Prologo



Prólogo

A noite escura encobria todo o vilarejo, era lua cheia e ninguém tinha coragem de sair de dentro da casa. Ao longe se podiam ouvir os uivos que espalhava o terror nos habitantes daquele lugar sombrio e sórdido. Era aquela noite tão esperada por aqueles que se escondiam nas sombras, finalmente poderiam tomar posse daquilo que lhe eram de total direito: a liberdade. Por milênios se esconderam dos mortais, viraram para eles apenas inúteis lendas miseráveis, que desprezavam e os colocavam como seres malignos e inferiores. Por algum motivo estranho, esses mesmos mortais descobriram como matá-los, assim acabando e quase extinguindo todos daquela raça. Mas não hoje. Depois de um longo milênio, o eclipse lunar aconteceria na noite da escuridão, que era, para os mortais, na noite das bruxas, quando os portais do mundo dos vivos e dos mortos ficam fracos e bem mais próximos. O tempo passava e logo seria meia noite e tudo estaria no seu devido lugar.

Nada poderia dar errado, tudo estava na mais perfeita paz e harmonia, ninguém alem deles mesmos sabia desse encontro. Na cabana próxima ao bosque estava a criatura mais importante do ritual, a mulher que possuía o sangue real, a herdeira do poder que governaria todos. Sua pele pálida contrastava com seus negros cabelos soltos. Havia acabado de por suas vestes cerimoniais, costuradas especialmente para a ocasião. Era feita de seda e cetim, um vestido vinho rodado na cintura e um xale vermelho sangue cobrindo ombros e costas.

Em passos lentos, caminhou pela orla do bosque. Sabia que estava sendo observada, mas nesse momento não se importava. Chegou perto de um pinheiro marcado com as garras de um lobo, entrando no breu por entre as árvores. O silencio a perturbava e a paciência estava no seu limite, queria chegar no local o mais rápido possível.

A clareira no bosque perto de um lago era o local marcado, todos os rituais ali realizados foram por seus ancestrais. A meia noite se aproximava e quase todos já se encontravam na lá. A misteriosa mulher chegou na clareira e todos os olhares foram pra ela, caminhou para uma cadeira de madeira perfeitamente esculpida estofada com veludo. Seu olhar lançava a mais pura arrogância por onde passava, e a cada passo que dava deixava os presentes no ritual mais curiosos e temerosos. Sentou-se como uma dama que era e esperou.

Um homem alto com cabelos já grisalhos apareceu e foi ao centro da roda formada por todos os presentes. Olhou atentamente cada um deles com um sorriso inclinado na face antes de começar a falar.

– Queridos irmãos... Por muito tempo temos nos escondidos e aceitado em silencio sermos humilhados por simples mortais que se julgam superiores, mas na hora do medo, mostram quem realmente são: Pessoas cheias de sangue que apenas são o nosso alimento. Nunca mais nos mostraremos inferiores do que realmente somos. Nem os bruxos poderão com nós quando multiplicar nossos poderes e espalhar nossa raça pelo mundo. Hoje será apenas o inicio, o inicio de uma nova era vampiresca. E nessa era quem dominará será o que possui o sangue puro da realeza. Minha filha, Mégara, será aquela que levará nosso povo a gloria. Nessa noite seremos vitoriosos.

– E como pretende conseguir isso? – perguntou um homem negro.

– Atacaremos o vilarejo Black Rose, que na verdade foi fundada por meus ancestrais, The Black Rose Family. E todos iram prestar lealdade a Mégara Black Rose, que é o nosso futuro.

– Por que ela?

– Por que é minha herdeira e é bem mais forte que qualquer um aqui presente, ela tem um enorme poder que faz ser superior a todos vocês... Se fosse do interesse dela ela nos mataria em questão de segundos e nem conseguiríamos nos proteger. Ela herdou um antigo e muito poderoso dom de nossos ancestrais, que assim como o eclipse da lua nesta noite está acontecendo em especial, só aparece a cada um milênio em uma jovem de quinze anos, no caso minha filha. Em apenas meia hora, nosso destino estará traçado.

Todos entraram num silencio profundo com os olhos fechados, centralizaram toda sua energia na clareira. Por algum motivo, sentiam sua energia ser sugada e ao perceberem, viram que o eclipse havia começado.

Fios prateados de luz saiam das testas deles e iam em direção a Mégara , esta, com um sorriso satisfeito, os recebia de muito bem grado. Todos, de um certo modo, estavam perdendo suas energias.

Estupefaça! – antes que alguém percebesse um raio de luz vermelho saiu da ponta da varinha de um ruivo que estava escondido vendo tudo.

O raio atingiu Mégara que voou longe e caiu desacordada. Vários outros bruxos apareceram do nada e atacaram todos os vampiros, que enfraquecidos, não conseguiam se defender. Depois de trinta minutos alguns conseguiram fugir, mas a maioria não conseguiu sobreviver.

Uma criança vampira que viu tudo escondido encima de uma árvore foi na direção de uma arvore antiga e grossa. Lá estava Mégara desmaiada. Pegou na sua mão e com um clarão avermelhado desapareceu levando-a junto.

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Mil anos depois.

A luz da lua minguante passou por uma fenda cabana de pedra próxima ao bosque. Seu brilho atingiu o alçapão de madeira podre no chão, seguindo para o breu do porão atingindo o caixão com uma rosa negra entrelaçada numa cruz.

O caixão se abriu revelando uma bela mulher, porem muito suja e com as roupas com o pano apodrecido pelo tempo. Ela saiu meio assustada do porão pelas gélidas escadas úmidas e com musgo. A cabana estava muito empoeirada e a mata já havia invadido o lugar, pois haviam galhos de arvores entrando na janela e nascido plantas em varias cômodos.

– Não acredito... Eu consegui... – sussurrou Mégara mal contendo sua felicidade.
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