethe. - ela disse acariciando o pêlo lustroso.


 


_Goethe? - Thomas inquiriu não se sentindo bem na presença do gato. Nunca fora de apreciar muito os gatos.


 


_Sim, Goethe. A mamã adora Johann Goethe, daí o nome. Não se preocupem – ela disse mais pra Thomas que continuou meio encolhido olhando de lado para Goethe. – Ele não faz mal, pelo menos a quem não representa perigo para ele.


 


Enquanto conversavam nem tinha notado que o comboio saíra de Londres. Atravessava agora, a grande velocidade, campos e vales. Ficaram um bocado em silêncio, a observar os campos e os caminhos estreitos que passavam como flechas.


Momentos depois ouviu-se um barulho que se assemelhava a sinos tocando, e uma mulher sorridente passou no corredor com um carrinho de doces.


Lilian foi atrás da mulher e comprou os famosos feijões de todos os sabores da Bertie Bott, sapos de chocolate, pastéis e abóbora, varinhas mágicas de alcaçuz e um monte de outros doces coloridos que nunca tinha experimentado antes.


E antes de dar meia volta em direcção ao compartimento onde Thomas e Claire estavam, Lilian não pôde deixar de notar três rapazes parados na porta de um dos compartimentos.


 


_ Não me diga que um Sangue de... – porém o garoto que estava a frente não terminou, um soco atingiu em cheio arremessando pra trás e fazendo-o cair sobre os outros dois.


Assim que Lilian chegou perto do rapaz ficou indecisa se olhava para o garoto que sangrava do nariz no chão, se chamava alguém ou se encarava quem tinha feito aquilo.


 


_O que se passa? - Thomas perguntou chegando com Claire.


 


_Chama alguém Thomas, ele está a sangrar. - Lilian pediu e Thomas que saiu disparado, ela não soube precisar pra onde.


Muitos alunos curiosos começaram a aproximar-se criando uma barreira pouco penetrável naquela zona do comboio.


Lilian agachou-se para ajudar em como podia e ao ver a aproximação dela o rapaz repeliu-a tentando ficar em pé com a ajuda dos dois amigos.


 


_Não me toque! – disse limpando o sangue a manga da camisola.


 


_Muito bem, seu mal agradecido, eu nem sei porque interferi, talvez ele devesse... – a morena começou mas não concluiu a frase quando um indivíduo de cabelos grisalhos chegou, mandando a pequena multidão de alunos para os seus compartimentos.


Olhou para os três garotos que estavam ali.


_O que se passou aqui? - os três olharam uns pra os outros por instantes antes de apontarem para o vagão em frente. - E a menina viu o que aconteceu? - perguntou à Lilian que abriu e fechou a boca continuamente sem saber o que dizer.


 


_Ok. Vocês vêm comigo, e você também. – o indivíduo disse chamando o garoto dentro do vagão que se levantou com um desafio mudo nos olhos azuis. O garoto de cabelos escuros não soltou nem um queixume e tão pouco se espojava de protestos como os outros faziam.


 


_Ele não fez nada. – Lilian disse automaticamente, não tendo nem a certeza do porquê de ter dito aquilo.


O indivíduo disfarçou um olhar de autoridade esperando algo do garoto que ela tomara partido. Algo que qualquer outro garoto naquelas circunstâncias deveria fazer. Mas nada. Todos ali presentes sabiam o que era preciso dizer, no mínimo...um pedido de desculpas, um olhar de arrependimento, de vergonha, qualquer atitude socialmente aceite.


Lilian observou-o esperando. Porém, ele mantinha-se firme no seu silêncio, a olhar, com desprezo distante, para todos as cabeças curiosas que trás dos vidros dos compartimentos esperavam que o indivíduo de cabelos grisalhos ditasse uma sentença.


 


_Ele o ofendeu primeiro, eu ouvi. - Lilian disse convicta.


O homem ficou em silêncio como que analisando a situação.


 


_Não quero que isto volte a acontecer. - o indivíduo disse antes de pedir ao garoto machucado que o acompanhasse afim de fazer sarar o escorrimento.


Assim que se viu sozinha no corredor, Lilian olhou o garoto que voltou a sentar-se no vagão, que por sinal estava vazio, havendo apenas uma intimidante coruja dentro de uma jaula posta em cima do lugar vazio diante dele.


 


_E está tudo bem contigo? - Lilian perguntou tendo como resposta a brusquidão com que o garoto fechou a porta do vagão.


-


Hogwarts Express abrandou lentamente até que por fim parou. Os alunos apressaram-se a sair da plataforma para se depararem com o ar frio do ‘quase’ anoitecer.


Em seguida, uma luz oscilante surgiu sobre as cabeças dos estudantes sendo segura por um homem de um tamanho espantoso, de rosto barbudo e dois olhos pequenos: Hagrid.


 


_Primeiros anos! Primeiros anos! Sigam-me. Daqui a uns minutos vocês vão ver Hogwarts pela primeira vez. Por esta curva aqui. - Hagrid disse numa voz alta que se sobrepusesse a da confusão dos alunos.


O caminho estreito desembocara subitamente na beira de um grande lago negro. Sobre uma altíssima montanha, do outro lado, brilhavam, no céu estrelado, as janelas iluminadas de um enorme castelo cheio de torres e torreões.


 


_Não quero mais de que quatro em cada barco. - gritou Hagrid apontando para uma frota de pequenos barcos que boiavam na água junto da margem.


Os alunos foram ocupando os barcos segundo as instruções dadas por Hagrid que tinha um barco só para ele.


 


E a frota de pequenos barcos movimentou-se imediatamente, deslizando pelo lago que era tão liso como uma massa de gelo. Iam todos no maior silêncio, a olhar para o grande castelo lá em cima que parecia ainda mais alto à medida que se aproximavam do rochedo sobre o qual estava edificado.


Assim que os barcos atingiram a falésia, os barcos passaram por uma cortina de folhas de hera que ocultava uma abertura na superfície do rochedo. De seguida foram transportados através de um túnel sombrio que parecia levá-los mesmo por debaixo do castelo, até que chegaram finalmente a uma espécie de porto subterrâneo onde treparam para as rochas e para o solo pedregoso.


Seguiram por um corredor sobre a falésia atrás do candeeiro de Hagrid, chegando por fim a um relvado húmido e macio que ficava na sombra do castelo.


Subiram alguns degraus de pedra e reuniram-se em volta da imensa porta principal de madeira de carvalho.


Hagrid ergueu o seu punho gigantesco e bateu três vezes na porta do castelo.


A primeira porta abriu-se de imediato. Diante eles estava um indivíduo magro, com poucos fios de cabelos grisalhos que usava um casaco marrom: Argus Filch. A aparência estranha dele fez com que muitos alunos se retraíssem.


Filch olhou para Hagrid, em sinal de este que poderia ir e fez menção para que os alunos o seguissem até uma segunda porta. As paredes de pedra estavam iluminadas por tochas incandescentes, o tecto era altíssimo e havia uma escadaria de mármore que dava acesso aos andares superiores.


Momentos depois, Filch ordenou-os que constituíssem uma fila e depois por uma porta dupla entraram no grande salão.


 Era um mundo novo, completamente estranho, mas porém fantástico e bastante apelativo. O salão era iluminado por milhares de candeias que tombavam do ar, sobre quatro grandes mesas onde estavam já sentados os outros estudantes. As mesas estavam postas com pratos e taças de ouro, reluzentes, recheadas de todos os tipos de confeitarias e petiscos. No topo do salão havia uma outra mesa comprida onde se encontravam os professores. Devido as velas, os fantasmas espalhados pelo meio dos estudantes, tinham uma cor vagamente prateada. Em cima havia um tecto preto aveludado e salpicado de estrelas.


À frente das quatro mesas e diante da mesa dos professores, estava uma cadeira e por cima dela, um chapéu preto, com aspecto de velho, remendado e sujo. Durante uns segundos tudo ficou em silêncio. Todos os olhares fixados no chapéu. As expectativas cresciam. O chapéu contorceu-se. Um rasgão perto da aba abriu-se como uma enorme boca e o chapéu começou a cantar. Uma cantiga em que entoava e nomeava as quatro casas: Gryffindor, Hufflepuff, Ravenclaw e Slytherin.


Assim que acabou, toda a gente aplaudiu entusiasticamente. O chapéu fez uma vénia e ficou quieto de novo.


Uma professora de expressões rígidas, avançou com um grande rolo de pergaminho nas mãos.


_Quando vos chamar pelo nome, vocês vão colocar o chapéu e sentar-se n banco para serem seleccionados. - disse. – Abbie Jhones.


Uma garota de pele rosada e cabelos loiros saiu da fila encaminhando-se até a cadeira, onde se sentou. Colocou o chapéu. Houve uma pausa.


 


_GRYFFINDOR! – gritou o chapéu. A mesa da direita aplaudiu e Abbie dirigiu-se para a mesa Griffinoria.


 


_Sarah Muller.


_HUFFLEPUFF!


Desta vez foi a segunda mesa da esquerda a aplaudir.


 


_Oliver White.


_HUFFLEPUFF!


 


_Claire Bonnet.


_RAVENCLAW!


A garota sorriu e encaminhou em direcção a mesa da sua equipa que batia palmas contentes dando-lhe as boas vindas.


 


_Ethan Taylor.


Um garoto com uma massa de cabelos negros saiu da fila e dirigiu-se à cadeira. Lilian pôde reconhecer o rapaz que lhe fechara a porta do vagão de Hogwarts Express na cara.


Ethan pegou o chapéu e colocou-o. E esperou...e esperou segundos que pareciam eternos para os restantes alunos que estavam nervosos na fila. Os olhares fixaram-se na demora do chapéu, que contorceu-se na cabeça do garoto gritando por fim num audível som que encheu a sala:


_SLYTHERIN!


E pela primeira vez a mesa sonserina manifestou-se, uma onda de aplausos invadiu a sala e os peitos arfavam de orgulho e confiança com o seu primeiro seleccionado.


 


_Lilian Potter.


A sala mergulhou novamente em silêncio esperando. Mas desta vez foi por pouco tempo. Momentos depois o chapéu anunciou a casa:


 _GRYFFINDOR!


A mesa explodiu em palmas e aliviada, Lilian encaminhou-se para a mesa onde estudantes lhe esperavam.


E assim a selecção continuou, até todos os primeiros anos estarem distribuídos.


E antes que começassem a servir-se dos variadíssimos pratos na mesa, o director da escola, um feiticeiro de longas barbas brancas e óculos em forma de meia-lua estendeu-lhes os braços, como se nada o fizesse mais feliz do que vê-los ali e deu-lhe as boas vindas num breve discurso.


-


O dia amanheceu ensolarado naquela manhã de Setembro e com perspectivas de assim continuar. O barulho e a movimentação no Salão Principal começavam a ser visivelmente frenéticos. Os alunos começavam a encher o grande salão para tomarem o café da manhã antes das aulas.


Thomas seguiu até a mesa Griffinoria sobre a qual Lillian estava debruçada, concentrada escrevinhando algo. Aproximou-se e sentou-se ao lado dela.


 


_Bom dia! Pensei que te encontraria me esperando na sala comum. -disse servindo-se de torradas com geleia.


 


_Bom dia... Não deu para esperar Thomas.


 


_Vejo que sim. É para quem a carta? -perguntou passando uma vista de olhos pelo pergaminho.


 


_Para os meus pais, a mãe me fez prometer que escreveria no primeiro dia. Depois das aulas vou ter com Edwige. - disse selando a carta num envelope e colocando-o na mala.


 


_O que é isso? – Thomas perguntou após ter tomado um gole do seu suco, assustado com o volume do livro que Lillian preparava pra guardar na mala.


 


_O quê? -perguntou olhando de um para o outro lado da mesa procurando por algo que justificasse a aflição de Thomas.


 


_Esse... livro. Isso é um livro?


 


_Ah... “História de Hogwarts”, ora...Thomas, não me vais dizer que um livro é capaz de te causar tanto impacto assim.


 


_Aconselhado pela Hermione? - pôs-se a adivinhar.


 


_Nem mais! Se apresse, Thomas, não quero chegar atrasado a primeira aula. – disse bebendo num trago o seu suco.


 


_Ainda devem faltar uns quinze minutos, não quer ir fazer uma espera ao professor na porta, pois não?


 


Depois de o censurar com um olhar, Lillian fez um gesto negativo com a cabeça e acabou por se render, permanecendo sentada no lugar. Varreu a sala cheia com os olhos, sem interesse, e estes por fim acabaram por recair sobre o garoto que fitava estranhamente a comida como se procurasse algo pra além daquilo que estava diante de si. Era ele.


O nome veio-lhe a cabeça... Ethan Taylor.


Uma sonserina de longos cabelos loiros estava sentada ao lado dele e parecia discutir fervorosamente sobre algo, a que ele não estava dando a mínima importância, optando por encolher os ombros ou simplesmente anuía, mas de forma completamente convincente e nos momentos convenientes, como se ouvisse o que ela estava dizendo.


Pela primeira vez, Lillian pôde reparar nele, e de certeza que era a última pessoa em Hogwarts que o fez tardiamente. Porque aquele garoto, por mais que quisesse não conseguiria passar despercebido. Era provavelmente um pouco mais alto do que ela.


Os cabelos afinal não eram uma massa negra, apesar de desalinhados ficavam bem naquele rosto de feições suaves e aprazíveis, acompanhado de um sorriso perfeito de lábios vermelhos e dentes brancos e certos.


Os olhos eram de um azul fortemente líquido. As mangas da camisa branca estavam cuidadosamente dobradas fazendo transparecer a pele branca dos antebraços. A gravata verde e prateada rematava-se num esmerado nó a volta do pescoço. Era francamente encantador. Alguém assim... Por breves instantes, Lillian, sentiu-se bem com aquela presença confiante, carismática e cativante. Era sempre muito agradável olhar para um rosto assim, de feições bonitas, pensou.


 


Os olhos azuis corriam o salão, de modo inquietante e incomodado, até que finalmente, pousaram-se nos verdes que os fitavam do outro lado, na mesa Griffinoria. Os cabelos castanhos, o nariz pequeno, os lábios igualmente pequenos e rosados, num traço quase imperceptível fizeram-no retardar-se nela, como jamais acontecera com qualquer outra pessoa. Viu-se obrigado a admitir, contrariado, que ela era dona de uma beleza genuína inquestionável. Sentia-se cativado por aquela graça quente, ondeante e nervosa. Ela fazia-o lembrar algo, mas o quê? Não pôde precisar com exactidão.


 


Lillian hesitou entre olhar para ele ou para qualquer outra pessoa, mas preferiu deixar-se levar pela primeira opção. Ao lado, Thomas falava das diferentes salas em que tinham aulas e de como isso o deixava confuso.


O sonserino firmou a sua postura e cerrou o semblante. Pousou os braços em cima da mesa, agora decidido, fitava Lillian resolutamente como se estivesse a censurá-la por alguma atitude insensata. Tão seguro, tão autoritário, tão confiante em cada gesto. Lembrou a impassibilidade e a fleuma que Ethan tinha demonstrado quando o segurança o quis repreender no vagão.


Lilian tentou procurar algo caloroso e próximo para além do olhar ameaçador, que parecia estar prestes a explodir de tanta raiva devido a sua insistência em manter aquilo. Mas o olhar dele prendia-a com uma graça inumana. Naquele instante pareciam maiores, muito sérios e muitos abertos para ela... as pupilas de um azul profundo e rico. Por segundos, Lilian pensou, num enlevo de artista, que os tons brancos mais mimosos e ricos, sob a mais sábia combinação de luz, não se igualariam àquela tonalidade nívea de pele. Riu-se ao lembrar que lera aquela frase num dos romances de Gina.


Não havia palavras ou gestos. Ele fitava-a como se nunca a tivesse visto, parecendo que tentava decorar-lhe cada traço do rosto, embora quisesse, lhe apetecesse fazê-lo com aquele olhar errado. Ela parecia reflectir graça e bondade.


Os olhos dele começaram a tornar-se vagos, decididamente zangados pela persistência dela, até que por fim, decidiu ser ele a romper essa ligação com um discreto e vitorioso sorriso nos lábios, embora estivesse por dentro a amaldiçoar-se até a milésima geração depois dele.


 


_Diferente, estranho e interessante. – uma voz sussurrou ao ouvido de Lillian fazendo-a despertar do transe.


 


_Oh... Claire! – embaraçada cumprimentou a amiga que estava à frente dela e de Thomas.


Lillian apercebeu-se do quão arriscado poderia ser aquele olhar influente e dominante.


 


_Finalmente acordou, obrigado meu Mérlin! Estava aqui a criar raízes de tanto te chamar, parecia que você nem estava aí. - Thomas reclamou pegando nas suas coisas.


 


_Eh...ela estava absorvida em algo muito mais... perturbante, digamos. Eu vou indo, vou ter Transfiguração. - Claire disse medindo as palavras e deixando Lilian confusa sem entender nada.


 


_Tchau. Sussurrinhos... Vocês estão muito estranhas. – o ruivo bufou abanando a cabeça.


 


_ Estranhas como? Deixa de dizer disparates, Thomas. – disse consultando o relógio.- E porque ainda estamos aqui? Está quase na hora. Anda, anda, vamos. – disse pegando na mala e correndo o mais rápido que pôde em direcção a porta.


 


-


Ambos seguiram o corredor que dava acesso às masmorras, para a primeira aula de Poções. Thomas comentava sobre as histórias que ouvira de Severus Snape tentando fazer uma descrição pormenorizada de como ele deveria ser.


 


_Estou te dizendo, aquelas aulas deviam ser um inferno! – exclamou provocando risos à amiga. – É sério. Eu estaria com medo de estar na mesma sala que ele. Imagina, começar um ano lectivo com uma aula daquelas? Não me pareceria nada animador.



_Concordo, não seria nada bom ter aula com o professor mais chato que já pisou Hogwarts, segundo o papai. Ele devia passar a maior parte dos dias na masmorra passando uma quantidade interminável de trabalhos de casa e a ler livros sobre a infeliz matéria de Poções, isso devia bastar para mantê-lo feliz.


 


_Afinal, a grandiosa destreza para criar poções é algo extremamente impossibilitado para as nossas cabeças ocas. - Thomas imitou um tom de voz baixo e formal, habituado às histórias contadas por Rony. - Espero que o novo professor não seja assim.


 


Por fim chegaram as masmorras. O frio, ali era notório, enquanto que a luminosidade era ténue. A turma sonserina já estava entrando. Lillian e Thomas seguiram-lhes o trajecto.


Optaram por se sentar na segunda fila perto da secretária, por insistência de Lillian que reclamava não querer se distrair nas aulas e que a primeira fila seria demasiado óbvio. Pousou a mala e de lá dentro começou a retirar o material.


Os olhos fugiram-lhe inevitavelmente para a fila do lado, onde Ethan estava sentado. Este retribuiu-lhe o relance asperamente. Os olhos eram frios, notou Lillian, não só frios, como despovoados e de uma dureza estonteante.


A sala de Poções tinha espaço para pouco mais de uns vinte caldeirões.


As paredes eram completadas por prateleiras de vidros de vários formatos e tamanhos de frascos. Numa das paredes encontravam-se os ingredientes para as poções, como lesmas com chifres, miolos de sapo, fígado e saliva de dragão, líquidos viscosos, minhocas enlatadas, raízes e ervas estranhas, rins de hipogrifo, pêlos de ratazana...


Tudo estava devidamente organizado e sinalizado com etiquetas.
Na sala, a claridade fora aumentado por duas janelas do fundo que foram abertas por um indivíduo que num gesto de varinha foi abrindo às outras de forma alternada.


Os raios solares cintilavam sobre as janelas e reflectiam-se nas prateleiras.


Os seus passos eram seguidos por alunos intrigados, até que por fim contornou a secretária e ficou de frente para ambas as turmas.


Diante dos alunos, estava um jovem homem de aparência bastante agradável. Era de estrutura média, de lisos cabelos castanhos, pele clara e os lábios finos que traçavam uma perfeita linha plana. Os olhos cor de ónix eram puros poços de devaneios.


Lillian podia jurar que não havia dado pela presença dele na mesa dos professores, durante o banquete da noite anterior.


Ouviu duas griffinórias sussurrarem e darem risinhos na carteira de trás. Lembrou-se subitamente do nome delas, Abbie Jhones e Caitlin Sparks, ambas haviam sentado a frente dela e de Thomas durante o banquete. Lillian revirou os olhos e voltou a prestar atenção ao professor.


 


_ Bom dia! O meu nome é Christopher Nichols. - a voz era ameno, porém firme e audível em toda a sala. Observou pormenorizadamente as duas equipas, demorando-se subtilmente mais nos Slytherins. Começou a andar de um lado pra o outro. – Vou leccionar a matéria de Poções durante este ano e também sou o chefe de equipa da Sonserina. Suponho que para alguns as aulas de Poções, não devem estar no topo da vossa preferência e parecem ser inúteis, maçadoras e sem graça. – Thomas anuiu com a cabeça. - E também, creio que devem achar que é enfadonho, e se me permitem, de certa forma é mesmo, mas acreditem numa coisa, ela é tão relevante ou mais do que qualquer outra coisa que facilmente é agradável. A enunciação de Poção, que se pode encontrar em qualquer livro referente ao assunto é a de um fluído, odorífero, de coloração e gosto variados, mas podemos também defini-la como um líquido com combinações de ingredientes banais com outros mágicos ou não. A arte do preparo de Poções, vem de há muitos séculos atrás. O preparo de poções não era tão comum e trivial comparado com os dias de hoje. É uma arte, uma arma excepcional para um bruxo que quer se reafirmar no mundo bruxo. Portanto, criar poções é algo importante, pois ela tanto pode vos dar continuidade a vida como retirá-la...Tão importante, que se começa a falar em poções ou exilires para prolongar a vida ou até mesmo atingir a imortalidade. – Nichols fez uma breve pausa. - Em Poções, vou ensina-vos a fabricar, manusear e utilizar poções e antídotos, menos as de amor, pois são... ilegais. – fez uma pausa observando os olhares de desilusão de muitas meninas. – Bem, acho que já chega deste discurso e tenho a certeza que captaram a ideia. Então, hoje iremos dividir a aula em duas partes. A primeira se prenderá com a parte teórica, vamos desenvolver melhor certos conceitos que vocês necessitarão de saber e usarão imenso nesta disciplina. - ouviu-se um barulho de desagrado que foi diminuindo, e Nichols continuou. -E a segunda parte será elaborar e estudar melhor as propriedades da Poção de Cura. Ela é muito útil no dia-a-dia e como o próprio nome indica tem como objectivo curar qualquer tipo de ferimentos do corpo. Vou colocar os nomes dos ingredientes que necessitarão no quadro, depois irão vocês mesmos à procura desses ingredientes e do restante material necessário nas prateleiras.


O professor terminou de falar e deu meia volta pra começar a escrever no quadro.


-


Quando a aula terminou, era possível ouvir observações entre os alunos, bastante positivos em relação ao professor de Poções.


Lillian comentava fascinada, ora falando sobre a matéria, ora falando do desinteresse de Thomas pela matéria, enquanto faziam uma pausa antes de se dirigirem para a aula seguinte que teriam com os Hufflepuff.


Subiram as escadas para o primeiro andar onde teriam Transfiguração com Minerva McGonagall. As portas abriram-se e dentro da sala encontrava-se uma bruxa de cabelos presos atrás e de expressões severas e intransigentes. Era a mesma professora que havia chamado os nomes durante a selecção das casas. E parecia não ser o género de pessoa que suportava desobediência e falta de educação. Tal confirmou-se quando todos os alunos entraram e ela decidiu dar início a aula.


 


_A Transfiguração através da magia é uma das formas de magia mais complexas e perigosas que vocês vão aprender em Hogwarts. Aviso desde já que quem criar confusões nas minhas aulas é expulso da aula e não entra mais.- correu os olhos pelos alunos.- A Transfiguração nada mais é do que a mudança de uma coisa em outra.


 


Em seguida aproximou-se de uma coruja que estava numa gaiola ao lado da secretária. Levantou a varinha e transformou-a num coelho e depois, de novo em coruja.


Os alunos estavam entusiasmados pela pequena demonstração.


A professora McGonagall anotou apontamentos no quadro e exigiu que os alunos estivessem atentos e os passassem. Após isso, cada aluno tinha de tentar transformar um frasco de vidro arredondado em algo que quisessem. A maioria dos alunos não estava conseguindo a transformação.


_ Devem ter a máxima concentração na transfiguração do objecto e não retirem da mente o objecto em que querem que o frasco se transforme. – a professora aconselhou.


No final da aula, Lillian parecia ter conseguido alterar um pouco o formato do objecto que sensivelmente havia abandonado a forma arredondada em algumas zonas para a satisfação da garota.


 


Depois das aulas seguiu-se o almoço.


As aulas de tarde eram os estudos das plantas mágicas em geral, as suas propriedades mágicas e o seu uso – Herbologia. A disciplina era ensinada nas estufas pela professora Sprout, uma bruxa baixinha de cabelos grisalhos e despenteados.


A aula terminou com um aluno de Hufflepuff indo para a enfermaria, pois tinha ferimentos nas mãos por ter tocado numa planta pouco amistosa, mesmo após as advertências da professora.


 


A última aula do dia era Feitiços e Encantamentos. Quem leccionava a disciplina era o professor Flitwick. Era sem dúvidas o professor mais baixo que havia em Hogwarts, porém muito hábil na matéria que ensinava. Utilizava a secretária e um amontoado de livros para se fazer ouvir entre os alunos. Era o tipo de professor paciente e preocupado com o desenvolvimento das capacidades dos alunos que estavam tentando realizar um feitiço que fizesse com que a ponta de um fósforo mudasse de cor.


-


Thomas entrou na sala comunal, bufando. Caminhou devagar até uma poltrona e deixou-se cair confortavelmente. Desajeitou o nó da gravata e fitou o movimento da sala.


_Estou estafado.


 


_E ainda temos os trabalhos de casa de Poções. - Lillian lembrou sentando numa poltrona próxima. Thomas olhou para a amiga como que suplicando misericórdia. -Eu não estou a querer dizer que precisas de fazê-los agora, mas quanto mais cedo, melhor. – apressou-se a dizer.


 


_ Pois...mas, eu prefiro fazê-los depois, ainda temos tempo.


 


_Como queira. Bem, Edwige deve estar pela ala oeste, eu vou lá no Corujal, enviar a carta. – disse antes de atravessar o retrato da dama gorda.


-


As paredes eram de mármore verde-escuro tal como as poltronas que havia junto a lareira. Inúmeros quadros estavam ostentados na parede. Muitos alunos estavam na sala comunal, reunidos em grupo conversando, outros conjurando...evitou pensar no que seria. Mal entrou, Ethan sentiu todos os olhares dirigidos à ele. Deteve-se por alguns segundos e mal notou uma sonserina caminhar na sua direcção avançou o passo e subiu as escadas como se não a tivesse visto. Entrou no dormitório, onde várias camas estavam postas paralelamente. Parou diante de uma com cobertores verdes e travesseiros brancos. De lado, os véus caíam sobre a cama num tom de prata claro. O dormitório estava fracamente iluminado por velas. Ao lado da cama havia uma cómoda em madeira escura e do outro lado, uma mesa num um canto onde estavam os livros e um armário ao fundo onde estava um malão aberto. Havia duas grandes janelas cobertas por opacas cortinas verdes que davam uma vista da escola inteira. No tecto havia um pequeno escudo da Sonserina onde a cobra se movia lentamente.


Passou um longo momento olhando para o quarto. Do outro lado da parede conseguia-se ver um majestoso retrato de Slytherin, o bruxo ostentava vestes verdes e a varinha na mão, com uma expressão triunfante e determinado.


Deixou-se cair sentado na cama. Respirou fundo. O rosto bonito perdeu-se entre as mãos. Teria de passar ali, sete anos da sua vida...sete anos, como seriam longos e difíceis de ultrapassar...sete anos deitados fora, desperdiçados ali. Longe de tudo e de todos, começava a ver a sua vida reter-se por aquelas paredes. Por breves instantes, podia jurar que acabaria por se sentir mal se continuasse naquele dormitório que parecia, que de uma forma inevitável estava ditando a sua sentença para os próximos anos. Aquele mundo iria privá-lo da liberdade a que se habituara por um tempo considerável. Saiu do dormitório, desceu as escadas, ignorando novamente a tentativa de aproximação da sonserina que lançou um olhar na direcção dele. Em passos rápidos, chegou ao exterior do castelo. Cá foram os alunos eram poucos, com a excepção de um grupo de meninas de Corvinal que deviam andar no sexto ano.


Os campos verdes levavam até aonde as copas das imponente árvores da floresta negra que apontavam para o céu.
Ethan deu uns passos para a esquerda afim de contornar uns ramos que estavam caídos na orla da floresta quando ouviu uma voz de seu lado:


 


_Se eu fosse a ti não entraria ali e ainda mais no cair da noite. - Lillian advertiu cautelosamente.


 


_Obrigado pelo aviso senhorita Potter, mas creio que o que eu faço ou deixo de fazer é exclusivamente da minha conta não lhe parece? – perguntou numa voz prepotente, porém extremamente educada que a fez estremecer.


 


_Claro que sim. E até compreendo que a floresta suscita um pouco de curiosidade e...


 


_Senhorita Potter? - Ethan chamou reunindo forças a soar mais calmo.


 


_Sim?


 


_Acho que não deveria perder mais o seu tempo aqui comigo, de certeza que tem outras coisas mais interessantes para fazer.


 


_Acho interessante a sua tentativa de entrar na floresta. E quero vê-lo a fazer isso. Assim que desaparecer por detrás daquelas árvores ali – disse apontando. – a uns bons metros de mim, irei embora e ninguém saberá o que acabou de acontecer. - terminou permanecendo estática onde estava a espera de alguma atitude por parte dele.


 


Ethan olhou-a. Novamente a dona daqueles olhos e pupilas verdejantes que começaram a banhar-se na luminosidade do entardecer, estava a desafiá-lo.


Sairia de novo vencedor como da última vez. Deu um passo a frente...outro...e outro...e continuou caminhando até se afastar dela uns metros. Parou. O que estava a fazer? Desde quando é que brincava a apostas com bruxo, neste caso, com aquela pequena Griffinoria?


 


_Senhor Taylor, podemos...


 


_Não. - interrompeu desprezando a presença dela.


 


– Podemos conversar? - a garota insistiu indo atrás dele até alcança-lo por fim e parando à frente dele.


 


_Para quê? Não temos nada para falar senhorita! - queria dar o assunto por encerrado, não olhar mais para ela.


 


_Provavelmente tu não, mas eu tenho coisas para dizer. Podemos fazê-lo a caminho do castelo, o que acha? Está quase na hora do jantar.


 


_Está com medo de entrar na floresta? -Lillian impacientou com o tom desafiante que vinha da pergunta dele.


 


_Hum...bem, entrar na floresta negra durante a noite nunca foi algo com que eu algum dia tivesse sonhado, sabe? Mas sim, tenho medo de continuar a andar por aí, sozinha. A floresta não é um sítio agradável, de todo.


 


O garoto observou-a por instantes.


_O que queres? - Ethan perguntou segundos depois encaminhando novamente para a orla.


 


_Desistiu de ir para a floresta? – questionou andando um pouco mais atrás dele.


 


_Eu não desisto senhorita Potter, apenas adiei.


 


_Ah. E não precisa tratar-me por senhorita Potter, isso soa muito esquisito. Basta Lilian. – ela riu e estendeu uma mão. Para sua surpresa Ethan parou, observou-a novamente e censurou a mão que segundos depois ela voltou a abaixar.


 


_Não me leve a mal se eu disser que prefiro tratar-lhe por senhorita Potter.- disse quando já tinham alcançado os campos.


 


_Tudo bem. – afirmou baixando a cabeça, pensativa. – O que aconteceu ontem no Hogwarts Express? Quero dizer, o que te levou a discutir com aqueles meninos? Quer dizer, ouvir alguém chamar...


 


_Coisas da minha conta. Assuntos totalmente desinteressantes. E mais uma coisa, eu agradeço o que fez por mim ontem, o facto de ter tentado ajudar e tudo, mas da próxima vez, eu estarei muito mais grato senão se intrometesse. - disse amavelmente sorrindo, mas Lilian pôde perceber uma subtil ordem por detrás daquelas palavras.


 


_Como queira. Tem toda a razão, da próxima pensarei duas vezes antes de me intrometer nos seus assuntos totalmente desinteressantes. – afirmou antes de chegar ao castelo e apesar de tudo, não estava chateada. Aquele sorriso conseguia esse efeito e Lillian sentia que trazia algo para ela. Se era bom, ela não sabia.


 


NA: Capítulo que demorou meses para sair, nós sabemos, mas com a falta de tempo, eu e a Nick Granger Potter não conseguimos apressar a actualização. Mas os próximos capítulos não demorarão tanto quanto este.Quanto ao capítulo, a história começa verdadeiramente no sexto ano, mas era importante mostrar o começo, ou seja, o início do primeiro ano, como eles se conhecem e mostrar algumas personagens.No próximo capítulo, cinco anos terão passado, e a partir daí não haverá mais avanços no tempo.Deixem comentários a dizer o que acharam deste começo e o que acham que vai acontecer na próxima.

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